Bom dia, gremistas (com os melhores lances de Grêmio 1 x 2 River Plate)

Bom dia, gremistas (com os melhores lances de Grêmio 1 x 2 River Plate)

Guaraní-Par, Iquique, Zamora, Godoy Cruz, Botafogo, Barcelona de Guayaquil, Lanús, Monagas, Cerro Porteño, Defensor, Estudiantes, Atlético Tucumán…

Foi só pegar um time grande como o River para fazer os planetas se alinharem. Antes era muita sorte junta. Acabou.

Foi um River que passou em minha vida.

D`Alessandro em seus tempos de River | Foto: River Plate – Sitio Oficial

O Grêmio fez excelente partida em Buenos Aires, mas jamais deveria tê-la tentado repetir ipsis litteris em casa. Jogar fechadinho fora de casa é uma coisa, fazer o mesmo em casa é um equívoco — põe uma pulga atrás da orelha do adversário, que pensa: “Por que eles estão com medo?”. Renato errou e errou feio. Ele não cometeu um pênalti por azar como Bressan, ele entrou com a estratégia errada. Jogou com medo, recuado, como se o jogo fosse contra o Real Madrid de Abu Dhabi.

Apostavam, na arena lotada, num contra-ataque.

Mas teve enorme sorte ao fazer o primeiro gol na única chance que teve no primeiro tempo. Foi um escanteio mal cobrado por Alisson que acabou em gol do lateral direito Leonardo (Costa?), o time que jogava por um gol saía na frente e, ao final do primeiro tempo, vencia por 2 x 0 no placar agregado. Mas em campo só dava River. O Grêmio seguia com sua proverbial sorte.

No segundo tempo, o River pressionava sem resultados como fizera no Monumental de Nuñez, só que… Quem deixa a bola rondando sua área e desiste de jogar, quem faz cera a fu como fez Marcelo Grohe… Às vezes toma.

Lágrimas na chuva

E aconteceu. Aos 25 minutos eu tinha ido tomar banho porque era inútil ver aquela coisa e o Grêmio ia se classificar sem merecer… Paciência. Então, Paulo Miranda sentiu câimbras e entrou em seu lugar o sujeito mais azarado do mundo: Bressan. O River empatou num lance que lembrou os dois gols do Grêmio. Bola na área e gol. Nada de jogadas trabalhadas.

E veio a justiça, pois o River sempre demonstrara mais desejo de ganhar do que o tricolor. Mas foi uma tremenda injustiça com o cara mais azarado do mundo.

Scocco chutou, Bressan chegou à bala e saltou na sua frente. Impossível pular sem abrir os braços, é uma questão de equilíbrio. E a bola bateu na sua mão. A regra diz que, se o braço não está grudado no corpo e a bola bate nele ou na mão, deve ser marcada a falta. Então o pênalti aconteceu, só que a regra é muito injusta e acho que esta deveria voltar a examinar a questão da intenção.

A cobrança foi perfeita e o River venceu. Por ter dois gols marcados fora de casa, levou a vaga. Foi cruel, mas justo.

Bom dia, Renato (com os melhores lances de Grêmio 2 (5) x 1 (3) Estudiantes)

Bom dia, Renato (com os melhores lances de Grêmio 2 (5) x 1 (3) Estudiantes)

Por Samuel Sganzerla

Bom dia para todos aqueles que têm o coração forte para sobreviver às provações que o Grêmio nos traz, que carregam o azul, o preto e o branco na alma. Renato, 28 de agosto de 2018 será um desses dias para se guardar na memória da imortalidade Tricolor.

A derrota por 2 a 1 para o Estudiantes na Argentina, no jogo de ida, acabou não sendo dos piores resultados, graças ao gol qualificado. Entramos ontem à noite em campo sabendo que uma vitória mínima bastaria, que nos colocaria nas quartas e manteria vivo o sonho do Tetra.

Foto: gremio.net
Foto: gremio.net

E o Grêmio começou com todo ímpeto e gana de quem queira buscar o resultado. Porque, te confesso, Renato, eu não vi os primeiros cinco minutos do jogo. Ainda estava entrando na Arena, quando só ouvia os gritos da gurizada nas arquibancadas.

