Onde estão os ateus nas Marchas pelo Estado Laico?

A luta pelo estado laico é algo que me afeta como cidadão ateu. A união entre igreja e estado já me prejudicou bastante pessoalmente. A opiniões de um ateu não podem ser assim expostas em qualquer local, mesmo público. Poderia fazer o recorte disso em outra oportunidade. Afinal, falar em Freud fora de hora ou para um juiz de direito é algo verdadeiramente cômico, mas atrapalha a vida da gente. (Sim, tenho que contar ao menos o final do caso, quando, após ter sido expulso de uma instituição, o juiz me disse “acho que tu tinhas razão na tua atitude, mas precisamos proteger esses caras que nos ajudam”… O juiz disse isso à meia voz, referindo-se a uma instituição religiosa, enquanto era providenciada a impressão da folha que me expulsava).

Bem, as Marchas pelo Estado Laico estão programadas e seus apoiadores dão a pinta de que serão uma reedição menos alegre das Marchas de Orgulho Gay. É claro que sei o quanto a união entre estado e religião prejudica os gays, mas, puxa, estamos nessa, não? Temos que dar apoio aos caras que tomaram a  iniciativa e que, hoje, são a ponta de lança moral deste país.

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  1. Acho que o que prejudica a luta dos ateus é que na verdade o ateísmo é uma negação, uma não-crença. Por causa disso, vocês não se vêem como irmãos, ou uma congregação, ou pessoas com ideais em comum. Não possuem um pretexto para se encontrar, não se identificam através de adesivos nos carros e jóias, não possuem sedes, etc. Principalmente, não há uma crença coercitiva de que devem se encontrar sob uma determinada autoridade. É muito difícil se organizar assim. Ateus não se encontram toda semana para manter viva a sua negação. Nem ao menos possuem bares ateus, com música atéia pra dançar a noite inteira.

      1. Eu acho que o que não dá liga é os ateus direcionarem um ataque sistemático a, ninguém menos, que o próprio deus. Os ateus teceram em negativo um inimigo personificado a quem dirigem suas brincadeiras “hereges” da mãe de Cristo com opulentos seios para fora, um Jesus mulherengo, e outras piadinhas de praxe, que acabam por atestar contra eles mesmos, pois soa sempre com um peso equivalente de adoração muito semelhante à imagem que os crentes tem de deus.

        Esse é um dos dois fatores enfraquecedores dos movimentos ateus (a fixação a dizer diretamente a deus de que ele não existe!), e o segundo fator é o uso religioso da ciência como arma antagônica e legitimidadora de uma coerência racional sofisticada. Tipo: não acreditamos em deus porque temos a teoria das cordas, os buracos de minhoca, Carl Sagan, Dawkins, o iphone e a espera pelas novas revoluções virtuais de Steve Jobs.

        Não é uma base de argumentação válida, nunca foi e nunca será. Esses exercícios de vaidade auto-referente são muito mais constrangedores aos olhos de quem eles pensam combater (as derivações evangélicas, os católicos, os que não querem saber de nenhuma coisa nem outra e que não precisam opinar, mas que rezam à noite) do que lhe são ridículos as procissões e as sessões de descarrego.

        Os ateus congregados, para falar francamente, são mais chatos do que os xiitas ecológicos. A Caminhante está absolutamente certa: o que vocês defendem? Qual a substancia última do discurso de vocês? O que deveriam fazer é parar com essas indignações de barzinho de final de tarde e fundamentar melhor contra o que, no mundo material, vocês estão combatendo. A mistura de religião com política? Então façam passeatas, estudem a constituição, e reivindiquem os direitos de uma cidadania laica sem colocar o cristo como inimigo, ou o papa, ou a virgem maria do pau oco; vão direto em quem está mais próximo, na presidente, nos deputados, em quem pode mudar alguma coisa. Se vocês continuarem a invocar cristo para cobrar dele uma solução, vão acabar montando o que na história toda se revelou como recurso lógico à tal insistência: uma igreja.

