Bom dia, Dunga

Bom dia, Dunga
Que tal fazer como o Mano, Dunga?
Que tal fazer como o Mano, Dunga?

Na boa, meu amigo, acho que deu pra ti. Não que eu ache que és o único culpado — não és nem o principal deles –, mas o Luigi e sua equipe de abobados não irão apertar coletivamente o botão de EJECT. Que chamem Mano Menezes, Abel Braga ou até o Celso Roth para fechar o ano — só assim mesmo para contratá-lo, claro.

Porque, Dunga, a bagunça de ontem, contra a pobre Portuguesa, foi inexplicável. No intervalo, tiraste o Airton para que não fosse expulso. E, aos quatro minutos do segundo tempo, Índio é expulso de forma colegial… O time voltou nervosinho, não? Então, ficamos com Muriel; Gabriel, Juan e Fabrício; Josimar — que às vezes concedia tornar-se zagueiro –, Alex e D`Alessandro; Caio, Scocco e Damião. Alan só entrou aos 27 min… Céus, Dunga, andas alucinando, fumando alguma coisa antes dos jogos? Viraste o mais improvisador e ofensivista dos técnicos?

Tu dizes que não tens tempo para treinar, mas acho que todos os nossos jogadores têm experiência e noções táticas para não ficarem como baratas tontas em campo. Falta tranquilidade. E isto não é apenas visto nas expulsões e cartões, mas também nos incríveis erros de conclusão a gol. Agora, quinta-feira, temos o Atlético-PR pela Copa do Brasil e, depois, domingo, o líder do Brasileiro, Cruzeiro, ambos em casa. Tenho medo de fazer previsões, ainda mais que perdemos todos os jogos que fizemos sem D`Alessandro e ele estará fora contra o Cruzeiro. O que devo colocar no Bolão do qual sou líder, Dunga? Cruzeiro, né?

Dois jogos: o Corinthians finalmente roubado e o Inter com seus impasses

Rotina: Riquelme acertou mais um daqueles chutes malucos que os gremistas conhecem.
Rotina: Riquelme acertou mais um daqueles chutes malucos que os gremistas conhecem.

No dia em que Marina Silva cometeu mais um suicídio político — será ressuscitada novamente, esperem e verão — , o Inter fez um confronto equilibrado com o Santa Cruz e o Corinthians foi finalmente roubado. OK, não foi roubado; na verdade, o juiz errou de forma cabal e contrária aos interesses do todo-poderoso time paulista, algo inédito em terras brasileiras, com juízes brasileiros. E nem Tite reclamou. Beneficiário contumaz da péssima e clientelista arbitragem nacional, o Corinthians tem mais é que ficar quieto e acender velas para a nossa Comissão de Arbitragem. Aliás, nem precisaria disso, tem um timaço e merecia eliminar o Boca, só que o Boca com Bianchi tem outro aplomb, outra autoconfiança. E Amarilla em jornada inusual. Os dois Carlos resolveram o jogo e…

O meio-de-campo Eriviti disse que Bianchi insistiu a semana inteira para que o número 8 do Corinthians fosse bem marcado. Mesmo assim, Paulinho voltou a ser impressionante. É o melhor jogador em atividade no Brasil. Usa como ninguém as facilidades oferecidas por nossos armadores que não sabem marcar. Paulinho os engole lá atrás e os patrola quando vai ao ataque. Sim, quando digo que Paulinho é o melhor em atividade do Brasil, não esqueço de Neymar, nem de…

D`Alessandro, que novamente salvou o Inter.  O amor que tenho aos clubes menores quase me tornou torcedor do Santa Cruz, mas quando começou o segundo tempo e nós estávamos com um jogador a menos, voltei a meu coloradismo delirante e quase incondicional. Vou dizer uma coisa para vocês: o Inter tem laterais, tem um time de sete zagueiros bastante bons  — o louco Moledo, mais Juan, Índio, Jackson, Alan, Romário e Ronaldo Alves, para que tantos? — bons volantes e um grupo absolutamente insuficiente de armadores e atacantes. Do meio pra frente, temos D`Alessandro, Damião e um ex-craque que vive de LAMPEJOS, Forlán. Fred não confirma seu início de carreira e deveria ser repassado a outro clube junto com o loiro uruguaio enquanto têm valor de mercado. Caio é alguém a ser testado, assim como Rafael Moura. Ou seja, apesar de toda a boa comissão técnica do Inter, nosso time só pode fazer gols à fórceps e em times fracos

A chamada D`Ale dependência significa apenas que ele ´é nosso único armador e que nossos atacantes não têm rendido. Sim, desse jeito não vamos longe. E tenho dito.

