Beethoven, o surdo imortal que escrevia para o futuro

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Sua surdez era trágica do ponto de vista social. No plano artístico, apenas impediu uma carreira como pianista.

Publicado em 16 de dezembro de 2012 no Sul21

Ludwig van Beethoven (16 de dezembro de 1770 – 26 de março de 1827) foi um compositor cuja existência foi tão adequada a romances e filmes que as lendas em torno de sua figura foram se criando de forma indiscriminada, às vezes paradoxalmente. Sua surdez, por exemplo, contribuiu muito para popularizá-lo e para que fosse lamentado. Victor Hugo dizia que sua música era a de “Um deus cego que criava o Sol”, mas quem o conhecesse talvez reduzisse o tom de piedade. Beethoven era uma pessoa absolutamente segura de seu talento – não mentiríamos se o chamássemos de arrogante – e tinha certeza da imortalidade de sua obra. Com toda a razão. Ele tinha a perfeita noção de que criava um conjunto espetacular de obras musicais, que alicerçava uma Obra, noção que inexistia ao tempo de Bach, o qual tratava suas composições como se fossem sapatos a serem entregues ao consumidor. A surdez representava uma tragédia muito mais do ponto de vista social, das relações amorosas e das de amizade, além prejudicar de forma fatal sua carreira de grande pianista, mas nunca foi encarada por ele como um obstáculo no plano da criação.

Aos 31 anos, Beethoven já ouvia muito pouco, mas seguiu compondo até a morte, aos 56 anos | Arte de
Aos 31 anos, Beethoven já ouvia muito pouco, mas seguiu compondo até a morte, aos 56 anos | Arte de Sergio Artigas (http://artigas.deviantart.com/art/Ludwig-van-Beethoven-07-152989423)

Com isso, não estamos dizendo que ele não tenha sofrido muito com o progressivo ensurdecimento. Sofreu a ponto de ter pensado em suicidar-se. Era 1802, Beethoven tinha 31 anos – idade com que Schubert morreu – e pensava em matar-se. Ao que se sabe, nunca fez uma tentativa, mas, se a fizesse e fosse bem-sucedido, talvez ainda assim estivéssemos falando dele.

A primeira fase de Beethoven foi muito influenciada por Mozart e por seus professores Haydn e Albrechtsberger. Porém, em 1802, ele já havia composto três de seus cinco Concertos para Piano, mais de vinte sonatas, dentre elas a Patética, a Ao Luar e A Tempestade, além das duas primeiras sinfonias e do esplêndido ciclo de Quartetos de Cordas do opus 18.

Beethoven aos 13 anos: desde pequeno, muitas brigas com os professores e um estranho interesse em literatura

Beethoven foi um aluno difícil. Com consciência de seu gênio, buscou Mozart como seu professor, mas este não lhe deu muita bola. Então, aos 22 anos, teve aulas com o mais benevolente Haydn, que o achava muito ignorante. Haydn ensinou-lhe muito, mas o considerava um chato e chamava-o de Sua Majestade, o Grão Mogol. Teve aulas também com outros dois grandes nomes da época: Salieri e Albrechtsberger, que entrou para história com algumas frases que fariam a alegria dos biógrafos: “Não percam tempo com ele. Ele nada aprendeu e nada fará de bom”. Beethoven respeitava muito Haydn e Mozart, mas nunca Albrechtsberger… Ou seja, o amor era recíproco.

Hoje, quase 250 anos depois, não temos a intenção de contar os casos em que fica comprovada a arrogância do rapaz, então procuremos ver sua postura por um lado muito mais indulgente: era orgulho, consciência do próprio valor e, se ouvirmos a música do pobre Albrechtsberger, clara superioridade.

Beethoven, nascido em uma família inculta, desde cedo tinha uma noção muito curiosa do que lhe faltava: conhecer literatura. Com entusiasmo, atirou-se à leitura de Homero, Shakespeare, Goethe e Schiller. Pensava que só assim – e tendo bons professores de composição – poderia ser o que planejava para si: ser o Tondichter da Alemanha, o poeta dos sons.

Só Haydn aguentava o rapaz

As obras escritas antes de seus 30 anos obedeciam e traíam seus mestres. Apesar de respeitar as estruturas aprendidas, ele já anunciava os procedimentos expressivos que utilizaria nas fases seguintes: os temas curtos e afirmativos, os súbitos silêncios, o uso simultâneo de graves e agudos do teclado, a primazia do ritmo. O seu “classicismo vienense” era, na verdade, um classicismo próprio, de Beethoven.