        1. A Igreja é uma inimiga e é uma instituição que tem por suposta base um deus inexistente. Combater a Igreja é impossível sem afirmar a falsidade de seus pressupostos, logo a inexistência desse deus aí. Quando um cientista tem que fazer seu trabalho e esbarra numa interdição religiosa, é obrigado aa denunciar o fato, a não independência do estado e os falsos pressupostos das instituições que se estruturam sobre e existência de uma miragem.

          Por isso, são legítimas as passeatas para afirmar, sim, a negação da existência dessa figurinha imaginária. E é preciso dizer, sim, àqueles que nos enchem o saco louvando a figura imaginária, que, ô, meu compadre, isso aí não existe. E mil casos cotidianos onde essa coisa ridículo se interpõe à razão.

        1. Mas podemos ouvir a God do John Lennon, há!

          “Gooooood is a concept by which we measure our pain, pain, pan pan…”

          Sobre o assunto, eu só gostaria que os religiosos fossem mais inteligentes. Eles atacam justamente o que os garante sua religião e seus direitos de acreditar no que for – a laicidade do Estado.

          Eu tenho no meu caderninho de citações uma que eu gostaria que os nossos religiosos seguissem:

          “A verdade sobre este assunto pode ser expressa da seguinte maneira. Deus não é conhecido, nem tampouco entendido: é utilizado – umas vezes como fornecedor de comida, outras vezes como apoio moral, outras como amigo, outras ainda como objeto de amor. A única coisa que a consciência religiosa exige é que ele se mostre útil. Existirá Deus na realidade? Como é que ele existe? O que é ele? – tudo isso são problemas destituídos de qualquer importância. A verdadeira finalidade da religião, em última análise, não é Deus, é a vida, mais vida, uma vida mais ampla, mais rica, mais satisfatória. O amor à vida, em todos os níveis de desenvolvimento – é nisto que consiste o impulso religioso.”

        2. Charlles, não me parece que seja uma evocação religiosa esse “god, god, god” aí na letra. Não vale como negação do ateísmo do Rock. 🙂

  2. Caminhante,
    não acho o ateísmo uma não cre4nç, não ao menos na forma que tem sido exposta.
    Uma não crença, para mim, é o agnosticimo (meu caso).
    Gostaria de entender melhor o conceito de estado laico pensado para a marcha antes de apoia-la. Minha preocupação é que ocorra uma transformação para um estado ateu ao invés de laico.

    1. Posso responder? Control C; Ctrl V daqui: http://revendoareligiao.wordpress.com/

      O termo “ateu” é formado pelo prefixo grego a-, significando “ausência” e o radical “teu”, derivado do grego theós, significando “deus”. O significado literal do termo é, então: “sem deus”. O ateísmo é, portanto, a convicção de que Deus não existe.

      “Agnosticismo” derivou-se da palavra grega “agnostos”, que significa “não saber”. Um agnóstico é uma pessoa que afirma que ninguém pode saber se há um Deus ou mundo espiritual. Thomas Henry Huxley, um naturalista britânico que também era agnóstico, empregou pela primeira vez esse termo em 1869.

        1. Caminhante,
          há variantes do agnósticismo, pois por sermos céticos, não temos dogmas. A diferença é que estas variantes não são importantes.
          Esta tua posiçaõ é chamada de agnosticimo apático, isto é, citando fernando Pessoa (acho que em Álvaro de Campos): “A metafísica é consequencia de estar mal disposto” Sou muito simpático a ela. Pope diria que a hipótese de Deus é desnecessária, daí não importa se ele existe ou não.
          Há agnósticos teístas. Admitem que não sabem e jamais saberão, mas tem um certa tendência a acreditar: Eisten. Há o contrário: Freud se dizia agnóstico, mas no fundo no fundo acho que era ateu.
          O Milton citou TH Huxley, mas este pensamento vem de uma linhagem cética, Kant expôs os limites da razão (outro agnóstico crente) e Hume os limites da experiência, mas remonta a Saxus Gramaticus.
          Branco
          Curiosidades: A constituição americana foi feita por uma maioria de teístas, os agnósticos e ateus da época. A maçonaria foi composta em sua grande parte não-crentes.

