Recuperação da esquerda brasileira levará anos, diz professor

Recuperação da esquerda brasileira levará anos, diz professor
O professor Idelber Avelar | Foto: Facebook
O professor Idelber Avelar | Foto: Facebook

Da BBC Brasil

A crise política deverá ser seguida por um longo período de domínio da direita, diz Idelber Avelar, professor na Universidade Tulane (EUA), à BBC Brasil.

Nesse cenário, ele afirma que a esquerda e os movimentos sociais podem levar anos para se reagrupar.

Brasileiro, Avelar leciona literatura latino-americana e estudos culturais nos Estados Unidos desde 1999, mas se tornou conhecido entre muitos compatriotas por seus posicionamentos políticos nas mídias sociais.

Crítico do PT, ele não vê razões para se associar aos grupos que defendem a permanência de Dilma Rousseff na Presidência e rejeita a descrição do cenário político brasileiro como uma “briga de duas torcidas ante a qual você tem de se posicionar ao lado de uma delas”.

A seguir, os principais trechos da entrevista.

BBC Brasil – Com a crise houve alguma mudança na forma como o Brasil é encarado nos EUA?

Idelber Avelar – Cinco anos atrás o Brasil era o modelo de como crescer com instituições democráticas fortes e reduzindo a desigualdade. Neste momento perdemos as três coisas: não estamos crescendo, não estamos reduzindo desigualdade e as instituições democráticas estão em perigo, pelo menos.

Chama atenção a rapidez com que se desmoronou esse modelo. Há um cenário político marcado por tremenda instabilidade, com uma classe política na situação e oposição completamente desmoralizada, e não há perspectiva de transformação desse quadro em longo prazo. Vivemos uma grave crise econômica, institucional, política e ambiental.

BBC Brasil – Por que ambiental?

Avelar – Uma das características essenciais dos governos petistas tem sido o desenvolvimentismo arrasa quarteirão. Ambientalistas, lideranças indígenas e ribeirinhas na Amazônia dizem que o PT foi pior para a região que o PSDB. O PSDB implantou aquele modelo de estado mínimo, deixando que a iniciativa privada resolvesse.

O governo petista apostou num modelo através do qual o Estado gera mecanismos para que as grandes construtoras realizem negócios e (em troca) financiem campanhas eleitorais.

Sou a favor de que se estabeleça algum tipo de requisito dentro do nosso aparato educacional para que pessoas do Sul e Sudeste possam visitar a Amazônia e ver o que aconteceu no Xingu com a construção da usina de Belo Monte, o que aconteceu no rio Madeira, para ver o que é a expansão da soja.

Isso lhes daria uma leitura diferente da realidade e desmontaria uma noção de crescimento que muita gente da esquerda fetichiza.

BBC Brasil – Não é inviável se opor ao crescimento num momento em que o Brasil enfrenta uma grave crise econômica, com crescente desemprego?

Avelar – Não existe possibilidade lógica de crescimento infinito num planeta com recursos finitos. Poderíamos estar numa sociedade em que optássemos por um crescimento zero, há até marxistas falando nisso.

É um debate difícil, porque há uma mentalidade que associa a redução da desigualdade ao crescimento do PIB. Mas não há relação automática entre as duas coisas: pode haver crescimento extremo sem redução de desigualdade e pode haver redução de desigualdade sem ritmo frenético de crescimento.

Claro que para isso teríamos mexer em políticas redistributivas, na dívida pública, no sistema bancário, numa série de vespeiros em que nosso sistema político não está pronto para mexer, mas é uma conversa urgente.

BBC Brasil – A Lava Jato põe em xeque o modelo de relação entre o Estado e empreiteiras?

Avelar – A Lava Jato tem consequências que fogem ao controle inclusive dos procuradores e juízes envolvidos. Não acredito que haja limpeza completa da política brasileira, mas também não acredito que ela vá simplesmente decapitar algumas lideranças do PT, derrubar o governo da Dilma para depois se restabelecer tudo como era antes.

