(Por isso é que mantenho a categoria “Amigos, tudo”).
Acho que ainda não chegamos à edição de nº 214, mas certamente já passamos fácil das 50 edições. Os Festins Diabólicos são as festas aqui de casa, sempre com 20 pessoas para fora. Sábado, foram 36. O motivo do nome do encontro é o filme de Hitchcock, que tinha um baú no meio da sala. Já sabem o que temos no meio da nossa, mas sem um morto dentro, se lembro bem. Ultimamente, após o jantar, quase sempre alguém senta em nosso combalido piano ou pega seu instrumento e a música acontece. São amigos, músicos profissionais, que tocam aqui em casa por pura amizade. Poderiam deixar seus instrumentos e partituras em casa. Poderiam dizer que não estavam a fim, poderiam alegar uma tendinite ou simular um desmaio, qualquer coisa que todo mundo compreenderia, mas não, eles tocam pra nós.
No grupo, há o núcleo duro, os que sempre são convidados. Dentre eles, há gente como a Nikelen e o Guto que viajam incondicionalmente por quatro horas com um filho pequeno e o deixa com a avó num hotel. E viajam mais quatro horas de volta, tudo por quatro horas de festa. É maravilhoso isso. Lamentavelmente, alguns dos habituais participantes acabaram ficando de fora no último sábado porque a casa poderia explodir de tanta gente. Fazer o quê? Bem, os dois últimos Festins foram muito particulares, mas o de ontem foi invulgar para mim. Era meu aniversário e houve algumas manifestações que realmente me tocaram.
A Claudia, minha mulher, sempre faz a comida e a bebida é trazida pelos comensais. A “chef” que fica mais próxima dela é a Astrid. Pois ontem ela veio com um exército de canapés. Dizendo assim, parece pouco. Parece até que ela comprou ali na esquina. Nada disso, ela, que está super estressada com uma série de coisas, fez um por um para quase quarenta pessoas. E eram ab-so-lu-ta-men-te geniais. Assim como os músicos que tocam aqui expressam seu carinho através de seu trabalho, há pessoas que o fazem através da comida. É o caso da Claudia e da Astrid. Agora cheguei a um impasse em meu texto porque sou bom para comer mas péssimo para descrever comida. Talvez consiga algumas fotos depois… Para que meus sete leitores tenham uma ideia, no dia seguinte, domingo, quando acordou, o meu concunhado Bruno ligou aqui pra casa perguntando se tinha sobrado canapés. Das centenas, tinha sobrado um (1) e a primeira coisa que fiz ao acordar foi zerar a conta. Peço desculpas a ele.
A música. Deve ter sido ideia da Elena Romanov. De repente, logo após o jantar, ela, que é violinista e seu marido, o violista Vladimir Romanov, prepararam as estantes. Até aí, tudo normal. O pianista Alexandre Constantino estava sentado ao meu lado com uma partitura e me informou vou tocar com eles e eu disse que estava ótimo, ora. Tudo normal. Então, o Alexandre juntou-se ao casal e eles começaram o Andante da Sinfonia Concertante para Violino, Viola e Orquestra de Mozart. A Elena sabe de amor que tenho por esta música, protagonista de minha novelinha O Violista. Foi a coisa mais linda e só pensei que aquilo era endereçado a mim quando estavam terminando. Queria até que repetissem… Eles tocaram uma redução onde o acompanhamento é feito pelo piano. Abaixo, o original.
Tchê, foi lindo. Depois o professor doutor Luís Augusto Farinatti, o Guto, fez mais um de seus tradicionais e irresistíveis stand-ups. A Carmen Crochemore me disse hoje que nunca tinha rido tanto. O curioso é que o Farinatti acha que a gente se incomoda com as repetições. Negativo, rapaz.