A sagrada cerveja pré-jogo ignorou a possibilidade de haver fila, assim como eu negligenciei o efeito diurético do álcool. No que finalmente ingressamos no estádio, fui reto atender às minhas necessidades fisiológicas.

Estava lavando as mãos quando ouvi a explosão da nação Tricolor, naquele início envolvente que me deixou mais uma marca na data de ontem: foi o primeiro gol que comemorei num banheiro da Arena. E quer saber? Pouco importa!

Importou, na verdade, que, quando finalmente tomamos nossos lugares, no lance seguinte, o primeiro que acompanhamos visualmente, veio o empate deles. Falha rara do Geromito, depois de Jaílson (que, registre-se, jogou muito bem ontem) ter perdido a bola.

“Bom, temos mais de 80 minutos”, pensei eu. E, Renato, foi um verdadeiro massacre Tricolor ontem. O Estudiantes não viu mais a bola depois do empate. E o Grêmio, que tem tido dificuldades para ser efetivo e errado batente na definição dos lances, ontem criou bastante e foi impecável.

Os números me impressionaram, Renato. 82% de posse de bola, 90% de acerto nos passes, 25 finalizações. O problema era aquele: 8 chutes a gol contra 1 único deles. E estava tudo empatado. Mesmo reconhecendo que o Grêmio estava jogando muita bola, a filha da mãe teimava em não entrar. E o tempo passava. Aqueles 80 minutos foram se esvaindo.

Sei lá, Renato! Teve um momento em que tudo era nervosismo. Um filme se passou na minha cabeça: um mês de agosto que ia se desenhando trágico; talvez o fim dessa boa fase do Grêmio; a maldição das oitavas da Libertadores; a corneta de que não ganhávamos de um campeão no mata-mata continental desde 2007 buzinando nos meus ouvidos. Olha, tanta coisa se passou ali…

Só que, com o perdão devido, às vezes essa fase de time que ganha jogando um futebol envolvente e tal nos faz esquecer por um breve momento do que é feita a essência de ser gremista. Como se eu ter encontrado o Galatto antes do jogo não fosse para me lembrar de qual a forma em que se forja a alma azul celeste.

Já estávamos nos acréscimos, quando Cebolinha sofreu a falta na lateral da área. Luan, que ontem jogou demais, colocou a bola lá no meio da confusão – o chuveirinho, a JOGADA SUPREMA do futebol. E Alisson, esse menino maravilhoso, desviou com a cabeça, fazendo com que a pelota caprichosamente batesse no travessão antes de entrar.

Cacete, que explosão, que loucura, que sentimento! O CORAÇÃO TEM QUE SER FORTE DEMAIS, RENATO! Porque todos comemoramos aquele gol como se fosse o último de nossas vidas. Como se não houvesse amanhã! Só que ainda restavam os pênaltis, né?! Eu achei que iria ter algum troço que a medicina ainda não denominou, mas fiquei firme.

Firme atrás do gol onde foram cobradas as penalidades. E, Renato, obrigado por ter colocado a gurizada treinar pênaltis! Deu certo ontem! O Grêmio converteu todas as suas cobranças. E eu, atrás do gol, fiz meu papel de xingar, vaiar, sinalizar e tudo o mais que pudesse tentar atrapalhar os jogadores argentinos.

A verdade é que não deram certo as minhas MANDINGAS. Porque o único jogador deles que eu não xinguei até a oitava geração da família foi o que parei para comentar com o desconhecido ao meu lado: “Zagueiro, canhoto e tomou pouca distância: vai bater um tiro de meta na torcida”. Como eu estar certo nessas horas, Renato!

Agora, eu queria destacar a última cobrança. Quando Lugüercio foi bater a quarta penalidade dos argentinos, o erro nos classificaria. Mas ele bateu muito bem. E comemorou muito, saiu em direção ao meio campo olhando para a torcida deles e vibrando. Quando passou pelo André, que já caminhava em direção às área, deu dois tapinhas na cabeça dele, provocando. Fez de tudo para reverter a pressão.

