Uma metáfora fora do lugar?

Quem sou eu para criticar Aleksandr Sokúrov, o novo mestre do cinema russo, continuador — segundo nove entre dez capas de DVDs — de Eisenstein e Tarkovski?, pergunta Milton Ribeiro antes de criticá-lo. Pois uma coisa em Sonata para Viola, filme que Sokúrov dedicou à memória e vida de Dmitri Shostakovich, me incomoda muito. Na cena final, o cineasta mostra alternadamente Leonard Bernstein e Yevgeny Mravinsky regendo o último movimento da 5ª Sinfonia de Shosta. A diferença é enorme. Bernstein dá um andamento rápido e literalmente se escabela, entusiasmado, frente à orquestra. A coisa toda é heróica. Já Mravinsky apenas indica o tempo, um tempo bem mais arrastado que o do americano. Parece, e é, fúnebre. O significado é óbvio: a liberdade e a alegria X a opressão e a tristeza. Porém, é justo aí que estão dois problemas: (1) Mravinsky é um regente tão grande quanto Bernstein foi e sua desqualificação artística é absolutamente imerecida e (2) Mravinsky interpreta o Allegro non troppo da 5ª Sinfonia rigorosamente dentro daquilo que foi solicitado por… Shostakovich, na época um amigo seu. Era música fúnebre mesmo. Claro que Sokúrov deve ter mil explicações para ter finalizado seu filme desta forma, mas, para mim, o grande problema de Sonata para Viola é sua metáfora final.

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Genial, genial — Carla Bley & Steve Swallow e depois a Big Band

A pianista, arranjadora, compositora, big band leader e genial Carla Bley (1936) diverte-se com o marido, o não menos e baixista Steve Swallow (1940). Prestem atenção à letra engraçadíssima. Presente enviado pelo twitter por Maurício Machado (@Mr_Machado). Espetáculo gravado em 2005.

E ora, ora meus amigos, aqui está uma daquelas montagens que alguém faz no YouTube, só que esta respeita o ateísmo e anticlericalismo de Bley. Ocorre que um dos concertos mais memoráveis de sua Big Band foi no Festival de Jazz da Umbria. Quando soube que teria de tocar numa igreja, Carla enlouqueceu. Compôs uma série de novos temas para fazer uso da acústica do local, que já conhecia. O resultado foi o habitual.

http://youtu.be/F9EXwR5XZX8

E aqui, a mesma música, Setting Calvin’s Waltz, só que em registro ao vivo, em Berlim, 1995.

http://youtu.be/ruCAzT1rUeQ

E já que é domingo, mais uma: Who Will Rescue You?

http://youtu.be/ntZ01QaKfUA

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Uma maravilha procês: Schubert – Fantasia para piano a quatro mãos, D.940

O loirinho da direita erra logo de cara, mas depois acerta bastante. E a música de Schubert é simplesmente perfeita. Bem, chega de papo. Ouve, aê!

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Thelonious Monk e Franz Schubert

O que têm em comum? Nada, apenas o fato de serem duas belíssimas melodias.

http://youtu.be/DfyLeRinWsw

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Gustav Leonhardt (1928-2012), morre um mensageiro de Bach

Não direi que foi uma grande perda porque sua grande obra está aí disponível. QUE GRANDE VIDA teve o cravista, regente, organista e musicólogo Gustav Leonhardt!

Ele foi um dos principais impulsionadores da interpretação histórica da música antiga, tendo influenciado diversas gerações de músicos. Leonhardt estudou na Schola Cantorum Basiliensis, na Basileia (Suíça), com Eduard Müller. Depois atuou como docente em Viena e em Amsterdã, tendo sido um dos pioneiros na gravação da obra de Bach, com seus registros das Variações Goldberg e da Arte da Fuga no início da década de 1950.

