Uma viagem de ônibus

Uma viagem de ônibus
Foto: Joana Berwanger / Sul21
Foto: Joana Berwanger / Sul21

Apesar do absurdo preço da passagem, eu tenho uma excelente relação com os ônibus. No passado, fazia diariamente um longo percurso e eles me davam a oportunidade de ler tranquilamente uma hora por dia. Gostava do transporte público, tinha a sorte de pegar o ônibus lá longe e sentado. Bem, pois hoje de manhã vinha sentado, lendo o monólogo altamente erótico de Molly Bloom. Ela estava naquela parte dos seios aparecendo na adolescência, das primeiras tentativas, tudo isso enquanto a camisola enrolava-se em suas pernas durante sua célebre insônia com o sono de Leopold a seu lado. Eu estava sentado ao lado de uma bela gremistinha toda orgulhosa com a camiseta, só que ela logo saiu do ônibus. Foi quando sentou-se o portento a meu lado.

Sim, sei, o politicamente correto, que saco. Pobres dos obesos, alguns são pessoas com problemas graves, guardo-lhes simpatia. Por alguma razão, a maioria deles é bem humorada. Evidentemente, o homem tinha o direito de estar ali. Afinal, se sem distúrbios eu tenho dificuldades para manter meu peso… Mas não posso deixar de me emputecer quando alguém me cola de encontro à parede do ônibus. Percorri vários quilômetros como uma lagartixa pressionada. Segui lendo meu Ulysses, com os braços grudadíssimos ao corpo e procurei me divertir com o efeito de minha respiração sobre ele. Quando enchia o pulmão, eu invadia o espaço territorial dele, fazendo com que suas carnes subissem (isso eu via pela visão periférica). Busquei encher os pulmões o mais que podia para ver a parte adiposa de seu braço e de parte de seu peito subirem no meu ritmo. Como meus amigos dizem, encontro aspectos lúdicos em quase tudo.

Talvez se dando conta de que minha respiração dominava o lado esquerdo de seu corpo, o gordo cruzou os braços. A situação piorou. Em resposta, dei um suspiro que não parecesse agressivo. Não adiantou nada. Quando cheguei ao Centro, fiz questão de guardar o livro na bolsa com o cara grudado em mim. Queria chacoalhar um pouco mais o sujeito. Mas não deu certo. Ele afastou educadamente o corpo e ainda disse bem simpático:

— Tá lendo a Bíblia, tchê?

Sorrindo, respondi que o que lia era muito mais divertido. Mostrei a capa do livro e enfiei:

— E tu? Gosta de ler a Bíblia?

— Ih, tá louco. Eu só leio policiais.

E abriu um sorriso.

— Agatha Christie? Simenon? Padura? Garcia-Roza? Ou os norte-americanos?

— Simenon e Padura.

Pronto, me conquistou. Saímos no fim da linha no maior papo sobre Maigret e Conde.

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Há um lugar onde as esculturas são tão feias quanto as de Porto Alegre

Há um lugar onde as esculturas são tão feias quanto as de Porto Alegre

Esta é do Aeroporto da Ilha da Madeira em homenagem a Cristiano Ronaldo.

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Kandinsky Trio

Kandinsky Trio

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O Kandinsky Trio é formado pelo pianista mineiro André Carrara, pela violinista bielorrussa Elena Romanov e pela violoncelista porto-alegrense Marjana Rutkowski. Eles gostariam (Ou “O Trio gostaria”) que o público pensasse que a denominação do Trio (grupo) tivesse origem nos estudos entre cores e sons do mestre da pintura Wassily Kandinsky (1866-1944), mas a verdade é bem menos erudita. De fato, o nome baseia-se no gato de um dos integrantes do grupo, cuja cauda lembra um pincel e cujo nome é Wassily.

O Trio Nº 1 em ré menor para violino, violoncelo e piano, Op. 49, de Felix Mendelssohn foi concluído em 23 de setembro de 1839 e publicado no ano seguinte. É uma das obras de câmara mais populares de Mendelssohn e é reconhecida como uma de suas melhores composições. A princípio, o compositor estava inseguro sobre a qualidade do trabalho e pediu conselhos a outro compositor, Ferdinand Hiller, que sugeriu pequenas alterações na parte de piano. A versão revista foi enviada a Schumann, que declarou ser Mendelssohn “o Mozart do século XIX, o mais iluminador dos músicos.”

O Trio Elegíaco Nº 1 em sol menor, de Sergei Rachmaninov, foi escrito entre os dias 18 e 21 de janeiro de 1892 em Moscou, quando o compositor tinha 19 anos. O trabalho foi estreado em 30 de janeiro do mesmo ano, mas a primeira edição Veio à luz apenas em 1947. O Trio Elegíaco não tem número de opus designado e foi concebido em apenas um movimento, em contraste com a maioria dos trios de piano, que têm três ou quatro. Rachmaninov escreveu um segundo Trio Elegíaco em 1893, logo após a morte de Tchaikovsky.

Trio Elegíaco Nº 1 em sol menor
de Sergei Rachmaninov

Trio Nº 1 em ré menor para violino, violoncelo e piano, Op. 49
de Felix Mendelssohn

1 Molto allegro ed agitato
2 Andante con moto tranquillo
3 Scherzo
4 Finale

Trio Kandinsky
André Carrara, piano
Elena Romanov, violino
Marjana Rutkowski, violoncelo

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João Gilberto Noll (1946-2017)

João Gilberto Noll (1946-2017)

Quem, em Porto Alegre, não conhecia João Gilberto Noll? Ele caminhava muito pelas ruas, era um sujeito alto e desajeitado que vestia roupas surradas e formais. Tinha o rosto meio torturado, mas sorria quando nos via. Uma vez, discutimos nos comentários de meu blog. Mas logo concordamos e eu deletei a indignação dele e minha resposta. Acho que ele sabia que eu era o chato que tinha contado quantas vezes personagens seus tomavam essa ou aquela atitude. Apesar de ele parecer simpatizar comigo, nunca quis me aproximar porque Noll aparentava habitar um plano de profundos pensamentos ao qual não estou acostumado. Ele ia muito ao cinema, sentava sempre lá atrás e era dos primeiros a sair. A única vez que falamos nem foi uma conversa. Na saída de um filme, “A Vida dos Outros”, ele me olhou com a cara significativa de “Que filmaço!” e eu disse o que ele estava pensando. Noll sorriu e balançou a cabeça afirmativamente. Eu gostava muito dos seus livros.

Foto: Luiz Eduardo Robinson Achutti

João Gilberto Noll (1946-2017) em 2014 no Tapas Bar.
João Gilberto Noll (1946-2017) em 2014 no Tapas Bar.