  3. “Bem, as Marchas pelo Estado Laico estão programadas…”
    Onde? Quando? Como?
    Eu com certeza participaria de uma marcha dessas.
    É algo de importância absoluta e imprescindível num momento em que inúmeros projetos que ferem a laicidade do estado estão em tramitação.
    Basta dar uma pequena vasculhada no site da Câmara pra ficar indignado!

  4. Mas aí, Marcos, sempre você será confrontado com a pergunta dos que creem: com base em quê vc diz que “esse sujeitinho não existe”? Há tantos argumentos insuficientes de que ele existe quanto há argumentos insuficientes de que ele não existe. Aí vc aparece aí em baixo com outro comentário dizendo que tudo não passa de uma grande desgraça, negror e alucinação paranóica, que nossa espécie é um lixo e nada vale nada; aí eu, num ímpeto de contradição apenas pela contradição, invoco mais um quadradinho de comentário para dizer que não é assim não, Marquinho do coração, criança crescida órfã de algum trauma de quartos escuros ou sacristias suspeitas, de que o universo se expande às custas de quê, de que a criança que caiu do oitavo andar foi protegida às custas de quem, de que patati patatá vc está aí, gordo e saudável e essa pessoa admirável cheio de reacionarimo másculo e alvissareiro graças a quem, e sinais interrogativos para cada frase forjada nessa complixadade leviana de dizer nada com nada, porque vc também não diz nada com nada, etc…

    Issa vai para algum lugar? Vai fazer com que eu deixe de acreditar, ou eu fazer com que vc passe a acreditar?

    Desde quando uma passeata vai conter milhões de convictos sobre os quais se trabalharam séculos de peleja para que fosse assim e assado?

    Agora, o ateu exxxperto, o ateu malandro que leva a coisa na maçioca para que a fatia de mundo trabalhável conspire a seu favor, nega a participar desses bate bocas com a arraia miúda das maiorias inconspurcáveis e soberanas (passando até a mão nas suas cabeças e alegando um veemente respeito a seus direitos intrínsecos, escondendo elegantemente o asco), indo atrás da única coisa que pode lhe dar alento: as legislações civis as quais, sobretudo, é a causa primal de suas defesas.

    Copiright Charlles Campos
    quaisquer partes reproduzidas desse discurso devem constar fonte e nome do autor, sob pena prevista na lei dos direitos autorais

    1. Depois do blá-blá-blá supostamente inteligente e sarcástico, tem aquilo lá embaixo: ir atrás das legislações. Aí mais uma interdição dos babaquaras que creem em visões fantasmagóricas, que compõe, senão maiorias, pelo menos minorias capazes de interditar leis que incidam no poder das igrejas e, logo, para eles, do tal deusinho. Isso não passa de uma briga pelo poder: uns se munem de religiões para tomar os Estados e impor totalitarismos, outros não, embora muitas vezes para também impor totalitarismos.

      E deixa de ser babaca: a única manifestação de qualquer deus no universo começa na imaginação humana; antes, era porque não sabíamos o porque do céu, do mar, do relâmpago, etc., hoje porque, e só porque, os deuses são álibis dos humanos que construíram instituições e brigam por poder nesse planetinha de bosta.

      Enquanto não aparecer um merda de deus em meio a uma multidão de milhões de pessoas e provar que ele existe, ele não existe. Não é necessário provar sua inexistãncia. Ela é dada. A sua existência é que é imaginária, porque inventada por primatas.

      Daqui a 10.000 anos, por exemplo, algum desavisado pode ler Doutor Fausto e passar a acreditar na existência de Mefistófeles; em seu delírio, pode até vê-lo, e dificilmente alguém poderá por na cabeça dele que Mefistófeles é só um mito usado literariamente para debater teses físicas e metafísicas sobre a existência das coisas, dos sentimentos, do bem e do mal, etc. Qualquer deus é só isso: uma invenção literária que se transformou em mito pelo excesso de uso.

        1. Marcos, me diga se alguma vez nessa sua longa vida_ ou melhor, estendo a pergunta: alguém aqui desse blog, inclusive o Milton Ribeiro_ já viu alguém nesses debatezinhos profundos entre ateus e não ateus conseguir convencer a parte contrária? Adianta alguma coisa propagandas como essa aí em cima no blog sobre amigos invisíveis e pessoas estúpidas? No começo poderia ser ofensivo, mas agora é apenas uma forma ameníssima de truculência caseira. Algum ateu saiu andando de joelhos flagelando as costas, ou algum crente rasgou a Bíblia depois de participar dessas refregas? Alguém aí conhece algum legítimo convertido?

