Quando éramos crianças (Mario Benedetti)

Quando éramos crianças
os velhos tinham como trinta
uma poça era um oceano
a morte simplesmente
não existia.

em seguida, quando meninos
os velhos eram gente de quarenta
um tanque era um oceano
a morte apenas
uma palavra

Já quando nos casamos
os anciãos estavam com
cinquenta
um lago era um oceano
a morte era a morte
dos outros.

agora veteranos
demos espaço para a verdade
o oceano é por fim o oceano
mas a morte começa a ser
a nossa.

Trad. duvidosa deste amigo de ustedes.

Foto do tradutor quando criança
Foto do tradutor quando criança

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  1. BRIEFING DE UMA PEÇA
    by Ramiro Conceição

    Após a reflexão sobre os últimos 5 anos do Brasil, 2010-2015, apareceu-me de repente uma ideia (é uma pena que não tenho, no momento, competência de realizá-la…). Mas vamos lá. Seria uma peça de teatro, uma paródia da conhecidíssima de Ionesco, O Rinoceronte.

    Aproveitar-se-ia praticamente todos os diálogos…; obviamente os transladando, aqui e ali, aos atuais dias brasileiros. O fundamental seria o seguinte: como se sabe, na peça de Ionesco, aparece do nada, em determinadas situações um rinoceronte… Pois bem… No lugar do rinoceronte, apareceria uma turba de colossais cabeças de capivaras com adereços “tão criativos” tal qual aqueles mostrados – desde 2013 – nas manifestações verde-amarelas pelo Brasil.

    Aproveitar-se-ia praticamente todos as personagens corriqueiras da peça, mas com as seguintes pedras de toque:

    1) seria inserida uma personagem, um certo juizinho de comarca que mandaria prender presos, bloquearia contas bancarias desativadas, e, principalmente, comandaria investigações sob sigilo que, em vazamentos seletivos, em questões de horas, passariam a ser conhecidas e distorcidas por milhões de cidadãos… O nome do juizinho poderia ser “dr. Rolo”;

    2) haveria também uma personagem, um jornalista católico e conservador que, sem qualquer escrúpulo, prestaria serviços de pistoleiro aos donos duma revista decadente de tiragem nacional… O nome de tal jornalista poderia ser “Naldo Zeveja”;

    3) haveria também uma personagem, um político que, embora derrotado em eleições democráticas à Presidência da Republica, estaria ainda inconformado com o resultado, de tal maneira que, durante toda a peça, estaria a engendrar um golpe de estado. O nome de tal político poderia ser simplesmente “Leblon Aires”.

    O importante seria que, sem qualquer sentido, surgisse e desaparecesse, em diversos momentos do espetáculo, a turba das capivaras.

    A peça poderia ter dois ou três atos. O importante seria que, no último, surgisse uma discussão entre as personagens (de preferência com a plateia) sobre a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, o papel da mídia na disputa política, o papel do judiciário, do legislativo, e do poder executivo à concretização efetiva de qualquer democracia ao “sul” do equador (aqui tendo-se o “norte” como meta a ser superada).

    Finalmente, o nome da peça poderia ser: “AS CAPIVARAS”.

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