Lá vou eu de novo, agora na Feira

Porto Alegre, Feira do Livro, sábado, 12 de novembro, às 16 h, ocorrerá mais uma temeridade. O Sport Club Literatura estará na Tenda Pasárgada da Feira do Livro e eu, juntamente com Tatiana Tavares, serei o árbitro de As Cidades Invisíveis, de Italo Calvino x Ficções, de Jorge Luis Borges. A Tenda Pasárgada, para quem conhece a Praça da Alfândega de Porto Alegre, estará localizada de modo discreto e quase invisível como as cidades de Calvino na notória posição entre o Memorial do RGS e o Santander Cultural. Haverá um outro jogo, arbitrado por Joana Bosak e Rubem Castiglione reunindo Crônica de uma Morte Anunciada, de García Márquez e Travessuras da menina má, de Vargas Llosa. Dois jogaços. Dois clássicos de arrebentar… com os comentaristas.

Nestes dias, releio os livros que me couberam. Estou no Calvino, que é bem melhor do que eu lembrava. Logo após relerei Borges, mas talvez nem fosse necessário, pois Ficções parece estar instalado há mais de vinte anos em meu cérebro. À leitura!

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  1. Não deixa de ser estranhamente arbitrário a escolha das obras competidoras. É até covardia antepor Cidades Invisíves a Ficções. Não que Calvino não seja valioso, mas não vejo nexo algum entre essas obras. Qual o motivo? A disputa anterior tinha muitos pontos concordantes, como Franzen e Bolaño, Asten e George Eliot…mas esses dois aí não tem nada a ver. Se ao menos fosse a trilogia dos antepassados, aí sim: além de ser superior a Cidades Invisíves, remete às narrativas de tradições regionais, históricas e místicas que vemos em Ficções.

    E o GGM e o Mario Vargas escolhidos só se explica por algum fundo irônico, como um adepto do jazz querer manter um paralelo entre o que há de pior entre Miles Davis e Chet Baker.

    Mas… claro que vai ser pra lá de interessante, mas nonsense.

    1. Bá Charlles, não acho que a trilogia dos antepassados seja superior à Cidades Invisíveis. E olha que decorei partes inteiras de “O Cavaleiro Inexistente”.
      Quanto ao outro jogo concordo contigo. Esse livro é dos piores de Llosa. O de GGM é só razoável, ainda que haja outros bem piores (12 Contos Peregrinos, Memórias de minhas putas tristes, Olhos de cão azul).

      1. Mas olhe bem, Guto, eu gosto muito de Calvino, li um bocado dele, mas não é um dos meus preferidos. Entre os italianos da metade do século passado, adoro o Svevo, “O Consciência de Zeno”.

        Ficções é uma obra fundadora. Não só na literatura hispãnica, mas mundial. Semana passada mesmo li Claudio Magris, um borgeano treinado e muito afiado. Pode-se colocar Ficções entre as maiores realizações do século passado. Já o Cidades fica diminuído, apesar de ser ótimo; mas a base de comparação nos faz cair no pecado da relativização, e vermos o Cidade como uma obra entre tantas, que não gerou escola, não difundiu tanta influência, não é citada de forma tão enfática como os contos do argentino.

        Acho que seria desafiador se fosse Borges x Sabato, ou algo muito específico, como Borges x Lovecraft (puxando apenas pelo potencial fantástico); ou, mais instigante ainda: Borges x Bellow, já que ambos disputaram o Nobel do mesmo ano, tem uma erudição totalitária, vivem tradições quase esquecidas, foram escritores Velhos, que nada tinham a ver com a juventude, blablablá.

        Por que não colocar duas feras de frente de uma vez? Cem Anos de Solidão x Conversas na Catedral? Apesar do partidarismo reinante já dar quem sairia vencedor. (Eu também optaria pelo Cem Anos.)

        Mas só estou dando meus dois cents de fagulha. Não me julgue antipático.

  2. Ahhhhhh!!!!
    Mas que clássico é esse! Dois dos meus favoritos. Veja lá o que vai fazer, hein Seu Ribeiro. Sei que não poderiam estar em mãos melhores mas… PqP como comparar esses dois livros infinitos, esses dois universos?
    Dois mundos criados por escritores cerebrais, de estilo igualmente despojado…
    Se o critério fosse a ideologia, seria fácil decidir. Mas, sendo a arte. Sei lá… O Sul, Funes, as Ruínas Circulares, Pierre Menard… Contra todas aquelas cidades-mulheres do Calvino.
    Eu preguei os últimos parágrafos de “As Cidades Invisíveis” no meu mural. Ele é meu breviário político. Leio todos os dias…
    Ah… sei lá… surtei completamente com essa!

  3. Milton, que tal se no decorrer da Feira você pudesse, de acordo com a tua percepção, comentar e sugerir alguma coisa para “esse riograndense-do-sul” – longe das plagas, e outros interessados mais? Abraço.

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