Eu e uma crente em um ônibus em Porto Alegre

Eu e uma crente em um ônibus em Porto Alegre
A mezzo-soprano sueca Anne Sofie von Otter
A mezzo-soprano sueca Anne Sofie von Otter

Na segunda à tarde, durante um intervalo, fui pegar algumas coisas na casa de um amigo. Entrei num ônibus, sentei e abri um Simenon enquanto Anne Sofie von Otter cantava Rheinlegendchen ou Wer hat dies Liedlein erdacht? de Gustav Mahler em meus fones. Logo passou um homem que nem vi o rosto e depositou um bilhete de tamanho mínimo na minha mão:

QUERIDOS IRMÃOS PRECISO DE VOCÊS PERDI MINHA MÃEZINHA SOFRO DO VÍRUS DO HIV ESTOU ME TRATANDO COM COQITEL E ESTOU DESEMPREGADO ESTA DIFÍCIL O EMPREGO TENHO UMA FILHA DE 2 ANOS QUE ESTA PASSANDO FOME PESSO SUA AJUDA OBRIGADO
MARCOS E VITÓRIA (nomes alterados)

Juntei uma nota de dinheiro ao bilhete e segui lendo o livro acompanhado de Anne. Quando senti que ele voltava, ergui a mão direita com a nota e o bilhete entre o indicador e o dedo médio um pouco acima de minha cabeça. Porém, o homem não me viu e saiu para tentar a sorte em outro ônibus.

Então, uma senhora falou em voz altíssima que era um absurdo dar R$ 10,00 a um vagabundo e que eu faria melhor doando meu dinheiro à igreja. Subitamente e ainda meio zonzo, caí de meu mundo e notei que aquilo era para mim. Fiquei surpreso. R$ 10,00? Nas vezes em que dou dinheiro para pedintes, meu máximo é R$ 2,00, o valor aproximado de um litro de leite — um critério absolutamente pessoal. Fora um engano. Sem tirar os olhos do livro, guardei a nota, o bilhete e levantei bem alto um solitário dedo médio para que a beata o visse claramente. Nem sempre sou um lord.

O ônibus achou graça e ela me chamou de mal-educado em pavoroso discurso de meio minuto, no mínimo. Lembrei do que um amigo um dia me disse:

É impressionante a quantidade de filhos-da-puta entre os crentes.

Desci na minha parada sem maiores incomodações. Mas como canta a Anne Sofie von Otter!

Grande concerto da Ospa em noite de ódio ao T11

Grande concerto da Ospa em noite de ódio ao T11

O trânsito de Porto Alegre está um caos não apenas pelas muitas obras, mas também pela insuficiência de transporte público. Sou um comportado cidadão e suporto as obras “em nome do futuro”. O que é complicado de aceitar é sair de casa na zona sul — em plena terça-feira — e esperar das 19h30 até às 20h05 pela presença de T11 na Av. Cavalhada. Claro que o fato tem um ponto positivo; afinal, a indignação une as pessoas nas paradas e a gente acaba travando conhecimento com gente interessante, mas digamos que não estamos lá para isso.

O atraso infligido fez com que eu perdesse as três peças curtas que abriram o concerto de ontem: as Danças Húngaras Nº 1, 3 e 10 de Johannes Brahms. Brahms não é coisa que se perca mesmo quando vem na forma destas danças enérgicas e animadas, baseadas em sua maioria no folclore húngaro — apenas as de Nº 11, 14 e 16 são composições 100% originais. As peças foram compostas originalmente para piano a 4 mãos, mas foi irresistível transcrevê-las para orquestra antes que algum aventureiro lançasse mão delas.

Cheguei no momento dos aplausos que antecediam as Variações sobre um tema de Haydn, Op. 56a, também de Brahms. A música é belíssima, apesar das hesitações e equívocos do compositor. Este foi o último ensaio sinfônico de Brahms antes de atacar a composição da Sinfonia Nº 1. Um estupendo ensaio. O respeito que ele tinha por Beethoven e talvez a dúvida sobre a própria grandeza, fez com que ele temesse por longo tempo as incursões sinfônicas. Brahms deixou-se amadurecer de forma tão completa que, ouvindo o resultado obtido, só podemos dar risadas ou lamentar seus medos. A Sinfonia Nº 1 é uma das maiores obras do repertório sinfônico e esta obra de variações é notável. O tema é um hino de peregrinos – o Coral de Santo Antônio – que foi utilizado num Divertimento para sopros que chegou a Brahms como se fosse de Haydn. Tsc, tsc, tsc — não era e mais uma vez um compositor menor acabou sendo prejudicado, no caso o verdadeiro autor do Divertimento, um certo Ignatz Pleyel, aluno de Joseph Haydn. Pleyel perdeu seu lugar no bonde da imortalidade para Haydn, que já o tinha garantido.

A execução da Ospa foi perfeita e emocionante. Ficou muito claro o entendimento entre a orquestra e o regente Teraoka, que permaneceu sorridente durante toda a música. Quando músicos e regente criam um vínculo de admiração e colaboração é difícil de segurá-los, mesmo que eles só queiram deixar a plateia desmilinguida, se me entendem. Foram 20 minutos para esquecer o T11 de meu descontentamento, assim como todas as iniquidades do último mês.

