Minha loucura de volta

Antes, gostava de dias de chuva. Na verdade, a chuva nunca me incomodou muito e não costumo mudar de planos em função dela. Ademais, gosto do barulho dos pneus dos carros na chuva e do reflexo do céu e das luzes no asfalto. Meu gosto pelos dias plúmbeos diminuiu quando as crianças eram pequenas. Como ir aos parques ou passear com eles na chuva? Passei anos torcendo contra a chuva, acompanhando a previsão do tempo, o diabo.

Agora, tardiamente, depois que o Bernardo já chegou aos 20 anos e a Bárbara aos 16, meu gosto pelos dias chuvosos retorna. Ontem, estava bobamente eufórico. Acho que a promessa de frio que vem com a chuva também a faz simpática a mim. Por isso, gosto dos dias secos e frios do inverno e de chuva no verão. O dia de ontem, de calma chuva ininterrupta, estava ótimo. Agora já há uma nesga de sol. Espero que não esquente muito.

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  1. Chuva

    O coração bombeia chuva, vento, até neve.
    O clima subtropical não viaja de avião, mas
    o imaginário cria o tempo em segundos e temperatura
    conforme bem forjaram as leituras e os olhares
    atentos & desatentos, que da juventude solidificou
    hábitos como nuvens, pedras de gelo derretidas
    pelas emoções sob risco e cuidado de medidas
    certas & incertas. Como saber o que somos e do que gostamos
    quando a memória nos prega peças nesse passeio
    pelas praças que são como as de Londres ou Paris?;
    como saber do tempo do coração quando se vai
    do trópico à Estação Finlândia ao cruzarmos a rua
    e todos os lados tem sinais e desvios para qualquer lugar
    do vasto porém finito & variado mundo?
    – “Pai, estou coberto de chuva”, o menino diz
    mesmo quando não está mais aqui. Nada
    nos pertence, nada é inteiramente nosso, nada
    rouba de nós a pretensão daquilo que supostamente
    somos; ninguém dirá, porém, ao homem, que, nesta
    manhã, a chuva e o frio o ignoram. O trópico
    guarda o universo e o norte em um segundo:
    o próximo passo ainda é dele.

  2. Se vc é louco, eu também sou. Talvez, um pouco mais. Definitivamente eu gosto dos dias cinzentos (seja com frio ou calor). Gosto de dias pouco luminosos, tipo: já vai chover. Gosto de céus armados para tempestade, de nuvens cor de chumbo esverdeado. Quando adolescente, aguardava para sair à pé em dias assim, pois gostava do banho de chuva. Certa vez, em meio a um passeio com o namorado, chuva desceu após longos dias quentes. Não tive dúvidas, pedi para parar o carro e saí para me melhor no meio da rua. Felizmente ele me acompanhou e não achou ser loucura demais para me largar (o que ainda não fez).
    Acho que terei de ensinar o Miguel a gostar disso e ampliar o meu estoque de vitamina C para ele, rsrs.

  3. Não compartilho da sua loucura. Por um motivo ou outro, sempre fiz longos trajetos a pé. Porque não existia linha de ônibus e eu andava 1km até o colégio, ou porque o tempo de espera pra ir pros lugares era o mesmo se eu fosse andando e me sentia mais potente percorrendo a distância do que esperando. Chuva pra mim significa pés molhados, guarda-chuva, ônibus ainda mais cheios. No meu mundo ideal, só choveria de madrugada.

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