Porque hoje é sábado, Vote Chapa 3, Convergência Colorada

Hoje tem eleição no Inter,

eleição de metade do Conselho Deliberativo.

Esse mesmo que é tão dominado pela situação do banana Giovanni Luigi,

que conseguiu reelegê-lo sem passar pelo sócio,

numa decisão que mais pareceu um GOLPE PARAGUAIO.

Logo no Inter, que sempre se ufanou de ser o mais democrático dos clubes.

Então, para que isto não se repita nunca mais.

Para evitar que um Conselho permaneça dominado por um grupo

— ainda mais por este grupo de bundinhas amantes do conchavo —

está na hora de equilibrar o jogo, trazendo novamente para o Conselho

um papel crítico, varrendo parte da claque inútil que lá se encontra.

O Conselho deve ser fiscalizador, participativo e crítico.

Deve ser formado por pessoas que conheçam mais a arquibancada e menos os

os jantares e o prestígio de apenas poder jactar-se de ser um Conselheiro

do Internacional. O Inter não merece ser gerido por quem não vai aos jogos,

nem às reuniões do Conselho. A Convergência concebeu um projeto profissional 

para o clube. Sofremos como torcedores, mas não acreditamos em soluções mágicas.

A Convergência quer seu voto hoje, pela Internet ou lá no Beira-Rio.

.oOo.

Quem são: Luize Altenhofen, Monica Bellucci, Juliette Binoche, Eva Wyrwal (Iga A), Renata Fan, Nina Mercedez, Alessandra Pinho, Alessandra Pinho, Brigitte Bardot, Juliette Binoche, Salma Hayek, Charlize Theron, Nina Mercedez, Irène Jacob, Scarlett Johansson, Mila Kunis e Luize Altenhofen.

Cansaço colorado, desânimo geral

Bolívar: sem seu apoio, o técnico cai

Darei meu recado rapidinho.

“Desânimo geral”, este é o titulo de uma das conversas que estamos travando em um dos grupos de discussões do Inter, justo naquele onde há mais conselheiros do clube. Mas a sensação estende-se aos outros grupos dos quais participo. Ninguém mais suporta falar sobre as escalações do time sabendo que estas são ditadas pela política do vestiário. Agora é Juan que provavelmente não iniciará o Gre-Nal — ou iniciará com mais dois outros zagueiros — tudo porque Bolívar, o líder do vestiário, o homem que avaliza treinadores, é inamovível.

Imaginem a vontade de treinar de um cara como, por exemplo, Rodrigo Moledo. Ele  conseguiu retirar o Bolívar do time num esforço supremo — na bola que jogou a mais — e saiu do time por lesão. Virou reserva novamente. Está lá, no banco. Não sou apaixonado por ele, mas Moledo foi sacaneado. Dia desses ressurgiu no lugar de Índio. E foi o melhor da defesa.

Desta forma, o melhor Inter não pode entrar em campo em função do grupo de Bolívar. As substituições comprovam. Sempre saem os mais jovens (Élton, Fred), com os confirmados permanecendo em campo. E não há como motivar aqueles que não são amigos do General. Quase todo mundo está de saco cheio: os outros jogadores e a torcida. A perspectiva é péssima, mesmo contra o time do Grêmio.

Esse Gre-Nal pode desaguar em nova e desnecessária crise, mesmo que o Grêmio seja um time de opereta. Bem treinado, mas de opereta.

Faz algum tempo que decidi: como sócio e colorado, sigo pagando o clube, mas não vou ao estádio até que veja que o vestiário não é de um grupo de ex-vencedores, porque até as vitórias têm prazo de validade no futebol.

Duas grandes homenagens ao Índio

Sempre ao lado das minorias e buscando vencer a barreira do conservadorismo da sociedade brasileira, este blog tem defendido sem tréguas o indígena do Brasil. Devemos sempre lembrar que os índios já habitavam nosso país quando os portugueses aqui chegaram em 1500. Desde aquela data, o que vimos foi o desrespeito e a diminuição das populações indígenas. Este processo ainda ocorre, pois com a mineração e a exploração dos recursos naturais, muitos povos indígenas ainda estão perdendo suas terras. Desta forma, deixamos duas imagens cuja pujança e emotividade conquistará os visitantes deste pequeno órgão.