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Eu e uma crente em um ônibus em Porto Alegre

Eu e uma crente em um ônibus em Porto Alegre
A mezzo-soprano sueca Anne Sofie von Otter
A mezzo-soprano sueca Anne Sofie von Otter

Na segunda à tarde, durante um intervalo, fui pegar algumas coisas na casa de um amigo. Entrei num ônibus, sentei e abri um Simenon enquanto Anne Sofie von Otter cantava Rheinlegendchen ou Wer hat dies Liedlein erdacht? de Gustav Mahler em meus fones. Logo passou um homem que nem vi o rosto e depositou um bilhete de tamanho mínimo na minha mão:

QUERIDOS IRMÃOS PRECISO DE VOCÊS PERDI MINHA MÃEZINHA SOFRO DO VÍRUS DO HIV ESTOU ME TRATANDO COM COQITEL E ESTOU DESEMPREGADO ESTA DIFÍCIL O EMPREGO TENHO UMA FILHA DE 2 ANOS QUE ESTA PASSANDO FOME PESSO SUA AJUDA OBRIGADO
MARCOS E VITÓRIA (nomes alterados)

Juntei uma nota de dinheiro ao bilhete e segui lendo o livro acompanhado de Anne. Quando senti que ele voltava, ergui a mão direita com a nota e o bilhete entre o indicador e o dedo médio um pouco acima de minha cabeça. Porém, o homem não me viu e saiu para tentar a sorte em outro ônibus.

Então, uma senhora falou em voz altíssima que era um absurdo dar R$ 10,00 a um vagabundo e que eu faria melhor doando meu dinheiro à igreja. Subitamente e ainda meio zonzo, caí de meu mundo e notei que aquilo era para mim. Fiquei surpreso. R$ 10,00? Nas vezes em que dou dinheiro para pedintes, meu máximo é R$ 2,00, o valor aproximado de um litro de leite — um critério absolutamente pessoal. Fora um engano. Sem tirar os olhos do livro, guardei a nota, o bilhete e levantei bem alto um solitário dedo médio para que a beata o visse claramente. Nem sempre sou um lord.

O ônibus achou graça e ela me chamou de mal-educado em pavoroso discurso de meio minuto, no mínimo. Lembrei do que um amigo um dia me disse:

É impressionante a quantidade de filhos-da-puta entre os crentes.

Desci na minha parada sem maiores incomodações. Mas como canta a Anne Sofie von Otter!

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Amanhã, quarta-feira, às 12h30, a estreia do Kandinsky Trio, do qual trazemos amostras

Amanhã, quarta-feira, às 12h30, a estreia do Kandinsky Trio, do qual trazemos amostras

Pois amanhã teremos pela primeira vez o Kandinsky Trio tocando publicamente. Será no Foyer do Theatro São Pedro, às 12h30, com entrada franca. Eles ensaiaram sempre lá em casa e minha participação foi imensa. Eu lhes trazia guloseimas da rua, fazia café e servia. Além disso, gravei (mal) os dois trechos dos ensaios que estão abaixo. Só assim eles ensaiavam.

André Carrara (piano), Marjana Rutkowski (viololncelo) e Elena Romanov (violino) | Foto: Milton Ribeiro
André Carrara (piano), Marjana Rutkowski (viololncelo) e Elena Romanov (violino) | Foto: Milton Ribeiro

O recital será curto, coisa entre 40 e 45 minutos, conforme exige o TSP para este horário do meio dia. Pena, porque eles têm um Trio de Haydn também. O trio gostaria que o público pensasse que sua denominação fosse derivada dos estudos com cores e sons realizados pelo mestre da pintura Wassily Kandinsky (1866-1944), mas é mentira. A verdade é que o gato da Elena dormiu uma noite ao lado do violoncelo da Marjana e acabou homenageado. Cuidou bem do instrumento. O gato chama-se Wassily Kandinsky em razão da admiração da Elena pelo pintor e por causa de sua cauda, que lembra um pincel.

O trio é formado pelo pianista mineiro André Carrara, pela “minha” violinista bielorrussa Elena Romanov e pela violoncelista porto-alegrense Marjana Rutkowski e o programa terá:

Trio Elegíaco Nº 1 em sol menor
de Sergei Rachmaninov

Trio Nº 1 em ré menor para violino, violoncelo e piano, Op. 49
de Felix Mendelssohn

1 Molto allegro ed agitato
2 Andante con moto tranquillo
3 Scherzo
4 Finale

Minha preferência vai para a obra-prima de Mendelssohn, mas ouvi tantas vezes a obra da juventude de Rachmaninov — ele escreveu este trio aos 19 anos — que acabei gostando dela, com seu início de relógio estragado e sequência de absoluta paixão. O moço tinha sofrido uma desilusão amorosa e estava mal. Foi saudável ao não se matar e escrever um Trio Elegíaco. Já o Mendelssohn é esplêndido e eu gravei os finais do primeiro e segundo movimentos. Estão nas telas abaixo. São três minutinhos de cada um, mas valem a pena.

A Elena não queria que eu divulgasse porque o som está ruim, metálico, duro. A Marjana quis mostrar e o Carrara também mandou botar na roda, mas foi analítico ao dizer que falta equalização à coisa. Ele explicou que tem pouco violoncelo, um pouco mais de piano e violino OK. Disse que o fato da Elena tocar em pé num teto baixo, cria um anteparo reflexivo… Bem, eu não entendo disso. E ele completou dizendo que, diante dessas condições, a gravação era boa.

O Trio Nº 1 em ré menor para violino, violoncelo e piano, Op. 49, de Felix Mendelssohn foi concluído em 23 de setembro de 1839 e publicado no ano seguinte. É uma das obras de câmara mais populares de Mendelssohn e é reconhecida como uma de suas melhores composições. A princípio, o compositor estava inseguro sobre a qualidade do trabalho e pediu conselhos a outro compositor, Ferdinand Hiller, que sugeriu pequenas alterações na parte de piano. A versão revista foi enviada a Schumann, que declarou ser Mendelssohn “o Mozart do século XIX, o mais iluminador dos músicos.”

O Trio Elegíaco Nº 1 em sol menor, de Sergei Rachmaninov, foi escrito entre os dias 18 e 21 de janeiro de 1892 em Moscou, quando o compositor tinha 19 anos. O trabalho foi estreado em 30 de janeiro do mesmo ano, mas a primeira edição Veio à luz apenas em 1947. O Trio Elegíaco não tem número de opus designado e foi concebido em apenas um movimento, em contraste com a maioria dos trios de piano, que têm três ou quatro. Rachmaninov escreveu um segundo Trio Elegíaco em 1893, logo após a morte de Tchaikovsky.

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Bom dia, Zago (com os melhores lances de São José 1 x 2 Inter)

Bom dia, Zago (com os melhores lances de São José 1 x 2 Inter)

Tu não parece ser muito inteligente, Zago. Uma pena essa coisa de a luz da inteligência não brilhar para todos. Vamos começar por Nico López? Nico López não entrou em campo ontem, só Roberson, Andrigo, Ferrareis e Valdívia. Todos craques superiores. O uruguaio — melhor atacante nosso após o artilheiro Brenner — não parecia machucado, estava mais para o decepcionado e triste, vendo aquele horror sentadinho no banco.

Pois o Inter jogou malíssimo. Novamente, tivemos uma espetacular penca de passes errados e os the usual suspects confirmaram: William, Anselmo, Eduardo Henrique, Roberson, Andrigo, Ferrareis e Valdívia fizeram péssimas partidas. E por que Paulão jogou no lugar de Léo Ortiz, que é muito superior?

