24 Letras por Segundo — Aguardo vocês amanhã (4), no GNC Moinhos

Tive o privilégio de ter sido convidado para integrar o time deste curioso livro. A ideia é simples. Cada um de nós deveria criar um conto dentro do estilo de um diretor de cinema que fosse de nossa preferência. De cara eu escolhi Bergman, mas me pediram para me limitar aos vivos. Optei primeiro por Kusturica, porém rapidamente enviei outro e-mail perguntando se alguém já havia reservado Polanski. Tinha certeza que não o “ganharia”, mas o polaquinho tarado caiu no meu colo.

A história nasceu de um comentário-conto do Marcos Nunes, feito aqui no blog. Usei duas ou três fases dele, as iniciais; depois a coisa torna-se incontrolavelmente outra. Tive preocupação em citar vários filmes de Roman Polanski e isso foi o que me deu mais trabalho, juntar tudo sem quebras, deixando algum estranhamento pelo caminho. O ambiente era para ser o de O Inquilino (1976), filme que vi nos anos 70 e nunca mais… É o meu preferido dentre a filmografia do diretor. Trouxe alguma coisa da notória vida pessoal do cineasta — como não? — mas lembro de ter citado de passagem O Inquilino, O Bebê de Rosemary, Lua de fel, Chinatown, Frantic e Repulsa ao Sexo, além de passar por Sharon Tate e Charles Manson. Relendo hoje o texto, acho que poderia ter enviado ao Rodrigo Rosp a versão ampliada, mas lembro que me deixei seduzir pela alta velocidade da versão mais curta. Enfim.


Abaixo copio o post e as imagens do Samir Machado de Machado (<— VALE MUITO UMA VISITA E ESTE BLOG GENIAL)  a respeito do livro, que ficou muito bonito. Clique nas imagens para ampliá-las.

24 Letras por Segundo
Autores
: vários
Design da capa
: Samir Machado de Machado
Projeto gráfico interno
: Guilherme Smee
Editora
: Não Editora

O novo livro da Não Editora, a ser lançado na primeira semana de agosto, é uma coletânea de dezessete autores (este que aqui escreve incluso) em que cada conto é escrito ao estilo de um cineasta da preferência do autor.

A maior dificuldade encontrada na elaboração do projeto foi encontrar um ponto do qual se pudesse criar algo original a partir de um tema não só batido, como cheio de referências óbvias – pipoca, poltronas de cinema, rolos de filme, claquetes, todos os objetos pertencentes ao imaginário do cinema já foram suficientemente explorados em inúmeras propostas.

A solução encontrada veio quase por acaso: ocorre que, para toda uma geração, a experiência cinéfila se deu menos pela sala de cinema e mais pelo videocassete, para o qual há uma gama de referências pouco exploradas, do universo de uma locadora de VHS – as etiquetas de categoria, os rasgos na capa, os logos de som MONO e advertências de direito autoral, que nos levaram no sentido de fazer uma capa como se fosse uma caixa de VHS.

A idéia acabou explorada também no projeto gráfico do miolo, criado pelo Guilherme Smee: chuviscos, quadros de ajuste de imagem, pedidos para rebobinar a fita, páginas de abertura para cada conto simulando a tela de abertura de um filme ao estilo do diretor trabalho em questão, além de “fichas” reunindo informações do autor e do diretor homenageado que remetem às antigas fichas de video que algumas locadoras colavam no verso das caixinhas.

17 comments / Add your comment below

  1. Qual comentário-conto? E como ficou a transcriação?*

    Para não dizer que só você rouba ideias alheias, também escrevi, tão logo tomei ciência do livro aí, um conto baseado em um cineasta, no caso um morto, o japonês Ozu. Se quiser, mando o textinho pra ti, esclarecendo desde já que não é respeitoso a Ozu, mas inspirado em embora devidamente traidor.

    * um detalhe: muitos dos meus comentários-contos foram “publicados” numa reunião que fiz dos meus contos num volume disponível para leitura em tela ou compra em e-book ou volume fisico pós-impresso a pedido, em http://www.bookess.com/read/9181-um-paralelista-no-labirinto-contos/. Isso não gerará qualquer aporrinhação no que se refere a direitos autorais, mas teria sido melhor se a reutilização estivesse creditada, não por mesquinharia pessoal, mas somente por questão técnica.

    1. Bom, teu nome está na introdução ao conto. Vais poder ler. Qual é? Teria que procurar. Posso te mandar o conto por e-mail quando estiver em casa. Não está aqui no computador do trabalho.

      Abraço.

      1. Nome na introdução do conto? Não precisava. Basta um asterisco ou um número que conduzisse a uma nota de pé de página, mas talvez assim fosse muito. Se eu fosse um personagem talvez fosse melhor (o que talvez seja o caso, não sei). Mas eu realmente gostaria de ver; quando puder, mande ao meno a primrira página para [email protected], e desencana. Um Zé das Couves como eu não dá a mínima para isso, só ficaria estranho alguém me contar, daqui a algum tempo, que eu, sacana, plagiei o conto do Milton Ribeiro…

    2. Marcos, posso ler o seu conto sobre o Ozu? Estou curioso com isso de “inspirado, mas devidamente traidor” ao Ozu, haha.

      O Ozu é um dos meus diretores prediletos. Uma das coisas que mais me impressiona é que apesar de suas histórias serem melancólicas, elas são, ao seu jeito, também uma espécie de elogio à vida, em toda sua quietude e lentidão. Me veio à cabeça agora o comentário do Liszt sobre o segundo movimento da Moonlight Sonata, “uma flor entre dois abismos”. Os filmes do Ozu me dão uma impressão parecida.

      Se não precisar depositar nada na sua conta, o e-mail é esse:

      [email protected]

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