A Decadência do Cinema e de seus Comentaristas

Building upon each other’s knowledge is exactly what Newton meant when he said he can see further because he stands on the shoulders of giants.

BERTRAND RUSSELL

Tenho absoluta certeza da decadência do cinema. Deveria generalizar e falar em decadência das artes em geral? Bom, hoje meu assunto é cinema ou ao menos pretendo partir dele. E começo dizendo que acredito que a crescente intervenção dos produtores tem efeitos desastrosos nos filmes. Neste domingo, por exemplo, fiquei surpreso ao ver num canal pago a comédia romântica Procura-se um Amor que Goste de Cachorros, filme lá de 2005. Deu-me a impressão de que a personagem vivida por Diane Lane repetia os diálogos que a mesma Diane tivera antes no simpático Sob o Sol da Toscana. Pude assegurar-me do fato ao ligar a TV ontem na HBO e dar de cara com Diane Lane na Toscana: ela usava as mesmas palavras e vivia a mesma situação do filme que vira! Só que, em vez de falar ao advogado, falava à irmã. Algum produtor sentiu no bolso que o filme anterior dera bom lucro e resolveu repetir minuciosamente a fórmula. Diane concordou em ficar mais rica e, em compensação, corre o risco de obter o duvidoso título de “A Namoradinha dos Divorciados da América”. Deve estar preocupadíssima. E assim caminha a humanidade, ao menos a cinematográfica.

Os filmes parecem estar cada vez mais indulgentes para com um público supostamente emburrecido. Como contrapartida, poderia lembrar que, em 1974, fui a um programa duplo no extinto cinema Marabá. Às 14h, vi Gritos e Sussurros e, às 16h, Amarcord. Se não era normal, era uma coisa possível de se fazer na época. Afinal, eram lançamentos.

Uma vez, fui convidado por Fernando Monteiro a fazer listas dos 10 melhores filmes e livros de todos os tempos. Ele publicou suas listas e as minhas na Rascunho. Por e-mail, me provocava mais ou menos assim: “Quero ver quantas obras recentes constarão nelas”. Fiz a lista cinematográfica forçando a entrada de um filme de Peter Greenaway de que gosto muito — Afogando em Números… Mas confesso ter forçado a barra. Mais recentemente, escrevi uma relação de filmes maior e mais bem mais pensada e o fenômeno repetiu-se.

Poderia colocar nela os recentes e excelentes Dogville e Anticristo (Lars von Trier), Os Bons Companheiros (Martin Scorcese), Cidade dos Sonhos (David Lynch), A Vida é um Milagre (Emir Kusturica), As Confissões de Henry Fool (Hal Hartley), O Casamento de Rachel (Jonathan Demme), A Vida dos Outros (Von Donnersmark) ou Os Imperdoáveis (Clint Eastwood)? Até poderia, são belos filmes, mas quais tiraria?

(Um diabo chega por trás para fazer uma massagem em meus ombros e lê o que escrevo. Comenta: Não dramatiza, Milton, estamos numa época em que deixaram de fazer filmes de arte para fazer entretenimento. Antes que eu lhe diga que o cinema de entretenimento sempre existiu e que antes havia espaço para todos, ele vai embora. Se eu lhe respondesse, talvez ela fizesse referências à infantilização do cinema e de alguns adultos. Não vês as filas para Matrix? Não te lembras daquele quarentão que tcompra e sua diariamente seu videogame? Bom, diabo, esta é outra história e, na verdade, a decadência pessoal tem sua poesia e esta, dependendo das circunstâncias e de sua qualidade, pode até ser adorável.)

E, com os maus filmes, apareceu uma geração de críticos adequada a eles. Com mínimas noções de história do cinema, parecem não entender as alusões às vezes existentes nos filmes, sejam as de um ser mais complexo como Theo Angelopoulos, sejam as do pop Quentin Tarantino. E alguns que escrevem na Internet — onde, naturalmente, o amadorismo é mais presente — conseguem mais: conseguem transformar os fatos históricos narrados pelos filmes em ficção. É constrangedor lê-los. Isaac Newton e o roqueiro quase-hooligan-de-mentirinha Noel Gallagher sabiam estar Standing on the Shoulders of Giants, e que, só por isto, viam mais longe. Alguém deveria avisar a estes críticos que eles também estão lá e que deveriam delirar menos em seu suposto brilhantismo e olhar em torno. E um crítico cita o outro e todos juntos… Céus! Lembro de críticos que, ao comentarem um filme baseado numa obra de literatura, sabiam avaliar as alterações feitas por roteiristas nessa espinhosa questão de adaptar uma linguagem para outra. Agora, as críticas são rasteiras, ignorantes.