Gustav Leonhardt virou referência na interpretação e direção de um grande repertório de música de câmara, orquestral e vocal da Renascença, do Barroco e do Classicismo. Junto com Nikolaus Harnoncourt, Leonhardt empreendeu a primeira gravação integral das cantatas de Bach em instrumentos históricos, um projeto que demandou quase 20 anos de trabalho e que está documentado na caixa Bach 2000, disponível no PQP Bach. O artista também gravou a Paixão segundo São Mateus, a Missa em si menor, o Magnificat, os concertos e grande parte da obra de Bach. Foi colocaborado do Collegium Aureum e fez o pepal de Bach num filme de 1968, Crônica de Anna Magdalena Bach., de Daniele Huilet and Jean-Marie Straube (na época aluno de Leonhardt, Bob van Asperen foi Johann Elias Bach e Nikolaus Harnoncourt o Príncipe de Anhalt-Cöthen).

http://youtu.be/3SioCmZfwdE

Paralisados antes de você ver o filme, Gustav Leonhardt e Nikolaus Harnoncourt

Como escreve o site da revista inglesa Gramophone, a lista de discípulos de Gustav Leonhardt equivale a um “Who’s Who” da excelência do teclado, reunindo nomes como Bob van Asperen, Christopher Hogwood, Philippe Herreweghe, Richard Eggar, Ton Koopman, Andreas Staier, Pierre Hantaï, Skip Sempé e muitos outros. Além de seu trabalho na música de Bach, o repertório de Leonhardt ia desde a música elizabetana para teclado até Mozart, mas a ênfase sempre foi no período barroco. Gravou 150 CDs, 70 deles em gravações solo para a Vanguard, Telefunken/Teldec, Deutsche Harmonia Mundi, Harmonia Mundi, EMI Electrola, Seon, RCA, Philips, Virgin Classics, Sony Classical and Alpha.

Com informações da Concerto

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Nara Leão (1942-1989)

70 anos na próxima quinta-feira, 19 de janeiro de 2012.

 

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De como Mahler não descabelava Bernstein

OK, a maioria dos regentes não nasceu para reger Mahler como Leonard Bernstein parece ter nascido. Agora, a comparação da tranquilidade de dele com o verdadeiro desespero ou excesso de zelo e preocupação de alguns é de chocar. Ele deixa fluir. O Scherzo, terceiro movimento da Sinfonia Nº 2 “Ressurreição” é uma peça leve, apesar de virtuosística, bem dentro do espírito de um scherzo (brincadeira), mas o ar de quem está com o domínio de tudo de Bernstein é bonito de ver. Vejam. A orquestra é a Sinfônica de Londres.

Symphony No. 2 in C minor, “Resurrection”: Mov. 3, “Scherzo: In ruhig fließender Bewegung”

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Londres: a música ou a Música imbatível da cidade

Um dia, quando já estávamos em Paris, passamos na frente de um bar onde havia música ao vivo. Era horrível. Nos olhamos: “Dificilmente ouviríamos algo tão ruim em Londres”. A gente se acostuma rapidamente com o que é bom. Em Londres, há boa música até nas lojas. Em sua maioria, trata-se apenas e simplesmente de música popular inglesa — nova e antiga. Camden Town e Portobello Road, sobre os quais falarei depois, são festas sonoras e, comprovando que as músicas legais ou de qualidade acima do normal circulam mesmo, dobrando uma esquina, havia uma loja de camisetas punk tocando Essa moça tá diferente, de Chico Buarque…

Mas minha área é a da música erudita. Eu já sabia, claro, que o movimento de música erudita em Londres era muito grande, mas não imaginava aquilo que (ou)vi. Muitos concertos de alto nível, todos lotados ou quase, todos com várias opções de preços. No luxuoso Queen Elizabeth Hall (capacidade para 900 pessoas), por exemplo, os ingressos custam 35, 28, 21, 14 e 7 libras, sendo que comprando os de 7 libras a gente senta lá atrás, quase na última fila, porém a acústica é tão boa que o som que nos chegava do Hagen String Quartet não nos fazia invejosos de quem estava lá na frente. Como podemos ver pela foto abaixo, o QEH é imenso, mas o som dos dois violinos, da viola e do violoncelo eram ouvidos com muita clareza, de uma forma como nunca se ouve em Porto Alegre, em sala nenhuma, pois nossos construtores se esquivam de considerações acústicas mesmo nos empreendimentos novos e novíssimos.

