Por Samuel Sganzerla
De volta à Arena, de volta ao caminho da vitória, Renato! Eis que amanhecemos bem nesta sexta-feira, diante do ótimo resultado contra o São Paulo na noite de ontem. Não foi sem levar um susto no início da partida; entretanto, é bom ver o Grêmio não apenas jogar para vencer, mas também ter o poder de decidir para triunfar. Cebolinha ontem provou mais uma vez que vem sendo um dos melhores atacantes do futebol brasileiro nesta temporada.
O horário do jogo e o clima dessa última não ajudaram muito, né?! Como a partida se iniciava às 19:30, nem pensei em tentar me dirigir à Arena. Até porque talvez seria necessário tomar um catamarã para chegar lá – mas parece que a Prefeitura ainda não viabilizou o trajeto Cais Mauá-Humaitá. Então, rumei para o bar mais próximo, depois da jornada diária de labuta.
No começo, a coisa mais rara destas últimas temporadas aconteceu: Geromel cometeu uma falha grosseira. Deu um golpe de vista para deixar a bola passar para Marcelo Grohe, mas que apenas permitiu que Arboleda chegasse antes e fizesse o cruzamento para Diego Souza empurrar sozinho para as redes. Mas é isso que no futebol chamamos de CRÉDITO, não?! Se tem alguém que erra, e a gente praticamente não dá bola, é o Geromito (já te contei, Renato, que o nome do meu filho vai ser Pedro?).
Contudo, bastou que o adversário saísse na frente para, novamente, como tem sido tão comum nesta temporada, o filme se repetir: time adversário retrancado, Grêmio com mais de 70% de posse de bola, girando a área de ataque, mas criando poucas chances efetivas de gol. Ainda teve a agravante de que o gol sofrido no começo manteve o time nervoso por uns minutos, errando muito.
Kannemann ainda salvaria a pátria Tricolor no primeiro tempo, num perigoso contra-ataque são-paulino. Um daqueles lances lindos, em que o zagueiro se joga com precisão cirúrgica para tirar a bola quase de cima da linha. Digno de nos fazer questionar de novo, Renato, o porquê de ele nunca ter recebido uma chance em meio aquela NABA que é a zaga da Argentina.
Apesar da desvantagem temporária, felizmente ontem era o dia de Everton brilhar mais uma vez. Já nos aproximávamos do final da primeira etapa, quando Maicon viu o espaço livre no flanco esquerdo da zaga e fez um lançamento primoroso. Cebolinha dominou a bola e foi para cima da marcação, ENTORTANDO Éder Militão e fintando novamente, antes de bater entre o lateral e o zagueiro, no canto oposto do goleiro. Golaço!
Na volta da segunda etapa, o São Paulo precisou mudar um pouco de postura, já que o empate tirava sua chance de assumir a ponta da tabela. Um caso curioso, inclusive, porque parece que o gol de empate repentinamente curou as câimbras que os jogadores do time paulistano vinham sentido. De chamar o Ministério da Saúde para averiguar o caso, Renato.
Bueno, apesar do jogo um pouco mais aberto, o Grêmio praticamente não correu riscos. O São Paulo teve uma única boa chance no segundo tempo, mas Diego Souza desta vez parou nas mãos de Milagrohe. O Tricolor começou a ter mais espaços e mais chances, embora sem conseguir transformar isso em chutes a gol.
Foi então numa baita dormida da zaga adversária que Luan roubou a bola no nosso campo de ataque e fez a assistência para Everton. Outra vez o Cebolinha foi para cima da marcação, driblou e finalizou letalmente. O cara tá demais, Renato! O jogador que sabe driblar e consegue definir a jogada em pouco espaço é o diferencial nestes tempos de linhas de marcação muito fechadas, de priorização do sistema defensivo.
A partir daí, desenhou-se a vitória do Grêmio. Não foi das atuações mais brilhantes deste ano, mas o time teve consistência para superar a adversidade do gol sofrido logo cedo. E contou com a individualidade de um jogador habilidoso e de finalização precisa para vencer. Em tempos de times bem montados na defesa, é fundamental tê-lo na equipe – além de saber usar mais as bolas paradas e aéreas.
No mais, foi bom ver que o Imortal soube transformar em vitória o seu domínio tático sobre o adversário, diferentemente do que tinha ocorrido no último domingo. Neste campeonato, estamos indo bem contra a parte de cima da tabela, mas perdendo pontos importantes para a parte de baixo. Um filme que infelizmente se repete há tempos, Renato. Quando isso mudar, a gente volta a levantar esse caneco também.
Agora, imagino que, a despeito do discurso protocolar, a cabeça já esteja pensando no duelo contra o Flamengo, pelas quartas de final da Copa do Brasil, na próxima quarta-feira. O que não é errado, Renato, porque sei que não vai ser possível jogar “às ganhas” as três competições. Mas seria bom se o time misto/reserva que vai a Chapecó neste fim de semana trouxesse de lá mais três pontos na bagagem.
Por fim, queria comentar contigo sobre o fato lamentável de o Raí ter culpado o apito pelo resultado. Que a arbitragem brasileira é fraca, todos sabemos, mas nada que indicasse favorecimento a nós e que afetasse o placar. O dirigente são-paulino queria o quê?! Que os jogadores dele baixassem o sarrafo à vontade, sem levar cartão?
Acho que isso é costume de quem é muito mais beneficiado do que prejudicado. Até porque é fácil narrar teses conspiratórias para encontrar culpados pela derrota, quando teu time entrou em campo com a covardia de um moleque que bate numa mulher (peço licença aqui: que eu nunca cruze com o infeliz que motivou esta livre associação, para o bem dele). De toda forma, nessa história de “apito amigo”, só posso dizer ao Raí: procura um espelho, camarada!
Saudações Tricolores, Renato!
Segue o baile…
https://youtu.be/gQJK_xBSANY