Existe uma nova geração de procuradores imbuída de um espírito que pode ser criticado como meio salvacionista ou messiânico, mas esse grupo claramente não está interessado em pegar lideranças de um só partido político. Alguma coisa se quebrou no pacto oligárquico. Ele vai ser restabelecido, mas em outras bases.

BBC Brasil – Embora milite à esquerda, você não tem apoiado as manifestações em favor da manutenção de Dilma na Presidência. Por quê?

Avelar – A descrição do quadro político brasileiro como uma briga de duas torcidas ante a qual você tem de se posicionar ao lado de uma delas é um quadro não apenas simplista, mas chantagista.

Não cedo à chantagem de que a direita vai tomar poder se não nos alinharmos com a defesa do governo. Em primeiro lugar, porque a direita já está no poder num país em que Kátia Abreu controla o Ministério da Agricultura, em que cargos são regularmente loteados ao PMDB. Há uma coalizão que implementa cotidianamente políticas de direita.

Não bato bumbo pelo impeachment. Acredito que a melhor saída seria a renúncia da Dilma. A situação de descalabro não é só produto da Lava Jato, mas de uma série de fatores, incluindo a inépcia dela em dialogar com a própria base no Congresso.

BBC Brasil – Há uma ofensiva do Judiciário contra o governo do PT?

Avelar – O Judiciário sempre teve a natureza oligárquica e punitivista que está se revelando agora, mas o governismo não se preocupou quando manifestantes contra a Copa ou líderes ambientalistas foram criminalizados, nem com as prisões arbitrárias feitas a rodo nas manifestações de 2013.

O governo não ficou neutro nestas histórias. Ele foi partícipe dessas operações. A draconiana lei antiterrorismo sancionada recentemente foi enviada ao Congresso pelo Executivo, é uma lei da Dilma. Quando alguns desses mecanismos se voltam contra o PT, o governismo grita, mas o PT fortaleceu esses mecanismos ao longo da última década.

BBC Brasil – Diante da fragilização do PT, há margem para a articulação de uma nova frente de esquerda?

Avelar – Sou bastante pessimista. Houve nos últimos 14 anos uma cooptação brutal dos movimentos sociais. O único partido consistentemente à esquerda do PT e com alguma presença no cenário nacional, o PSOL, tem funcionado mais como linha auxiliar do governo do que como alternativa a ele.

Temos algumas faíscas do que poderia ser a esquerda pós-PT, mas acho que vai demorar muito tempo para que ela se reagrupe e faça a crítica necessária da experiência petista. Acho mais provável que a direita clássica volte ao poder e a gente tenha um longo e tenebroso inverno.

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Imagens exclusivas do desembarque do PMDB

ratos

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Michel Temer é poeta publicado, sabiam? E dos bem ruins

Michel Temer é poeta publicado, sabiam? E dos bem ruins

Como escreveu o Carlos André Moreira, deixaram ele sem fazer nada e deu nisso. Os grifos são meus. Segundo Temer, estes poemas são coisas que fazia quando deixava a arena árida da política. Aqui, a chamada do lançamento na Folha; abaixo, exemplos da poesia do vice.

Exposição
Escrever é expor-se.
Ou incapacidade.
E sua intimidade.
Nas linhas e entrelinhas.
Não teria sido mais útil silenciar?
Deixar que saibam-te pelo que parece que és?
Que desejo é este que te leva a desnudar-te
A desmascarar-te?
Que compulsão é esta?
O que buscas?
Será a incapacidade de fazer coisas úteis?
Mais objetivas?
É por isso que procuras o subjetivo?
Para quem a tua mensagem?
Para ti?
Para outrem?
Não sei.
Mais uma que faço sem saber por quê.

(sim, mais uma)

Saber
Eu não sabia
Eu Juro que não sabia!

(sabia sim)

Passou
Quando parei
Para pensar
Todos os pensamentos
Já haviam acontecido

(?)