O concerto foi finalizado com a Sinfonia nº 3, Op. 56 — era o dia do 56, espero que alguém tenha jogado no bicho — de Felix Mendessohn-Bartholdy. Sempre lamento quando  as orquestras escolhem tocar a popularíssima Sinfonia Nº 4, “Italiana”, de Mendelssohn, pois sou apaixonado pela 5ª, “A Reforma”. E deveria ficar duplamente indignado pelo fato de Teraoka ter fugido do lugar-comum para o lugar errado: escolheu a 3ª, conhecida por “Escocesa” em razão de um passeio a pé que o compositor condenara a si mesmo fazer pelas montanhas da Escócia — coisa de alemão. Mas meus protestos cessam aqui. Gostei muito do que ouvi e fiz Mendelssohn subir alguns degraus em meu desimportante ranking interno. É uma obra cheia de contrastes desde seu grande primeiro movimento, que inicia vetusto para tornar-se luminoso; um segundo movimento muito alegre, puxado pelo competente clarinete de Diego Grendene de Souza; um terceiro movimento dilacerante ma non troppo e um finale que dizem ter sido tomado de uma dança folclórica escocesa. E, quando tudo parece que vai terminar de forma convencional como uma novela das oito, Mendelssohn nos dá um susto introduzindo um tema inesperado e que não aparecera ainda, uma melodia majestosa que encerra a sinfonia de uma maneira estranha, diferente e brilhante.

Sobre o regente Kiyotaka Teraoka… O que dizer dele? Que ele já arrasara na Quarta de Mahler no ano passado e que voltou a arrasar ontem? Se dissermos isso será verdade. Ou quem sabe pediremos que ele volte sempre? Ou que ele não saia mais daqui? Não sei. A única coisa que posso dizer é que ele ficará mais uma semana em Porto Alegre e que o concerto da próxima terça-feira estará novamente a seu cargo com o seguinte programa:

Jean Sibelius: Pelleas and Melisande, Op. 46
Jean Sibelius: Valsa Triste, da peça Kuolema, Op. 44/1
Jean Sibelius: Cena com garças, da peça Kuolema, Op. 44/2
Sergei Prokofiev: Sinfonia Clássica, Op. 25.

E mais não digo.

.oOo.

Ah, vocês pensam que eu não tenho fotos com o Teraoka? Tenho um monte!

Teraoka em ação, com Milton Ribeiro lá no fundo, em pé | Foto: Augusto Maurer
Em momento especialmente tenso da Sinfonia de Mendelssohn, Teraoka usa os olhos para tirar som do naipe de violoncelos enquanto Milton Ribeiro, solidário e preocupado com a operação, cofia a barba (ou morde os dedos) | Foto: Augusto Maurer
Após o concerto, fomos à festa de 76 anos do Marcos Abreu. E ali, finalmente, o fotógrafo nos deu a primazia do primeiro plano | Foto: Augusto Maurer

Passagens: não se enganem, a maioria e a razão estão com os manifestantes

Hoje pela manhã, fiz uma pequena enquete na parada de ônibus. Além de mim, havia cinco pessoas esperando o Jardim das Palmeiras. Perguntei o que eles acharam da “baderna” — utilizei o termo preferido dos milicos e do PIG — de ontem. Duas senhoras que não pagam passagem e três trabalhadores e/ou estudantes foram unânimes: tinham que ter quebrado tudo. Mas e a confusão no trânsito? Dona J., podóloga sexagenária que não paga passagem pela idade e por ter comprovado sua baixa renda, respondeu que chegou em casa com duas horas de atraso, mas que deu seu apoio “pra gurizada” da janela do ônibus onde se encontrava. Ela dava risada: “Ontem foi um sufoco sair do centro”. Aqui, com excelentes fotos, a melhor reportagem sobre a noite de ontem.

Em hipótese alguma incito à violência (até porque meus dois filhos participam das manifestações), mas acho naturalíssimas a agressividade verbal das pessoas — “tinham que ter quebrado tudo” — e ainda mais a busca nas ruas daquilo que lhes foi negado nos gabinetes. A democracia é assim, Sr. Cézar Busatto. O secretário  chamou os manifestantes de antidemocráticos quando é exatamente o contrário. Mesmo depois do TCE ter sugerido revisão do cálculo; mesmo depois que o Dieese deixou claro que a tarifa de ônibus em Porto Alegre subiu 670% entre 1994 e 2012 quando a inflação foi de 310%; a prefeitura e seus pares, os transportadores, decidiram manter a sacrossanta e crescente margem de lucro e seus cálculos muito particulares. Queriam o quê?