Confesso, Renato, que fiquei com uma raiva desgraçada daquele gringo; mas com receio de que a má fase do André pesasse na perna. Quando nosso centroavante foi ajeitar a bola, o goleiro argentino fez o mesmo gesto: se aproximou dele, provocou, deu dois tapinhas na sua cabeça.

E o André, frio, sem expressar nenhum medo, foi para a bola… E bateu com EXTREMA categoria, esperando o goleiro definir o canto no último centésimo, rolando a bola suavemente para o outro lado da goleira! Gol da classificação! E que mostrou que o André tem bola! Ainda pode jogar o que sabe no Tricolor!

Grêmio nas quartas de final da Libertadores da América 2018. Milhões de corações Tricolores testados ao seu limite. A redenção de um mês muito ruim para as pretensões que criamos com esse baita time. Que venha setembro! Que venha o Tucumán! Que venha o Tetra!

Saudações Tricolores, Renato!

E segue o baile…

Bom dia, Renato (com o melhor de Estudiantes 2 x 1 Grêmio)

Bom dia, Renato (com o melhor de Estudiantes 2 x 1 Grêmio)

Por Samuel Sganzerla

Renato, na bacia das almas que se encontra na foz do Rio da Prata, repousam alguns dos espíritos mais fortes do COPEIRISMO continental. Tu, que já cruzaste tanto estes pagos, fardando os mantos tupiniquins que se atreveram a desbravar América a dentro, deverias saber bem disso.

Maicon em ação: com Cícero ao lado, pouca mobilidade para marcar | Foto: gremio.net
Maicon em ação: com Cícero ao lado, pouca mobilidade para marcar | Foto: gremio.net

Porque, Renato, não se encara o Estudiantes de La Plata, mesmo quando condenado pela imprensa desportiva por “não viver seu melhor momento”, sem considerar que o time dará o sangue e a alma para tentar buscar a vitória. Assim como na semana passada, vimos os jogadores jovens fazerem os nossos “velhos” sofrerem, coisa típica destes tempos em que não se respeita mais nada.

A noite fria em Quilmes – e infelizmente não falamos daquela loira gelada que importamos dos hermanos – viu, num primeiro tempo, um adversário que compensava suas deficiências técnicas com muita vitaliciedade e entrega. Quando parecia que o Estudiantes não teria muito mais recursos do que o “vamo que vamo, que se puede”, o jovem Apaolaza emplaca um chute de raríssima felicidade, abrindo o placar para os donos da casa logo no início da partida.

O primeiro gol deles, Renato, saiu de uma bola retomada da nossa defesa, na marcação pressão que eles aplicavam sobre nós. Mesmo tendo muito mais posse de bola já naquele momento, o Grêmio não raro se via apertado na saída, precisando dar chutões para a frente. E, sem o Jael, fica muito difícil ganhar a segunda bola. Pouco conseguíamos criar (a ausência do Everton foi gritante, especialmente porque Pepê pareceu sentir um pouco a pressão do jogo). De outro lado, víamos os contra-ataques impetuosos daquela voraz juventude platense.

Se a coisa já não ia bem, ficou ainda pior, quando, na cobrança de escanteio, Campi cabeceou no canto oposto de Marcelo Grohe, aos 38 do 1º tempo. Gol de manual, mas que contou com a falha da marcação na bola aérea – era daquelas noites em que até os problemas que pareciam estar resolvidos voltam a nos assombrar. O momento seguinte foi horrível: com dois gols à frente no placar, o Estudiantes encaixava contra-ataques perigosos. Parecia que o que era ruim iria piorar. Eu temi pelo pior por alguns instantes, Renato.

Entretanto, eis que a copeira bola aérea que pune também salva, liberta e dá esperanças. No apagar das luzes da primeira etapa, Luan bateu escanteio com precisão, André desviou de cabeça, Andújar fez grande defesa, mas Kannemann, nosso melhor jogador em campo, estava lá para completar para o fundo das redes, também de cabeça. 2 a 1, o alívio e a certeza de que dava para reverter a desvantagem ainda no jogo de ida.

