Em razão do impacto ambiental, cidade alemã bane o café em cápsula

Roubado daqui.
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No princípio dos tempos era um inferno fazer café. Você era obrigado a usar coador de pano, um troço nojento que vinha em duas opções: sabor de 10 mil gerações de bactérias proliferando naquele pano de chão marrom, ou sabor de sabão, pois era impossível lavar direito.

Pra piorar você ainda tinha que esperar a água ferver e então despejar com precisão cirúrgica a água quente, mexendo o pó no fundo pra água não minar pelos lados e seu café virar água suja. A chegada da cafeteira elétrica e do coador de papel trouxe civilização ao café, mas os hipsters sedentários acham isso complicado demais, e inventaram isto:

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Convenhamos, se o marido da dona Amal recomenda não pode ser coisa ruim.

É bem prático, admito, mas quem bebe café em quantidade industrial como eu se ressente de pagar R$ 2,00 por um cafezinho. EM CASA. E tem outro problema: essas cápsulas são um inferno pro pessoal da reciclagem. Manja quando mandam separar papel, metal e material orgânico? Uma cápsula dessas, com plástico, alumínio, papel e café usado é a amálgama de tudo que precisa ser separado.

Não existe ainda método prático para reciclar essas cápsulas, que estão se acumulando nos lixões. São 6 gramas de café para cada 3 gramas de cápsula, que nem biodegradável é. A situação é tão punk que John Sylvan, inventor da cápsula de café se arrependeu de sua criação, e nem tem uma cafeteira dessas em casa, diz que sai “meio caro”.

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As pessoas têm consciência do impacto ambiental das cápsulas, mas elas são terrivelmente práticas: espere sentado se acha que alguém vai se coçar e voltar a usar filtro de papel, como um selvagem.

A atitude desta vez está vindo de cima para baixo: a cidade de Hamburgo votou por banir cafeteiras de cápsulas em todos os prédios públicos. É um começo, uma excelente atitude que tem o bônus de irritar um monte de hipsters. Deveria ser imitada por muito mais governos e empresas. Eu sou o último a fazer discurso de ecochato, mas quando o dano é evidente, fica difícil não concordar.

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  1. É cada coisa que se vê. Devo me sentir o último dos últimos agora, pois por aqui só se bebe café feito com o coador de pano? Isso é muita frescura e quem escreveu o texto deve ser desses que ñ comem pamonha e que o melhor leite produzido no Brasil lhe dá uma diarréia de botar a tripa pra fora. É muita vontade de peidar um perfume diferente dos outros.

    1. Perfeito comentário! Eu também bebo café em saco de pano, e não é o ultimo homem da terra a ter esta prática. O escritor da matéria deve ser aquelas pessoas que quanto faz sexo com algum parceiro (a), faz tomar 3 banhos e passar álcool gel em todo corpo, inclusive deve cobrir os órgãos sexuais com uma bolsa plástica ou de silicone! Pois é certo, o corpo humano também tem milhares de germes e bactérias!

      1. Frescura e este café de cápsula mesmo…
        Ja tem o pó, solúvel, de maquininha de moeda. Pra que inventar coisa que só gera lixo e só serve pra “agregar” valor pro cara que vende? E o filtro de pano e uma bosta mesmo…

    2. Saco de pano, coador de pano…
      Ora, ora, senhores, vamos no popular: Cueca do NEGÃO.
      E, também, não tenho dúvidas: nos restaurantes de comida saborosa o tempero da carne é uma passada do bifão nas axilas e genitálias do cozinheiro (pensou qu’eu ia escrever “chef”, né?! rsrsrs

  2. Falar que o café de cápsula é ruim é muita apelação, a máquina Nespresso faz café melhor que muita máquina de cafeteria. Aqui na minha cidade as cápsulas são recicladas e a Nespresso tem um programa de reciclagem que recolhe as cápsulas regularmente no escritório onde eu trabalho. Não estou querendo ser o advogado do diabo, não questiono o mérito da discussão quanto ao problema da reciclagem, mas comparar o café de cápsula com café solúvel é fora de base.
    Eu gosto do café de cápsula, conheço muita gente que gosta. Ultimamente tenho sido dependente da cápsula, haja visto que o café (de filtro) oferecido de graça no escritório é algo intragável, mas ainda prefiro o café filtrado, desde que bem feito.
    E, Milton, minha avó sempre usou o tal do pano pra fazer café e o café dela é ótimo. Filtro de pano não se lava com sabão, usa-se água somente (desde que não se faça o café já adoçado, café adoção é outra coisa que não vai), e outra coisa, pra fazer café coado no pano o melhor é misturar o pó na água antes de coar, o que elimina o problema de o café ficar aguado.