Roberson ia perdendo o gol mais feito da história. Errou o chute, mas o zagueiro foi piedoso e corrigiu o chute do coitado | Foto: Ricardo Duarte
Roberson ia perdendo o gol mais feito da história. Errou o chute, mas o zagueiro foi piedoso e corrigiu o chute do coitado | Foto: Ricardo Duarte

A diretoria parece estar fazendo o máximo. Tanto que colocou os salários e os direitos de imagem de todos em dia, mas parece que isso não faz jogar.  Eu sei que é difícil, Zago, mas erros de passes também são culpa tua. Isso é treinável, meu amigo. Por exemplo, sabemos que o William está uma porcaria e que tu deverias trazer de volta Alemão ou Junio — que não Brastemps –, mas, enfim, como eu dizia, o William recebeu uma bola e os outros jogadores foram se afastando, tornando o passe cada vez mais difícil.  Adivinha o que aconteceu?

E aquele enorme sufoco no final do jogo. Zago, dá uma parte do teu salário pro São Danilo Fernandes. Esse sim é muito bom e te salva!

E… incrível! Estamos classificados matematicamente. Lá na rabada, mas estamos.

Acho que tu cais logo após o Gauchão, Zago. E será merecido.

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A Sagração de Stravinsky

A Sagração de Stravinsky
A indumentária da versão de Nijínsky: vestuário pesado e pés para dentro
A indumentária da versão de Nijínsky: vestuário pesado e pés para dentro

Estava quente em Paris na noite de dia 29 de maio de 1913. Durante o dia, os termômetros chegaram aos 30 graus, temperatura anormal para a primavera parisiense. Ao final da tarde, uma multidão acotovelava-se na frente do Théâtre des Champs-Élysées, onde o Balé Russo de Serguei Diághilev faria uma apresentação de gala. O público era heterogêneo, conforme descreveu Jean Cocteau:

Uma plateia da alta sociedade, elegante, de vestidos decotados, pérolas, penas na cabeça, plumas de avestruz, ternos escuros, cartolas […] ao lado, os intelectuais estetas faziam de tudo para demonstrar seu ódio a estes “elegantes”, que sentariam nos camarotes […] havia ali mil nuances de esnobismo, superesnobismo e contraesnobismo.

Todos sabiam que o empresário Diághilev gostava de escândalos. Afinal, eram lucrativos. Em comunicado à imprensa, ele dissera que preparara um novo frisson que, sem dúvida, inspiraria acalorados debates. Falava sério. O programa daquela noite começava com o inofensivo As Sílfides, dramin de melodias de Chopin arranjadas para orquestra por Stravinsky. Era um antigo número do Balé Russo. Após os aplausos, as luzes se apagaram e um fagote começou a emitir notas agudas, entoando uma melodia que depois foi abraçada e continuada por outros instrumentos de sopro. E, quando entrou a segunda parte, a música enlouqueceu totalmente, ao menos para os ouvidos da plateia de 100 anos atrás.

Igor Stravinsky (1882-1971) em 1946 | Foto: Arnold Newman
Igor Stravinsky (1882-1971) em 1946 | Foto: Arnold Newman

O ritmo. Havia uma pulsação constante, mas os acentos eram inteiramente aleatórios, imprevisíveis, dentro e fora do compasso. Quando se deve bater o pezinho?

um dois três quatro cinco seis sete oito
um dois três quatro cinco seis sete oito
um dois três quatro cinco seis sete oito
um dois três quatro cinco seis sete oito

Quando ouviu aquilo pela primeira vez, até Diághilev ficou assustado. “Vai continuar assim por muito tempo?”, ele perguntou ao autor da obra, Igor Stravinsky. “Até o fim, meu caro”. A coreografia de Nijínsky trocava o gestual clássico e os dançarinos nas pontas do pés por mulheres dançando com os pés para dentro e outras esquisitices. Vendo hoje, parece mais uma brincadeira. Os dançarinos tremem, sacodem-se, sapateiam, dão saltos e giram pelo palco como numa dança de roda primitiva, eslava. Por trás, uma paisagem com colinas e árvores de cores brilhantes que, com a dança e a música, tornam-se pagãs.

O vídeo a seguir é de uma apresentação da Sagração da Primavera no Teatro Marinsky de São Petersburgo, com a coreografia de Nijinsky remontada por Millicent Hodson e a regência de Valery Gergiev:

Na época, os mais ricos e conservadores acomodavam-se nos camarotes. Mas não que demonstrassem alguma finesse. Quando o ritmo acelerou, começaram a vir de lá urros de desaprovação. Em resposta, os raivosos intelectuais da plateia berravam mandando-os calar a boca; afinal apenas desejavam silêncio para fruir o balé. Era a uma representação da luta de classes: “Calem a boca, suas putas do seizième!”, gritavam em provocação às damas da alta sociedade do décimo sexto arrondissement. Se havia um sacrifício no palco, havia uma guerra na plateia. A escritora Gertrude Stein esteve lá: “Após a curta introdução, não se podia mais ouvir o som da música. Minha atenção estava fixada em um homem que, no camarote ao lado, ameaçava outro com sua bengala. Por fim, usando a bengala, acabou esmagando a cartola do que discordava”.

O filme Coco Chanel & Igor Stravinsky (2010), de Jan Kounen, mostra um pouco da confusão da estreia da Sagração da Primavera:

Depois desta estreia, o espetáculo foi repetido e logo os ouvintes parisienses descobriram que a linguagem da Sagração não estava tão distante de sua sensibilidade: tratava-se de canções folclóricas de melodias simples com acordes nada incomuns mas usados de forma diferente, ritmo mutante e irresistível. Logo, as vaias foram substituídas por aplausos e, nas apresentações seguintes, Stravinsky e Nijinsky voltaram ao palco três ou quatro vezes para receberem ovações. No ano seguinte, foi marcada uma apresentação em concerto. Os jornais falaram em “aplausos efusivos” e “adoração febril”. Era a vitória de uma postura anti-romântica. Leonard Bernstein fala em início do modernismo. Outros, estão provavelmente corretos ao citar que a Sagração fugira finalmente da semântica germânica e dera espaço para o surgimento dos nacionalismos musicais, os quais tiveram seus rebentos em todo o mundo, incluindo a música de Villa-Lobos no Brasil.

Nijinsky dançando L’après-midi d’un faune
Nijinsky dançando L’après-midi d’un faune

O enredo da Sagração não era nada convencional: numa Rússia primitiva, uma virgem é escolhida e deve dançar até morrer num ritual de sacrifício à primavera que se inicia. A invenção foi do próprio Stravinsky. Nenhum povo pagão, com exceção dos astecas, exigia o sacrifício de jovens. Ou seja, aquilo nunca ocorrera na Rússia. Para o palco, Diághilev queria uma atuação ousada. No ano anterior, Nijinsky já havia causado grande escândalo em Paris com a coreografia de L’après-midi d’un faune, baseado na obra de Debussy. Ou seja: o empresário sabia bem o que estava fazendo. Diághilev já tinha contratado Stravinsky para fazer a música de outros dois balés: O Pássaro de Fogo (1910) e Petrushka (1911). O trabalho seguinte seria uma certa Primavera Sagrada. Vendo-se agora (primeiro vídeo, acima), a coreografia mais parece um provocativo e quase infantil simulacro de dança, inteiramente diferente das dramáticas montagens posteriores, como a de Pina Bausch (último vídeo, abaixo).