No segundo tempo, contudo, o Grêmio até foi melhor, mas pouco efetivo. Perdemos boas chances e não soubemos aproveitar o fato de ter jogado os 15 minutos finais com um homem a mais, depois que Zuqui levou o segundo amarelo, numa falta infantil que mostrou que, para boa parte da equipe deles, ainda falta maturidade. O jogo terminou com o mesmo placar do primeiro tempo, o gol qualificado faz com que a vantagem deles não seja tão grande; mas ficamos com a sensação de que o Tricolor ficou devendo em campo, Renato.

O que eu gostaria de te dizer é que espero que não seja preciso uma eliminação precoce para que tu aceites que algumas mudanças precisam ser feitas no time. Cícero e Maicon são uma boa dupla de volantes, os dois têm qualidade, claro; porém, não está dando mais para jogarem juntos, porque são veteranos, não têm pernas para correr atrás na marcação (especialmente quando a velocidade do adversário no contra-ataque é uma arma). Mesmo que perca em qualidade técnica na armação, o time ganharia com Jaílson na marcação.

Da mesma forma, Leo Moura é um baita lateral. Mesmo quase beirando os 40 anos, ainda tem muita qualidade. Ontem deu conta de jogar toda a partida e foi bem. Mas sabemos que não será sempre assim, Renato. E, por falar em qualidade, não duvido da capacidade técnica do André, porém já não há mais justificativa para que Jael fique no banco. Toda vez que ele entra, o time ganha em movimentação, bola aérea, e segunda bola. E eu espero que o Bruno Cortês retome logo a posição do Marcelo Oliveira, que ontem foi MUITO mal.

Enfim, não precisamos apelar para clichês como “não tá morto quem peleia” ou discursos motivacionais que invocam a garra do gremismo. A desvantagem no confronto é totalmente reversível, sabendo que precisamos da vitória mínima aqui na Arena, quando tenho certeza que nossa torcida a lotará mais uma vez, para fazer com a bola entre nem que seja pela força do ALENTO. Mas eu gostaria, Renato, que tu abrisses mão de certas convicções – e PARA COM ESSA COISA DE ESCANTEIO CURTO, por favor (nosso único gol ontem saiu de uma bola cruzada, Renato!).

E vamos que vamos, que a busca pelo Tetra da Libertadores começou neste mata-mata com o pé esquerdo, mas a gente nunca para de acreditar. Vamos adiante, agora pensando no jogo em casa que termos contra o Vitória, no domingo. Aliás, como só voltarei a falar contigo na segunda-feira, já deixo aqui meu parabéns pra ti, pelo dia dos pais vindouro. Manda um beijo pra Carolzinha!

Saudações Tricolores!

E segue o baile…

https://youtu.be/OiADkFKyMMo

Libertadores é coisa muito boa

Para se ganhar uma Libertadores é preciso futebol, mas apenas isto não basta. É preciso também certo espírito que costuma ser conhecido pelo nome de “copeiro”. O time copeiro é aquele que às vezes nem é o melhor, mas é o que chega a seus objetivos. O Grêmio foi copeiro, assim como o Liverpool e o Boca Juniors, mas hoje o cetro passou ao Internacional, ao menos na América do Sul. Sejamos francos, se a Libertadores fosse só futebol, se ela fosse só bola, o Estudiantes de La Plata teria eliminado o Inter nas quartas-de-final da Libertadores de 2010. Era mais time e jogou mais. Como Giuliano logro hacer aquele gol inexplicável na Argentina, foi criado o monstro que acabou por eliminar o São Paulo nas únicas grandes apresentações do Inter naquele ano — e ainda assim com direito a frango de nosso goleiro — e que ganhou do fraco Chivas na final.