O concerto do Hagen Quartet no Queen Elizabeth Hall teve programa com Haydn, Shostakovich e Brahms. O bis foi o divertido Allegretto pizzicato do Quarteto Nº 4 de Béla Bartók. Uma noite perfeita. Abaixo, o Amadeus toca a peça de Bartók com menor de brilhantismo:

A 8ª Sinfonia de Mahler, que vimos no Royal Albert Hall, não é nada rotineira fora dos circuitos onde a múisca erudita trafega com naturalidade. Bem, na estreia, sob a regência do próprio Mahler, havia 1023 pessoas no palco, entre oito solistas, coro duplo e coro infantil, orquestra duplicada e órgão. Veni Creator Spiritus (Vem, Espírito Criador!), canta o coral no início, dando música ao poema medieval do monge Hrabanus Maurus. Mahler fazia retornar de forma muito particular e original a voz a suas sinfonias, o que depois ele faria ainda melhor em A Canção da Terra.

Abaixo, um jovem Bernard Haitink rege a obra, provavelmente no Concertgebouw de Amsterdam com os incríveis coro e orquestra de lá.

http://youtu.be/ickPLWzJOwQ

Assistimos embasbacados. Quando do início da música — trecho acima — , meus olhos se encheram de lágrimas. Não, não sou disso. Tudo tremia e eu também. Fiz a contagem de quantos estavam no palco. Contava cada fila de músicos e cantores e, a cada dez, memorizava o cabelo do último contabilizado. Multiplicou as filas, somou tudo e chegou a 870. O palco estava lotado, o teatro idem.

Na noite anterior nós tínhamos assistido a ópera La sonnambula, de Bellini, no Royal Opera House (capacidade para 2300 pessoas), que fica no Covent Garden. Montagem, cantores e orquestra luxuosas; preços camaradas. No intervalo, vimos um monte de gente fazendo piquenique nos corredores. Como os ingleses jantam cedo e a ópera era às 19h30 — como quase todos os concertos noturnos da cidade — , às 21h eles estão starving. Então, muitos levam um farnelzinho improvisado, sentam nos corredores e matam a fome. O curioso é que trazem tudo em caixinhas organizadas, sem esquecer do cálice de vinho e de um guardanapo para por no pescoço. Ficamos nos sorvetes…

E o que dizer da igreja St. Martin-in-the-Fields, uma igreja esquecida de suas inglórias funções e que se tornou um enorme café em sua cripta, oferecendo concertos praticamente diários no andar de cima? O que há de especial é sua extraordinária — verdadeiramente estupenda — acústica. E quem se apresenta lá, é claro. As coincidências ajudam. Eram 19h20 quando eu e minha cara-metade passamos na frente de uma igreja que tinha um estranho “olho torto”.

Quando demos a volta pensando em ir para a Trafalgar Square, vimos um cartaz cujo texto era mais ou menos assim:

London Musical Arts at St. Martin-in-the-Fields
John Landor, reg.
Beethoven — Symphony #3
Vocês têm só 10 minutos para comprar os ingressos
e chegarem a seus lugares

Esta orquestra é verdadeiramente fantástica e mereceram cada aplauso quando finalizaram a sinfonia. Ali, durante a Marcha Fúnebre, eu ouvi o melhor som de contrabaixo que registro em minha memória. Dois dias depois, voltamos lá a fim de assistir o Réquiem de Fauré com The Locrian Ensemble, London Chorale e mais Kevin Kenner ao piano, pois havia a um concerto para piano de Mozart no início do programa. Regência de Stephen Ellery. Neste concerto, houve um momento mágico: Ellery desculpou-se pelo fato da orquestra ter chegado cansada do Japão e de não ter podido ensaiar a Pavana de Fauré que fazia parte do programa. A peça substituta seria apresentada pelo pianista Kenner. E, logo após o concerto de Mozart, o próprio anunciou Peace Piece, de Bill Evans. A execução, iniciada num improviso de poucos dedos que não poderia lembrar mais o autor, seguida do tema e de nova improvisação, foi de notável sensibilidade. Quando o cara terminou, a plateia ficou por alguns segundos meio hipnotizada, demorando a aplaudir ou desejando que aquele momento se mantivesse um pouco mais. Coisa de louco. Só isso já valeu as 10 libras investidas.

http://youtu.be/RjM8G4VwAqY

Em resumo, para os melômanos, Londres vale a pena MESMO. Alguns de nossos ingressos foram comprados na internet com cartão de crédito. Os da Saint Martin foram adquiridos na hora. A oferta de música se renova a cada semana, dando-nos a vontade de nunca mais sair de lá. Só posso amar a cidade. Mas virão mais motivos.

