Pequenas férias

Encomendei umas pequenas férias até o dia 7 de dezembro. Na verdade, era obrigado a tirar esses 10 dias, pois neste mês já tenho direito a mais 30. Programei ficar em Porto Alegre para resolver uma coleção de pentelharias pendentes. O problema é que faltam só dois dias úteis e as pequenas obrigações são muito maiores do que o tempo disponível. Fracassei fácil fácil. O dia de amanhã, por exemplo, já está inteiramente tomado. Tenho pequenos compromissos de manhã à noite e, se quiser, morro na sexta ainda correndo atrás da máquina.

Tenho a impressão de que se houvesse um turno livre da semana destinado a que resolvêssemos o problema com a Net, com o novo telefone, com o marceneiro ou com o diabo, a vida toda seria vivida sob um algoritmo menos pesado. O bom é que as filas fizeram com que eu lesse mais o excelente e verboso O homem que amava os cachorros, do cubano Leonardo Padura. Com 600 páginas, não é um livro adequado para filas — é quase musculação –, mas a trágica e triste história de Trotski e de seu algoz Mercader é realmente fascinante e, às vezes, chego a desejar maior lentidão. Sim, lentidão nas filas. Como dizia um amigo, não me cobrem coerência.

Além das coisas burocráticas, também tenho me sentido um verdadeiro homem ao resolver coisas mínimas em casa. Também, quando a gente vê que em casa de músicos as mangueiras dos gases estão com os prazos de validade vencidos há 13 anos, aí alguém tem que tomar alguma iniciativa, né? Gosto de avião, não de voar pelos ares, se me entendem.

É o momento de fazer aflorar o homem que há em nós!
Este é  o momento de fazer aflorar o homem que há em nós!

7 comments / Add your comment below

  1. Eu aqui, acaba de comentar exatamente o mesmo com a Nikelen. Disse que me parece que o dia das outras pessoas deve ter mais de 24 horas. Como conseguem arrumar, limpar, pagar, consertar, caminhar e ainda amar, trabalhar e se divertir?
    No fim, também estou com o gás vencido.

  2. E O nosso amigo idelber? nenhuma palavra sobre ele?

    É dificil acreditar nisso né? Esperar uma coisa dessas de um atleticano, de um simpatizante do colorado, do nosso companheiro de Beira-Rio

    Deve haver alguma citação do tolstoi ou dostoievski que o absolva. Deve haver alguma exceção para professores pedantes residentes nos EEUU.

    Nós pernosticos não podemos deixar assim.

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