Libertadores é coisa muito boa

Para se ganhar uma Libertadores é preciso futebol, mas apenas isto não basta. É preciso também certo espírito que costuma ser conhecido pelo nome de “copeiro”. O time copeiro é aquele que às vezes nem é o melhor, mas é o que chega a seus objetivos. O Grêmio foi copeiro, assim como o Liverpool e o Boca Juniors, mas hoje o cetro passou ao Internacional, ao menos na América do Sul. Sejamos francos, se a Libertadores fosse só futebol, se ela fosse só bola, o Estudiantes de La Plata teria eliminado o Inter nas quartas-de-final da Libertadores de 2010. Era mais time e jogou mais. Como Giuliano logro hacer aquele gol inexplicável na Argentina, foi criado o monstro que acabou por eliminar o São Paulo nas únicas grandes apresentações do Inter naquele ano — e ainda assim com direito a frango de nosso goleiro — e que ganhou do fraco Chivas na final.

Na verdade, todos querem a Libertadores com uma vontade a mais. Times que achamos bons são desmascarados no torneio. Nos primeiras primeiras rodadas desta ano, dois de nossos favoritos — Fluminense e Santos — tiveram enormes dificuldades por faltarem-lhe este esforço a mais. Os jogos Fluminense x Nacional e Flu x Argentino Juniors, mostraram ao flamante campeão brasileiro que ele sofria de falta de cojones. O tricolor carioca ficou tão brocha que entrou me crise. E o mesmo vale para os saltitantes meninos do Santos. A Libertadores dá preferência aos times sérios e pragmáticos, sem dúvida.

As arbitragens do torneio também ajudam os times menos firulentos. Os juízes não dão qualquer faltinha, não interrompem o jogo só porque Neymar atirou-se ao chão rolando e fazendo cara de quem sofreu uma tentativa de assassinato. Para a falta ser marcada, é necessária… a falta, coisa que nossos juízes teimam em não obedecer. Deveria dizer que é jogo pra macho? Olha, não sei, o que sei é que times que utilizam esforço médio ou residual não vão longe no torneio.

A posição do Peñarol em seu grupo — lider e classifcado por antecipação com uma rodada de antecedência — mostra bem isso. Perdeu de 5 x 0 para a LDU em Quito, mas em todos os jogos, mesmo nesta goleada a qual me referi, jogou à morrer, à uruguaia, e conquistou 3 vitórias, apesar de ser um líder com saldo -4. Maravilhosa Libertadores.

Hoje o Inter pega o mexicano Jaguares na cidade de Tuxtla Gutiérrez. Os caras vem mordidos, mas são mexicanos. Os mexicanos não dão a impressão de terem entendido a índole futebolística suicida do campeonato. Espero que não demonstrem terem-na descoberto hoje. E espero que nos comportemos como o habitual: jogando mal — com a torcida passando a noite inteira a cornetear Celso Roth — e ganhando na base de nossas caríssimas individualidades.