As fotos são minhas. Apenas as fotos diurnas do QE Hall e o RA Hall foram roubadas por aí.

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Perfeito para o fim da noite

Hélène Grimaud interpreta o Adagio do Concerto Nº 23 para Piano e Orquestra de Mozart. Não, nada disso — engana-se quem pensa que a moça é apenas bonita.

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François Couperin: Tic Toc Choc

A versão original por Elaine Comparone é muito legal:

Apesar de mal filmada, aqui Grigory Sokolov dá um baita chô:
http://youtu.be/glg99Zc0JjU

E nesta aqui, Alexandre Tharaud acrescenta significados à música de Couperin…

… que não sabe de nada.

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Para dar uma choradinha de tão lindo

De J. S. Bach, ária para contralto da Cantata BWV 42, Am Abend aber des selbigen Sabbats. A indicação de Adagio é seguida fielmente por Rudolf Lutz e seus meninos. Muito bonito.

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É um espanto a Maria João Pires ou o espanto de Maria João Pires

Maria João tinha ensaiado um concerto de Mozart. Foi quando viu Riccardo Chailly fazer, junto com a Orquestra do Concertgebouw de Amsterdam, a introdução de outro concerto de Mozart. Totalmente perturbada, ela diz para Chailly que ia tocar o que desse ou o que lembrava. O resultado é que ela tocou todo o concerto até o final sem cometer nenhum erro. Bem, é a Maria João, mas mesmo assim é espantoso.

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Shostakovich – Sonata Cello-piano Op.40 II. mov. avec Gastinel

Com Anne Gastinel e Roger Muraro. E, após o movimento da Sonata de Shosta, alguns comentários de Gastinel sobre sua gravação das Suítes para Violoncelo Solo de Bach. Num postzinho simples, duas ou três de minhas paixões.

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Cornos contribuem para a herança cultural da sociedade moderna

O maravilhoso Concerto Duplo para Violino, Violoncelo e Orquestra de Brahms, só existe porque uma mulher corneou seu marido. Em 1884, o grande violinista Joseph Joachim e sua mulher se separaram depois que ele se convenceu que ela mantinha uma relação com o editor de Brahms, Fritz Simrock. Brahms, certo de que as suposições do violinista eram reles paranoia, escreveu uma carta de apoio a Amalie, que mais adiante ela usará como prova no processo de divórcio que Joseph movia contra ela. Este fato motivou um esfriamento das relações de amizade entre Joachim e Brahms, que depois foram restabelecidas quando Brahms escreveu o Concerto Duplo e o enviou a Joachim para fazer as pazes. Em suma, o Concerto só existe em função do belo par de cornos que Amalie pôs em Joseph Joachim.

Joseph Joachim e Amalie Weiss: obrigado por cornear, Amalie

P.S.- O título foi sugerido por minha fiel amiga Gabriela Franco.

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Amy Winehouse nunca terá substituta, nem Janis Joplin

Eu realmente me divirto com essas coisas. Há alguns artigos musicais ingleses e americanos que falam, cada vez com maior seriedade e veemência, na possibilidade e na necessidade do surgimento “da próxima Amy Winehouse”. Li também dois sítios brasileiros falando “na substituta”. Não duvido sobre a necessidade de uma nova Amy para a indústria ou para os fãs, porém as conversas que me intrigam são sobre a formação, a criação e a escolha de nomes, acompanhadas de clipes no YouTube. Mas antes podemos recuar um pouco no tempo?

Em 2007, Gilliam Reagan e James Salon escreveram no New York Observer: Amy Winehouse vai morrer jovem. Parece inevitável, dada a combinação de juventude, ousadia, abuso de drogas, talento e má escolha de homens. Parece que vai ficar em boa companhia no céu do rock ‘n’ roll. Ficará com Janis Joplin, Jimi Hendrix, etc.