Assintonia
Falta-me tristeza.
Instrumento mobilizador
Dos meus escritos.
Não há tragédia
À vista.
Nem lembranças
De tragédias passadas.
Nem dores no presente.
Lamentavelmente
Tudo anda bem.
Por isso
Andam mal
Os meus escritos.

(muito mal)

Embarque
Embarquei na tua nau
Sem rumo. Eu e tu.
Tu, porque não sabias
Para onde querias ir.
Eu, porque já tomei muitos rumos
Sem chegar a lugar nenhum.

(agora quer chegar, né?)

Não teria sido mais útil silenciar? (...) Será a incapacidade de fazer coisas úteis? / Mais objetivas?
Não teria sido mais útil silenciar? (…) Será a incapacidade de fazer coisas úteis? / Mais objetivas?

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Os gatinhos da Ospa e a ascensão do conservadorismo pela via religiosa

Os gatinhos da Ospa e a ascensão do conservadorismo pela via religiosa
Volo 1
O volume 1 da numerosa série

Com a ajuda dos amigos FM e MPN.

Não tem nada a ver? Pois tem sim.

Prelúdio

Lembram aquelas seleções de clássicos dos anos 70 e 80 que tinham gatinhos na capa? Ali, o Aleluia de Handel podia vir antes de Rhapsody in Blue, a qual era seguida da Abertura 1812, por exemplo. Salada semelhante foi servida  na noite de ontem. A Ospa estava cheia de gatinhos, óin… Claro que isto não cria público. Este gênero de programa é válido apenas em séries de concertos para escolas ou como eram os velhos “Concertos para a Juventude”, mas, enfim. O apelido “Disco de Gatinhos” ou “Concerto de Gatinhos” é de autoria do Júlio e da D. Cristina lá da King`s Discos, esplêndida loja que ficava na Galeria Chaves. Eles não gostavam muito daquelas seleções… Nem eu.

Allegro politico

Eduardo Cunha, o homem que está tentando — e que provavelmente conseguirá — acabar com direitos trabalhistas conquistados em décadas de lutas, é fiel da Assembleia de Deus. Faz parte da bancada religiosa que infestou o Congresso Nacional. É um lutador, um fundamentalista encarniçado, um homem perigoso.

Vitória em Cristo...
Retrocesso e maior sofrimento para os trabalhadores em Cristo

Já eu e todos os que estão em greve hoje acham que ele é um criminoso. Afinal, ele está jogando nossos direitos trabalhistas fora em nome do pagamento do lobby dos empresários que financiaram a campanha eleitoral dele e de outros. Foi isso que os deputados fizeram quando aprovaram o projeto que beneficiava os empresários. Nós, é claro, ficamos apanhando do lado de fora do Congresso, sem poder entrar.

Enquanto a bancada religiosa acaba conosco, nós paricipamos de um um festim fora do Congresso
Enquanto a bancada religiosa nos fodia no Congresso, um flagrante da festa lá fora

Eduardo Cunha — como costuma ocorrer com os evangélicos — também é um conservador. Ele representa uma oligarquia política oportunista que se aproveita de um governo fraco e desestabilizado para fazer o Brasil retroceder para aquém das mínimas conquistas de melhoria da qualidade de vida, tudo sob a lógica do “melhor um trabalho péssimo que nenhum”, chantagem canalha que apresenta apenas duas alternativas quando existem múltiplas.

Eduardo Cunha é do PMDB e é um sujeito que usa as palavras gay e feminismo como se fossem palavrões. E diz coisas incríveis: “Eu não acho que o homossexualismo deva ser imposto à sociedade”. Eduardo Cunha é do PMDB. O governador Sartori é do PMDB. E a Ospa é do Governo do Estado.