          Eu estou longe de ser agnóstico, ou ateu ou sei lá o quê. Diferencio minha vida cerebral com minha vida cotidiana; e a leitura, das minhas experiências prosaicas. Lembro que disseram que o tal Deus um Delírio era uma armadilha fatal para os crédulos. Não existe isso. É tão ineficaz como ler Darwin para um macaco esperando que ao prazo de alguns meses de aceitação infalível ele se transforme num ser humano. É igual dizer que existe ex-viado; não existe! Aí vai ficar sempre nesse lenga-lenga.

          O Zizek faz uma descoberta interessante em algum lugar do Em DEfesa das Causas Perdidas. Ele diz que os verdadeiros fundamentalistas não estão nem aí para quem se opõe às suas crenças. Nenhuma piadinha pós-existencialista erótica vai sequer tocar na estrutura de suas intimidades com a virgem; não vai ser caricaturas dinamarquesas de péssimo gosto que vão deixá-los ofendidos pela sacralidade do profeta. Os que se importam com isso são os que no fundo nem podem dizer que acreditam, os que se armam para os dois lados da cruzada pela baderna, pelo partidarismo político, pela casta, ou qualquer outro motivo. Os legítimos crentes e os legítimos ateus não perdem tempo com essas abobrinhas.

  5. O mais paradoxal na questão das crenças e não crenças é dialética entre suposições. Hipóteses não se combatem entre si, visto que são construções idealizadas, restritas ao campo do imaginário e existencial, no máximo as crenças dialogam e trocam idéias a respeito de suas diferenças e, porque não, até de possíveis convergências.
    A religiosidade é muito ampla. Observa-se, no entanto, sistematicamente, os ateus, ao invés de apresentarem o seu pensamento, simplesmente apresentarem críticas às possíveis incoerências e absurdos “científicos” dos textos religiosos. Isto, eu diria, é problema de quem crê, se tais textos são fantasiosos ou inconsistentes.
    O pensamento ateu, neste sentido, inclusive estaria livre e desvinculado de ter que se debruçar sobre toda esta extensa e complexa malha que constitui o conhecimento religioso. No entanto, ao invés de gozar este privilégio os ateus se voltam para estes textos, e ficam se nutrindo deles como uma espécie de passatempo, de jogo de paciência, identificando fragilidades, inverdades, falta de lógica, etc.
    Onde fica a autonomia, a liberdade e a consistência existencial que esta postura deveria satisfazer. Se não-crer satisfaz plenamente, então esqueça-se, ignore-se tudo que diga respeito a especulações sobre crenças. Claro que, tudo isto dentro de uma postura de laicidade, e de respeito ao direito de expressão daqueles quem crêem, pois laicidade implica também em aceitar a diverdidade e liberdade religiosa.
    Vejo as críticas dos ateus serem, em geral, dirigidas ao cristianismo, embora não seja esta a única manifestação religiosa em nosso país. Porque não questionar a crença em deus ou divindades também no candomblé, no espiritismo, na umbanda, na religiosidade dos índios, no budismo, no islamismo, e em tudo que seja passível de crítica em prol da pretensa racionalidade e da construção dos valores.
    Talvez um dia a religiosidade deixe de ser esta espécie de necessidade existencial humana, e a evolução do pensamento humano e a crítica permanente levem à extinção das religiões. Se não, ao contrário, talvez a suas transformações.
    Finalmente, vês-se tanta irracionalidade e desrespeito à liberdade de expressão em tantas manifestações de ateus, que custa-se a crer que esta postura defenda a liberdade, a laicidade ampla, a lógica, o pensamento científico e os valores.

