A idade deixou-o cada vez mais meigo. Acho que as faltas e os corpos estendidos no chão serão comuns nas imediações da área do Botafogo. Fica nosso abraço para o General. E, por favor, não volte nunca mais.
O filme acima é de André Bozzetti. E, abaixo, o lance com Dodô, do Bahia. O jogador ficou seis meses fora dos campos.
Via grupo Colorados de Fé.
P.S. — O grande Ramiro Furquim, fotógrafo do Sul21, tem uma foto exclusiva onde fica patente a elegância, o fair play e a categoria de nosso ex-zagueiro.
“Desânimo geral”, este é o titulo de uma das conversas que estamos travando em um dos grupos de discussões do Inter, justo naquele onde há mais conselheiros do clube. Mas a sensação estende-se aos outros grupos dos quais participo. Ninguém mais suporta falar sobre as escalações do time sabendo que estas são ditadas pela política do vestiário. Agora é Juan que provavelmente não iniciará o Gre-Nal — ou iniciará com mais dois outros zagueiros — tudo porque Bolívar, o líder do vestiário, o homem que avaliza treinadores, é inamovível.
Imaginem a vontade de treinar de um cara como, por exemplo, Rodrigo Moledo. Ele conseguiu retirar o Bolívar do time num esforço supremo — na bola que jogou a mais — e saiu do time por lesão. Virou reserva novamente. Está lá, no banco. Não sou apaixonado por ele, mas Moledo foi sacaneado. Dia desses ressurgiu no lugar de Índio. E foi o melhor da defesa.
Desta forma, o melhor Inter não pode entrar em campo em função do grupo de Bolívar. As substituições comprovam. Sempre saem os mais jovens (Élton, Fred), com os confirmados permanecendo em campo. E não há como motivar aqueles que não são amigos do General. Quase todo mundo está de saco cheio: os outros jogadores e a torcida. A perspectiva é péssima, mesmo contra o time do Grêmio.
Esse Gre-Nal pode desaguar em nova e desnecessária crise, mesmo que o Grêmio seja um time de opereta. Bem treinado, mas de opereta.
Faz algum tempo que decidi: como sócio e colorado, sigo pagando o clube, mas não vou ao estádio até que veja que o vestiário não é de um grupo de ex-vencedores, porque até as vitórias têm prazo de validade no futebol.
Este não é exatamente um texto sobre futebol. Também é, mas o esporte é apenas um ornamento. É um texto sobre a sacanagem, sobre o que penso ser uma tentativa de sacanagem que não está dando certo em razão de circunstâncias incontroláveis. Vamos aos fatos: Bolívar, zagueiro do Inter, capitão do time e vencedor das Libertadores de 2006 e 2010, apelidado de General, grande jogador, vinha jogando mal, muito mal. Porém sua vida estava tranquila. Seus reservas — Moledo e Juan — eram dois jovens inexperientes e os dois outros concorrentes com mais bordel — Sorondo e Rodrigo — estavam e estão gravemente machucados. Só que Bolívar exagerou na má fase. Após ver publicado um Dossiê de 15 minutos com suas falhas no YouTube, conseguiu bater o recorde de conceder, através de seus erros, três gols em dez minutos aos Santos. O Inter vencia por 3 x 0, Bolívar criou um 3 x 3.
Mesmo assim, mesmo com o inacreditável jogo, mesmo que o dossiê devesse crescer, o zagueiro não foi especialmente vaiado em campo. Nunca foi. Há respeito por sua biografia. As críticas da torcida vieram pelas Redes Sociais, blogues, twitter (pela hashtag #eubolivei para dizer “errei”) e pelo tal vídeo no YouTube. E então o zagueiro tornou-se enxadrista e deu seu lance: aproveitando que Índio, seu companheiro de zaga, fora suspenso por 3 jogos pela CBF, o General pediu para também sair do time, provavelmente apostando numa crise ao deixar a batata quente na mão dos jovens. A diretoria do clube, que não tem mais pulso para controlar seus jogadores, assentiu. Só que o tiro estava saindo mais ou menos pela culatra. O Inter empatou com o Ceará e venceu o América-MG com atuações aceitáveis da dupla de jovens. A defesa seguiu falhando, mas por Nei, o lateral direito.
É claro que o general esperava que o time perdesse vários jogos para voltar nos braços do povo. Era uma aposta, uma boa aposta até, apesar de nada ética. Só que nosso personagem principal foi deixado cedo demais numa sinuca de bico. O zagueiro Moledo lesionou-se ao final do último jogo e todos os olhos voltaram-se para Bolívar. Por quê? Ora, porque o próximo jogo é contra o time que força especialmente o jogo na maior deficiência defensiva do Inter e de Bolívar, a bola alta. O que se deve fazer? Escalar de novo o grande General — apesar de a diretoria dizer que ele volta quando quiser… — ou chamar o sétimo zagueiro ou o oitavo zagueiro, os quais nunca jogaram no Brasileiro? Explico melhor a situação: são duas vagas e a situação é a seguinte:
Então, Bolívar viu antecipada a necessidade de retorno. Se houve mesmo, sua estratégia furou como contra Borges no jogo contra o Santos. É o momento de ele provar que está “na grande forma” em que diz estar. Ficar de fora seria pusilânime. Bolívar deixaria o técnico Dorival Junior mandar a campo Dalton, um jogador que Falcão disse que nunca poderia vestir a camisa do Inter, para seguir em férias?
Agora o General tem que assumir a responsabilidade de encarar o jogo contra o Palmeiras a fim de mostrar que tem ainda futebol ou pelo menos culhões. Eu observo o impasse me divertindo, pois agora teremos a noção de quem é o verdadeiro General, o verdadeiro líder. Afinal, a direção disse para ele decidir quando quer voltar. Se ele tiver coragem, volta agora. A sinuca de bico foi criada por ele mesmo: se jogar e confirmar a má fase estará acabado; se não jogar, estará claramente dizendo: foda-se o time. Ou seja, só lhe resta jogar. E bem.
Escrito com o auxílio involuntário de Marcelo Furlan e Nelson Baron