Eu estou convencido de que houve mesmo uma época (e um lugar) de ouro do cinema, que foi Hollywood na década de 1950, e talvez isso não se volte a repetir, porque se conjugaram várias coisas: o domínio da técnica cinematográfica, uma indústria próspera mas bastante aberta à inovação e a falta de concorrência da TV. Penso que depois disso tornou-se muito mais difícil ver-se filmes simultaneamente muito bons, inovadores e populares, como alguns de Hitchcock ou Nicholas Ray. Os Cahiers du Cinema vieram em auxílio a estes cineastas, porque até então o cinema americano era desprezado pelos intelectuais, e esses jovens (gente como Truffaut ou Rohmer) idolatravam John Ford e outros realizadores de Hollywood. Talvez o último herdeiro espiritual dessa época gloriosa seja Scorsese — o Good Fellas está ao nível dos melhores Nicholas Ray. O que aconteceu nas últimas décadas é que o cinema europeu começou a circular com grande dificuldade, esmagado pelos circuitos de distribuição americanos.

Hoje, não só o cinema se rendeu à linguagem fácil e banal dos filmes de entretenimento. TODA a cultura se transformou em produto de consumo popular. A reflexão cedeu espaço ao evento, tudo é evento. Tudo tem luz, produção, maquiagem até reunião de condomínio acabará tendo roteiro e cenografista. Mas e as idéias? E os ideais, as intenções? Para que fazer pensar se o que importa é faturar? Que discussão vou querer promover se o que quero promover é o sucesso de bilheteria e basta? O cinema sumiu junto com as utopias e quem sabe não está aqui a raiz da decadência? Claro que para toda ação, corresponde uma reação. Por que as Bienais não tratam do tema da arte como espetáculo vazio? Seria uma bela provocação.

Para finalizar este post deixado em aberto, cito Ivan Lessa — que pertence a uma geração anterior à minha — de memória:

Nós íamos ao cinema — definitivamente. Nós víamos filmes — indubitavelmente.

23 comments / Add your comment below

  1. Singularidades

    Preparou-se para mais hora e meia de tédio entre irrelevâncias, ratificações, conservadorismos e falta de imaginação entre a técnica irrepreensível (excelente fotografia, som refinado, atuações destacadas, montagem capaz de manter o ritmo ascendente até o clímax, et cetera), aliada à boa vontade do público. Tinha passe livre nos cinemas, na condição de crítico com algum renome, com resenhas publicadas semanalmente nas maiores revistas do país e muitos jornais.

    Naquela tarde os problemas, o clima ruim, uma dor de dente, o aborrecimento de uma leitura matutina, tudo isso combinando-se com uma idade que se diz avançada, provecta, ou de acordo com a correção política, melhor idade, o levaram a entrar na sala errada do multiplex favorito (por possuir melhores assentos, tela, imagem e som).

    Nos crédito inicial percebeu o engano, tão logo anunciou-se “um filme de…”. Para não fazer papel de paspalho, resolveu ficar, mesmo porque não havia comparecido à avant-première do filme.

    Sem novidades, é o que espera. A mesma construção anômala dos demais filmes do diretor, o humor meio deslocado, atores rígidos repentinamente realizando gestos estranhos, enquanto o texto é por demais explicativo, mas ora é misteriosamente metafórico.

    Num dado momento, porém, ele percebe, no lento enredamento dos personagens, o segredo da coisa. As falas explicativas que revelam não o que dizem, mas as limitações do ser no mundo dos personagens. O humor que não é deslocado, mas sutil. O desnudamento das ambições humanas como perseguição de ancestrais paraísos não artificiais. A beleza detida no longo plano silencioso, desfeita no corte e por isso ainda mais revelada. O encanto das aparências. A combinação de tempos, transformando anacronismos em um sincronismo que incorpora todos os tempos e faz da humanidade cativa em seu instante. Lágrimas, lágrimas, e não são da rapariga loura cujo porte se desmonta dando cabo de mais uma ilusão. O trem se vai, a vida é caminho, mas nós seguimos em linhas predeterminadas, sobre trilhos que dirigem nossa imaginação para o óbvio. Lágrimas, mais lágrimas do crítico acerbo.

    Então o filme termina. Uma hora e dez minutos, não mais. Permanece na sala mais alguns minutos para se recompor. Não, não escreverá sobre o filme. Recorda-se somente agora da ausência de legendas e da estranha prosódia. Vira um filme português. Raios, não será de lá que virá uma obra de arte verdadeira!, exclama para si mesmo. Mesmo assim, à saída, diante do pequeno cartaz do filme, enternece-se à lembrança da experiência singular. Rindo, experimenta reproduzir algumas falas do diálogo nos termos originais e naquela sonoridade truncada do português lusitano.

