Bolívar, o General cagão (?) mete-se em sinuca de bico

Este não é exatamente um texto sobre futebol. Também é, mas o esporte é apenas um ornamento. É um texto sobre a sacanagem, sobre o que penso ser uma tentativa de sacanagem que não está dando certo em razão de circunstâncias incontroláveis. Vamos aos fatos: Bolívar, zagueiro do Inter, capitão do time e vencedor das Libertadores de 2006 e 2010, apelidado de General, grande jogador, vinha jogando mal, muito mal. Porém sua vida estava tranquila. Seus reservas — Moledo e Juan — eram dois jovens inexperientes e os dois outros concorrentes com mais bordel — Sorondo e Rodrigo — estavam e estão gravemente machucados. Só que Bolívar exagerou na má fase. Após ver publicado um Dossiê de 15 minutos com suas falhas no YouTube, conseguiu bater o recorde de conceder, através de seus erros, três gols em dez minutos aos Santos. O Inter vencia por 3 x 0, Bolívar criou um 3 x 3.

Mesmo assim, mesmo com o inacreditável jogo, mesmo que o dossiê devesse crescer, o zagueiro não foi especialmente vaiado em campo. Nunca foi. Há respeito por sua biografia. As críticas da torcida vieram pelas Redes Sociais, blogues, twitter (pela hashtag #eubolivei para dizer “errei”) e pelo tal vídeo no YouTube. E então o zagueiro tornou-se enxadrista e deu seu lance: aproveitando que Índio, seu companheiro de zaga, fora suspenso por 3 jogos pela CBF, o General pediu para também sair do time, provavelmente apostando numa crise ao deixar a batata quente na mão dos jovens. A diretoria do clube, que não tem mais pulso para controlar seus jogadores, assentiu. Só que o tiro estava saindo mais ou menos pela culatra. O Inter empatou com o Ceará e venceu o América-MG com atuações aceitáveis da dupla de jovens. A defesa seguiu falhando, mas por Nei, o lateral direito.

É claro que o general esperava que o time perdesse vários jogos para voltar nos braços do povo. Era uma aposta, uma boa aposta até, apesar de nada ética. Só que nosso personagem principal foi deixado cedo demais numa sinuca de bico. O zagueiro Moledo lesionou-se ao final do último jogo e todos os olhos voltaram-se para Bolívar. Por quê? Ora, porque o próximo jogo é contra o time que força especialmente o jogo na maior deficiência defensiva do Inter e de Bolívar, a bola alta. O que se deve fazer? Escalar de novo o grande General — apesar de a diretoria dizer que ele volta quando quiser… — ou chamar o sétimo zagueiro ou o oitavo zagueiro, os quais nunca jogaram no Brasileiro? Explico melhor a situação: são duas vagas e a situação é a seguinte:

(1) Índio (suspenso)
(2) Bolívar (férias)
(3) Sorondo (lesionado)
(4) Rodrigo (lesionado)
(5) Moledo (lesionado)
(6) Juan (jogando)
(7) Dalton (disponível)
(8) Romário (disponível)

Então, Bolívar viu antecipada a necessidade de retorno. Se houve mesmo, sua estratégia furou como contra Borges no jogo contra o Santos. É o momento de ele provar que está “na grande forma” em que diz estar. Ficar de fora seria pusilânime. Bolívar deixaria o técnico Dorival Junior mandar a campo Dalton, um jogador que Falcão disse que nunca poderia vestir a camisa do Inter, para seguir em férias?

Agora o General tem que assumir a responsabilidade de encarar o jogo contra o Palmeiras a fim de mostrar que tem ainda futebol ou pelo menos culhões. Eu observo o impasse me divertindo, pois agora teremos a noção de quem é o verdadeiro General, o verdadeiro líder. Afinal, a direção disse para ele decidir quando quer voltar. Se ele tiver coragem, volta agora. A sinuca de bico foi criada por ele mesmo: se jogar e confirmar a má fase estará acabado; se não jogar, estará claramente dizendo: foda-se o time. Ou seja, só lhe resta jogar. E bem.

Escrito com o auxílio involuntário de Marcelo Furlan e Nelson Baron

14 comments / Add your comment below

  1. Muito bom texto. Acho que é por aí sim.
    O Bolívar manda tanto no vestiário do Inter que, para retirá-lo, foi preciso fazer um acordo com ele inventando essa pataquada de que ele pediu para sair e está fazendo beicinho. Nunca tinha visto isso.