E depois para terminar. O Marcelo Delacroix deu um show completo aqui em casa com mais dois músicos seus amigos — o Rodrigo Calveyra e Manuel de Olaso. Confesso que tinha pedido pra ele como presente. A afinação, seu bom gosto e senso de estilo são um verdadeiro absurdo e às vezes tenho que olhar para a sala refletindo que recebi tudo o que ele desempenhou de presente, somado ao Farinatti, ao Mozart do trio e à gastronomia da Astrid e da Claudia. É óbvio que nenhum dos não citados deixam de ser extraordinários; todos são inquilinos de meu ventrículo esquerdo — que é onde o coração bate mais forte (minha irmã me ensinou) — , só que a amizade + a música ou o riso ou a gastronomia tornam tudo mais memorável, não? Ou, melhor dizendo, a amizade mais a arte acaba sendo superior, o que não significa que esta não esteja assentada naquela. Bem, ao menos aqui em casa, sempre está.
A seguir, fotos. Não sei se todos estão nelas, não contei.
Obs.: Fotos de Liana Bozzetto, Lia Zanini e Augusto Maurer.
As festas de vocês são as nossas melhores viagens. Obrigada pelo charme das recepções, Milton e Cláudia, e pelas pessoas maravilhosas que conhecemos através de vocês.
Onde você reuniria comida maravilhosa, ambiente mais que divertido, pessoas inteligentes e agradáveis, músicos profissionais e muitíssimo talentosos de gêneros variados tocando? Tudo isso DE GRAÇA. E ainda me deixam contar piadas. E RIEM!!! Eu realmente gosto muito dos sábados à noite na casa do Milton Ribeiro.
Não perdemos por nada.
Cadê o botão “curtir”? Dá inveja essas tuas festas, Milton. Não pela festa em si, mas pelas pessoas que tu junta aí.
É um grupo extraordinário mesmo. Atesto.
Realmente Milton, os canapés foram feitos com muitos ingredientes, para serem diversos, com sabores variados, merecidos pelo aniversariante e pelos convivas, como exemplo de um deles, utilizei a seguinte receita: uma base de pão com grãos e carinho, cream cheese de admiração, lascas de parma com afeto, fatias figos cristalizados com delicadeza e para decorar e abrir o paladar leves flocos de pimenta calabresa. Agradeço ao MRibeiro e a sua partner Cláudia Antonini pela convivência e pela ótima noite.
P.S.: só para esclarecer,eu só bebi chá de hortelã gelado(muito bem feito pela Lia Zanini) e suco de uva!
Notei que não tinha rolado vinho pra ti. Melhoras, minha amiga!
Acho uma delícia esses seus relatos, Milton. A propósito, parabéns atrasado pelo aniversário! 🙂
Obrigado!
Milton. Quero registrar aqui a minha candidatura a teu amigo. O Farinatti já caiu nessa há anos atrás e não me consta que tenha se arrependido (espero que ele não me contradiga!). Parabéns pelo aniversário.
hahahahahahahaha Vou pensar!
Em favor da categoria do Vitor: inteligente, gente fina, escritor, criativo pra caramba, MEU AMIGO.
Contra: gremista…
Quis dizer “candidatura do Vitor”. Ato falho…
Vou mandar fazer uma camiseta:
Festim Diabólico na casa do Milton – eu fui!
Quero!
:¬)))
“E voltei!”
Sabe como é, né? Não acabar dentro do baú é algo a ser comemorado.
kkkkkkkkkkkkk
PS: O Farinatti é vizinho, já que mora em Santa Maria. Quem sabe a gente consegue uma franquia e faz uns “Festins” regionalizados? 🙂
Só com comissão para mim.
Ops! E a minha comissão?
Bonito festim, parabéns.
Onde está o baú?
O baú é retirado quando de festas grandes demais. Ele estava estacionado na frente dos livros.
BIBLIOTECA CONFUSA
by Ramiro Conceição
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Na biblioteca confusa,
talvez esteja a verdade
difusa… de um poema.