Um fim-de-semana e quatro filmes / Últimos filmes vistos

Uma das melhores idéias que tivemos foi a de nos associarmos ao Guion Cinemas. Pagamos uma anualidade e entramos “de graça” por um ano. Só neste final de semana, eu e minha mulher gastaríamos mais de cem reais em ingressos. Vimos quatro filmes:

A Questão Humana, de Nicolas Klotz: Apesar de escolher pessimamente seus atores, Klotz é bom diretor. Porém, A Questão Humana é um filme já visto e revisto. É mais uma abordagem européia à enorme culpa que aquele continente tem (ou teria) para com os judeus mortos na Segunda Guerra Mundial. Ora, eu tenho 51 anos e não agüento mais ver o mesmo final em off narrando um holocausto real que envergonha a humanidade, mas do qual já enchi o saco, ainda quando penso que o fato de exibir-se como vítima no Ocidente, deixa os judeus mais populares e livres para fazerem o que bem entendem com os palestinos. Não sou anti-semita, mas aposto que conseguiria financiamento fácil se fosse cineasta e quisesse fazer um filme que denunciasse, por exemplo, os nazistas que tornaram-se fazendeiros na Patagônia. Israel não quer deixar de ser vítima de modo algum. O filme até propõe pequenas variações sobre a mesmice, mas é forçado — aquele psicólogo perturbado é de matar — e não convence.

Quando estou amando, de Xavier Giannoli: Show absoluto de Gerard Depardieu no papel de um decadente cantor de bailes. É incrível que ele tenha cantado todas as canções do filme, sempre com excelente desempenho. Que ator! Galanteador, ele conhece uma jovem corretora de imóveis pela qual se apaixona. Com este enredo de comédia romântica americana, Giannoli, Depardieu e a bela Cécile De France, chegam a um resultado mais dramático e realista do que suas congêneres. Vale a pena ver o trabalho inacreditável de Depardieu, inteiramente à vontade como cantor.

Ao Entardecer, de Lajos Koltai: Um super-elenco — Claire Danes, Vanessa Redgrave, Meryl Streep, Glenn Close, Toni Collette, Natasha Richardson… — num filme que me tocou especialmente por minha experiência com minha mãe, vítima de doença semelhante a que sofre a personagem de Vanessa Redgrave, Ann Grant. É um filme antiquado, muito competente e sensível, com ação no presente (enfermidade de Redgrave) e nos anos 50 (em que Redgrave é vivida por uma irrepreensível Claire Danes). Curiosidade: a atriz Mamie Gummer, que faz o papel de Lila nos anos 50, tem Meryl Streep, sua mãe, como Lila no presente. As cenas dos delírios de Ann Grant velha são maravilhosas e absolutamente realistas. Minha mãe também fala em alguns Harris — o grande amor de Ann — e em bailes do passado. Levemente irritante a presença de Toni Collette no elenco, muito parecida de rosto e nas atitudes com Suélen (ou seria Pâmela?).

Quem disse que é fácil?, de Juan Taratuto: Um homem solteiro, certinho e obsessivo aluga imóvel para uma bonita fotógrafa que não faz a mínima idéia nem de quem seria o pai da criança que carrega na barriga. Filme agradável, que traz Carolina Pelleritti, tão bonita que poderia figurar num Porque hoje é sábado. Destaque para o surpreendente realismo das discussões do casal.

Abaixo, a lista dos últimos filmes que vi.

43 – No Such Thing – No Such Thing – 2001 – EUA – Hal Hartley – 5
42 – Quem disse que é fácil? – ¿Quién dice que es fácil? – 2007 – Argentina / Espanha – Juan Taratuto – 3
41 – Ao Entardecer – Evening – 2007 – EUA / Alemanha – Lajos Koltai – 4
40 – Quando estou amando – Quand j`étais chanteur – 2006 – França – Xavier Giannoli – 3
39 – A Questão Humana – La Question Humaine – 2007 – França – Nicolas Klotz – 1
38 – O Balão Vermelho / O Cavalo Branco – Le Balon Rouge / Crin Blanc: Le Cheval Sauvage – 1956 / 1953 – França – Albert Lamorisse – 4
37 – Meu irmão é filho único – Mio fratello è figlio único – 2007 – Itália – Daniele Luchetti – 4
36 – Amar… Não tem preço – Hors de prix – 2008 – França – Pierre Salvadori – 1
35 – Batman – O Cavaleiro das Trevas – The Dark Knight – 2008 – EUA – Christopher Nolan – 2
34 – Do Outro Lado – Auf der anderen Seite – 2006 – Alemanha / Turquia – Faith Akin – 4
33 – Antes que o diabo saiba que você está morto – Before the devil knows you´re dead – 2007 – EUA – Sydney Lumet – 4
32 – O Banheiro do Papa – El Baño del Papa – 2007 – Uruguai / Brasil / França – Enrique Fernández e César Charlone – 4
31 – O Labirinto do Fauno – El Laberinto del Fauno – 2006 – Espanha / EUA / México – Guillermo del Toro – 3
30 – Jornada da Alma – Prendimi L`Anima – 2003 – França / Itália – Roberto Faenza – 4
29 – Bella – Bella – 2006 – México / EUA – Alejandro Gomez Monteverde – 3
28 – Control – Control – 2007 – Inglaterra – Anton Corbijn – 4
27 – Longe dela – Away from her – 2006 – Canadá – Sarah Polley – 3
26 – A Outra – The Other Boleyn Girl – 2008 – Grã-Bretanha – Justin Chadwick – 2
25 – Sex and the City – Sex and the City – 2008 – EUA – Michael Patrick King – 3
24 – Bloom – Bloom – 2003 – Irlanda – Sean Walsh – 3
23 – Confiança – Trust – 1990 – EUA / Inglaterra – Hal Hartley – 4
22 – A Vida é um Milagre – Zivot je cudo – 2004 – Bósnia / França – Emir Kusturica – 5

Significado aproximado das notas:

5 – Não deixe de ver
4 – Muito bom
3 – Vale a tentativa
2 – Medí­ocre
1 – Uma bomba
0 – Além de bomba, mal intencionado.

7 comments / Add your comment below

  1. Puxa que inveja! e eu que não vi nem um filme o fim de semana inteiro… nem na tv! tive que me contentar com sexo, só sexo…
    Estou virando uma ignorante!
    Ah! lembrei! vi um show de música instrumental maravilhoso na sexta e um sarau com um pianista fantástico no sábado. Então não estou tão mal, né? Como pude esquecer?
    bj, f

  2. Ribas, assististe “Sangue Negro” (There will be blood)? O filme é baseado no “Oil!” de Upton Sinclair. Mas Thomas Anderson elimina as questões de classe, foca no personagem do pai e aprofunda as características humanas. Movimentos de câmera sublimes, interpretações pesadas. Vi ontem. Fiquei de queixo caído.

  3. Marconi, não vi “Sangue Negro”. Já notei que devo ver. Obrigado pela dica.

    Flávia e Ramiro, nunca esqueçam do que disse Euclides da Cunha: “O onanista é antes de tudo um gozador”.

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