    1. Constantino,
      Muito bem posto. Fecho maisiou menos com o Charlles também.
      Isto me lembra Camus em “O Homem Revoltado”, que, assim, como Kierkegaard faz com a religião, divide a revolta em estágios (revolta existencial). A primeira é a blasfema. E cá entre nós, se blasfemas não atingiste o ateísmo ainda, pos não se briga com quem não existe.
      Neste mundo há tantos doidos varridos com tantas certezas, eu que não tenho nenhuma serei mais ou menos sábio?
      Ricardo
      PS. Viva, não tive nenhuma idéia para plagiar quando o Milton escreveu auqle texto, agora consegui!

      1. Pois é Ricardo,
        Vale aquela frase de Nietzsche “As convicções são cárceres. Maiores inimigas da verdade que as próprias mentiras”.

      2. Ricardo
        Fiz o comentário acima porque acredito que um movimento que pretenda institucinalizar-sa, terá que apresentar posições próprias, embasadas filosóficamente, a respeito de muitos temas que afetam a sociedade, e não apenas fazer uma simples contraposição a idéia de Deus.
        Explicar a sociedade porque combater a idéia de Deus é um fator desicivo para o avanço civilisatório, e expor todas as consequencias nefastas da presença das religiões, sobretudo na atualidade, nos aspectos políticos, sociais, econômicos e psicológicos.
        Ou, colocar-se de dentro da democrácia, apenas como mais uma alternativa.
        Por exemplo, as pessoas vão querer conhecer as posições do ateísmo a respeito da defesa da vida, do aborto, do casamento gay e adoção de filhos, dos índios, da ecologia, e todos os temas que envolvem a sociedade.
        Para isto a ATEA terá que apresentar um conjunto de princípios próprios à sociedade. O fortalecimento do estado laico parece ser o primeiro tema relevante a ser apresentado.
        Ou, em outro sentido, saber se a ATEA pretenda apenas apresentar suas reivindicações como minoria que necessita ser conhecida e respeitada em suas convicções.
        Foi em função deste tipo de expectativas que escrevi o texto acima.

      3. Fiz o comentário acima em função dos desdobramentos e conseqüências que toda idéia deve ter, para se institucionalizar, e não de se resumir apenas a uma frase – “Deus não existe porque não é passível de demonstração”, e em cima disto construir-se o que?
        Digo isto porque na esteira do conceito do “amigo imaginário”, se construíram gigantescas instituições, influindo na sociedade politicamente, discutindo e orientando comportamentos e valores, atuando nas áreas assistênciais e de saúde, na educação em todos os níveis, e enraizando-se nas comunidades através dos cultos e do contato permanente com o povo.
        Porque um simples conceito intuitivo, irracional, indemonstrável, possa ser tão poderoso, ou tão irritantemente poderoso ao olhar de uma mente racional, a ponto de desdobrar-se deste modo e em todas as culturas e civilizações?
        O problema não é explicar-se se Deus existe ou não, mas de como, através da crença e no simbolismo de sua existência, se constroem gigantescas instituições e atividades de grande inserção e interação social.
        Parece loucura, absurdo. O humano não é a pura razão?… o inconsciente é muito maior que o racional?…

  6. Estrito senso, defino-me como agnóstico no sentido exposto pelo Milton, isto é, que por ser tema inapreensível do ponto de vista da razão não faz o menor sentido tentar discorrer sobre ele.

    Na prática cotidiana, não há diferença entre mim e alguém que se diga ateu. Entretanto, há momentos em que a minha indiferença frente à noção de qualquer deus me parece consideravelmente maior do que a de vários ateus que conheço 😛

  7. Eu, como ateu praticante, vou ficar quietinho, no meu canto, olhando a tela digital vendo as redes sociais serem potencializadas pelas mesmíces das minorias participativas. Inegavelmente, vivemos tempos interessantes — e medíocres.

  8. Boa essa da marcha e deve-se preservar o direito do pessoal manifestar suas convicções. Pluralidade e estado laico. Apesar de católico, penso que estado e religião devem ser bem separados.

    Agora, como foi dito acima, essas imagens e provocações, soam um tanto infantis.

    Fiquei contente com as menções de Maomé e Abraão como lunáticos, ao lado de JC. Está se diversificando. Falta só a coragenzinha de colocar uma imagem depreciativa destes e assinar embaixo, é claro.

