Putas Assassinas, de Roberto Bolaño

Putas Assassinas é uma coletânea de contos publicada em 2001. É obra menor do grande Roberto Bolaño. Achei os contos muito desiguais. Uns são dignos de antologia, outros nem tanto. O Olho Silva, Últimos entardeceres na terra, Dias de 1978, Vagabundo na França e na Bélgica, Prefiguração de Lalo Cura, O retorno, Buba e talvez Dentista são excelentes. Já o restante… São cinco contos meio sem graça e oito bons. Bem, mas então o saldo não é mau! É que como os bons estão localizados no início, a impressão final é de insatisfação.

O melhor conto do livro é o de abertura: O Olho Silva. Li-o em voz alta para minha mulher e filho e a impressão causada foi devastadora. O conto que dá título ao livro é bastante ruim; Dias de 1978 é inesquecível e possui em seu cerne uma arrepiante e inusitada descrição do filme Andrei Rublev, de Andrei Tarkóvski (o nome do filme nunca é dito pelo personagem que o descreve); Últimos entardeceres na terra é fortemente autobiográfico, assim como Vagabundo na França e na Bélgica. Buba é futebolístico e ótimo.

Acho que vale a pena ler se você já tiver lido o merecidamente cultuado Os detetives selvagens e a impecável novela Noturno do Chile.

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  1. Miltones, nunca li Bolaños. Aliás, andei lendo “para ler como um escritor” e me espantei com a enormidade de autores dos quais nunca nem ouvi falar. Tudo bem que a maioria é norte-americana e daí a gente nem conhece tanto assim, nos cheira a literatura menor sempre, mas ainda assim a inguinorança me enche de verguenza. Deu saudade de te visitar todo dia, a correria tá tão grande que isso virou luxo.

  2. Milton,

    acho que esse seu post um pouco duro com Bolanõ…:) Você mesmo percebeu que começa dizendo que 8 dos 15 contos são “excelentes”! Na frase seguinte diz que os 8 são bons. E termina não recomendando a leitura (a não ser pra quem já conhece os outros livros)…Decida-se!

    Ah! Sou leitor recente (e já fiel) do seu blog. Conheci Bolaño por aqui e pelo Idelber. Comecei pelo Putas Assassinas, fui ao Noturno do Chile, depois ao Pista de Gelo e agora estou na 2ª parte do Detetives Selvagens. Fica claro que estou gostando, né!?

    Quanto a este livro especificamente concordo contigo. É por aí mesmo. Acho que a leitura dos contos “ruins” (a maioria no fim do livro, não o tenho em mãos para detalhar melhor) foi dificultada, no meu caso, pelo excesso de referências a autores que desconheço completamente ou conheço só de nome e por umas experimentações (o termo não é o mais adequado) meio confusas. Como eles não tem uma linha narrativa tradicional (alguns mal são narrrativas) soaram meio enfadonhos.

    Enfim, creio que o importante é dizer que o saldo é muito positivo. O livro num todo é bem instigante. Tanto é que depois dele fui atrás e não parei de ler Bolaño. Pra mim este livro deve ser lido tanto quanto os outros. É isso!

    Grande Abraço.

  3. Milton, estive na Argentina dia desses, e pude comprar dois livros do Bolaño ainda não traduzidos(fiquei fá do cara desde detetives selvagens, merece mesmo muitas resenhas suas). Um é o 2666 que ainda estou lendo, tremendo cartapácio, mas de chorar de tão bom. Começa com quatro linguistas especializados num obscuro escritor alemão, que se envolvem num quadrângulo amoroso. Logo parte patra oustras paragens e personagens. O outro livro, do qu8al me lembrei ao ver sua crítica aos Putas Tristes (que não li ainda) é “O gaucho insufrible”, cujo conto principal, que dá nome ao livro, é um clásico desconhecido digno da lista aí do post acima. Recomendo.

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