    Conseguiu mesmo esquecer a narração em off, detestada por ele como recurso condutor de platéias às intenções dos produtores, mesmo porque neste caso isso não se dá, pois a narrativa, por mais explícita que pareça, não conduz. Precisará repensar seus estatutos de obra cinematográfica, o que é deveras estimulante, tanto quanto entrar numa sala errada e ver aquilo que não esperava ver. Seus olhinhos idosos ainda brilham.

  2. Caro amigo:

    É muito bom vc assinalar filmes de qualidade que ainda são feitos hoje, diretores de qualidade que ainda dirigem hoje. Gostaria de acrescentar a esses os filmes e diretores que nem chegamos a ver porque o circuito de cinema e video não os inclui.
    Quero agregar a seus comentários tão inteligentes: vivemos tempos difíceis, nem tudo acabou.
    Abraços:

    Marcos Silva

  3. Minha lista dos últimos 30 anos (é apenas cinema, mas eu gosto):

    1.Koyaniskatsi
    2.Atrás das Oliveiras
    3.Beleza Americana
    4.Um Sonho de Liberdade
    5.Cidade de Deus
    6.O Sentido da Vida
    7.Elephant
    8.Fale com Ela
    9.Vanilla Sky
    10.June

    Caro Milton, já gostei do Estrela Distante desde a epígrafe. Que bom gosto tem o cara! E aí, já está lendo?

    1. Charlles, nem comprei ainda o livro.

      Tu poderias escrever a resenha dele para nós. Me mande por e-mail que boto direto como post, OK? Pode ser?

      Abraço.

      1. Que responsabilidade! Tá certo, dentro do prazo. Vou aproveitar a confiança, já que jamais me daria a mesma liberdade para escrever sobre preferências políticas.

  4. Acredito que quanto mais próximo estamos do período analisado, mais pessimistas vamos ser. Some-se a isso a crescente facilidade da produção de arte em geral. Os meios de divulgação existem em número muito maior a cada dia e as tecnologias de produção estão ao alcance de qualquer pessoa.

    O maior juiz da qualidade artística é o tempo. Daqui a uns 30, 40, 80, 100, 200 anos, olharão para nosso tempo presente e acredito que colherão obras-primas.

    Godard, Truffaut, Bergman, Antonioni, Tarkovsky e cia. limitada não são exatamente o transposto do cinema pipoca hollywoodiano de comédias românticas, não?!

  5. “TODA a cultura se transformou em produto de consumo popular”. Frase adorniana, mas não é à toa que as “profecias” de Adorno para a cultura estão sendo reconsideradas. Tido como elitista somente por antropólogos e etnólogos demagogos, Adorno dificilmente dá bola fora em matéria de cultura enquanto mercadoria. Pensadores como Fredric Jameson, Mike Featherstone e Allan Bloom (autor de The closing of the American Mind, pergunte ao grijó sobre a importância desse livro), não têm medinho de apontar a mercantilização da cultura e a decadência das artes e do pensamento.

    boa aguilhoada, milton!

    1. Lembrou bem do Bloom, Joêzer! Ele conseguiu um feito raro com esse livro: tornar-se milionário com a crítica. Em Minima Moralia, Adorno vai mais fundo que qualquer outro escritor na análise da mercantilização da arte, na industrialização da cultura, no empobrecimento estudado para tornar a literatura assimilável e com isso servir-se dela para os propósitos de dominação e alienação. No Mínima Moralia, entre a organização semi-temática dos textos, nos deparamos com um elemeto distoado, um texto com data abaixo (algo por volta de 1933, quando o partido nazista toma definitivamente o poder na Alemanha), em que Adorno lembra de seus tempos de colegial, em que era surrado por colegas da turma, em que suas redações eram rebaixadas por seus períodos longos e difíceis, e o autor reconhece seus algozes entre os elementos de repressão e extermínio do terceiro Reich. Minima Moralia, O Declínio da Cultura Ocidental e Massa e Poder são os três grandes estudos socioculturais indispensáveis para a manutenção de uma fé dissidente na possível recuperação do homem, ainda que nenhum destes assinalem isto. Como não estou com o MM aqui no escritório, segue abaixo alguns excertos do Declínio que eu havia exposto no post do Grijó:“Já que acabamos por tomar o desnecessário, perdemos todos o sentido da necessidade, seja natural ou cultural.”

      “O conflito, que para ele (Nietzsche) era a condição para a criatividade, para nós reclama terapia.”

