Hoje é o Dia Internacional das Prostitutas

Hoje deveremos ter festa especial no Carmen`s Club (Tia Carmen, Carmen, Carmens). Afinal é o Dia Internacional das Prostitutas. Não posso comemorar, a verdade é que minha comemoração seria hipócrita. O motivo é simples: nunca entrei num puteiro, nunca mantive relações com prostitutas. Não, nada, nunca.

Isto ocorreu em primeiro lugar por eu ser uma natureza fiel. Só faço das minhas se a coisa vai muito mal em casa. Apenas minha ex-mulher Suélen (ou Pâmela, nunca lembro) e duas ex-namoradas tiveram razões para me acusarem de traição, coisa que nunca fizeram talvez por bondade (hã?). Na verdade, além de ser uma natureza fiel, gosto da rotina e, se esta for aventuresca, não é rotina. Para piorar, nunca fiquei muito tempo desimpedido, sou um grudento de verdade. Desde jovem, quando fico sozinho já parto pra outra e fico um bom tempo.

Minha primeira experiência sexual foi com uma amiga aos 18 anos. Os dois virgens, aprendendo juntos, que fófis. Comecei tarde. Passei anos e anos me preparando intensivamente para o grande momento, fazendo justiça pelas próprias mãos. Em minha primeira vez, creio não ter feito fiasco; ao menos deixei meus homúnculos (consultar Laurence Sterne) onde eles devem ficar após a relação. A propósito, um de meus melhores amigos, leitor deste blog, teve uma primeira vez mais mais conturbada. Ejaculou sozinho quando a mulher (uma prostituta) tirou a roupa na sua frente. Acho que este fato originou a célebre expressão da precocidade “Vai ser bom, não foi?”.

Então, minha educação sentimental nunca prescindiu da cantada, do convencimento. Nem imagino o que é chegar assim direto a uma desconhecida. Sempre soube seus nomes e quase sempre seus endereços. Conhecia seus gostos, o que faziam, o modo de vestir, o cinema que viam, os livros que liam e a música que ouviam. Nunca recebi favores sexuais sem interesses sentimentais, por puro prazer. Acho que vou morrer sem isso. Foda-se.

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  1. Seu Milton, nem com esse cartaz de Catherine Deneuve tu te emendas?

    Quem resistiria?
    Interessa saber os livros dela?

    [paro por aqui, pois teu assunto empurra o irônico prá vala xula, sem demora!]

  2. Se diz que ser dono de um puteiro é a melhor coisa do mundo; mesmo que se vá à falência não há problema: você pode comer o estoque.

    No mais, todo poder às putas, sem intermediação de seus filhos.

      1. REINO DAS FALCATRUAS
        by Ramiro Conceição

        “Falcatrua (falcatrua-brasiliensis): ave de rapina, abundante no Brasil. De acordo com o Ibama, as falcatruas vivem atualmente um processo de explosão populacional, pois não possuem um predador natural. Em bando, as falcatruas são hábeis na arte de matar. Por outro lado, quando sozinhas, parecem inocentes passarinhos.”

        No reino das falcatruas,
        se confundem homenagem
        com subserviência e
        mediocridade com ciência.

        No reino das falcatruas, a literatura
        foi sequestrada pelo bando da auto-ajuda
        e a música pela breguisse dos grunhidos,
        o público se tornou privado

        e o privado – uma privada pública.
        Sem remorso assassinaram a lucidez,
        quintuplicando – o número de javalis.

        No reino das falcatruas,
        impera o inglês; porém
        xingar só em português!

  3. Eu também, Milton:
    nunca entrei num puteiro,
    nunca mantive relações com prostitutas.
    Não, nada, nunca. E nada tenho contra elas,
    mas contra eles…

    ENGENHO
    by Ramiro Conceição

    Faço poesia ao sublime.
    Eles, ao papel higiênico.
    Sim, cada um põe no papel
    o produto do seu engenho.

      1. A BARATA
        by Ramiro Conceição

        Disse-me certa vez uma barata
        que, com estimação, eu criara:

        “ Se eu não tiro pedaços de ninguém,
        então há sanidade na mediocridade.”

        Contudo a desgraçada sempre devorava
        o mais caro a alguém; e defecava sempre,
        às escondidas, sobre a mesa de outrem.

        Moral da história:

        ao lidar com capachos,
        cuidado com escarros!

  4. Milton, no ano passado, com sabes trabalhei dois meses nos EUA. Um dos nossos colegas (o mais jovem, digamos, mais impaciente) teve a curiosidade de saber como era num país onde isto é proibido.
    Elas têm posts na Internet e oferecem-se para bater um papo, jantar e discutir a vida. Aí tem um contrato (sim contrato), onde as pessoas afirmam que o objetivo é apenas convera e parará , se houver sexo, ele foi consensual e não previsto, estando fora do contrato.
    Imaginei o cara na rodoviária andando com advogado

  5. Eu trabalho muito. Levanto muito cedo. Todas as quartas pego ônibus na Farrapos para Guaíba. Na quinta, volto de Novo Hamburgo em torno das 23:30 pela Farrapos. Quem fala assim – putas – com um sorrisinho de prazer no canto dos lábios, talvez não veja as meninas escondidas atrás da maquiagem. Nem o caminhar ansioso nas calçadas. Quando vejos as “companheiras”, como digo, trabalhando tanto quanto eu, fico pensando que o mundo é muito injusto. Apesar do cansaço, eu estou indo para casa, alimentar meus filhos, mais cedo ou mais tarde. Elas, mais tarde, e sabe-se lá para que casa, sabe-se lá em que condições, os filhos. Ups. Cortei o barato com uma conversa séria? Bem, talvez porque eu sou mulher e como dizia o poeta Apparício Silva Rillo: “Santas ou pecadoras, ao pé do berço, todas as mães são iguais”.

  6. Querem ver um paradoxo: Não havia lugar mais sexualmente conservador que a zona. Qualquer um que se atrevesse a pedir, ou sugerir, algo diferente daquilo que é definido em juridiquês como “conjunção carnal” era considerado persona non grata. Em casos extremos, banido definitivamente, sem prejuízo de uma surra de facão para ensinar bons modos ao indigitado.

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