Romântico, o regente da estreia, Pierre Monteux, disse nunca ter gostado da Sagração da Primavera
Romântico, o regente da estreia, Pierre Monteux, disse nunca ter gostado da Sagração da Primavera

Stravinsky terminou a composição em março de 1913. Pierre Monteux, que depois se tornaria uma grande estrela da música erudita, detestara a música, mas foi o regente que conduziu a orquestra na estreia da obra. Aliás, a citada estreia em concerto também foi sob sua direção, prova de que os conceitos podem mudar rapidamente. Ou não. Anos depois, ele confessou que nunca tinha gostado daquela música, mas que foi convencido por Diághilev a regê-la. “É uma obra-prima, Monteux! Ela vai revolucionar a música e o fará famoso, pois é você quem vai conduzi-la”, dizia o homem que desconfiava dos ritmos da Sagração. Os músicos da orquestra não pensavam diferente do regente: achavam que aquilo era uma loucura absoluta. O fagotista do solo inicial estava especialmente contrariado pelo tratamento “ridículo” que a partitura lhe impunha.

Stravinsky em 1913, ano da estreia da obra
Stravinsky em 1913, ano da estreia da obra

No ocidente, a Sagração tornou-se imediatamente obra fundamental e exemplar. As plateias mais afeitas ao moderno ficaram encantadas não somente com sua fúria, mas com a precisão e clareza. Aqueles que desejavam sepultar de vez o romantismo elogiavam o predomínio dos metais e madeiras e a redução da presença das cordas. Principalmente dos violinos, os tradicionais cantores de melodias ardentes. Porém, na Rússia revolucionária, a Sagração foi considerada um modismo barulhento e a fama de Stravinsky no exterior – comparada à hostilidade russa – foi decisiva no rompimento de laços do compositor com a terra natal.

A comprovação da universalidade da Sagração não veio somente dos compositores e amantes da música erudita: os músicos de jazz gostaram demais daquele compositor que falava numa língua parecida com a deles. Para dar um exemplo curioso, Charlie “Bird” Parker incorporou a primeiras notas da Sagração à Salt peanuts e, certa vez, enquanto se apresentava, avistou Stravinsky numa das mesas do Birdland de Nova Iorque. Imediatamente, incluiu um tema do Pássaro de Fogo em seu solo sobre um tema de sua autoria, Koko, o que acabou fazendo com que o compositor cuspisse seu uísque de volta no copo, tão grande o susto.

Os jazzistas entenderam rapidamente o trabalho de Stravinsky na Sagração
Os jazzistas entenderam rapidamente o trabalho de Stravinsky na Sagração

Passados 100 anos, a Sagração é ouvida como uma peculiar e clássica peça do repertório. Ela pode ser ouvida e vista em concertos — a Ospa vai tocá-la em outubro — e em balés no mundo inteiro. Talvez a mais extraordinária versão em balé seja a célebre coreografia criada pela alemã Pina Bausch, cujo vídeo completo disponibilizamos abaixo:

Considerando que a Sagração da Primavera combina com modernidade, vamos atravessar o ritmo e, para finalizar, inserir três frases informais de uma brasileiríssima opinião deixada no Facebook pelo melômano Isaías Malta que, na última quarta-feira, dia dos 100 anos da estreia, dialogava conosco sobre a obra:

Música que despedaça o nosso senso de ritmo, aliás, sacoleja um ritmo próprio, primal, que é a anarquização do ritmo. Diz-se que Schoenberg dissolveu a melodia e Stravinsky desconstruiu o ritmo. Se tudo isso é verdade, também é verdade que Tom Jobim, juntando os cacos, adoçou o que foi quebrado e gingou o despedaçado.

Igor Stravinsky, por Picasso
Igor Stravinsky, por Picasso

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“Nunca na história da República o Congresso Nacional votou uma lei tão contrária aos interesses da maioria do povo brasileiro de forma tão sorrateira”

“Nunca na história da República o Congresso Nacional votou uma lei tão contrária aos interesses da maioria do povo brasileiro de forma tão sorrateira”

Três excelentes e esclarecedores textos de três pessoas de minha timeline do Facebook. Um bem diferente do outro, mas todos deixando claro os efeitos do PL aprovado pelo Congresso na última quarta-feira.

Charge sem crédito encontrada em http://www.profcastro.com.br/
Charge sem crédito encontrada em http://www.profcastro.com.br/

Vladimir Safatle, na FSP.

O fim do emprego

Nunca na história da República o Congresso Nacional votou uma lei tão contrária aos interesses da maioria do povo brasileiro de forma tão sorrateira. A terceirização irrestrita aprovada nesta semana cria uma situação geral de achatamento dos salários e intensificação dos regimes de trabalho, isto em um horizonte no qual, apenas neste ano, 3,6 milhões de pessoas voltarão à pobreza.

Estudos sobre o mercado de trabalho demonstram como trabalhadores terceirizados ganham, em média, 24% menos do que trabalhadores formais, mesmo trabalhando, em média, três horas a mais do que os últimos. Este é o mundo que os políticos brasileiros desejam a seus eleitores.

Nenhum deputado, ao fazer campanha pela sua própria eleição em 2014, defendeu reforma parecida. Ninguém prometeu a seus eleitores que os levariam ao paraíso da flexibilização absoluta, onde as empresas poderão usar trabalhadores de forma sazonal, sem nenhuma obrigatoriedade de contratação por até 180 dias. Ou seja, esta lei é um puro e simples estelionato eleitoral feito só em condições de sociedade autoritária como a brasileira atual.

Da lei aprovada nesta semana desaparece até mesmo a obrigação da empresa contratante de trabalho terceirizado fiscalizar se a contratada está cumprindo obrigações trabalhistas e previdenciárias. Em um país no qual explodem casos de trabalho escravo, este é um convite aberto à intensificação da espoliação e à insegurança econômica.

Ao menos, ninguém pode dizer que não entendeu a lógica da ação. Em uma situação na qual a economia brasileira está em queda livre, retirar direitos trabalhistas e diminuir os salários é usar a crise como chantagem para fortalecer o patronato e seu processo de acumulação. Isto não tem nada a ver com ações que visem o crescimento da economia.

Como é possível uma economia crescer se a população está a empobrecer e a limitar seu consumo?

Na verdade, a função desta lei é acabar com a sociedade do emprego. Um fim do emprego feito não por meio do fortalecimento de laços associativos de trabalhadores detentores de sua própria produção, objetivo maior dos que procuram uma sociedade emancipada. Um fim do emprego por meio da precarização absoluta dos trabalhos em um ambiente no qual não há mais garantias estatais de defesa mínima das condições de vida. O Brasil será um país no qual ninguém conseguirá se aposentar integralmente, ninguém será contratado, ninguém irá tirar férias. O engraçado é lembrar que a isto alguns chamam “modernização”.