Tudo parecia levá-lo ao épico e a Sinfonia Nº 3, Eroica, abre um verdadeiro ciclo épico. A Sinfonia era para ser dedicada a Napoleão Bonaparte, pois Beethoven admirava os ideais da Revolução Francesa e Napoleão, para ele, era sua personificação… Porém, quando Napoleão autoproclamou-se Imperador da França em maio de 1804, Beethoven revoltou-se. Foi à mesa onde estava a sinfonia já pronta, pegou a primeira página e riscou o nome de Napoleão tão violentamente que ficou um buraco no papel. E que música havia ali! O ciclo épico seguiu com obras verdadeiramente espantosas que cantavam a força da humanidade, a paixão pela liberdade e a vitória do espírito humano. A Sinfonia Nº 5, dita Do Destino, a Pastoral, as sonatas Waldstein e Appassionata, o Concerto para Piano Nº 5, o Imperador, a Fantasia para piano, orquestra e coro, eram músicas altamente belicosas, intensas, triunfantes e românticas.

A Eroica era a Sinfonia Napoleão. Porém, ao autoproclamar-se  Imperador…
Beethoven mudou o nome para Eroica. E não bastou apagar o nome de Napoleão no manuscrito, teve que fazer um furo no papel.

Enquanto isso, a vida amorosa de Beethoven ia de mal a pior. Dono de uma personalidade apaixonada, sofria decepções em série. Um dos mais famosos casos foi o com Bettina Brentano, que fez uma extensa descrição do mestre em suas cartas. Descreveu-o como “pequeno, moreno, marcado pela varicela, o que se chama de feio”. Porém, “com uma fronte nobremente modelada, parecendo ter trinta anos” – tinha quarenta – “, mas vestindo andrajos com ar magnífico e imponente…” Sim, nos filmes ele é um pouco melhor.

Sem meias palavras: “O ar da corte agrada muito a Goethe. Mais do que deveria agradar a um poeta”.

Bettina apresentou-o a Goethe. Outra decepção. Goethe disse que talvez Beethoven tivesse razão para achar o mundo um lugar detestável, mas que nada fazia para torná-lo mais agradável para si e para os outros. Em resposta, Beethoven declarou-se  escandalizado com a atitude obsequiosa de Goethe diante dos poderosos. “O ar da corte agrada muito a Goethe. Mais do que deveria agradar a um poeta”. Goethe jamais o perdoou.

Entre 1813 e 17, Beethoven passou por uma crise. Compôs a pior das músicas em A Vitória de Wellington. “É uma estupidez”, disse, mas a Alemanha saudou o triunfalismo da obra. Era o músico nacional. A vaidade jogou-o em outras empreitadas mal sucedidas. Eram cantatas e músicas de circunstância que alcançavam o aplauso de soberanos e príncipes e aclamações nas ruas.

A sorte foi ele ter conhecido a Condessa Maria Erdödy, que preferia música de verdade. A ela foram dedicadas as duas esplêndidas Sonatas para Violoncelo e Piano Op. 102. A postura dos amigos era de romantismo total: “Nós, seres limitados de espírito ilimitado, nascemos para o sofrimento e para a alegria. Sendo que os mais destacados, como você, apropriam-se da alegria através do sofrimento”, escreveu a Condessa em carta dirigida à Beethoven. Enquanto isso, desesperava-o a conquista de Viena por parte de Rossini.

Após uma doença onde pensou que morreria, Beethoven reencontrou-se definitivamente em 1818. Neste ano, começou a criar não suas obras mais populares – apesar da época conter a ultra e justamente popular Sinfonia Nº 9 – , mas aquelas que, de tão perfeitas, serviram de base e influência para um alto número de compositores que vieram depois. A irrepetível sequência de músicas perfeitas e revolucionárias começou com a Sonata para Piano, Op. 106, Hammerklavier. Teve que prestar explicações a seus contemporâneos, que não a entenderam, o que gerou mais um rosário de deliciosas respostas mal humoradas. “Não pensei no pianista quando a escrevi”. “Não gostam agora? Gostarão mais tarde. Escrevo para o futuro”. E tinha razão.