Na verdade, todos querem a Libertadores com uma vontade a mais. Times que achamos bons são desmascarados no torneio. Nos primeiras primeiras rodadas desta ano, dois de nossos favoritos — Fluminense e Santos — tiveram enormes dificuldades por faltarem-lhe este esforço a mais. Os jogos Fluminense x Nacional e Flu x Argentino Juniors, mostraram ao flamante campeão brasileiro que ele sofria de falta de cojones. O tricolor carioca ficou tão brocha que entrou me crise. E o mesmo vale para os saltitantes meninos do Santos. A Libertadores dá preferência aos times sérios e pragmáticos, sem dúvida.

As arbitragens do torneio também ajudam os times menos firulentos. Os juízes não dão qualquer faltinha, não interrompem o jogo só porque Neymar atirou-se ao chão rolando e fazendo cara de quem sofreu uma tentativa de assassinato. Para a falta ser marcada, é necessária… a falta, coisa que nossos juízes teimam em não obedecer. Deveria dizer que é jogo pra macho? Olha, não sei, o que sei é que times que utilizam esforço médio ou residual não vão longe no torneio.

A posição do Peñarol em seu grupo — lider e classifcado por antecipação com uma rodada de antecedência — mostra bem isso. Perdeu de 5 x 0 para a LDU em Quito, mas em todos os jogos, mesmo nesta goleada a qual me referi, jogou à morrer, à uruguaia, e conquistou 3 vitórias, apesar de ser um líder com saldo -4. Maravilhosa Libertadores.

Hoje o Inter pega o mexicano Jaguares na cidade de Tuxtla Gutiérrez. Os caras vem mordidos, mas são mexicanos. Os mexicanos não dão a impressão de terem entendido a índole futebolística suicida do campeonato. Espero que não demonstrem terem-na descoberto hoje. E espero que nos comportemos como o habitual: jogando mal — com a torcida passando a noite inteira a cornetear Celso Roth — e ganhando na base de nossas caríssimas individualidades.

Estudiantes 2 x 1 Inter

Milton Ribeiro traz de volta seu amor, desata macumbaria, doenças mandadas e da carne. Traz seu emprego de volta — assim como o desejo — , cura doenças e faz com que ela chame seu nome durante o orgasmo com outro homem. Faz tudo ao contrário e vice-versa se você for mulher.

Por isso, EU JÁ SABIA !!!

(Conferir ao final do post abaixo).

Pré-jogo e pré-visões para Estudiantes x Inter

Será no estadinho José Luis Meiszner, de Quilmes, cidade a 27 Km do centro de Buenos Aires, o jogo de hoje. Trata-se das quartas-de-final da Libertadores da América… Após Bolívar comparar o estadinho com o Edmundo Feix (5.000 lugares) de Venâncio Aires (Venâncio Aires, não Buenos Aires), após o Fossati dizer que toda a lateral ao lado da área é um escanteio devido às dimensões do campo, fui ao Google Earth dar uma olhada no local.

Sentiram a panela de pressão onde nos meteram? Vamos precisar de muita catimba e consideráveis porções de Abbondanzieri e D`Alessandro hoje, a partir das 19h45. Meus sete leitores sabem o quanto eu admiro os argentinos e uruguaios, não obstante o fato de eles serem o bando de filhas-da-puta que têm disparado a melhor literatura do continente e que sabem exatamente o que é o futebol: aquela mistura de drama, sacanagem, beleza e vida que se desprende diariamente das páginas do Olé.

Para compensar o grande Estudiantes — atual campeão da Libertadores e com Verón e Boselli e o diabo — , nosso amado treinador ameaça-nos com a Mãe de Todas as Retrancas (expressão do Luís Felipe dos Santos), um humilhante 3-6-1 que mais não é do que um educado convite ao adversário para penetrar em nosso campo. A experiências anteriores demonstraram o profundo amor que Fossati possui à adrenalina e à emoção, proporcionando-nos, nas partidas fora do Beira-Rio, momentos de que nenhuma montanha russa seria capaz.