De fato, há sempre aqueles dispostos à velha identificação com o agressor. Sempre há uma claque a aplaudir as decisões mais absurdas, ainda mais quando falamos de uma parcela da classe média que agora flerta abertamente com o fascismo. Eles dirão que a flexibilização irrestrita aumentará a competitividade, que as pessoas precisarão ser realmente boas no que fazem, que os inovadores e competentes terão seu lugar ao sol. Em suma, que tudo ficará lindo se deixarmos livre a divina mão invisível do mercado.

O detalhe é que, no mundo dessas sumidades, não existe monopólio, não existe cartel, não existem empresas que constroem monopólios para depois te fazer consumir carne adulterada e cerveja de milho, não existe concentração de renda, rentismo, pessoas que nunca precisarão de fato trabalhar por saberem que receberão herança e patrimônio, aumento da desigualdade. Ou seja, o mundo destas pessoas é uma peça de ficção sem nenhuma relação com a realidade.

Mas nada seria possível se setores da imprensa não tivesse, de vez, abandonado toda ideia elementar de jornalismo.

Por exemplo, na semana passada o Brasil foi sacudido por enormes manifestações contra a reforma da previdência. Em qualquer país do mundo, não haveria veículo de mídia, por mais conservador que fosse, a não dar destaque a centenas de milhares de pessoas nas ruas contra o governo. A não ser no Brasil, onde não foram poucos os jornais e televisões que simplesmente agiram como se nada, absolutamente nada, houvesse acontecido. No que eles repetem uma prática de que se serviram nos idos de 1984, quando escondiam as mobilizações populares por Diretas Já!. O que é uma forma muito clara de demonstrar claramente de que lado sempre estiveram. Certamente, não estão do lado do jornalismo.”

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Márcio Augusto D. Paixão:

Há uma coleção de mentiras, equívocos e devaneios que circula por aí, a respeito da liberação da terceirização trabalhista. Em minha opinião, a mais absurda delas é a de que a “regulação” da terceirização traria “segurança jurídica”. Ora, o tema atualmente está regulado com enorme clareza e segurança: o empregador pode terceirizar sua atividade-meio, mas não pode terceirizar sua atividade-fim. É uma regra extremamente clara e de conhecimento da ampla maioria do empresariado – que sabe que, se tem um restaurante, pode terceirizar a limpeza, mas não os cozinheiros e os garçons.

Parece-me que a liberação para que as empresas contratem terceirizados para exercerem sua atividade-fim, realizada mediante a edição de uma lei ordinária (sem alteração da Constituição), é o que vem a trazer grande insegurança jurídica, pois esse novo sistema é de tão duvidosa constitucionalidade que, aposto, a maioria das empresas bem assessoradas juridicamente não vai se aventurar terceirizando sua atividade-fim — não até que o STF confirme a constitucionalidade dessa lei.

O que mais me espanta na liberação irrestrita na terceirização é que ela consiste, sobretudo, em um convite à fraude nas relações trabalhistas. Utilizando novamente o exemplo do restaurante: qual a vantagem, para o empregador, em terceirizar serviços de cozinha? A terceirização rompe com a pessoalidade, isto é, o serviço pode ser realizado por qualquer pessoa (ao contrário do empregado direto, que deve ele próprio, pessoalmente, realizar as tarefas laborais). Em um restaurante, basta ao prestador de serviços terceirizado enviar ao local qualquer cozinheiro para preparação da comida (e não o sujeito x ou y, que já tem a confiança do dono do restaurante), para que o contrato de terceirização seja plenamente cumprido.

Do mesmo modo, em uma escola, cujos professores são terceirizados: a prestadora de serviço pode enviar qualquer professor de matemática, um professor diferente por semana (algo que evidentemente prejudica escola e aluno). Esse tipo de sistema é tão ruim, mas tão ruim para os sujeitos envolvidos, que não se imagina nenhum interesse real em estabelecê-lo. Resta, então, como razão prática dessa lei, a possibilidade de se contratar, de modo terceirizado, o mesmo professor que já dá as aulas, ou aquele mesmo cozinheiro que já prepara a comida, mediante a criação de uma pessoa jurídica interposta. Ou seja: essa lei nada mais é do que uma gravíssima permissão legislativa para a execução de fraudes, artifícios, embustes.

.oOo.

Cláudia Beylouni Santos:

Este tema me assombra há muito tempo e só piora.

O instituto da terceirização é uma das maquiagens mais grotescas que já vi à prática de injustiça real. É a interposição de uma pessoa entre quem presta trabalho e quem recebe trabalho, fazendo com que quem receba o pagamento pelo trabalho que prestou receba menos valor do que aquilo que é pago pelo trabalho por quem paga, a empresa atravessadora precisa, além de gerir custos, ter lucro que justifique seu funcionamento. A prática tem demonstrado que esta matemática opera em desfavor do trabalhador e também do contratante, que fica responsável por pagar ao empregado quando este não receber da terceirizadora da qual é empregado formal, quando não se conseguir cobrar da terceirizadora, mesmo que o contratante tomador do serviço já tenha pago a esta empresa atravessadora.

Testemunho no cotidiano danos corriqueiros efetivos tanto a quem contrata empresas prestadoras, quanto a quem trabalha nelas.

No campo teórico, é uma ficção jurídica que contraria os mais essenciais princípios que fundamentam a identificação de uma relação de trabalho.

Na realidade concreta, só a terceirização que já existe implementada na lei vigente já se mostra uma prática que deixa muitos empregados e muitos contratantes desguarnecidos de segurança real. É imenso o número de terceirizadoras quebradas insolventes ou desaparecidas.

Fora outras distorções, frequentemente empregados não conseguem receber pelo trabalho já prestado e, muitas vezes, o contratante que já pagou pela prestação à terceirizadora tem que pagar de novo, então diretamente ao trabalhador.

É uma ficção ilusória, que se presta a muitas irregularidades, absurdamente já chancelada inclusive pela adoção nas administrações dos tribunais. E há, ainda, uma diferença relevante para a condição do trabalhador empregado. No Brasil , a categorização sindical do trabalhador é dada pela natureza econômica do empregador. Por exemplo, quem trabalha para banco é bancário. Um(a) faxineiro(a) contratado(a) pelo banco, tem sua relação de trabalho regida pelo dissídio negociado pelo sindicato dos bancários, com todos os direitos respectivos. Um(a) faxineiro(a) contratada por uma terceirizada que preste serviço de limpeza ao banco não se rege pelo dissídio, não é defendida pelo sindicato dos bancários. Se a terceirização das atividades meio já era uma anomalia, a das atividades fim serão ainda maiores. Poderemos ter um caixa que é bancário, e outro que não é, com direitos diferentes. Isto sem falar na perda de poder de negociação, no enfraquecimento da categoria. Também é uma porta aberta ao nepotismo, o parente poderá ser contratado por meio da terceirizada.

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Porque hoje é sábado, Danica Thrall

Porque hoje é sábado, Danica Thrall

É com imenso receio que lhes apresento Danica Thrall.

Afinal, na última quinta-feira, ao publicarmos um extra-PHES,

vimos — horror dos horrores — nossa modelo ter suas estrias denunciadas.

Já eu, criatura gauche, estranha e cheia de problemas e defeitos

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— sou daltônico, cambota, narigudo, tenho pés chatos e sou míope! —

por uma questão de isonomia, não devo estabelecer quaisquer restrições

à imensa maioria das mulheres.