A certeza de que estava à frente de seu tempo e de que escrevia para o futuro

As sonatas seguintes, Op. 109, 110 e 111, são inacreditáveis, assim como as Variações sobre um tema de Diabelli, onde um tema bobinho é desenvolvido e transformado até atingir alturas prodigiosas. A Sonata Op. 111 gerou um dos mais belos momentos da literatura de todos os tempos: a aula do Prof. Kretschmar em Doutor Fausto, de Thomas Mann. Porém, as obras que os melômanos até hoje reviram os olhos ao falarem delas são os últimos quartetos. Em meio à doenças e reclamações contra Rossini e a italianização do mundo, vieram à tona seus cinco últimos quartetos de cordas, que serviram de pedra fundamental para boa parte da música do futuro. Quando soube que tinham sido pessimamente acolhidos, repetiu, sempre com razão: “Não é para vós, mas para as gerações futuras”.

Um retrato mais próximo do que escreveu Bettina: o feio

Pois o futuro lhe daria toda uma história do beethovenismo. No início do século XX, Romain Rolland acreditava ser o último beethoveniano. Não poderia ter errado mais. Bartók, Xenakis, Varèse, Shostakovich e Schnittke foram decisivamente influenciados por ele. Além disso, tornou-se o mais popular dos compositores eruditos, o elo perfeito para a admiração de melômanos e daqueles que raramente ouvem a música erudita. Ludwig van tinha a admiração de Alex DeLarge, personagem de A Laranja Mecânica. É interpretado por alunos de piano nas facilidades da Sonata ao Luar. Também tem a admiração das pessoas que invadem praças para ouvir o final da Nona Sinfonia – “tenho a impressão de ter escrito só algumas poucas notas”. E conta com a estupefação dos entendidos que ainda analisam longamente suas últimas sonatas e quartetos.

E agora digam que ele não escrevia para o futuro.

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Alguns momentos de concertos que dão uma pálida ideia de quem foi Beethoven.

A chamada “Sonata ao Luar”, com Nelson Freire:

A Sonata Waldstein, com Daniel Barenboim — a primazia do ritmo:

A Quinta Sinfonia com Louis Langrée e a Sinfônica de Detroit:
http://youtu.be/KwNonij12tQ

A Sétima, com seus movimentos dançáveis, têm o mais belo dos interlúdios (Daniel Barenboim e a West-Eastern Divan Orchestra):


Ivo Pogorelich e a obra-prima que Mann usou em Doutor Fausto: a Sonata, Op. 111.

Com o Quarteto Alban Berg, A Grande Fuga, Op. 133, faz parte do ciclo dos últimos quartetos. “Gostarão depois”:

http://youtu.be/XEZXjW_s0Qs
O final da Nona Sinfonia, Coral, novamente com Leonard Bernstein:

Fontes: várias, mas principalmente História da Música Ocidental, de Jean e Brigitte Massin.

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9 comments / Add your comment below

  1. Há dois meses comprei uma preciosidade pela bagatela de 2 reais em um sebo. Trata-se dos ensaios sobre música escritos por Alejo Carpentier, “O músico em mim”, lançado aqui pela Civilização Brasileira. O escritor cubano nos deleita com a informação de que existe um livro de compilações do que Beethoven escrevia em seu caderninho de surdo, para se comunicar com as pessoas, desde que ficou absolutamente surdo após 1818. O livro tem a assinatura de J. G. Prudhomme, e se chama “Cadernos de conversação de Beethoven”. Há muitas boas revelações, que me encheram de curiosidade sobre o volume, como os diálogos jocosos que o compositor tinha nas tabernas, as cantadas que fazia para as moças voluptuosas, as tantas fanfarronices para alegrar os amigos. Mas as mais destacadas por Carpentier são as de que Beethoven havia quase que perdoado e feito as pazes com Napoleão, surgindo até a insinuação de um hino em honra ao imperador. Carpentier escreve:

    “Outro comensal, apaixonado pelos acontecimentos que então se desenrolavam no Novo Mundo, lhe indica um assunto magnífico para uma ópera, que seria a chegada de Penn na América, e a fundação da Pennsylvania…
    …E tudo isso numa procura constante de vinhos finos, cervejas da Ratisbona, molhos do Reno; num banquete constante de ostras venezianas, faisões da Boêmia, gansos da Pomerânia, salsichas, patos assados, que nos restitui um Beethoven singularmente voluptuoso, conversador, humano, bem diferente do eterno torturado que alguns estudiosos insistem em descrever.”

