Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better.
~ SAMUEL BECKETT ~
Trad.: Sempre tenta. Sempre fracassa. Não importa. Tenta outra vez. Fracassa de novo. Fracassa melhor.
Esta citação de Samuel Beckett está tatuada no braço de Stanislas Wawrinka, que venceu a Djokovic e Nadal no Aberto da Austrália. Ele tinha 14 jogos contra Nadal e nenhuma vitória. Aliás, não ganhara nenhum set do espanhol. Contra Nole os números eram quase iguais. Este é o novo campeão e novo tenista nº 1 da Suíça. Um cara que cita Beckett no braço.

Demais essa frase.
Puff… Tá na cara que o Beckett plagiou o Raul!
Não foi a primeira vez. Todo mundo sabe que o que lhe inspirou a escrever sua peça mais famosa foi o grande hit “Whisky a Godot”, e ele nunca deu os devidos créditos ao Roupa Nova.
“Eu perguntava “Do you wanna dance?”
Eu te abraçava, “Do you wanna dance?”
Lembrar você,
Que estamos esperando Godot”
Esse é o quote de Beckett preferido do Zizek. Está em In Defense of Lost Causes e em outros lugares. Fail Better serve de inspiração para seguir tentando Marx, apesar dos constantes fail again and again and again and again.
A propósito do Zizek, divido aqui (ia escrevendo o execrável “compartilho”) esse texto bastante interessante do Safatle com os demais do blog:
http://www.cartacapital.com.br/revista/784/parar-de-crescer-5994.html
O que me deixa ruborizado é como um texto tão cheio de senso-comum (sem menosprezo aqui), pode ser tão mal interpretado por seus leitores.
Charlles, li esse texto do Safatle no domingo, 26/01. O artigo expõe complexas questões que o Boaventura, por exemplo, com seu metafísico discurso labiríntico, ao invés de esclarecer, obscurece. Por outro lado, a temática tratada por Safatle, infelizmente, está muito distante do conteúdo da agenda atual desse capitalismo hegemônico que, a trancos e barrancos, tenta a qualquer custo sobreviver sob a mórbida concentração de renda global (semana passada, soube que a canalha que comanda o partido comunista chinês desviou bilhões de dólares para paraísos fiscais no Caribe). Enquanto isso, parafraseando o Mino, a miserável imprensa nativa, o PIG, está preocupada em criar factoides, por exemplo, sobre a suposta “bacalhoada” que a Dilma resolveu comer em Lisboa durante a viagem entre Suíça e Cuba. Todavia diante de tanta merda, soube, por fim, duma notícia alvissareira: xuxa, definitivamente, foi banida da televisão brasileira!… Pois a audiência à sua excrescência era inferior aos desenhos do Pica-Pau, no mesmo horário, na rede do Macedo, que continua pendurado no saco, sem pelos, de Deus…
REI DAS TRAMAS
by Ramiro Conceição
*
*
Tenho um criadouro de fantasmas,
de cadáveres… a gerar miasmas.
Sou um vencedor que respeita muito
a lei: aquela destinada a mim mesmo!
Contrabandeio passarinhos, sementes,
crianças e putas. Tenho vasta experiência
no tráfico de influências. Sou da academia
dos professores, dos padres, dos pastores,
dos advogados, dos jornalistas,
dos publicitários e dos artistas.
Estou acima de qualquer suspeita porque choro
em público; abraço criancinhas; doo cheques
à caridade; vou às quermesses e às passeatas.
Já comprei governadores, prefeitos, deputados
e senadores; quase me tornei dono da República.
Sou o rei das tramas, o meu negócio…: é grana!
*
*
ORELHA
by Ramiro Conceição
*
*
É… o moribundo não quer morrer:
se vale de todo tipo de chantagem
à putaria… à qualquer sacanagem.
Ultimamente o dito sujo jura que
a partir de agora – será bonzinho,
que dividirá com justa isonomia
os bens, a ciência e a tecnologia,
que combaterá a fome financeira,
que é o único capaz de equacionar
e resolver essa puta disputa entre
nós…e esse tal de meio-ambiente.
Porém em crise globalizou-se,
a buscar…a melhor vantagem;
e papéis tornaram-se uma papelada imunda
que não serve nem pra limpar a… ORELHA.
Finalmente, mais uma vez, me desculpem pela insistência!… Mas gostaria de lembrá-los – queridos leitores do Milton Ribeiro – que Cacilda Becker viveu seu último ato de amor no palco…: sob os abraços desesperados de Flávio Rangel e de Walmor Chagas, respectivamente, o diretor e o seu marido durante… “Esperando Godot ”…
Mas, então, por que estou a escrever isso, nesse post que trata de uma simples tatuagem sobre o braço dum tenista vencedor? Ora, porque acredito que estamos a vivenciar novamente, novamente, novamente… a passagem do colossal rinoceronte… de Ionesco.