Baita cocar de uma mulher Seioux.
Feliz Dia do Índio!

* A segunda imagem foi roubada de José Luiz Rosa Filho, no Facebook. A primeira veio de nosso banco de imagens particular.

Bolívar, o General cagão (?) mete-se em sinuca de bico

Este não é exatamente um texto sobre futebol. Também é, mas o esporte é apenas um ornamento. É um texto sobre a sacanagem, sobre o que penso ser uma tentativa de sacanagem que não está dando certo em razão de circunstâncias incontroláveis. Vamos aos fatos: Bolívar, zagueiro do Inter, capitão do time e vencedor das Libertadores de 2006 e 2010, apelidado de General, grande jogador, vinha jogando mal, muito mal. Porém sua vida estava tranquila. Seus reservas — Moledo e Juan — eram dois jovens inexperientes e os dois outros concorrentes com mais bordel — Sorondo e Rodrigo — estavam e estão gravemente machucados. Só que Bolívar exagerou na má fase. Após ver publicado um Dossiê de 15 minutos com suas falhas no YouTube, conseguiu bater o recorde de conceder, através de seus erros, três gols em dez minutos aos Santos. O Inter vencia por 3 x 0, Bolívar criou um 3 x 3.

Mesmo assim, mesmo com o inacreditável jogo, mesmo que o dossiê devesse crescer, o zagueiro não foi especialmente vaiado em campo. Nunca foi. Há respeito por sua biografia. As críticas da torcida vieram pelas Redes Sociais, blogues, twitter (pela hashtag #eubolivei para dizer “errei”) e pelo tal vídeo no YouTube. E então o zagueiro tornou-se enxadrista e deu seu lance: aproveitando que Índio, seu companheiro de zaga, fora suspenso por 3 jogos pela CBF, o General pediu para também sair do time, provavelmente apostando numa crise ao deixar a batata quente na mão dos jovens. A diretoria do clube, que não tem mais pulso para controlar seus jogadores, assentiu. Só que o tiro estava saindo mais ou menos pela culatra. O Inter empatou com o Ceará e venceu o América-MG com atuações aceitáveis da dupla de jovens. A defesa seguiu falhando, mas por Nei, o lateral direito.

É claro que o general esperava que o time perdesse vários jogos para voltar nos braços do povo. Era uma aposta, uma boa aposta até, apesar de nada ética. Só que nosso personagem principal foi deixado cedo demais numa sinuca de bico. O zagueiro Moledo lesionou-se ao final do último jogo e todos os olhos voltaram-se para Bolívar. Por quê? Ora, porque o próximo jogo é contra o time que força especialmente o jogo na maior deficiência defensiva do Inter e de Bolívar, a bola alta. O que se deve fazer? Escalar de novo o grande General — apesar de a diretoria dizer que ele volta quando quiser… — ou chamar o sétimo zagueiro ou o oitavo zagueiro, os quais nunca jogaram no Brasileiro? Explico melhor a situação: são duas vagas e a situação é a seguinte:

(1) Índio (suspenso)
(2) Bolívar (férias)
(3) Sorondo (lesionado)
(4) Rodrigo (lesionado)
(5) Moledo (lesionado)
(6) Juan (jogando)
(7) Dalton (disponível)
(8) Romário (disponível)

Então, Bolívar viu antecipada a necessidade de retorno. Se houve mesmo, sua estratégia furou como contra Borges no jogo contra o Santos. É o momento de ele provar que está “na grande forma” em que diz estar. Ficar de fora seria pusilânime. Bolívar deixaria o técnico Dorival Junior mandar a campo Dalton, um jogador que Falcão disse que nunca poderia vestir a camisa do Inter, para seguir em férias?

Agora o General tem que assumir a responsabilidade de encarar o jogo contra o Palmeiras a fim de mostrar que tem ainda futebol ou pelo menos culhões. Eu observo o impasse me divertindo, pois agora teremos a noção de quem é o verdadeiro General, o verdadeiro líder. Afinal, a direção disse para ele decidir quando quer voltar. Se ele tiver coragem, volta agora. A sinuca de bico foi criada por ele mesmo: se jogar e confirmar a má fase estará acabado; se não jogar, estará claramente dizendo: foda-se o time. Ou seja, só lhe resta jogar. E bem.