  9. Como diz a sabedoria popular, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. O Charlles discute o ateísmo como crença e o Marcos como atitude em prol de um estado laico. Alias, os próprios ateus precisam deixar clara qual sua prioridade: querem conscientizar as pessoas da bobagem da crença em deus, e para isso usam como estratégia os recursos que já foram classificados aqui como infantis? Ou o que os ateus querem é combater a influência política de grupos religiosos na esfera estatal? Num você diz respeito a algo muito íntimo, noutro você tem objetivos bastante claros e válidos.

    1. caminhante,
      mesmo o combate à influência política (para mim nefasta) parece um pouco fundamentalista. Posições religiosas são posições existenciais assim como o próprio ateísmo e elas também podem ser manifestas. faz parte da democracia, ter grupo de religiosos influindo, bem como sindicalistas, ecologistas, feministas, homosexuais, negros, índios, ateus, esportistas, desabrigados, aposentados e até jogadores de peteca. Isto não deixa o Estado menos laico. Para mim, religiosos são um grupo reunidio com visões de vida e interesses comuns.
      Alias, uma vex eu defendi que fosse permitido propaganjda religiosa nas camisetas de futebol com o argumento de que se podia ter de lubrificantem, porqee não de igreja? Achei que os crentes ficariam furiosos, mas só recebi pedrada dos ateus

    2. Caminhante
      Concordo com o Ricardo. A religião permeia todos os partidos políticos, com diversas tendências, e será difícil dar combate generalizado aos interesses religiosos, se cada um destes grupos são diferentes entre si.
      As disputas religiosas, quando ocorrem, devem se dar através dos partidos políticos, sob o risco, do contrário, de voltar a ter a disputa de interesses religiosos acima da democracia, ou seja entre diversos fundamentalismos.
      Acredito que este jogo de interesses deve permanecer na esfera político-partidária.
      Veja a origem do PT, ocorreu a convergência de: sindicalistas, esquerda acadêmica e comunidades eclesiais de base, representando o setor progressista da Igreja Católica.Estes fatores permitiram que o PT se enraizasse na sociedade. O que se constituiu numa aliança inédita compatibilizando cristianismo e marxismo em torno das causas sociais.
      No entanto, quando a agenda da esquerda passa a incluir outras questões, previstas no PNDH 3, Plano Nacional de Direitos Humanos 3 – aborto, casamento e adoção de crianças por casais gays, proibição de símbolos religiosos em locais públicos – o convívio interno de tendências no PT entra crise.
      Na 48ª Assembléia Geral da CNBB, os bispos deixaram de lado suas diferenças ideológicas – os progressistas, que compatibilizam cristianismo e marxismo, e os ortodoxos, que consideram os dois credos incompatíveis – e desaprovaram em conjunto o PNDH 3. A situação prevê novos enfrentamentos internos no PT e dentro do governo Dilma sobre estas divergências.

      1. Ricardo e Alexandre, posso me esquivar um pouco da discussão? Eu concordo com vocês, de que há o direito a uma posição e lutar por ela. Nesse sentido, colocar-se como grupo religioso é exercer seu direito democrático. No entanto, não sei se por tradição ou por verba, tais grupos me parecem fortes demais. Penso na questão do aborto, que nunca avança, e que mesmo legalizado continua sendo tão difícil como se fosse ilegal sob qualquer circunstância. Tenho, digamos, a sensação de que deveria haver uma força contrária (há, não há?), quem sabe claramente ateísta ou simplesmente apelando para o bom senso. Por isso que acho válido um posicionamento ateu, por mais que isso também seja fundamentalista.

        1. Caminhante
          Concordo com você. Nas questões que envolvem as desigualdades sociais é mais simples para as religiões se posicionarem favoravelmente. Mas em relação aos pontos que referiste a situação é mais difícil e os posicionamentos se tornam mais conservadores.
          Neste sentido, o fortalecimento do estado laico deve contribuir para fazer frente às posições contrárias. Afinal política é convergência de interesses coletivos comuns. E entre os teístas também existem pessoas favoráveis a estas alterações na legislação.
          Acredito também, ao contrário das opiniões de que o povo é manipulado e não sabe pensar, que o congresso responderá favoravelmente, e que povo brasileiro, que é imensamente religioso, sabe também fazer escolhas, e nem sempre segue rigorosamente às posições da Igreja, conseguindo filtrar, dentro da orientação religiosa, aquilo que lhe convém daquilo que não lhe convém, e assim, de forma sábia e flexível, constrói sua religiosidade compatibilizando com o considera um avanço em nossas instituições.