Desculpem o mau gosto da foto | Foto: Guilherme Santos / Sul21
Cunha e Sartori ouvindo Temer: desculpem o mau gosto da foto | Foto: Guilherme Santos / Sul21

Adagio difficili da uccidere

Tal orquestra seminômade criou o projeto OSPA nas Igrejas. Os espaços que o projeto ocupava eram restritos às mais tradicionais instituições religiosas, mas é legítimo que outros espaços de culto reivindiquem concertos, não? Antes dos terreiros de umbanda, dos budistas e do candomblé, os evangélicos saltaram à frente na disputa, pois o momento é de ofensiva social e política deles. Quando eles tomarem o poder em Brasília — pois é essa sua intenção — teremos o maior espetáculo de incultura, burrice, arrogância, intolerância e estupidez de todos os tempos. Nosso país sem educação permitirá tudo a eles. E ontem o concerto (de gatinhos) foi no Templo da Assembleia de Deus da General Neto. Os admiradores da boa música em salas adequadas e humanistas que não têm simpatias pelas relações entre instituições públicas e templos religiosos lastimam e se afastam. Este projeto, ruim na origem, torna-se cada dia pior. No momento político atual do Brasil e do mundo, é um temerário apoio ao furor teocrático dos neopentecostais que são adulados por quase todos os políticos com a exceção de poucos partidos..

Vão me dizer que a orquestra precisa de locais para dar seus concertos, mimimi que justifica o afago feito ontem ao poder mesmo que este esteja no arcabouço de uma tendência que nos empurra mais para perto da tragédia do fundamentalismo. Todos querem ficar bem com a(s) igreja(s). Elas dão votos agora e problemas logo depois, se quisermos voltar a Eduardo Cunha e à famigerada bancada religiosa.

A nova sala de concertos
A nova sala de concertos na General Neto, em Porto Alegre

Presto breve

Nem deveria ter escrito isso. A maioria dos cristãos odeia demais e vou ter que moderar os comentários furibundos deles. A pessoa que tem fé deveria procurar só fazer coisas dignas dela, não? Afinal, acho que não desejam perder a salvação assim no mais, ofendendo um ateu bobão como eu.. Só que “Narciso acha feio o que não é espelho” e eles são odiadores profissionais. Prova de que religião não define caráter.

Coda

Não fui ao concerto de ontem.

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A direita olha em quem vota?

A direita olha em quem vota?
Flagrante dos votos de Sartori chegando a Caxias
Flagrante da revoada de votos chegando a Caxias

Acho engraçado quando me chamam de petista. Sou filiado a um partido, mas ele tem mais letras. Então, sinto-me muito tranquilo para comentar que o súbito aparecimento de José Ivo Sartori na primeira colocação das eleições estaduais revela uma curiosa característica do anti-petismo do RS e no Brasil. O direitoso parece pensar mais ou menos assim: “Não interessa em quem eu voto, interessa apenas contra quem voto”. E atualmente o diabo é o PT. Não é surpresa que alguns candidatos apregoassem “Eu posso derrotar o PT”. Afinal, este é seu real objetivo, não o de nos governar ou legislar de forma a tornar melhores nossas vidas. Após as denúncias sobre as terras e o CC de Ana Amélia, os votos da direita voaram para a serra, onde estava o candidato mais próximo e não “de esquerda” nas pesquisas. Se as pesquisas dizem alguma coisa da realidade, a migração de votos deve ter tapado o sol em Caxias do Sul neste fim-de-semana.

Algo semelhante ocorreu após a derrocada de Marina. Seus votos sumiram e foram parar em Aécio.

Sartori, seu sorriso e sua polenta não parecem muito com Ana Amélia. Sartori parece mais com Germano Rigotto. Com ar de tiozão paz e amor, tem a pretensão de agradar a gregos e troianos, ou aos petistas e progressistas que amanheceram deprimidos hoje, após serem torpedeados por bem-endereçados peitos e coxas vindos das galeterias da serra. Leiam o que ele disse: “Não quero ser visto como inimigo dos eleitores de Tarso, mas também quero ser reconhecido pelos eleitores da Ana Amélia. Fizemos uma campanha limpa e propositiva. E não vamos entrar nessa de agredir esse ou aquele, agradar um ou outro. Vamos fazer uma campanha limpa. Os eleitores de Tarso não serão nossos inimigos”, repetiu.