      “Consciente ou inconscientemente, a economia lida somente com o burguês, o homem movido pelo medo da morte violenta.”

      “O ateísmo dogmático culmina na conclusão paradoxal de que só a religião é que conta.”

      “O marxismo é o cristianismo secularizado, do mesmo modo que a democracia, o utopismo e os direitos humanos. Tudo o que se refira a valores provém da religião.’

      “Talvez o gênero humano, uma vez digerida a incompatibilidade dos fins, tenha desenvolvido outra espécie de alma.”

      E, por final, esta, que naqueles idos anotei ao lado: ” o rock, que ele condena, e Pynchon”:

      “A vantagem esperada está em que a riqueza e a tensão presentes no espírito moderno possam servir de base para novas e amplas concepções do mundo, que levem a sério o que antes se destinava à lata de lixo”

      1. Ah, eu não faria igual o crítico David Guilmor (não, não é o guitarrista do Floyd) que retirou seu filho da escola e o educa apenas com os assim chamados grandes filmes do cinema mundial.

  6. Esse negócio de crítica ao cinema é algo que me interessa passageiramente. Assisti ao Leopardo, e fiquei deslumbrado com a cena extensa do baile de casamento, e a atuação soberba de Burt Lancaster. Tenho o Júlio César com o Brando, e já quase decorei o discurso diante o cadáver de César. Nada pode ser mais adstringente do que assistir aos filmes do Fellini, simples, profundos e burlescos.Mas nunca consegui chegar ao fim de A Doce Vida. Assisti ao Persona, e não gostei tanto quanto aos outros do Bergman. No romance “A Mágoa Mata Mais”, o tio do narrador abomina Hitchcock, e dá bons motivos para isso. E sou apaixonado por qualquer coisa que ele tenha feito. Monsenhor Verdoux talvez seja o filme da minha vida. Mas nada me diverte mais do que um bom filme banal de hollywood, como Transporters, O Quarteto fantástico e o Homem Aranha. Por outro lado, não consigo ler Dan Brown. Cinema para mim é como o rock, uma merda adstringente, que não levo a sério: e por isso é tão bom.

  7. grandes filmes dos últimos 20 anos? os bons companheiros, a trilogia das cores do kieslowski, dogville, bastardos inglórios, cidade de deus, labirinto do fauno, a vida dos outros, underground, a conquista da honra, o piano, show de truman, magnolia, fargo, valsa com bashir, tudo sobre minha mãe.

    voltando à carga, eric hobsbawn, em A era dos extremos, escreve que a crítica, talvez por medo de parecer antidemocrática, não sabe ou não quer saber quem é melhor, se Macbeth ou Batman. melhor no sentido de diferenciação, já que, como dizia o velho Adorno, a pior forma de ignorância é a indiferenciação.
    em 2007, escrevi uma diatribizinha contra a decadência do pensamento musicológico querendo uma ideologia pra viver: http://notanapauta.blogspot.com/2007/04/msica-do-homem-feliz.html

  8. Ninguém viu o japonês A Partida? Acho que não, porque ele merece estar nesse tipo de lista. Gosto tbm de uns filmes desconhecidos de países distantes (carinhosamente chamados pelo meu irmão de “filmes provenientes de países sem água tratada”) – Kadosh, Osama, Caminho para casa, Caráter…

    Por tantos fatores, hoje em dia eu consigo identificar um filme ruim em 10 min. Mostrou certa combinação de personagens, com tal enquadramento de câmera acompanhado de certo diálogo… é batata: o filme seguirá numa direação completamente previsível.

  9. Caminhante, me lembrastes de Caráter, excepcional, com aquele clima de ambientes institucionais opressivos desse precursor de Kafka que foi Charles Dickens (Salman Rushdie, no prefácio dos 25 anos de seu Filhos da Meia Noite, diz que Dickens é um dos maiores escritores indianos). Acho que, se não viu, talvez goste do belíssimo filme do Abbas Kiarostami, Atrás das Oliveiras, que merece ser revisto várias vezes. Tem a mesma beleza de uma nostalgia de não sei do que de O Verão de 42. Talvez precise de mais de 10 minutos para se render ao filme. A última cena dele é um desses momentos raríssimos em que o cinema se torna arte genuína.

    Joêzer, esta citação do Hobsbawn encontra-se devidamente sublinhada na minha edição da Era dos Extremos. Hobsbawn é tudo que um intelectual pretende ser: escreve com um estilo, uma paixão e um direito incompuscárvel; possui um humor desses modestos (como o do Milton), que preserva a sanidade e a elegância (são ótimas as passagens em Tempos Interessantes em que ele fala, estóicamente, sobre sua feiura extraordinária!); tem conhecimento baseado em leitura e experiência; e é um profundo devoto da literatura (todos os seus livros possuem capítulos reservados aos romances). Valsa com Bashir é muito bom ( a trilha sonora então_ há tempos não ouvia Enola Gay, do Devo). Gostei da sua distribezinha, cara. Abraços!

