Quando acordamos em nosso primeiro dia de Londres, fomos direto para o Natural History Museum. Talvez seja uma curiosidade interessante a de sublinhar que, no caminho até o Museu, feito a pé por mais ou menos 12 quadras, não vimos nenhuma outra igreja. A frente é imponente como convém a uma entidade religiosa:
Todos os museus tem a simpática característica de serem gratuitos e de estarem cheios de crianças e de professores explicando tudo o que se vê. Aliás, tudo está cheio em Londres — concertos (mesmo os eruditos menos populares), assim como feiras, shows, museus e pubs. Também surpreende o tranquilo controle dos pequenos, não há descontrole, gritos ou correria, as crianças ficam bem comportadas e interessadas, coisa que não costumamos ver no Brasil. E, pasmem, nem ostentavam sinais de torturas.
Logo à entrada, vemos o esqueleto de Dippy, um dinossauro de 32 m, assim conhecido por ser um Diplodocus carnegii. O da frente, bancando o elegante, é outro gênero de dinossauro.
Na foto acima, na parte de trás da espaçosa nave central do templo, está a figura excelsa de São Carlos, padroeiro e santo protetor deste blogueiro. Tive pudor — o que mais me resta neste mundo? — de apresentar-lhes uma foto que me incluísse ajoelhado frente ao santo. Vai então esta aqui, menos devocional, mais contida e secular.
Meus caros sete leitores, tenho que lhes dizer uma coisa. Tenho centenas de fotos do museu e estou me segurando para não fazer um PHES Darwinista. Então, pausa para o chá. Tomamos um tea for two para nos acalmar; afinal, passei anos contando a mesma piada: Shakespeare foi o maior gênio do século XVII, Bach o do século XVIII, Darwin o do XIX, Freud o do XX e Celso Roth o do XXI. (OK, esqueçam. Tem mais graça quando dramatizado). Mas chega de tergiversações e falemos sobre o que há no Museu.
O Museu de História Natural de Londres foi fundado em 1881 como parte do Museu Britânico, mas atualmente é um organismo à parte, mantido pelo Ministério da Cultura. Há um prédio novíssimo agregado ao prédio histórico, o espetacular Darwin Center. Há de tudo, mas o principal, em minha opinião, são os espécimes coletados por São Carlos. A biblioteca contém extenso material que inclui livros, jornais, manuscritos e coleções de arte ligadas a pesquisa científica (fantásticas!). Mas o que faz a alegria das crianças e, OK, nossa, é a exposição permanente de esqueletos de dinossauros. Porém, nós, intelectuais maduros, elitistas e arrogantes, escolhemos o local para rezar e agora faremos uma pequena excursão por alguns locais santificados.
Enquanto caminhamos, lendo a respeito da história da vida em nosso planeta e observando fósseis e figuras, é impossível não olhar para o alto a fim de admirar os detalhes do prédio e da decoração.
Tais figuras ficam sobre as galerias do deslumbrante Museu. Vejam que legal a foto abaixo.
Como funciona a visita? Há a visita à evolução propriamente dita, incluindo imagens, animais empalhados, fósseis e amostras colhidas por Darwin e outros, com explicação de origem geográfica e “posição evolutiva”. Depois existe uma parte infantil onde há um Tyrannosaurus Rex movimentando-se e emitindo sons terríveis — gostei muito! — e o Darwin Center, onde ficam os pesquisadores. Na área de exposições do DC, é explicado o método científico de identificação de novas espécies de animais e plantas, assim como daqueles em risco de extinção. Fica inteiramente desnecessário qualquer discurso ecológico. Os fatos falam por si.
Para finalizar este despretensioso relato, fotos de crianças desenhando “tartaruguinhas” no Museu e do terrível T. Rex.
E, na saída, as cores do outono londrino que, segundo minha esposa, combinam com a camisa deste daltônico que vos escreve.