O discurso de Sartori é esperto e demonstra bem o que é seu partido, o PMDB. O PMDB é um partido alongado e eclético, tolerante e atlético, que adere e corre ao lado de qualquer um, sempre com um sorriso nos lábios. É sem dúvida um terrível adversário para Tarso Genro, pois se metade dos eleitores de Ana Amélia aderirem a ele, o Sartori leva o estado. Na boa, tenho medo. Sempre espero o pior desses caras desconhecidos da direita e raramente me decepciono.

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Pior, o candidato da direita ao Governo do Estado, José Fogaça (PMDB)…

…ainda tem o mau gosto de tirar um foto de Dia dos Pais ridícula como essa. Isso só depõe a favor de nosso provincianismo. Eu nunca votaria num sujeito desses, credo.

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Um grande capítulo dos blogs políticos gaúchos

Ontem, numa ação de efeito meramente midiático, segundo Luiz Fernando Zachia, o Ministério Público Federal protocolou uma ação civil de improbidade administrativa contra a governadora Yeda Crusius (PSDB) e mais oito membros de sua quadrilha: Carlos Crusius (ex-marido), o deputado federal José Otávio Germano (PP…, que se tornou conhecido ao usar o Grêmio como trampolim), os deputados estaduais Luiz Fernando Zachia (PMDB, que se tornou conhecido ao usar o Inter como trampolim) e Frederico Antunes (PP…), o presidente do Tribunal de Contas do Estado, João Luiz Vargas, Walna Villarins Meneses (assessora do Yedão), Delson Martini (ex-secretário geral do governo estadual), Rubens Bordini (vice-presidente do Banrisul e ex-tesoureiro da campanha de Yeda). As acusações são as mesmas que a RBS e seus congêneres tentam ignorar: enriquecimento ilícito, dano ao erário e infração de princípios administrativos, crimes relacionados à fraude que desviou cerca de R$ 44 milhões do Detran gaúcho.

A ação pede o afastamento dos denunciados que ocupam cargos públicos enquanto perdurar o processo, o bloqueio de bens dos mesmos, e a quebra de sigilo envolvendo as provas pertinentes ao processo.

Os parágrafos acima forma copiados e levemente alterados deste post do RS Urgente. Lá também, Katarina Peixoto publicou um texto que vem sendo republicado e repassado por e-mails de forma absolutamente irresistível, Dez anos esta tarde. Eu, para variar, estava por fora ontem à tarde. Meu filho me ligou para dizer que não poderia vir aqui em casa pois tinha uma festa e se atrasara acompanhando a repercussão dos fatos nos blogs, twitter e nos órgãos da, digamos, PIG. Nós já estamos treinados em reinterpretar as rádios e os jornais da RBS, Band, Record, etc. É incrível a exatidão que conseguimos agindo assim. Sabemos exatamente em que podemos acreditar. Dá certo trabalho, é necessária experiência, mas a gente acaba entendendo tudinho. Depois, vamos ao RS Urgente e ao Diário Gauche pegar mais detalhes.

Há muitos, mas muitos blogs políticos no RS, porém acredito que os dois citados ocupem a linha de frente. O RS Urgente do Marco Weissheimer é mais informativo e dinâmico, também é mais cuidadoso em suas opiniões; já o Diário Gauche do Cristóvão Feil é opinativo, irônico e muitas vezes nos surpreende com pesquisas, poemas e até música, isso sem falar em suas fotos de abertura, sempre belas e significativas. Marco é mais jornalístico, Cristóvão é o intelectual de esquerda. Hoje, não vivo sem os dois. Não pensem que algum deles é imparcial, nada disso. São pessoas comprometidas como o outro lado é e não diz.