Escrito com o auxílio involuntário de Marcelo Furlan e Nelson Baron

Falcão, volta pra Globo. Já.

Cavenaghi não entra porque é 9. Ontem foi segundo homem de ataque. Ricardo Goulart mudaria o jogo da vida. Ontem, nem entrou. Quarta, sobrou o D’Alessandro. Ontem, foi o primeiro a sair.

Sobre a coerência de Falcão, lido ontem no tuíter

Quando Falcão “ameaçou ter vontade” de retornar ao Inter, fiquei quieto. Dentre as escolhas mais divulgadas, ele era a minha última, pois fracassara, anos atrás, no Inter, na Seleção Brasileira, no América do México e na Seleção do Japão. Não é pouco. Mas é um sujeito simpático, bem falante, ídolo da torcida e não treinava um time de futebol há vinte anos. Ele, de certa forma, me seduziu, apesar da desconfiança que congelava meus comentários. Infelizmente, vejo agora que devia ter combatido a ideia com minha pistola d`água. Nem no grupo de discussões dos novos conselheiros do Inter eu disse alguma coisa contrária. Deixei-me engambelar pelo pensamento mágico do grande jogador que retorna ao clube.

Em poucos, pouquíssimos dias, Falcão fez o Inter perder o pouco que tinha de solidez defensiva e seu ataque é o mesmo de Roth, só que com Andrezinho no lugar de Zé Roberto e Oscar no de Sóbis, que jogava recuado com Roth. O posicionamento dos jogadores, apesar da inversão de funções, é a de Roth. Sua primeira mancada foi a de centralizar D`Alessandro — típico jogador para atuar nos lados do campo — e a segunda foi a de seguir respeitando as estrelas do grupo, dentre elas o recém operado e capitão do time Bolívar, que voltou à titularidade totalmente fora de forma física e técnica. O que sempre quisemos — a saída de Nei, a colocação de uma dupla de zaga cuja idade somasse menos de 60 anos, um time mais rápido — parece ter ficado ainda mais longe com Falcão.

Sigo dizendo que o Inter tem um dos melhores grupos de jogadores do Brasil, talvez o melhor. Falta-lhe um técnico. Se eu fosse um deles, se tivesse competência para dar dinâmica a um grupo de jogadores tão qualificados, estaria ligando diariamente para o Beira-Rio, pedindo o cargo e a glória. Este cara só deveria pedir uma coisa: apoio para livrar-se de Nei, Índio, Bolívar, Rodrigo, Wilson Matias, Zé Roberto e outros menos votados.

Ah, e por favor, não me digam que Renan foi culpado pelos dois gols de Viçosa. Alguém tinha que ir na jogada. Se o goleiro não saísse, Viçosa poderia ter matado a bola e ido até dentro do gol do Inter. Neste caso, Renan seria culpado por não sair. Responsabilizem a dupla de zaga, peço-lhes. No primeiro gol Viçosa estava entre os zagueiros, que guardavam temerosos 5 metros de distância do atacante; no segundo, Rodrigo tentou deixá-lo impedido depois do lançamento ter partido… Céus!

Se jogar direitinho, chega à final

É óbvio, é claro. É só jogar direitinho hoje às 14h. O Mazembe é perigoso, mas também é daqueles times que correm de forma desordenada, numa agitação quase caótica, chegando atrasado nas bolas e cometendo muitas faltas. São rápidos, chutam muito e bem e o envelhecido Índio pode sofrer com a correria deles. Porém, insisto, precisamos apenas fazer nosso jogo.

O futebol mudou. O gold standard voltou a ser o estilo Rinus Michels-Cruyff-Rijkaard-van Gaal-Guardiola-Barcelona de fazer a bola rodar e rodar pelo campo até que se abra uma brecha. Nem todos têm um Xavi para fazer a abertura das portas, mas a coisa funciona mesmo conosco. O Inter talvez seja o time brasileiro com maior aptidão para fazer a bola ir de lá para cá, com aquele falso desinteresse de quem pega o dinheiro sem contar, mas é preciso ter uma calma e categoria imensas para isso e calma é hoje tudo o que não sinto. Porque hoje é o “Dia de se livrar do fiasco”, muito mais ameaçador do que o sábado — o “Dia de tentar ser bi mundial”. Lembro de um ditador da Indonésia (Sukarno?) que nomeava os anos: “este é o ano-em-que-deixaremos-de-passar-fome”, “este é o ano-de-desenvolver-a-indústria, aquele é o “ano-de-viver-perigosamente”, ou seja, de eliminar fisicamente a oposição… Ah, os gremistas.

