Porque hoje é sábado… terceirizamos com a Caminhante

Algumas mulheres ultrapassam o status de mulher bonita e se tornam ícones, divas, unanimidades. É só clicar no PHES antigos para ter uma boa amostra.

Não é desse tipo de mulher que eu quero falar, até porque não gosto delas. Não gosto da maneira como elas são onipresentes, como os homens estão dispostos a nos ignorar por simples imagens delas e principalmente pelo ideal inatingível que elas representam.

Sim, nós mulheres comuns temos uma antipatia natural por essas mulheres ícones. Não é difícil perceber; ficamos enlouquecidas quando nosso homem elogia demais uma famosa. Por isso o impulso quase irresistível de desmerecê-las, de insistir que só há vulgaridade onde vocês enxergam beleza.

Mas é claro que não somos imunes a elas. Nós a detestamos tanto quanto queremos ser iguais, queremos receber o mesmo tipo de atenção. Como lidamos com isso é uma questão essencial.

O tempo modifica o corpo – e a cabeça, e os sentimentos,e a alma – das mulheres, mas isso não quer dizer que a vontade de ser desejada envelheça.

Essa vontade está presente em todas as mulheres, por debaixo de nossas roupas, ardendo na pele mesmo das inteligentes e críticas.

Cada vez que uma mulher faz uma plástica para tentar se parecer com alguém, é esse tipo de olhar que ela busca. Mas a satisfação individual tem um preço: torna a humanidade mais uniforme. E – justamente por isso – menos bela.

Teremos menos uma mulher que mostrará ao mundo com uma beleza menos óbvia, mas nem por isso menos interessante,

Menos uma mulher que nos desagradará à primeira vista, e nos obrigará a descobrir porque não conseguimos parar de olhar para ela,

Menos uma mulher que nos fará menos arrogantes, menos perfeccionistas.

Perderemos diferenças, perderemos várias formas possíveis.

Em resumo, o mundo terá uma mulher a menos a dizer: Olhe para MIM.

Variedade e beleza andam juntas; se mulheres não podem ser belas de infinitas maneiras, a culpa é de quem olha.

Texto e escolha de fotos: Caminhante

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Porque hoje é sábado, ciúmes de Luiz Carlos Merten

Em primeiro lugar, devo dizer que Merten é, em minha opinião, o melhor crítico de cinema de nosso país.

Em segundo lugar, devo dizer que o considero o melhor porque costumo concordar com ele, o que talvez não seja o critério mais honesto, apesar de ser o mais adequado…

Ele está em Cannes, realizando em copiosos textos a cobertura do festival para seu blog e o Estadão.

Até aí, tudo bem. Só que ele pediu uma entrevista com Juliette Binoche. Não ia dar, ela não ia ter tempo.

Depois, concederam-lhe 10 minutos, uma coisinha de nada.

Só que Merten conversou MEIA HORA com a deusa.

O desgranido garantiu ter sido um MOMENTO MÁGICO.

(Tenho a foto acima autografada pela própria. Presente de Fernando Monteiro.)

Vai tomar no cu, Merten! É óbvio que foi um momento mágico!

Por mim, ela podia vir até suja como na foto acima.

Porém, a deusa — que acaba de filmar Copie conforme com Abbas Kiarostami — está envolvida não só com gaúchos como Merten, mas com iranianos. Vejam abaixo seu sofrimento durante a coletiva que tratou da grave de fome…

… do cineasta Jaafar Panahi, preso no Irã. Uma lástima, né, Merten? Por que não a consolaste? Hein, animal?

(Kiarostami é o que está ao lado de Binoche, de óculos escuros.)

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Delírio dialógico polifônico matinal (após longo e literário telefonema que me impediu de escrever o post)

É? Então vai ver que persigo os polifônicos…

Eu defenderia Thomas Bernhard e Cunningham numa discussão, mas seria capaz de gritar por Virginia Woolf, de me escabelar por Guimarães Rosa, de ir às vias de fato por Melville, de roubar álcool, tabaco e papel para Faulkner, de rolar no chão pelo Mann de Doutor Fausto, de ter uma convulsão por Joyce, outra por Dostoiévski, de matar e roubar por Juliette Binoche, Emmanuelle Béart, Irène Jacob ou Cécile de France e faria minuciosamente TUDO O QUE ACABO DE CITAR por Tchékov, cujas peças te mostrariam, te mostraram ou te mostrarão grandes diálogos.