Por que considero que ontem foi um grande dia dos blogs? Ora, porque foram eles quem mantiveram a pressão sobre o governo mesmo quando a Assembléia negou-se a abrir a CPI — agora sabemos que vai sair, claro –, mesmo quando a desgovernadora e a RBS pareciam reagir. Prova disso é que ontem o OPS quase foi ao chão, tamanha era a visitação ao RS Urgente. Cheguei em casa à 17h30 e descobri que meu blog estava praticamente fora do ar; olhei meu e-mails e o pessoal do OPS queria saber o que tinha acontecido. Ricardo Cabral (RJ) reclamava:

É só comigo ou os demais blogs também estão lentos?
Não sei se é por conta dos tais spams em maior quantidade, mas hoje o as páginas principal e dashboard meu blog estão demorando mais para carregar. Acontece o mesmo com vcs?

O Serbão respondeu:

tá esquisito sim. a pagina do defensio, por exemplo, entra toda embolada.

E o Marco, já meio no desespero, ás 19h:

O mesmo aconteceu comigo no final da tarde. Agora, está voltando ao normal.

O Rafael, administrador do condomínio, estava pasmo:

A carga do servidor está um bocadinho alta… Não consegui ver na hora que vocês falaram, mas está baixando. Será que algum dos blogs da rede foi pra capa de algum grande portal?

Mais do que isso, Rafael, mais do que isso. É que estamos quase derrubando a desgovernadora. Simples assim.

Quando a coisa voltou ao normal, comentei no Marco:

Katarina, belíssimo texto.

Marco, num estado em que a imprensa está comprada, onde mesmo a Assembléia Legislativa nega-se a realizar seu trabalho, foram os blogs os meios de comunicação que mantiveram a pressão sobre Yeda. E creio que tu foste o mais informativo, insistente e correto deles. No pé na bunda que esta mulher está levando em suas largas cadeiras, há alguma coisa do RS Urgente.

Abraço e parabéns a todos nós.

E vai roubar na puta que te pariu, Yeda.

O César Kiraly também escrevu a respeito:

parabéns ao trabalho admirável do RS Urgente e envaidecido fico de pertencer ao mesmo grupo. não descanse jamais. e que um dia o RJ tenha a sorte de ter a mesma urgência.

um abraço,

Cesar Kiraly

Houve outras manifestações semelhantes do Serbão e do Ricardo, até que o certamente extenuado Marco voltou:

Muito obrigado, Milton e Cesar. O diabo é que esse governo dá uma trabalheira louca…
Yeda é imparável…mas está encontrando sua tampa.

Bem, mas tenho que ir ao centro comprar umas memórias. Calma, pessoal, são Micro SDs de 2GB dessas que se usam em telefones! Ou vou mais perto do meio-dia e almoço com a Bárbara naquele restaurante japonês bom e barato do 2º andar do Mercado Público?

Não sei ainda. O que sei é que uma empresa estatal que detém certo monopólio em sua área começou a fazer propaganda nas jornadas esportivas da Rádio Gaúcha, da RBS. Quer fazer obras e mais obras para a Copa do Mundo e busca simpatia. Já ganhou capa de Zero Hora dominical E o PP está lá. E eles pensam que são espertos. OK, $ão.

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O sombra e outros tópicos muito mais ardentes

Tive aulas de português com o prefeito José Fogaça em 1975. Fiz uma semana de cursinho no IPV antes de mudar para o Mauá e ele me pareceu um bom professor. Melhor se lá tivesse ficado. Assisti duas aulas, não mais do que isso. Depois ele ficou 24 16 anos como senador em Brasília. Culpa dos gaúchos que reelegeram o autor de uma música que tornou-se uma espécie de hino informal de Porto Alegre e do pessoal do interior, sempre pronto a aderir à direita. Sou um cara que leio as notícias políticas com parcimônia e nunca ouvi nada de útil que Fogaça tivesse participado em Brasília. Acho até que ele nem foi. É muito devagar. Ontem, assisti a todo o debate entre ele e Maria do Rosário. José e Maria, Maria e José. PT x PMDB-PPS. Chatíssimo, mas Maria é melhor. A sorte dela é exatamente José que, meio cabeça de vento, não diz coisa com coisa. Há pessoas que não preservam a inteligência. Ó, M`ria, mais tu não t` aproveitasht` d`reito. Êl é um p`monha, M`ria.