        2. Caminhante,
          ao te esquivares nós perdemos um pouco.
          Particularmente em relação ao aborto, creio que há uma questão ainda não levantada. Por que sempre se faz uma clivagem entreateus e religiosos neste assunto? Isto não é absoluto. Há um site (não recordo o endereço) de ateus contrários à legalização do aborto, obviamente, com argumentos não religiosos. Eu conheço ao menos uma pessoa com estas características.
          Concordo que o estado laico (e deve ser) vai permitir a exposição de pontos de vista diferentes, mas não creio que isto altere a posição geral sobre o aborto, ficando no exemplo. Tais convicções são geradas em base íntima e sofrerão sempre a influência da religião e da família.

  10. Sou ateu convicto, esclarecido e a favor do estado laico. Mas não me mexam nos feriados!! Sexta-feira Santa, Corpus Cristi, Finados, N s Aparecida e Natal ninguém se mete!!

  11. Eu não sei como agradecer a todos vcs. Eu estava sem sono, naquela hora em que precisamos já estar ferrados no sono. Então vim aqui e vcs me fizeram rir – e muito. Concordo com alguém que comentou que há muitas repetições de argumentos, é verdade. Sabem por quê? Porque nenhuma das partes pode provar que está certa! Simples. Por isso é divertido, quando a gente precisa se distrair. Agora, quando, do meio do nada, alguém resolve fazer uma piada contra cristãos, só para parecer inteligente e intelectual, sinceramente, não há quem aguente. Eu estava numa reunião muito séria, muito profunda, de militância ambientalista, quando um companheiro esbarrou no outro sem querer e disse: Desculpa. O camarada respondeu.” Não esquenta, eu não acredito mais em culpa, não sou mais cristão.” Aí, como as pessoas não tinham ouvido direito, ele repetiu mais alto. Como o assunto da pauta era mesmo sério, ninguém deu bola mesmo. Eu olhei para ele, com tranquilidade, e disse: Eu deveria te dar um soco na boca, porque estou aqui, quieta, militando, em nome desse Deus que tu rejeitas, mas eu não fiquei dizendo que o mundo está se terminando porque os Ateus não acreditam em Deus!ahahaha. Ele ficou num vermelhão, tentou passar a mão na minha. Eu segui olhando, fria, disse: “Vocês têm razão quando dizem que os cristãos estavam errados quando mataram centenas de ateus. Foi realmente um grande erro. Nós deveríamos ter matado todos!” Choque total!!! O companheiro nunca sonhou que eu diria uma coisa dessas. ahahahah! Foi minha mais secreta vingança. Eu não acredito que o mundo está terminando por causa dos ateus. Nem eu quero a morte de pessoas, tampouco eu teria coragem de dar um soco em alguém. Eu acredito que o mundo está terminando por causa da luta de classes, por isso, ao invés de ficar pensando se Deus existe ou não existe, eu luto sempre contra o capitalismo, que existe de fato, e que é a pior religião do mundo, porque em dinheiro todo mundo acredita.
    Enfim, comentários aleatórios para o sono aparecer.
    bjs
    AC

    1. Sua insônia é muito produtiva, Ana Carolina. Excelente comentário! Afinal, é isso que disse: a única religião do mundo é o capitalismo, contra a qual ateus, crentes, e todas as denominações deveriam se unir para concentrar forças.

