Contos para futuro nenhum

Contos para futuro nenhum

INTRODUÇÃO

Por Adriane Garcia & Sérgio Fantini

O mundo sabe que o Brasil acaba de eleger um candidato de extrema direita. Hoje, a ignorância demonstrada sobre a história, a política, a cultura e todas as pautas humanistas passou a ser ostentada como uma bandeira; o culto a elementos há muito dados como danosos à sociabilidade, como a homofobia, o racismo, a xenofobia, o machismo e a misoginia passou a pautar as atitudes das pessoas: amigos, familiares e colegas de trabalho começaram a se estranhar em sua rotina. As instituições todas revelaram conter em suas entranhas quadros corruptos e bastante dispostos a desrespeitar as leis para obter vantagens as mais espúrias possíveis. Por fim, o Estado brasileiro assumiu uma postura antidemocrática e partidária como nunca se viu.

Os artistas não foram insensíveis a este movimento. Muitos se posicionaram claramente e colocaram sua arte e seus corpos à disposição da vida, e assim estamos resumindo vida em sociedade fraterna em uma situação política democrática e justa.

Em setembro, com a iminência da eleição de Jair Bolsonaro, dada pelas pesquisas, a poeta Adriane Garcia criou o projeto “Minicontos para futuro nenhum”: ela própria deu a partida e deixou em aberto que seus amigos, via redes sociais, contribuíssem. O tema deveria ser, claro, como será a vida em um Brasil sob a presidência de um governo excludente, militarista, armamentista e preconceituoso. Aqui estão quatorze autores e suas quatorze previsões para um terrível futuro.

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Estamos publicando toda a série. Use este link para ler os contos já publicados.

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Banksy: Mural “No Future”

Adriane Garcia, nascida em Belo Horizonte/MG – Brasil, em 1973. Historiadora, funcionária pública, arte-educadora, atriz. Escreve poesia, infanto-juvenil, crônica, conto e dramaturgia. Venceu o Prêmio Nacional de Literatura do Paraná 2013, Helena Kolody, com o livro de poesia Fábulas para adulto perder o sono. Publicou além deste, O nome do mundo (Armazém da Cultura, 2014) e Só, com peixes (Confraria do Vento, 2015).

Sérgio Fantini, poeta, contista e romancista brasileiro, voz de uma literatura de resistência e de independência das regras de mercado. Publicou em revistas e em antologias como Contos Cruéis, Cenas da Favela, Rock Book, 29 de abril – o verso da violência e 90-00 – cuentos brasileños conteporáneos e Lula livre Lula livro, entre outras. Publicou os livros Lambe-lambeDiz XisCada Um Cada Um, Materiaes, Coleta Seletiva, A ponto de explodir, Camping PopSilas, A Baleia Conceição, Novella e O município de Tormenta.