  2. Agora, é impressionante que não haja, em todo o elenco milionário do Inter, UM ÚNICO zagueiro com condições técnicas de ser titular de um time grande. E a diretoria contratou 392 volantes, 84 meias. E NENHUM zagueiro. Também NENHUM atacante de velocidade (o “segundo atacante”) em condições de ser titular. Resultado, Zé Roberto machucou-se e não temos segundo atacante. Zagueiro não teríamos mesmo que todos estivessem habilitados a jogar.

  3. Milton,
    como sabes sou Gremista e não acompanho as lides internas do Inter, já tenho problemas suficientes.
    No entanto, ouvi no rádio a entrevista com o Bolivar e fiquei boquiaberto. Só se flava m história, estar sendo ofendido com as críticas, etc. Parece que o passado subiu à cabeça.
    Branco

  4. Não sou chegado a comentar futebol, talvez pela colossal mediocridade dos comentaristas oficiais. A única exceção: Rui Porto… Lembro como se fosse hoje. Copa de 70: primeiro jogo da seleção brasileira: 1 a zero… pra Tchecoslováquia. Comentário do mestre: “Não se preocupem, foi um acidente de trabalho…” .
    Final: Brasil 4 Tchecoslováquia 1.
    Daí pra frente: uma multidão de débeis mentais a reproduzir o acontecido, como se a plateia fosse um bando de cegos… Dá nojo… e muita pena!
    Creio que o tal do Bolívar tenha que deixar de ser um adereço. E por falar em adereço:

    ALÉM DOS ADEREÇOS
    by Ramiro Conceição

    Desprezo qualquer tipo de adereço:
    seja de ouro, de prata ou de platina.
    Por outro lado, prezo muito quando
    tais metais têm aplicações especiais.

    Nessa história de valores dos seres humanos
    há uma escala que legitima as classes sociais.
    Porém o que teria valor se a escala de medida
    fosse uma escada que conduzisse…ao amor?

  5. Milton, podes ter razão em tudo, mas eu não posso deixar de lembrar aos comentaristas do desastre contra o Santos que o próprio Bolívar fez um gol e sofreu o pênalti que originou outro. Ou seja, ele realmente é o responsável pelo 3×3, para o bem e para o mal. Sim, a função dele não é fazer gols, mas se são ele e o Índio os companheiros de artilharia do Damião, algo de podre há no reino colorado, para além da defesa…

    1. Ok, em termos, pois ele fez péssima partida contra o Santos. Teve sorte nos lances ofensivos. Mas digamos que cometi uma injustiça quanto a este jogo… E o resto?

      1. Acho que estão justas as críticas ao Bolívar. Só fico meio intrigado com o fato de dependermos tanto da sorte da nossa da zaga para fazermos gols importantes (com exceção de Damião). E desconfio que o Bolívar aprendeu essas artimanhas baixas dentro do vestiário, com outro(s) titular(es) da equipe…

  6. Milton: O Bolívar se enquadra naqueles jogadores médios que tem uma boa fase;eu achava que ele só poderia jogar de zagueiro mesmo, pois como lateral é horroroso, num belo dia Inter 1X 0 Góias (acho que foi gol do Tinga de cabeça, é dose e lá no Serra Dourada) ele fez uma grande partida de zagueiro(acho que foi um 3-5-2 era o Muricy-aqui nóis trabalha muito).Deve ter sido em 2005 e aí tinha o Fabiano Eller que foi um grande centro-médio no Vasco e um zagueiro acima da média.Na final da LA 2006 o Bolívar jogou bem lá em SP e aqui fomos novamente no 3-5-2.Mas no ano passado ele já vinha cambaleando mas quem segurava as “pontas” era o Sandro(grande centro-médio e com o Roth ele ficou mais fixo e aí deu conta do recado, depois que foi embora é só ver o resultado…vide Mazembe).Este Juan eu gostaria de saber quem é o reserva dele na seleção e nos juniores do Inter(pois o suícidio é um dever para este cara).E este Elton preciso desconfiar quem seja o empresário dele, este tropeça na bola , vi três partidas dele, lá na Argentina tropeçava na bola(fez uma falta desnecessária no gol lembra??), contra o Santos só cerca não chega em uma e no 3° gol do Santos a bola estava no pé dessa “joinha” e ele passou para o além e o resto nós sabemo como terminou, mas que a origem foi no pé do Elton a isso foi…
    Terminou o ciclo de alguns mas o Luigi poderia acompanhar o Gal e ir para a reserva, o SCI e sua torcida agradeceriam.

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