Diálogos? Ih, esqueci Shakespeare e… Deixa assim.

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Porque hoje é sábado, o Festival de Cannes 2009

Começou o Festival de Cannes de 2009. Achei belíssimo o cartaz.

As atrizes não deixaram barato.

Monica Bellucci e Sophie Marceau tomaram o mundo com suas fotos na Paris Match.

Bellucci tem 44 anos, Marceau, 42.

Escolher entre as duas seria como optar entre Bach e Beethoven …

… (pois, aqui, estamos no topo da evolução humana).

Mas, como se não bastasse, há mais em Cannes 2009.

Há a cinquentona Isabelle Huppert presidindo o júri.

Há a trintona Penélope Cruz, tornada loira por Almodóvar.

Há Charlotte Gainsboroug — a filha de Jane Birkin é uma feia na qual nosso olhar gruda –, …

… no Anticristo de von Trier.

Há Diane Kruger, …

… no último Tarantino.

Há o sorriso iluminado de Juliette, …

…. abaninhos de Giovanna, …

… glamour de Rachel, …

… carinhas de Audrey e, fundamentalmente, a presença da maior de todas as francesas: …

… Jeanne Moreau, linda aos 81 anos. Monica Bellucci, desculpe, mas és uma baranga perto de Jeanne.

Pffff…

Obs.: Eu sei que é demais pedir que haja três filmes efetivamente BONS abaixo, apesar da nominata impressionante dos concorrentes à Palma de Ouro. Confiram:

A L’ORIGINE, de Xavier Giannoli (FRANÇA) com Gérard Depardieu e Emmanuelle Devos
ANTICHRIST, de Lars Von Trier (DINAMARCA) com Willem Dafoe e Charlotte Gainsbourg
BAK-JWI (THIRST), de Chan-Wook Park (CORÉIA DO SUL) com Eriq Ebouaney
BRIGHT STAR, de Jane Campion (REINO UNIDO) com Abbie Cornish e Ben Whishaw
CHUN FENG CHEN ZUI DE YE WAN, de Lou Ye (CHINA)
DAS WEISSE BAND, de Michael Haneke (ÁUSTRIA) com Susanne Lothar e Ulrich Tukur
ENTER THE VOID, de Gaspar Noé (FRANÇA) com Nathaniel Brown e Paz de la Huerta
FISH TANK, de Andrea Arnold (REINO UNIDO) com Michael Fassbender
INGLOURIOUS BASTERDS, de Quentin Tarantino (ESTADOS UNIDOS) com Brad Pitt e Diane Kruger
KINATAY, de Brillante Mendoza (FILIPINAS)
LES HERBES FOLLES, de Alain Resnais (FRANÇA) com Sabine Azéma
LOOKING FOR ERIC, de Ken Loach (REINO UNIDO) com Steve Evets
LOS ABRAZOS ROTOS, de Pedro Almodóvar (ESPANHA) com Penélope Cruz
MAP OF THE SOUNDS OF TOKYO, de Isabel Coixet (ESPANHA) com Rinko Kikuchi
TAKING WOODSTOCK, de Ang Lee (ESTADOS UNIDOS) com Demetri Martin
THE TIME THAT REMAINS, de Elia Suleiman (PALESTINA) com Elia Suleiman
UN PROPHÈTE, de Jacques Audiard (FRANÇA) com Niels Arestrup
VENGEANCE, de Johnny To (HONG KONG) com Johnny Hallyday e Sylvie Testud
VINCERE, de Marco Bellocchio (ITÁLIA) com Giovanna Mezzogiorno e Filippo Timi
VISAGE, de Tsai Ming-Liang (FRANÇA) com Mathieu Amalric e Jeanne Moreau

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