Londres, 15 de fevereiro (sábado): na Saint-Martin-in-the-fields

Londres, 15 de fevereiro (sábado): na Saint-Martin-in-the-fields

Nos dia 15, saímos às ruas. Fizemos o passeio até o cartão postal do Parlamento + Tâmisa + London Eye, fomos até Trafalgar Square e entramos na National Gallery. E só hoje notei que não tiramos fotos neste primeiro dia, prova de que Londres é uma cidade que mais se vive do que se vê. As primeiras fotos foram tiradas à noite, quando fomos assistir a um concerto na Saint-Martin-in-the-fields, do outro lado da Trafalgar.

Chegando lá, fomos direto ao elevador que nos levaria à cripta, onde há um belo café. Na porta deste, há o seguinte cartaz.

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Mesmo após horas de caminhadas pela cidade, pegamos as escadas, claro.

Se a Saint-Martin começa a valer a pena desde a porta do elevador, melhora na descida até a cripta. Ali, há séculos, temos religiosos enterrados no chão, mas, sobre eles, também temos um excelente e charmosíssimo restaurante-café. A homenagem aos túmulos é radical. A fragrância do café, dos chás e das iguarias certamente não fazem com que os féretros se ergam, mas certamente tornam mais leve e menos tediosa a eternidade.

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Elena manda bala na salada.
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Elena reflete sobre o motivo de haver tantos carecas numa mesma foto.

Vocês, meus sete inteligentes leitores, já notaram que o local também é uma igreja, mas que hoje é mais uma casa de concertos e restaurante. É uma tendência.

Bem, fôramos lá mais para conhecer a Saint-Martin do que para ver o concerto, de bom repertório, apesar de batidíssimo, conforme vocês podem conferir agora:

Baroque Extravaganza by Candlelight
Bach – Concerto for Two Violins in D minor
Vivaldi – Spring from Four Seasons
Bach – Air on the G String
Vivaldi – Concerto for Two Violins in A minor
Bach – Brandenburg Concerto No 4
Pachelbel – Canon and Gigue in D
Mozart – Divertimento No 3 in F
Vivaldi – Concerto for Four Violins in B minor

Festive Orchestra of London
Miki Takahashi Violin
Martin Feinstein Recorder (flauta)

Mas ocorreu um fato curioso: a excelente violinista Miki Takahashi, solista e primeiro violino da Festive Orchestra of London, em vez aquecer e ganhar corpo durante o concerto, sentiu o efeito da maratona ao final da função. Ela foi minguando. Depois do Brandenburguês Nº 4, passou a rodar em ponto morto, deixando espaço para os outros ótimos instrumentistas da orquestra.

De todos os muitos concertos que assistimos em nosso “turismo sinfônico” (expressão da Elena), este disputa o posto de mais fraco com o confuso Quarteto Elias, mas isso é papo para depois.

Um idiota no palco
Milton Ribeiro, um idiota no palco. Alguém sabe o que significa aquele ovo nos vitrais?
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A partitura sobre o cravo.
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E o mesmo, só que para o violoncelo.
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Fim de concerto na Saint-Martin-in-the-fields.

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Dia 13: The Wallace Collection e a National Gallery

Maravilha uma cidade onde todos os museus são de graça, né? Quando fomos conhecer a Wallace Collection esperávamos a cobrança de um ingresso; afinal, não estávamos num dos grandes museus da cidade, mas ali também era tudo free, como diria o Raul Seixas.

A Wallace Collection é um pequeno museu fundado a partir da coleção particular de Sir Richard Wallace, que foi legada ao estado por sua viúva em 1897. O museu foi aberto ao público em 1900 em Manchester Square. Na coleção, estão pinturas que vêm desde o século XVI. Há vários Rembrandt e obras de outros mestres holandeses, franceses, espanhóis e ingleses, como Frans Hals com seu O Cavaleiro Risonho, vários Watteau, Van Dyck, Velázquez e o auto-retrato do citado Rembrandt. Faz parte da exposição mobiliário e objetos de arte, tais como relógios e esculturas. O ambiente é tão bom dentro da Hertford House que eu aceitaria trabalhar lá como guarda.

Quando saímos de lá, estávamos apaixonados pela Coleção de Sir Richard e fomos até a London Library, sugestão de um de meus sete leitores. Deu tudo errado, as visitas eram são só às segundas-feiras às 18h e eu deveria ter aceitado o oferecimento de meu leitor como cicerone, porque minha visita solo foi um fracasso. Por que será que ele sugeriu uma segunda-feira? OK, idiotice minha não me informar melhor.

Então fomos para a National Gallery. Sim, concordo,aquilo lá é um patrimônio da humanidade, é algo quase imbatível em termos de arte do século XIX para trás. Na Europa, talvez só perca para o Louvre e o Prado em termos de quantidade e para o Musée d’Orsay em qualidade. Mas a rápida passagem da Wallace Collection para a National foi fatal para a segunda. Foi como se tivéssemos saído da Bamboletras para a Feira do Livro, isto é, de uma seleção de primeira linha para uma oferta indiscriminada e que ficou exagerada. Quando entramos lá, queríamos o filé e fomos passando meio reto pela pesada coleção de arte religiosa da National. Mas fazer o quê? Vínhamos de um local onde o feijão já fora escolhido e não estávamos mais a fim de trabalhar.

Claro que o que estou dizendo é uma brutal injustiça para com o acervo do National, com seus Van Gogh, Manet, Monet, Velásquez, Botticelli, Metsu, Seurat, Signac e até Da Vinci… Mas o momento psicológico não era para o excesso e a procura com a separação do joio. Sim, ficamos 3 dedicadas horas na National Gallery, mas nosso coração estava em Manchester Square.

Na Gallery é proibido tirar fotos, na Wallace, não. As fotos são péssimas, o principal é a memória da visita:

Esse aí é um Watteau.
Já este é um Metsu. Uma leitura inapropriada de uma carta…
Já este lindo é um Pourbus. O nome do quadro é “Uma alegoria do verdadeiro amor”.
Este incrível é de Zampieri.
Ah, Velazquez…
Canaletto existe fora das capas dos discos de Vivaldi!
Existe mesmo, há vários lá.
Sai pra lá, coisa do demônio! Do para mim desconhecido Papety.
Cena do Inferno de Dante, de Ary Scheffer.
Em vez de aceitar a proposta de um dos meus sete leitores… Cagada, né?
Um dos mais belos chafarizes da Trafalgar Square bem na frente da National Gallery.
E a moça que o desenhava sob 1° C. Se ela caísse na água eu buscava, viu? Pura solidariedade.

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