Ah, as previsões irresponsáveis da imprensa… Bem, OK, digamos que o cenário já estava pronto e as coisas encaminhadas, apesar da maldade de expor a cantora para a observação e decomposição pública, mas o que me interessa é o lado B dos fatos. Sim, pois tal prognóstico desnuda o enorme apetite de autodestruição de Amy, como também uma postura de entrega absoluta, que é bastante rara nos artistas que são o resultado da maquiagem, do recondicionamento e da hidratação de produtores atrás de grana. Pouco sei de Hendrix, Cobain ou Jim Morrison, mas a existência de Joplin — sabiam que o nome da mãe de Amy é Janis? — também me parece ter sido a de alguém que acelerava em direção ao muro sem procurar vicinais. A tragédia pessoal e a decisão de ir fundo estava plasmada nos rostos e na trajetória das duas cantoras. Por isso, quando leio alguém escrever que esta ou aquela cantora irá substituir uma das duas, procuro logo saber qual é o grau de desvio de comportamento que apresenta.

Se a candidata é bem comportada, esqueça. Pois pensar que alguém possa ter uma carreira semelhante sem um anormal grau de entrega é uma bobagem. Se tiver comportamento convencional pode ser melhor ou pior, mas não será a lenda de que tanto precisa a combalida indústria fonográfica. Winehouse e Joplin foram como foram porque colocaram sua paixão e vida em tudo. Ambas faziam altos investimentos de angústia na música, nos homens, nas drogas, na escolha do vestido, do penteado e também no momento de passar a faca na manteiga e a manteiga no pão. Para que renasçam é necessária uma nova tragédia. Mas isso fica escondido nos textos.

Pois ambas eram um comportamento inteiro, pacotes distintos de uma só sinceridade. Ninguém vai compor boas músicas sobre reabilitação se não estiver envolvido, ninguém vai cantar com aquela garra e franqueza se estiver preocupado com o contrato, com o carro ou o próximo show. Para o gênero de artistas que elas foram, esta inteireza pode ou deve ser autocentrada e em faixa própria. Eram pessoas cujos conceitos e posturas estavam sempre presentes em apoio ao descontrole.

Pois Amy Winehouse não subia ao palco apenas para mostrar seu trabalho. Ela usava a arte para gritar, vivia o que cantava. E seus admiradores sabiam claramente ou intuíam que aquilo sim era unir arte e vida. Suas composições e a expressiva voz de contralto persuadiam que ali não havia apenas o “fazer artístico”. Talvez involuntariamente, talvez por personalidade, Winehouse atirou-se em sua Paixão — no sentido mais exacerbado e patológico do termo — baseada num referencial próprio de dor e entrega.

Então, quando aparece uma gordinha normalzinha ou uma magrinha com cara de modelo como novas Joplins ou Winehouses, esqueçam. A nova Joplin virá arrebentando e será facilmente reconhecida, terá nome e luz próprias como Amy tinha e ninguém vai ter tempo para muitas comparações.

Janis Joplin "estragula" Grace Slick em 1967

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J. S. Bach – Kantate BWV 54 – Widerstehe doch der Sünde – 3 – Aria, Altus

Essa coleção me invoca, me bouleversa, me hipnotiza. Cabe mais uma ária de Bach aí? Claro que sim. Se me perguntassem: Queres ser estrela? queres ser rei? queres uma ilha no Pacífico? um bangalô em Copacabana? Eu responderia: Não quero nada disso, tetrarca. Eu só quero três Cantatas de Bach: O meu reino por três Cantatas do sabon… de Bach!”

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Rimsky-Korsakov: Quinteto para sopros e piano (1º Mvto – Allegro con brio)

Não há muitos filmes do Quinteto de Korsakov por aí. É obra um pouco rara, mas deliciosa. O filminho não tem o som que a música exige, mas dá para ouvir. Curiosamente, foi a primeira postagem do grande blog PQP Bach.

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Dois corais de abertura de Cantatas de Bach: o da BVW 140 e o da 78 (excelente som)

Divirto-me com tudo deste projeto. Desde com o topete do regente até a verdadeira salada que eles fazem nas publicações no YouTube. Bem, o projeto é gravar tudo em DVD até 2036. Deixemo-los trabalhar.

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J. S. Bach – Cantata BWV 33 (Aria alto)

Essa ária é tão bonita, tão bonita, tão bonita, que não sei o que dizer. Notem o ritmo… Sabem o que diz a letra? Começa mais ou menos assim: “Como eram vacilantes meus tímidos passos…”.

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