  2. PORQUE HOJE É SÁBADO: VIVA SÃO PEDRO!
    by Ramiro Conceição
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    Hoje, 29.06.13, dia de São Pedro, tudo começa a voltar ao normal… Farei algumas reflexões baseando-me na cidade de Vitória, ES, pois aqui, justamente, em 20.06.13, foi onde acorreu, relativamente à população da cidade, talvez, a maior manisfestação do Brasil, isto é, dos 350.000 habitantes – mais de 100.000 foram às ruas. Assim, considerarei a capital capixaba como uma excelente amostra representativa do universo da população brasileira associada aos últimos eventos ocorridos em nossa República. Vamos lá…:
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    1) Ontem, 28.06.13, menos de 5.000 estiveram nas ruas, ou seja, 5%, aproximadamente, daqueles do dia 20. Como de costume, o protesto teve um início pacífico, mas depois o pau comeu, quer dizer, a mesma rotina daquela rotineira minoria. Em grande escala, os capixabas, ainda sem perceber claramente o seu “voluntarismo político”, começaram a se dar conta que foram cuidadosamente manipulados pela grande mídia e, principalmente, nas ditas redes sociais… Quero dizer: na semana que vem, sem precisar ser nenhum grande bidu, o tal movimento se fu!!!… Ou seja: às ruas, estarão os imberbes estúpidos de sempre: os famigerados mascarados – da classe média – aqueles (mal)ditos de esquerda do movimento estudantil, que deram início a tudo em São Paulo, no início de Junho; mas, com certeza, os profissionais máscarados por que não são idiotas, tais quais aqueles primeiros, voltarão às tocas costumeiras até a próxima grande oportunidade de saque;
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    2) Contudo, o golpista conservadorismo brasileiro, sempre de plantão, não para (eh, acordinho ortográfico…). Pela rede, uma greve geral andou a balbuciar para segunda-feira, 01.07.13, mas, claro, deu “chabu”, então, o novo fogo de artíficio conservador adiou o estrondo, o seu rugido, para o dia 11.07.13;
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    3) Enquanto isso, o PIG e seus asseclas continuam, a qualquer custo, minar o governo Dilma: ora, minhas senhoras e meus senhores, redundantemente, o objetivo deles é isso – e só isso!; quer dizer, é aquela famosa matemática de um único número: 2014… A prova disso é que um dos arautos de tal conservadorimo, em seu protegido poleiro, hoje, ressalta que Dilma perdeu 27 pontos percentuais em seu prestígio… O conhecido galináceo em sua argumentação utiliza uma pesquisa da Folha… Coitadinho… Vamos a ela… O tal galináceo, posando de honesto, mas, tal qual parônimo, pousando em sua “fraquinha” lógica ideológica, rascunha “O Datafolha fez uma pesquisa, com MARGEM DE ERRO ENORME, de 4 pontos percentuais, só entre os manifestantes da passeata realizada no dia 20 em São Paulo”. Ora, ora, ora, não é necessário ter doutorado em estatística para desvendar, não o rojão de cinco tiros à noite de São Pedro, mas a mais infantil das “biribinhas” que estourou no biquinho do bípede…: a) primeiro, a amostra é viciada, pois representa somente o universo constituído pelos participantes das manifestações; b) segundo, o mais grave, pois aí revela “mala fides”, pois o valor médio de 30%, com desvio-padrão de 4%, resulta num coeficiente de variação estátistico, isso é, o quociente entre o desvio-padrão e a média, igual a, aproximadamente, 0,13; estou a admitir, aqui, que a distribuição seja uma curva de Gauss. Talvez tenha sido utilizada a distribuição “t”, associada à pequenas amostras, não sei… Portanto, é uma irresponsabilidade jornalística!!!, que o tal Galináceo cometeu… É bom lembrar que o dito-cujo se autodifine como conservador a proteger o estado de direito democrático (quero deixar claro que respeito tal salutar posição, desde que exercida com honestidade intelectual…: o conservadorismo, numa democracia real, faz muito bem, pois é um contraponto sempre a ser considerado…; sem ele estar-se-á numa ditadura – de esquerda ou de direita – que, efetivamente, não convém);
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    4) Enquanto isso, lá, no manicômio de Brasília, o Senado e a Câmara tentam mostrar serviço ao Povo, pois perceberam que rojões estão sendo fabricados para serem colocados em cada respectivo traseiro…;
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    5) Enquanto isso, lá, no Palácio do Planaldo, Dilma continua a ser pessimamente assessorada… Tal fato é extremamente preocupante…;
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    6) Então, o que resta à militância política que deseja verdadeiramente a continuidade do estado de direito no Brasil, não importando a possível derrota ou vitória em 2014? O mais urgente possível fazer uma interlucção sadia em todas as redes sociais…
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    7) VIVA SÃO PEDRO (ora, é claro que não sou católico)!!
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    P.S.: deu pau no meu corretivo, assim, desculpem-me qualquer erro.

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