(Ah, sou magro de membros e tenho uma barriguinha ridícula).

Se houve um crescimento rápido, estrias.

Se houve algum descontrole à mesa (ou nem isso), celulite.

Assim como nós, as humanas costumam ser assim.
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Darwin, Dickens e Thomas Mann só trabalhavam quatro horas por dia

Darwin, Dickens e Thomas Mann só trabalhavam quatro horas por dia

Nota do blogueiro: É uma pena não ser criativo como esses caras. Se fosse, saberia como viver.

De Carey Dunne, traduzido resumidamente por mim. Retirado daqui.

De acordo com um crescente movimento contra a postura workaholic, a chave para uma maior produtividade poderia ser trabalhar menos horas. A obra Em descanso: Por que você produz mais quando trabalha menos, do consultor Alex Soojung-Kim Pang, defende uma jornada de trabalho de quatro horas. “Décadas de pesquisa demonstram que a correlação entre o número de horas trabalhadas e a produtividade é muito fraca”, diz Pang, um estudioso visitante da Universidade de Stanford e fundador da Restful Company.

Um estudo do Instituto de Tecnologia de Illinois, ainda na década de 1950, descobriu que os cientistas que trabalhavam 35 horas por semana eram menos produtivos do que seus colegas de 20 horas por semana, enquanto que os trabalhadores que suavam 60 horas eram os menos produtivos de todos. Pesquisas mais recentes concordam.

“Algumas empresas, incluindo a Tower Paddle Boards, bem como muitas empresas na Escandinávia, descobriram que seus negócios cresceram — e a satisfação dos funcionários aumentou — depois de cortar as horas de trabalho dos funcionários”, diz Pang.

As rotinas diárias de alguns dos pensadores mais influentes da história também apoiam a noção de que estar descansado é crucial. “Quando você examina as vidas das figuras mais criativas da história, você se confronta com um paradoxo: eles organizam suas vidas em torno de seu trabalho, mas não seus dias”, escreve Pang.

O País da Cocanha, tela de Pieter Bruegel
O País da Cocanha, tela de Pieter Bruegel

Pelos padrões de hoje, o ritmo do naturalista britânico Charles Darwin e do escritor Charles Dickens era digno de vadios ou, no mínimo, de gente preguiçosa. Eles trabalhavam apenas de quatro a cinco horas por dia. O mesmo faziam os escritores Alice Munro, Gabriel García Márquez, W. Somerset Maugham, Anthony Trollope e Peter Carey, o cientista John Lubbock, o diretor Ingmar Bergman, o artista Arthur Koestler e o matemático Henri Poincare. “As horas que esses luminares gastavam em descanso deliberado”, Pang afirma, “eram tão importantes para seu trabalho como o tempo gasto realmente trabalhando. Quando paramos e descansamos adequadamente estamos investindo em criatividade”.

Enquanto muita gente queima pestana até tarde, as rotinas diárias desses escritores, matemáticos e cientistas deveriam encorajar você a deixar o trabalho mais cedo e descansar um pouco.

Em seus 73 anos, Charles Darwin conseguiu publicar 19 livros. Seu último, A Origem das Espécies, é possivelmente o volume mais influente na história da ciência. O tempo que Darwin passou fazendo trabalho científico — teorização, escrita e experimentação — geralmente consistia em apenas três períodos de 90 minutos por dia. Depois de uma curta caminhada matutina e café da manhã, Darwin trabalhava das 8h às 9h30, momento em que ele fazia uma pausa para ler, escrever cartas e ouvir um romance sendo lido em voz alta. Às 10h30, ele retornava ao trabalho e parava ao meio-dia para uma caminhada curta por Sandwalk, um local de Down, perto de Londres. Depois do almoço, mais cartas, uma sesta de uma hora e um lanche. Ele apenas retornava ao escritório entre às 16h às 17h30. Depois, convivia com a família e jantava.

“Se Darwin quisesse assumir um cargo numa universidade atual, jamais seria aceito”, escreve Pang. “Se ele estivesse trabalhando em uma empresa, seria demitido em uma semana.”

G.H. Hardy, um dos principais matemáticos da Grã-Bretanha no início do século XX, iniciava seu dia com café e uma leitura atenta das páginas de esportes dos jornais. Depois se concentrava na matemática das 9h às 13h. Jogos de tênis e longas caminhadas enchiam suas tardes. “Quatro horas de trabalho criativo por dia são o limite para um matemático”, defendia ele, de acordo com Pang. Um colaborador próximo de Hardy, John Edensor Littlewood, concorda, dizendo que a concentração necessária para fazer um trabalho sério era de “quatro horas por dia ou no máximo cinco, com pausas a cada hora”.

Depois de uma juventude notívaga, Charles Dickens, autor de mais de uma dúzia de romances, adotou uma programação chamada por ele de “metódica e ordenada”. Das 9h às 14h, ele escrevia em absoluto silêncio, Depois, almoço, diversão e nada de escrever.

O escritor alemão e prêmio Nobel Thomas Mann, que publicou o aclamado romance Buddenbrooks aos 25 anos, fechava-se em seu escritório diariamente das 9h até às 13h para trabalhar em romances. “Escrevo duas páginas por dia, não menos, não muito mais”. Após às 13h, só leitura, correspondência e passeios”, escreveu Mann. À noite, não todos os dias, ele passava mais uma hora revisando a produção matinal.

Em uma entrevista de 1984 para a The Paris Review, a escritora irlandesa Edna O’Brien falou sobre sua rotina diária de quatro horas de escrita: “Eu me levanto pela manhã, tomo uma xícara de chá e entro nesta sala para trabalhar. Nunca saio para almoçar ao meio-dia, nunca, mas eu paro em torno das 13h e 14h. No resto da tarde, dedico-me a coisas mundanas. À noite, eu leio, vou a uma peça de teatro ou a um cinema ou visito meus filhos. Nunca trabalho à noite.

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Uma reflexão simples sobre a terceirização aprovada ontem e o futuro do trabalhador

Uma reflexão simples sobre a terceirização aprovada ontem e o futuro do trabalhador

Com nossa Câmara Federal formada basicamente por representantes de empresas e religiosos, não chega a ser surpreendente a aprovação do PL 4302/98, que cria a figura da “empresa de trabalho temporário”. Decorrente da medida, creio que o aperto econômico sobre a classe trabalhadora poderá acabar em qualquer coisa, inclusive em Bolsonaro como presidente para “limpar tudo isso aí”. Afinal, nossos eleitores não são os mais informados, como demonstra nosso Congresso. Isso não quer dizer que eu seja contra eleições, apenas que sou a favor de educação e boa informação.

A nova vida do trabalhador: segurança total
A nova vida do trabalhador: segurança total

Com este PL, torna-se possível que empresas de mão de obra forneçam trabalhadores até para as atividades-fim das empresas. Tais empresas podem fornecer trabalhadores por um período de 6 meses, prorrogáveis por mais 3. Total de 9 meses, portanto.