  10. é tudo muito simples, o senhor pegou o auge da arte,, décadas de 40, 50 e 60, as transformações gerais dos anos 70 e vivencia a decadência a partir dos 80, a entrada da tv e dos canais pagos que exigem mais filmes, a industrialização da coisa.
    sendo assim, ó mito, tens saudade do auge da arte. e é compreensível. a própria arte não se retroalimenta do auge? o melhor filme do ano não é um “filme de cinema”? bastardos inglórios? o segundo melhor não é uma adaptação de uma história em quadrinhos dos anos 80, watchmen? – aliás, os quadrinhos tiveram dois auges, parece viver um terceiro, tema para outra conversa.
    mas…
    olha só: russel viveu o auge da disseminação das filosofias, quando se discutia filosofia em mesas de bar, nos editoriais dos jornais. ele ia achar a filosofia de hoje bem miúda e rasa, como vc acha que é o cinema. ele viveu o auge daquela COISA.
    entenda o sentido COISAL, cada coisa tem seu auge até mesmo nós, embora hoje já contemos com o viagra. a arte não tem viagra.
    e…
    meu deus, veja a lista dos discos mais vendidos na billboard de 1969! tinha dylan, neil young, rolling stones… hoje tem lady gaga!
    FIM!

    1. Detesto quando algum comentarista mostra-se mais inteligente do que eu…

      Brincadeira, Bia! Isso acontece todo dia aqui. Mas acho que tens boa parte de razão, sem dúvida. Eu escrevi “boa parte”, viu?

      Grande abraço, meu amigo.

  11. Ai que preguiça de meter a mão na cumbuca de uma caixa de comentários já tão avantajada, cheia de gente boa escrevendo coisa importante.

    Ouvi um Adorno lá em cima – tô contra. Primeiro por que ele não reconhecia qualquer valor em nada do que o Milton considera aqui como bom cinema (para ele era tudo indústria embrutecedora). Nem Stravinski não prestava pra ele, que queria reduzir tudo a schoenbergs.

    Só quero aumentar aqui o coro dos que disseram que se faz muito bom cinema hoje em dia. Mas circula pouco.

    E o cinemão sempre foi essa merda que está aí.

    Só que agora temos DVD, TV por assinatura (não espere que o tal canal pago passe alguma coisa parecida com bom cinema), temos internet e videogames. A era do cinema já passou.

    Mas eu ainda acho que se faz bom cinema em muitos lugares. O Milton citou diretores norte-americanos (Ray e Ford). Não custa lembrar que eles autores em meio a um mar de cinema de estúdio. E continuam existindo Robert Altmann, Spyke Lee, Woody Allen.

    Se fosse assistir, por exemplo, a mostra internacional de cinema de São Paulo, veria umas dezenas de filmes e dificilmente acharia um ruim.

    Filmes gregos, iranianos, palestinos, chineses (Zang Ymou, Milton, Zang Ymou), japoneses, etc, etc.

    Continua havendo arte onde não há muita indústria. Continua havendo arte onde há muita indústria.

    Mas acho que o Brasil está entrando firme no circuito comercial mais efetivo – de modo que podemos esperar mais investidas e mais influência dos produtores por aqui em futuro próximo.

    1. Adorno era muito radical mesmo, mas extremamente coerente. Dizia que a música moderna de valor deveria se primar por Scoenberg, sucessor natural da falta de opções a que a musica se reduzira após os quartetos húngaros e as demais obras tardias de Beethoven. Abominava o jazz. Allan Bloom, no livro citado, também destroi com requinte a era de Mick Jagger, atribuindo ao rock apenas alienação, drogas e barulheira. Como é bom lidarmos com a diferença de opinião!

  12. As falas de Diane Lane podem até ser repetidas, mas como pelo visto você não se deu ao trabalho de ler o livro deveria saber que, a maioria dos dialogos entre Sarah e Carol estão no livro. E, por que criticar tão duramente um filme pelo simples fato de ser apenas um filme que não vai nos fazer pensar ou meditar ou querer se matar é apenas diversão eu mesma acho que você deve de vez em quando ler quadrinhos de jornal ou uma historia banal só para variar.

    Ai vai minha opinião: o livro é ótimo e o filme… também que mal há nisto.

    Não seja tão duro só por ser um critico

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