Destaques para o projeto “Óleo de Cozinha” de Fogaça, o qual foi confrontado por Maria com outro projeto: o “Lixo é Luz”. Luz? Aqui em casa é cheiro. Descontente com a situação, Fogaça diz que é de seu governo o projeto “Papa Pilhas”. Deve ser mesmo. Já andei quilômetros e quilômetros em Porto Alegre atrás de um lugar onde jogar as pilhas. Acabaram no lixo seco, claro. Fogaça falou muito nos “Portais da Cidade”. Sei lá que porra é essa, só sei que Maria do Rosário andou botando mais botox que a Suélen (ou seria Pâmela?), quando pensei que esta tinha ficado finalmente torta e doente. O sorriso-só-boca de Maria está de assustar as crianças que tanto ama. Mas, pô, ela é dez vezes melhor do que o sombra.

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A FlaM comenta por e-mail que um certo Henrique Goldman, do qual nunca tinha ouvido falar, escreveu uma crônica — supostamente autobiográfica — onde conta que, aos 14 anos, forçava a empregada a transar com ele. Houve reações iradas. Henrique, mentalmente lento como Fogaça, deixou que a publicação escrevesse um notável pedido de desculpas: “Nosso colunista pede desculpas públicas à empregada da família com quem transou, contra a vontade dela, quando tinha 14 anos”. Um cara finíssimo, sem dúvida… Manteve a macheza escrota. Parabéns!

Este Goldman deveria ter utilizado a hipérbole para descaracterizar-se e não ficar na songa-monguice naturalista. Caro Goldman, sabe-se que uma das formas de se descaracterizar um tópico é recorrer à hipérbole, ou seja, intensificá-lo até o inconcebível… Você deveria perseguir todas as empregadas! Deveria ir para a cama com sua mulher sonhando com empregadas, fazer com que a mulher se vestisse de camareira para sentir tesão, tinha que sonhar com bundas de mulheres no alto de escadas, balançando fartas nádegas e peitos enquanto os vidros eram limpos… Aí sim, você tem chance de tornar-se um Hubert Hubert de domésticas. E não iria nos incomodar tanto. Mas teria que escrever assim:

Conquanto seja indispensável registrar alguns pontos pertinentes, a impressão geral que desejo transmitir é de uma porta lateral que abre violentamente numa vida em pleno vôo, deixando entrar uma negra e retumbante golfada de tempo que abafa, com suas chicotadas de vento, o grito da catástrofe solitária.

Faz aí, trouxa!

Upgrade das 16h30: Comentário da FlaM

E o babado do “colunista ficcionista” segue rendendo. Virou petição online.

O cara é uma receita para autores desconhecidos: como sair do anonimato para o estrelato da abjeção! E otário da vez!

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O criador da Hustler, Larry Flint, continua a fazer das suas. A última é um filme erótico em que Sarah Palin, Hillary Clinton e Condoleezza Rice protagonizarão cenas quentíssimas… Como uma película deste gênero requer muito roteiro e é complicadíssimo de rodar, eles iniciaram as filmagens na semana passada e esperam colocar o DVD à venda bem antes das eleições americanas… Não adianta, a gente faz uma baixaria bem grande — vide o Sr. Henrique Goldman acima — e os americanos logo nos suplantam.

Sarah Palin será vivida por Lisa Ann (36 anos) e Hillary Clinton, mais veterana, por Nina Hartley (49 anos). Não foi divulgado quem fará o papel de Condoleezza Rice. Ao lado, compare umas e outras.

Eu não inventei essa. Juro! Aqui, na Globo.com. E aqui, a notícia mais completa. Um detalhe extremamente tranqüilizador é que a obra não conterá anal scenes. Bom, baixaria por baixaria, não vejo problema algum numa anal scene com condom e muito menos com Condy. Clique no Condy aí ao lado para ver as primeiras fotos dela que aparecem no Google Images. Olha a cara de irritação! Melhor esquecer a tal cena.

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