  3. Eu conheço a fundo os maiores frigoríficos do Brasil (trabalho nessa área), e, vai por mim, a preocupação com o filtro de pano do café seria o menor de seus problemas se visse a procedência da fraldinha do seu churrasco de fim de semana. E eu estou falando é da tal carne padrão Tony Ramos.

    (Só para se ter uma ideia: a regra apregoada pelos manuais de inspeção oficiais é que TUDO SE APROVEITA. Imagine nesse brasilzão de estradas inóspitas, em que os caminhões de gado repletos passam dias na penúria, e dos tipos do tal agronegócio, extremamente gananciosos e plenos de poder, se a carne que vai chegar em sua mesa é aquela do boi branco saudável e bonito. Esse boi vai para exportação. O que você come é o descarte, o manco, o “rastafari” coberto de cachos de verrugas pelo corpo, o que teve seccionado meio quadril de pústula provocada por um carcinoma e cujo entorno aproveitável chega tenro de falsa assepsia em seu prato. Sim, no seu prato, porque no meu há anos não como mais carne vermelha.)

  4. Essa rapaziada que tá achando muita frescura de quem gosta das coisas mais rústicas (que, pra efeito de piada, seria coisa de rambo!), nunca deve ter feito refeição em barzinho pé sujo, tipos PF tosco.
    Agora é a inversão de valores, mesmo. E, aquilo que era uma frescura, tempos atrás, no seu momento de surgimento nessa nossa sociedade de consumo da era de plástico (a próxima será a era do vidro, a conferir), agora é o certinho.
    No meu face eu postei um parto natural feito em casa, daqueles que se fazia antes do nascimento de Júlio César, donde vem cesariana, e muitos, disseram ser desnecessário, já que existe hospital pra isso.
    Porra, as alternativas são uma variação do padrão e são opcionais, não uma exigência. Uma alternativa deixa de ser alternativa e passa a ser o padrão único.
    Gente que não sabe pensar e viver fora da caixinha, mesmo!!!

    1. Sem querer mudar de assunto, a origem da palavra cesariana nao vem de Julio Cesar, mas sim do verbo latino caedo/caedere, que significa cortar. O Cesar do estadista romano tem origem discutível, uma possibilidade seria que um de seus ancestrais tenha nascido através de uma cesaria, que inclusive era praticada muito antes de Julio Cesar, assim sendo a palavra “Cesar” pode ter sua origem em “cesaria” e nao o contrário.

  5. Pra se ter uma ideia do quanto a Nestlé lucra com o café Nespresso: quase toda a produção mundial se concentra na Suíça. Ou seja, o café sai do Brasil/África/Indonésia/etc, vai ser encapsulado na Suíça, onde o salário de quem varre o chão da fábrica é,sem exagero, de uns R$10 mil, e volta pro Brasil, queimando horrores de combustível. E ainda assim gera lucro. Pra ver quanto hipster otário tem por aí…

    1. Bom seria se o mesmo raciocinio fosse aplicado a todas as commodities, provavelmente ninguém compraria nada no Brasil sem ser taxado de hipster.
      O computador que voce usou pra escrever esse comentário deve estar cheio de silício proveniente do Brasil mas nao deve ter nem 10% dos componentes manufaturados em território nacional. O processo é análogo ao do café.
      Taxar aquele de “fresco” ou o outro de “hipster otário” baseado em um copo de café é uma atitude muito superficial e preguicosa, chega a ser hipócrita. Cada um sabe bem onde lhe dói o pé.

      1. “Bom seria se o mesmo raciocinio fosse aplicado a todas as commodities” – verdade. Tem épocas em que o Brasil exporta soja para a China para importar feijão de lá. Faz sentido?

        Chamar de otário é uma redução pra não ficar escrevendo textão sobre o capitalismo oligopolista globalizado. E sobre as externalidades negativas (poluição dos mares, do ar e da terra) geradas pelo transporte e embalagem.
        Apesar de que, mesmo eu (você) sendo pressionado socialmente a tomar café em cápsula, a tomar coca-cola e a comprar um computador, em última análise sou eu (você) que decido fazer isso tudo então também sou eu (você) que estou emporcalhando esse planeta e sim, somos uns otários, uns mais que os outros.

        Depois de mim, o dilúvio (Luis XV)

        1. O fresco a que me referi significa afetado, blasé ou, até quem sabe, fleumático. Isso, ao menos para mim, não é, exatamente, uma ofensa. Inclusive, sou hiperfresco em algumas atitudes de higiene.
          Em outra vertente, o sentido que existe em fazermos trocas, mesmo de produtos que temos aos borbotões, chama-se geopolítica. Importamos trigo da Argentina, ora para fazer estoque regulador ou impor baixa de preço aqui dentro, e para que a Argentina, nosso maior parceiro geopolítico, parece-me, não fique na mão de sua produção.

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