Eles estão mais assustados ainda. Se o Inter for campeão, passamos à frente deles em títulos internacionais de peso, engatamos uma quinta, ganhamos a Recopa do Independiente no meio do ano e adeus tia Chica. A decadência deles em relação a nós neste século ficará muito clara, clara demais, ofuscante, como sempre desejamos… Para completar, eles ontem perderam a primeira posição no ranking da CBF com o reconhecimento dos campeonatos nacionais pré-1971. O novo líder é o Santos, seguido do Palmeiras, e só a RBS poderá criar uma forma de salvar o tricolor, talvez com um “Ranking Monumental”.

Nossa chefe aqui no Sul21 não nos liberou do trabalho, mas haverá uma TV na redação. Até lá, tenho muitas coisas para fazer e, confesso, não terei muito tempo para exercitar meu nervosismo. Melhor assim. O ócio é um algoz torturante, nunca gostei muito dele.

Agora, leiam abaixo como foi a terrível semifinal de 2006 (post de 14 de dezembro de 2006):

Com Alguma Sorte

Para quem não sabe, o dono deste blog está assoberbado de trabalho – sim, aquele que garante sua sobrevivência com razoável dignidade – e, secundariamente, mobilizado pelo inédito Campeonato Mundial que seu time, o Internacional, disputa esta semana no Japão. Calma, mesmo assim, teremos o “Porque hoje é sábado”.

Pois meu dia de ontem começou com a visão de uma Porto Alegre parada, assistindo ao quase-fiasco do Inter contra o Al Ahly. Jogamos muito mal. Os egípcios exerceram forte marcação e nosso time sentiu muito. Alexandre Pato e Iarley ficaram isolados na frente, brigando inutilmente contra os três bons zagueiros adversários, sem o auxílio de Fernandão e Alex, que travavam outra batalha inglória mais atrás. Com todos bem marcados, as tarefas de armação acabavam ficando para os dois volantes de contenção Edinho e Wellington Monteiro, eficientes em suas funções defensivas mas péssimos criadores.

Ora, é sabido que, para jogar futebol, é adequado ter a posse da bola. Os egípcios marcavam bem, recuperavam a bola e então aparecia o outro grande problema. Nosso meio de campo, formado por Edinho, Wellington, Fernandão e Alex, apresentava enormes deficiências de marcação. Alex está fora de forma – é óbvio que deveria jogar Vargas em seu lugar – e Fernandão está desacostumado à posição, pois passou o ano jogando como primeiro e segundo atacante. Então, recuperar a bola era um parto. Não sei como ganhamos o jogo. Ou sei? Foi com muita sorte, com um zagueiro do Al Ahly atrasando uma bola no pé do Pato e com outro um gol de Luís Adriano, um sujeito que nunca tinha feito nada de positivo no time titular e que, mesmo depois do gol, seguiu no padrão de suas péssimas atuações.

Já contra o Barcelona, os problemas serão outros. O Barça joga mais, marca menos e é provável que nosso jogo apareça. Mas, é claro, me preocupa a recuperação da bola. À exceção de Ronaldinho, o Barcelona joga quase sem drilbles, tocando a bola de primeira e com rapidez, em ação coletiva. Se nossa marcação no meio de campo estiver tão deficiente quanto esteve no primeiro jogo, nem precisamos entrar em campo: é derrota certa. E precisamos atacar (ou contra-atacar com perigo), pois não podemos só ficar lá atrás com o Barcelona tranqüilo, rondando nossa área.

Sugiro a todos uma olhada na última Trivela. Há um artigo de Ubiratan Leal que mostra como José Mourinho (Chelsea) e Fabio Capello (Real Madrid) anularam Ronaldinho e venceram seus últimos jogos contra o Barça. Os dois conseguiram atacar e anular Ronaldinho. Concordo que ambos têm times superiores ao do Inter, mas há, embutida no artigo, uma importante lição.

