Depois do amadorismo e da acomodação, representados por Falcão, Fernandão e Dorival Junior, Luigi acabou acertando. Acertou sem querer, pois Dunga era tudo que nosso presidente entendido em futebol não desejava. Luigi aspirava continuar no cargo de presidente-palpiteiro, mas o péssimo resultado nas eleições do Conselho fez-lhe dar alguns passos atrás. Ontem, nas entrevistas após a partida, notei certo BANZO e inveja em Luigi. Acho que nosso Giovanni Luigi Calvário está louco para mexer no time e não se enganem: se Dunga pestanejar, voa.
Mas tudo o que não tem feito é pestanejar. Dunga não apenas diz o que pretende como consegue demonstrá-lo depois. Queria saídas rápidas para o ataque, queria que a defesa parasse com os chutões, queria marcação, jogadas ensaiadas e controle da bola alta. Disse tudo isso e depois demonstrou em campo. Esta é uma rara qualidade. Afinal, identificar o problema, eu, o Falcão e monte de gente identifica. O complicado é ir ao campo e inventar treinamentos que deem ao time o que lhe falta. E aí está o trabalho de Dunga, técnico de futebol.
O campeonato é o gaúcho, competição fácil e crepuscular do futebol mundial, mas nós sabemos que, quando a coisa não está ajustada, aqui e ali alguns jogos são vencidos com dificuldades e dor. Às vezes também se empata ou perde. Porém o time de Dunga, apesar de ele se escabelar na casamata como se estivesse 0 x 5, já vai fazendo seus gols no primeiro tempo e vence os jogos sem nenhum estresse. E não toma gols mesmo relaxando um pouco no segundo tempo. Ou seja, faz o que deveria fazer com extrema naturalidade.
Juan acertou a defesa; com ele, Moledo adquiriu segurança e não estranhem se acabar morrendo abraçado com Felipão em 2014. Gabriel e Fabrício vão muito bem, obrigado. Nossos volantes têm apresentado mais argumentos do que cometido faltas; a prova disso está no número de cartões. Na armação estão Fred, que erra muitos passes mas se esforça como um louco, e D`Alessandro, o único que é afagado publicamente pelo técnico. Aí está mais qualidade de Dunga: a de ter identificado o argentino como um caráter mimado, que deve ser elogiado até quando erra. Se D`Alessandro precisa ser amado, então amemo-lo! D`Alessandro, tu és o melhor armador que vi jogar desde Maradona…
No ataque, Forlán só me apaixona quando chuta, mas bastou Rafael Moura recuperar-se de sua cirurgia e fazer três gols num jogo-treino para Damião acordar. Se D`Alessandro precisa de carinho oral, Damião precisa de alguém que lhe chegue por trás, tipo avalanche. Acho compreensível que ele passe a jogar melhor; afinal, o apelido do cara é HE-Man. E tudo isso só possível porque, durante a semana, Dunga treina seus jogadores de forma consistente, bem diferente daquele Dorival que ficava à beira do gramado, treinando a diretoria que o amava.
Ah, junto a Dunga há o preparador físico Paulo Paixão, um sujeito que costuma fazer seus times voarem em campo. Então, não obstante Luigi, nosso vestiário é profissional.
Luigi, deixe os caras trabalharem, por favor. Preocupe-se com o Beira-Rio, com a contabilidade, faça um curso de dicção, mas fique longe do vestiário!