Apesar de minhas críticas, há duas curiosidades sobre o jogo de logo mais e uma delas fala bem de Fossati:

1. Alejandro Sabella — técnico do Estudiantes — e Jorge Fossati estão no top 10 mundial da IFFHS para treinadores. Espero que o lider tabagista Fossati seja digno da distinção e que eu seja um imbecil…

2. O Inter nunca, mas nunca mesmo, perdeu para o Estudiantes. OK, o gremista que me serve de consciência dirá que sempre há uma primeira vez e o mando tomar no cu, mas por enquanto assim é. Comprove abaixo:

07/03/1948: Inter 3 x 1 Estudiantes – Estádio da Timbaúva – gols de Adãozinho, Tesourinha e Carlitos para o Inter e Infante para o Estudiantes

25/01/1952: Inter 4 x 1 Estudiantes – Estádio dos Eucaliptos – gols de Luisinho (dois), Solis e Canhotinho para o Inter e Barreros para o Estudiantes

03/04/1959: Inter 4 x 1 Estudiantes – Estádio dos Eucaliptos – gols de Zago, Deraldo, Osquinha e Joaquinzinho para o Inter e Alarcón para o Estudiantes

13/07/1969: Inter 4 x 2 Estudiantes – Estádio Beira-Rio – gols de Gilson Porto, Bráulio, Tovar e Valdomiro para o Inter e Rudzki e Verón (papá de La Brujita) para o Estudiantes <— sim, eu vi este jogo, tinha 11 anos

26/11/2008: Estudiantes 0 x 1 Inter – Estádio Ciudad de La Plata – gol de Alex

03/12/2008: Inter 1 x 1 Estudiantes – Estádio Beira-Rio – gols de Alayes para o Estudiantes e Nilmar para o Inter <— também vi

13/05/2010: Inter 1 x 0 Estudiantes – Estádio Beira-Rio – gol de Sorondo <— e este também

Gremistas! Todos quietos hoje, tá? Meu chute: Estudiantes 2 x 1 Inter. Inter nas semifinais.

Inter 1 x 0 Estudiantes

O Internacional não jogou bem, mas o Estudiantes acabou punido por sua baixa voracidade ofensiva. Quem muito fica atrás pode tomar, sabe-se. Veio uma bola alta, a cabeçada de Sorondo e a vantagem. A surpresa do Inter foi a boa produção defensiva; o ataque permaneceu uma piada. Time por time, o Estudiantes é melhor. Corremos muito atrás dos argentinos tocadores de bola. Eu fiquei cansado só de olhar. Verón ainda é um supercraque, é um prazer e uma aula vê-lo jogar.

A vantagem do Inter é maior do que parece, pois, se fizer um gol na Argentina, obrigará o time de Sabella a fazer três. Foi menos emocionante, mas nosso resultado mostra-se muito superior matematicamente aos 4 x 3 do Grêmio. Viram as vantagens da mediocridade? Bem, como chegamos às quartas-de-final aos trancos, quem sabe não vamos às semis da mesma forma?

Só espero que Fossati não entre em transe místico e escolha jogar com três zagueiros. Toda a segurança defensiva que vi este ano foi obtida com dois, não com três zagueiros. Ah, e Glaydson (belo nome) merece a vaga de Nei na lateral, certo? Na próxima quinta, mais sofrimento. Abaixo, o gol de Sorondo e uma foto do rapaz.

Vai dizer que eu não sei fazer gol?

Me gustan los Estudiantes

O Estudiantes de La Plata apenas perdeu a Copa Sul-Americana de 2008 na prorrogação, isso após ter sido derrotado no primeiro jogo. Recordando: ganhamos lá por 1 x 0, eles nos venceram aqui pelo mesmo placar e o gol de Nilmar, na prorrogação, deu o campeonato ao Inter. Os argentinos demonstraram incrível bravura no jogo final.

Foi esta memória futebolística que ligou minha luz de alerta vermelho. Nada estava decidido em favor do Cruzeiro. Quando o jogo começou, toda a minha simpatia foi para os argentinos. É um problema de formação, estou condicionado a torcer contra times que vestem azul. Detesto o Grêmio, o Cruzeiro, o Lazio, o Chelsea, o FC do Porto, a seleção da Argentina, a Celeste Olímpica, etc. Ainda mais se há do outro lado um time de listras vermelhas como o Estudiantes. Foi um jogão. Reclama-se que a torcida do Cruzeiro teria esfriado após o gol de empate, mas há poucas torcidas no país que carregam um time, o normal é o contrário.