Providência 1 (Ronaldinho): um lateral dedicado à marcação com um volante na sobra. Ceará e Edinho? Ceará e WM?

Providência 2 (a ajuda à Ronaldinho): ambos colocaram atacantes pelo lado direito de ataque – o Chesea botou o Shevchenko e o Real, Robinho – para que os laterais esquerdos Silvinho e Gio (Giovanni von Bronckhorst) não pudessem auxiliá-lo com tranqüilidade.

Providência 3 (forçar o Barça a se defender): ter dois armadores ativos no meio de campo. Como o Barça atua com apenas um volante (Edmílson), isto obrigará Iniesta e Deco a ajudarem na marcação, deixando o ataque dos catalães desconectado do resto do time.

Essas providências – e mais umas poucas outras – fizeram o Barça desaparecer. Mas para que o volante adversário tenha diversão, Fernandão e Alex terão que jogar… e muito! Eu retiraria Alex ou Iarley do time para fazer Vargas entrar. É incrível a consistência que o colombiano dá a nosso meio de campo. Sua presença foi fortemente sentida pelo Al Ahly no final do jogo de quarta-feira. Sua experiência de anos no Boca Juniors ensinou-o a não se omitir, a valorizar o passe e a complicar luta pelo meio de campo, seja jogando bola, seja cometendo faltas. É um jogador precioso que não conta com a simpatia do muitas vezes tolo Abel Braga, um técnico que dá boa dinãmica ao time mas que tem o hábito de fazer escolhas baseadas nas suas preferências pessoais.

Outro fator de preocupação é a má forma física de Alexandre Pato. Logo após fazer embaixadas com o ombro (ver aqui), ele sentiu cãibras, o que já havia ocorrido no jogo contra o Palmeiras. Ou seja, seu prazo de validade atual é curto e ele só joga até os 15 minutos do segundo tempo.

Tenho certeza de que podemos fazer uma partida bem melhor do que a que se viu ontem e que podemos ganhar. Porém, é óbvio que o favoritismo é catalão.

A curta primavera da tartaruga

Na semana passada, circulou em Porto Alegre uma engraçada metáfora. Talvez ela tenha surgido em hostes coloradas, mas contou com o apoio gremista. Dizia-se que o Grêmio era uma tartaruga em cima de um poste: ninguém sabia como tinha subido até lá, mas sabia-se que cairia… Ouvi a piada ser contada por muita gente, colorados e gremistas. Parecia haver um consenso sobre a queda da tartaruga. E ontem ela caiu feio.

Foi 4 x 1 ao natural, com direito a gol antes dos cinco minutos de jogo e placar construído no primeiro tempo. Tite entrou em campo com aquela escalação cautelosa de três volantes. Estranhamente, este tipo de escalação parece favorecer a liberdade dos meias de ligação adversários. Vejam o golaço de Tcheco! Ele atravessou o campo, fazendo o mais belo gol do jogo, tendo enfrentado em sua arrancada apenas um jogador: Guiñazu. Aliás, Tcheco parecia ser o único com algum élan e categoria no time do Olímpico. O resto era um amontoado de equívocos: Pereira e Perea entraram em campo lesionados, o primeiro foi substituído a dez minutos e o outro no intervalo; Marcel e Perea formavam um ataque de asma; a saída de bola pelo lado direito com os péssimos Paulo Sérgio e Léo não funcionou, claro; e Celso Roth, após a expulsão de Tcheco e perdendo o jogo de 4 x 1, optou por preservar seu emprego abdicando de atacar. Uma tragédia. Uma tragédia maravilhosa para nós.

Enquanto isso, víamos D`Alessandro, Guiñazu e Alex triturarem o meio de campo defensivo do Grêmio. Foram inúmeras as oportunidades em que esses três e mais Nilmar chegaram tabelando aos três zagueiros de Roth. A atuação de D`Alessandro foi tudo e mais do que desejaríamos. Seu chute no primeiro gol foi espetacular e… Bem, foi um chocolate lindo de se ver.

Com efeito, a tartaruga caiu e o vento que a empurrou nem precisou ser muito forte.

Há oito rodadas, estávamos 18 pontos atrás do Grêmio; hoje, a diferença é de oito. OK, o Grêmio encarou a realidade, mas é indiscutível que estamos jogando mais.