Deste modo, um hotel na praia ou uma escola não precisará contratar mais ninguém diretamente. Explico: se um hotel trabalha apenas nos meses quentes, entre novembro e abril, por exemplo, contrata a empresa de trabalho temporário para buscar funcionários e, passado o período, os põe no olho da rua. Também uma escola — que antes poderia contratar só serviços terceirizados de limpeza, alimentação e contabilidade — agora poderá também contratar professores terceirizados. Eles ficam para o período letivo e depois, rua. A lei diz que esse fornecimento só pode se dar em razão de circunstâncias “excepcionais”. Mas isso é uma bobagem, qualquer necessidade pode receber o título de “excepcional”, até uma nova turma de aula.

O projeto também regulamenta aspectos do trabalho temporário, aumentando de três para seis meses o tempo máximo de sua duração, com possibilidade de extensão por mais 90 dias. Os temporários terão o mesmo serviço de saúde e auxílio alimentação dos funcionários regulares, além da mesma jornada e salário.

Obviamente, a nova legislação incentivará as empresas a demitirem trabalhadores que estão sob o regime CLT para contratar terceirizados, com remuneração menor. Um levantamento realizado pelo Dieese, em 2015, mostrou que os terceirizados recebiam em média 30% a menos que os contratados diretos.

Há uma enorme sacanagem no projeto — mais uma. Foi aprovada a chamada responsabilidade subsidiária. Se a empresa que terceiriza mão de obra não paga seus funcionários ou não cumpre obrigações trabalhistas ou previdenciárias, o empregado primeiro tem de buscar reparo na Justiça acionando o seu empregador direto, a fornecedora de mão de obra. Só depois, se não tiver sucesso, pode acionar judicialmente a empresa que contratou a firma que terceiriza mão de obra. Ou seja, não há responsabilidade solidária.

As centrais sindicais parecem não ter grande comunicação, força de mobilização e, pior, representação no Congresso. Lamentável.

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Em Berlim (VII)

Em Berlim (VII)

Não lembro bem — ou nós estávamos fazendo compras ou ficamos no quarto por algum motivo. O fato é que o 9 de janeiro só tem uma foto do amanhecer e algumas bem noturnas e divertidas. Da janela de nosso quarto, no bom Hotel Prens, era esta a vista na manhã de 9 de janeiro. A temperatura média durante nossa estada ficou entre os 4 graus negativos e positivos, e a neve iria apertar nos dias subsequentes. O estranho é que, em Berlim, tais valores não sobem muito durante o dia e nem descem durante a noite. São estáveis e não é anormal a noite ser mais quente do que o dia.

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Foi nosso primeiro e único dia de jazz em Berlim, mas como valeu a pena! A vantagem de ter um filho morando na cidade é que ele conhece muitos lugares aos quais o turismo convencional não chega. Então, naquela segunda-feira à noite, eu, Elena, Bernardo e o amigo Lucas Birmann fomos ao um lugar que, creio, chama-se Every Monday —  bem, se não é este o nome, ao menos é o nome do evento, conforme foi carimbado em nossos pulsos. É um local ao qual jamais saberia voltar, tantas voltas demos até chegar.

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A gente entra e se impressiona com o aspecto da coisa. Há um palco onde uma big band de 15 pessoas se apertam. Na frente, a plateia fica sentada ou deitada em muitos sofás velhos, provavelmente refugos. Alguns ficavam em pé ou no bar. Importante saber é que, nos bares alemães, você paga a primeira cerveja com o preço da garrafa incluído. Quando vai comprar a segunda, devolve a primeira garrafa, pagando apenas o preço do líquido. Quando você devolve a última garrafa vazia, então recebe de volta o valor da garrafa.

Bem, a banda era excepcional. A Omniversal Earkestra era algo anormalmente bom. Afinadíssimos, bons improvisadores, excelente humor e muito prazer para fazer grande música há mais de sete anos todas as segundas, sem interrupções há mais de 300 segundas-feiras, OK? Se compararmos aquele tesão com o de algumas orquestras que conhecemos… Bem, não vamos comparar. Ellington, Mingus e Sun Ra foram os destaques no repertório. Conversamos sobre microfones com a violinista do grupo — sim, o grupo tinha uma. Ela achou que a Elena fosse irmã do Bernardo!

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Credo, como Sophie Marceau é desatenta!

Sophie Marceau, uma deusa, estava com sua atenção não sei onde quando ocorreu o fato. Eu não me escandalizei. E vocês, meus caríssimos sete leitores?

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Quadros de Van Gogh recuperados: “Só não roubei Girassóis porque não se encaixava na mochila”

Quadros de Van Gogh recuperados: “Só não roubei Girassóis porque não se encaixava na mochila”

“Eu fiz isso porque podia, estava fácil. Só não roubei Girassóis, de Van Gogh, porque não se encaixava na mochila”, disse Octave Durham, de 44 anos, o ladrão que, em 2002, roubou dois quadros no Museu Van Gogh em Amsterdam.

Em 2016, em meio a uma operação contra o grupo mafioso Camorra, a polícia da Itália recuperou duas pinturas do artista holandês Van Gogh que foram roubadas há 14 anos em Amsterdam. Ontem, elas voltaram em perfeito estado para o Museu da capital holandesa.

As pinturas, “Congregação Saindo da Igreja Reformada em Nuenen” (1884/5) e “Vista do Mar em Scheveningen” (1882), são do período inicial de Van Gogh.

Cada um deles vale cerca de 50 milhões de euros e estava com um grupo da Camorra envolvido no tráfico internacional de cocaína.

O diretor do Museu Van Gogh, Axel Rueger, escreveu em comunicado que “já não ousava mais esperar que poderíamos receber os quadros de volta após tantos anos. Foi um milagre”.

O roubo de 2002 foi simples. À noite, os ladrões usaram uma escada para subir no telhado do Museu e invadir o edifício. Depois fugiram deslizando por uma corda.

A pintura de Scheveningen é uma das duas únicas cenas marítimas pintadas por Van Gogh na Holanda, e um exemplo único do estilo de pintura inicial de Van Gogh. A pintura da congregação de Nuenen, onde o pai de Van Gogh trabalhou como ministro, foi feita para sua mãe e finalizada depois da morte de seu pai, em 1885.

Abaixo, as obras que retornaram ao Museu.

Quadro "Vista do mar em Scheveningen", de Vincent van Gogh
Quadro “Vista do mar em Scheveningen”, de Vincent van Gogh
'Congregação deixando a Igreja restaurada em Nuenen', de Van Gogh
‘Congregação deixando a Igreja restaurada em Nuenen’, de Van Gogh

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De Cornelia Hernes

De Cornelia Hernes

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Jane Austen inventou o seu próprio casamento. Duas vezes

Jane Austen inventou o seu próprio casamento. Duas vezes

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Do excelente Publico.pt

Autora britânica forjou registros na paróquia de que o pai era responsável ainda durante a adolescência. Em 2017, comemoram-se os 200 anos de sua morte.

O casamento de Elizabeth Bennet com Fitzwilliam Darcy, nas páginas de Orgulho e Preconceito (1813), não terá sido o primeiro casamento criado por Jane Austen. Dois documentos que a serem divulgados pelo Arquivo de Hampshire, o condado onde nasceu a autora britânica, mostram que, ainda adolescente, Austen forjou o seu próprio casamento — por duas vezes.