Na minha opinião, o Cruzeiro preparou-se para outro gênero de partida. Decidiu fora de casa seus confrontos anteriores — contra São Paulo e Grêmio — utilizando-se de frieza e superioridade técnica. Foi o suficiente. Ontem, contra 109 argentinos loucos, a tal superioridade parecia um gênero de soberba vazia que logo transformou-se em desconcerto e desespero. É complicado entrar em campo com um plano que é desmentido imediatamente pela realidade. Os azuis queriam um futebol de aproximação e toques, porém a necessidade era de marcação e a correria. Não houve chances para os mineiros marcarem até que Henrique “encontrou” achou aquele gol casual no início do segundo tempo. Pois nem isso foi suficiente, o Estudiantes foi ainda mais heróico, apertou o torniquete e virou o jogo com certa facilidade. Creio que a chegada do Cruzeiro à final foi tão simples e natural que Adílson Batista apenas deixou o barco seguir. A impressão que ficou foi a de um time arrogante, tentando ganhar de outro que daria a vida. Foi muito, mas muito insuficiente.

Como primeiro prato, tivemos o Coritiba passeando em cima do Grêmio com o melhor centroavante ruim em atividade no Brasil, Ariel — gosto dele –, e o Inter jogando mal, mal e mal no mesmo horário de Cruzeiro x Estudiantes, mas vencendo o Fluminense.

O poder dos extremos


Ronaldo: “Hoje posso ir tranquilo pra balada”

Desde sempre digo que os jogadores que mais admiro e os mais importantes do futebol são o goleiro e o centroavante. Ali, a coisa se decide. Se o miolo do Inter foi melhor, este foi morto pelos jogadores que iniciam e terminam o Corínthians. De um lado, o goleiro Felipe; de outro, Ronaldo Fenômeno. Eles tiveram poucas mas decisivas participações. Enquanto Taison perdia gols, Ronaldo, aproveitava uma de suas duas chances. Do outro lado, Felipe fez imensa defesa na falta batida por Andrezinho e salvou a bola de Taison, que resolveu chutar bem no canto que o goleiro cobria, sem ver que este deixara o lado direito aberto.

Será muito difícil reverter a situação aqui no Beira-Rio. Estarei lá sofrendo e me irritando. Do outro lado está nosso velho conhecido Mano Meneses: prevejo um jogo truncado, enrolado — o Corínthians sabe que, se fizer um gol, o Inter terá de responder com quatro. Foi um péssimo resultado que só poderá ser dobrado com uma atuação heróica, daquelas que depois serão vendidas em DVD. É altamente improvável. Se fosse corintiano, convidaria os amigos para verem o jogo e compraria bastante cerveja, pois a coisa está fácil.

De bom, tivemos o triste consolo de uma atuação digna, até ofensiva.

(Será que algum empresário bondoso não arruma um negócio para Alecsandro, Leandrão e Danilo Silva? E se o Napoli levar Nilmar, ficamos com o primeiro citado? Não quero nem pensar na possibilidade…)


Barbie mostra sua face mais terrível

Já a sorte sorriu ao Grêmio. Pegou o inexistente Caracas, empatou os dois jogos e classificou-se no regulamento pelo gol que marcou fora. Observo a Libertadores e, olha, são todos japoneses. Minha esperança é o Estudiantes de La Plata. É um time corajoso que possui o melhor jogador em ação no campeonato. É um velho meio-campista, outros terão de fazer os gols e as defesas por ele, mas é a única gema no mar de claras de uma Libertadores anormalmente fácil.

(Não digo isto para irritar os gremistas. Já houve outras Libertadores até mais fáceis. Aquela que o Once Caldas venceu parecia uma brincadeira).

Gostaria de ver um São Paulo x Cruzeiro de bom nível, mas será difícil. O São Paulo aposta nos seus grandalhões e o Cruzeiro num toque de bola previsível e que me causa sono. Acho que em La Plata o Defensor morrerá sem grandes dramas. A conferir.