  12. Do jeito que alguns ateus se expressam, eu não sei se eles não acreditam que Deus existe ou se eles gostariam que Deus não existisse, se eles querem um estado laico ou um estado sem religião, se eles tem nojinho de crente ou se tem ódio de Deus e até da ideia de um Deus existir.
    é um tal de chamar os crentes de idiotas, de estúpidos, de ignorantes atrasados. ah, mas nós ateus, sim, somos os “brights” na definição do tio Dawkins. aí chamo maomé, abraão e jesus e todos os que comungam de suas crenças de tolos com problemas mentais. aí eu determino que não há projeto teleológico possível e fico na minha poltroninha me regozijando com os filmes brights que concordam com minha visão de “tá vendo, não existe deus, sentido, universo, criação, redenção”, é tudo construção social judaico-ocidental que precisamos eliminar da face da terra evoluída. vou ali numa marcha (a favor ou contra o quê mesmo?) evangelística anti-?.
    curioso é que estão mandando a religião para o domínio do particular, mas o ateísmo é pra tirar do armário e sair na avenida, hein?
    se for para protestar contra o lobby evangélico na política, podem contar. mas se for pra desfilar superioridade e lucidez mental na avenida, tô fora. vai virar uma dessas marchas pra jesus recheada de políticos e música gospel ruim.
    os ateus andam assistindo muito programa de pregador eletrônico na tv. incentivam a curiosidade e a dúvida para os religiosos, mas tal qual boa parte dos religiosos, também não têm a menor dúvida de que estão certos.
    estimulam a leitura de dawkins, mas quantos deles já leram os bons apologistas da filosofia e da fé cristã: john stott, william lane craig, alister mcgrath, ariel roth? leia lá, bravo homem, ponha seu ateísmo em xeque.
    os olhos de alguns ateus se dirigem para os evangélicos barulhentos e marketeiros da religião, para os juízes arrogantes e para os joelhos rasgados de procissões, mas subestimam os cientistas, médicos, professores, gente voluntária cuidando em dar um pouco de esperança e saúde a quem não sabe nem quem são dawkins e dennett. fingem não haver uma boa leva de cristãos sensatos, moderados.
    concordo que um dos grandes argumentos (se não o maior) contra o cristianismo sejam os próprios cristãos. os mais visíveis estão propagando um evangelho de sucesso e não de serviço. mas aí vem a grande mídia e estudiosos brights e colocam tudo no mesmo saco.
    Mas como dizia Adorno: “O pior dos preconceitos é a indiferenciação”.

  13. Hinduísmo: Essa merda já aconteceu antes
    Islamismo: Se acontecer alguma merda, faça um refém
    Budismo: Quando acontece alguma merda, ela é realmente uma merda?
    Adventista do 7º dia: Merdas acontecem nos sábados
    Protestantismo: Merdas não vão acontecer se eu trabalhar mais
    Catolicismo: Se acontecer alguma merda, você mereceu
    Testemunha de Jeová: Toc, toc, “merdas acontecem”
    Judaísmo: Porque é que essas merdas sempre acontecem comigo?
    Hare Krishna: Merdas acontecem Rama Rama Ding Dong
    Ateísmo: Nenhuma merda
    Evangelismo de TV: Enviem mais merdas
    Rastafarianismo: Vamos fumar essa merda

    1. Existem três tipos de opinião: (três, número sagrado, dito o número de Deus)
      a opinião,
      a merda de opinião
      e a opinião de merda…

      nenhum dos meus aluninhos de ensino religioso conceberia redação igual!

  14. Os ateus sairam de um sistema para entrar num outro sistema, o ateísmo se tornou fé cega na ciência. O mal dos ateístas que acreditam em tudo que a ciência fala, sem questionar nada, como fosse uma religião mesmo. Falo isso porque já trabalhei e estudei com cientistas, o que eles mais querem é ser bajulados e nunca ser questionados. Questiona um cientista para ver o que acontece, fala “eu não acreito nisso!” e verás que ele irá te expulsar da sala ou te mandar embora. No fundo todos vocês acreditam em Deus, mas esta tendo conflitos internos pra tentar convencer a si mesmo que ele não existe. Falam que as pessoas são ignorantes e dão dinheiro para o pastor, mas os ateus estão ganhando dinheiro nas custas dos otários, porque já existe camisas, canecas, chaveiros, etc ateus. Até mesmo no site da Atea pedi dinheiro de forma voluntaria das pessoas, daqui a pouco terá o dizimo dos ateus, por mostrar a “luz do conhecimento, a “verdade” para vocês

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