O Arquivo de Hampshire anunciou ter na sua posse os registos de casamento de 1755 a 1812 de Steventon, a localidade onde nasceu Jane Austen, no sudoeste do Reino Unido. O seu pai era padre anglicano e reitor da paróquia, motivo pelo qual a escritora – que os biógrafos acreditam que nunca casou – teve acesso ao livro de assentamentos.

Os dois registros encontrados estão escritos à mão, presumivelmente pela própria Jane Austen, sobre páginas de uma espécie de formulário de casamento previamente impresso. O primeiro desses documentos diz respeito à suposta boda entre Jane Austen e Henry Fitzwilliam de Londres. O segundo refere o casamento com Edmund Mortimer de Liverpool. Os investigadores não conseguem precisar se Fitzwilliam ou Mortimer eram, de fato, pessoas reais, ou personagens saídas da imaginação da escritora.

Os especialistas acreditam que Austen seria ainda uma adolescente no momento em que forjou estes dois registros de casamento, revelando “uma faceta surpreendente durante os seus anos de juventude”, valoriza o porta-voz para a cultura do condado de Hampshire, Andrew Gibson, citado pela agência AFP. “Este documento singular revela um outro lado do caráter de Jane Austen”, acrescenta.

Os registros agora resgatados pelo Arquivo de Hampshire vão ser expostos ao público em Maio no Winchester Discovery Center integrados na exposição A Misteriosa Menina Austen, que assinala os 200 anos da morte da autora. Os documentos sob a guarda da mesma instituição e que também serão mostrados na ocasião incluem ainda o registro de batismo de Austen, em 1775, escrito pelo seu próprio pai, e o registo do seu funeral, na Catedral de Winchester.

A autora de Orgulho e Preconceito e Razão e Sentimento, entre outras obras, morreu em 1817, aos 41 anos. O bicentenário dessa data, que se ocorrerá em 18 de julho, serão comemorados em todo o Reino Unido.

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ONU: Brasil cai e fica em 22º lugar em ranking de felicidade; a fria e ateia Noruega lidera

ONU: Brasil cai e fica em 22º lugar em ranking de felicidade; a fria e ateia Noruega lidera

Noruega

Com informações da BBC Brasil

Não tinha escapatória, né? Com os Temer e seus coxinhas indiciados no poder, o Brasil ficou ainda mais triste, agora segundo as Nações Unidas.

A liderança passou da fria Dinamarca — país com maioria ateia — para a Noruega, que é bem parecida. Uma pesquisa de 2016 revelou que 39% dos noruegueses não acreditam em Deus, contra 37% de crentes, e 23% que responderam não saber. Se Deus não os deixa mais felizes, também o sol e calor não parecem ter muita influência positiva na felicidade das pessoas. Mas isso nós, gaúchos, sabemos.

O Relatório Mundial da Felicidade de 2017 foi divulgado nesta segunda-feira (20) pela ONU. O período compreende os anos de 2014 a 2016. O Brasil caiu cinco posições e está agora no 22º lugar entre 155 países. É a segunda queda consecutiva. Na edição de 2016, referente ao período de 2013 a 2015, o país já havia caído do 16º para o 17º lugar.

O ranking de 2017 é encabeçado pela Noruega, que tirou a liderança da Dinamarca. Islândia, Suíça e Finlândia completam a lista das nações mais felizes do mundo. Portugal é o quarto país menos feliz da Europa.

Na outra ponta, as mais tristes são Ruanda, Síria, Tanzânia e Burundi. A República Centro-Africana ocupa a lanterna.

A Europa Ocidental e a América do Norte dominam o topo do ranking, com os Estados Unidos e o Reino Unido nas 14ª e 19ª posições, respectivamente.

Já países na África Subsaariana e atingidos por conflitos tiveram notas previsivelmente mais baixas. A Síria em guerra ficou no 152º lugar entre 155 países, e Iêmen e Sudão do Sul, que estão enfrentando fome iminente, estão nas 146ª e 147ª posições, respectivamente.

O Relatório Mundial da Felicidade foi divulgado para coincidir com o Dia Internacional da Felicidade da ONU.

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O levantamento é baseado em uma única pergunta simples e subjetiva feita a mais de 1 mil pessoas todos os anos em mais de 150 países: “Imagine uma escada, com degraus numerados de zero na base e dez no topo”, diz a pergunta. “O topo da escada representa a melhor vida possível para você e a base da escada representa a pior vida possível para você. Em qual degrau você acredita que está?”

O resultado médio é a nota do país – que, neste ano, variou de 7.54 (Noruega) a 2.69 (República Centro-Africana).

Mas o relatório também analisa as estatísticas para explicar por que um país é mais feliz do que o outro. Entre os dados observados, estão o desempenho da economia (medido pelo PIB per capita), apoio social, expectativa de vida, liberdade de escolha, generosidade e percepção de corrupção.

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Bom dia, Zago (com os melhores lances de Inter 1 x 0 São Paulo)

Bom dia, Zago (com os melhores lances de Inter 1 x 0 São Paulo)
Hoje, só foto de quem jogou bem: Nico López e Uendel.
Hoje, foto de quem jogou bem: Nico López e Uendel.

É fácil detectar os erros que o time cometeu na magra vitória contra o São Paulo de Rio Grande, difícil é corrigi-los. O maior deles localiza-se na dupla de volantes Anselmo e Rodrigo Dourado.

Dourado é primeiro volante, deve jogar sempre ali. Sua dupla com Charles, que gosta e sabe sair para o ataque, tem tudo para funcionar bem, principalmente se Charles não estiver nervoso. Mas quando Charles sai, tu, em vez de colocar Fabinho — mau jogador, mas que também gosta de passear — coloca o horroroso Anselmo. Então, o time passa a ter Anselmo, que não joga nada, e Dourado fora de posição, jogando igualmente mal.

Outra coisa incompreensível é William. Ele voltou da geladeira fora de forma técnica. Hoje, Junio é melhor.

Quer mais? Retirar Uendel do meio-de-campo para colocá-lo na lateral fez com que o time perdesse um passe qualificado, causando sobrecarga para D`Alessandro, que fez uma partida abaixo do normal.

E, nossa, que festival de passes errados! E como Ernando marca mal! Levamos um baita sufoco nos últimos minutos. São Danilo Fernandes fez milagres. Para que aquilo? Achei até que o São Paulo demonstrou momentos de alto brilho técnico, tudo em razão de nossa marcação liberal e equivocada. E lembro-te que foste um bom zagueiro, Zago.

Mesmo assim, estamos só três pontos atrás do Grêmio e, mesmo com nossas atuações podres, é possível passar na frente deles. Eles são muito ruins também e, sem dúvida, este seria um bom ano para o interior levar o titulo. Até o final da fase classificatória, eles têm Novo Hamburgo e São Paulo fora e Juventude em casa. Nossos jogos são Ypiranga e São José fora e Cruzeiro no Beira-Rio, se não perdermos o mando deste último jogo.

Estamos em sétimo lugar. Classificam-se oito… Como tem um jogo atrasado, ainda podemos acabar e oitava rodada em oitavo.

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Pessoas de sorte, muita sorte

Pessoas de sorte, muita sorte

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