Após informar o novo e espetacular valor de R$ 3,05 (de forma pusilânime, o prefeito deixou a ingrata tarefa a cargo de seu vice), a prefeitura tratou de ficar o mais quieta possível. O valor, difícil de engolir e de dar troco, é desavergonhado. Aqueles complicados R$ 0,05 no final revelam a segurança e despreocupação com que age o grupo formado por prefeitura e transportadores, essa porcaria público-privada que manda nos preços. Apenas alguns secretários largaram muxoxos contra as manifestações contrárias. Só que agora os manifestantes — um grupo heterogêneo, em boa parte inexperiente nas ruas e que poderá sim cometer ações tresloucadas — acabaram encontrando uma causa comum e vão pressionar.

E, por favor, não é só o preço. Ando diariamente de ônibus e o serviço é péssimo. Horários desencontrados, ônibus explodindo para maximizar os lucros e um calor insuportável dentro deles nos dias quentes é a regra. Ou seja, temos um leque de reclamações. O transporte público de Porto Alegre é um convite ao carro, induz ao retrocesso. Como disse o ex-prefeito de Bogotá, Enrique Peñalosa no Fronteiras do Pensamento, Uma boa cidade não é aquela em que até os pobres andam de carro, mas aquela em que até os ricos usam transporte público. A qualidade de nosso transporte público faz com que muitas vezes eu — um assalariado apologista do transporte público — sonhe em estar lá fora, dentro de um carrinho com ar condicionado.

A correlação de forças no Conselho Municipal de Transporte Urbano (COMTU) favorece inteiramente os empresários e eles fazem o que querem há anos. Chegou a hora de ouvirem a resposta da população. Espero que a revolta cresça de forma não violenta. Há sim que parar o trânsito e se tornar notório. E há que rir daqueles que só falam nos pobrezinhos que ficam presos no trânsito. E desculpem, meus caros Fortunati, Busatto e Nagelstalin, antidemocrático é o sistema que decide o preço deste mau serviço que vocês defendem.

¡Hasta la victoria!

Foto: Ramiro Furquim / Sul21

Cedinho, como os pães

Simplesmente me acostumei a vir trabalhar cedo. É difícil me impedir de pegar minhas coisas e sair de casa às 6h55, enquanto muita gente boa ainda está cheirando seu travesseiro cheio de pensamentos confusos e outros vão ao banheiro com as caras amassadas. Caminho até a parada e o ônibus chega muito rápido ao centro. Para que tanta correria? Às 7h30 já estou no jornal. Acordar cedo tem algum parentesco com pães quentes recém saídos do forno. Na esquina de casa, num dia nublado como hoje, olho a pequena fila iluminada dentro da Padaria Pasquali e passo reto. Nada de pão e muito menos de sentir seu cheiro. Aquilo engorda.

O motorista do ônibus das 7h10 é mesmo um sujeito estressado. Seu colega das 7h40 é muito mais lerdo e adequado. Com o primeiro, dificilmente consigo ler aquelas 15 páginas regulamentares de meu livro. Quando chego ao jornal, começo a ler os outros. Na contracapa de um, leio a palavra “bagaceiro” justo na semana dos cem anos de nascimento de Rubem Braga. Céus, por que não usar “vulgar”? Como editor, na boa, eu mudaria. Há que ser mais fino, mesmo quando se fala em Carlinhos Cachoeira. E por que não usar condenado em vez de corrupto? Uma grosseria já na capa. Abro a internet e vou direto ver como andam as coisas para Hugo Chávez. Tudo na mesma, só que agora os EUA lhe desejaram uma pronta recuperação. Dou uma olhada nos jornais portugueses e as notícias são as mesmas, mas mais objetivas, falam no adiamento da posse e, surpresa!, em tempo de recuperação. De qualquer maneira, parece que já temos o obituário. Tínhamos também o do Niemeyer, escrito por mim. Foi bastante lido, sabe?

Então, vou ao blog de outro Braga, o Monóbio, para ver se ele continua torcendo pela morte de Chávez. Não, seus últimos textos abandonaram Venezuela e Cuba, ele parou de fantasiar sobre a marcha do câncer — cancro, segundo os jornais portugueses — com seus amigos de Miami. Procuro em toda a primeira página do blog do editor pela sequência de caracteres C-h-á-v-e-z y no hay la palabra. A Revolução Bolivariana cansa.  Bem atrás de mim, na redação vazia, sobe uma enorme bolha do garrafão de água. Sorrindo e antes que me demitam, vou fazer café para todos os que chegarem. Afinal, vim trabalhar.

Não tem essa de me dar carona!

Mentira. Pois quando me oferecem sempre pego na hora. Porém, hoje, evitei receber o convite quando meu vizinho saiu de casa na mesma hora que eu. Ele é muito educado e solidário, vai de carro e me faz ganhar quinze minutos. Mas hoje eu acelerei o passo e segui meu caminho para a parada. Passei reto por um simples motivo — queria ler meu livro no ônibus. Atualmente, quase só leio nos ônibus e lotações. Dá uma hora por dia. Em casa, sempre há algo solicitando minha atenção. Um saco, um saco. Mas poderia haver outro motivo. Desde há muito comecei a me deslocar sozinho para o Centro da cidade. Na verdade, desde os 9 ou 10 anos de idade. Quando conseguia sentar, aqueles eram momentos felizes nos quais divagava à vontade, como se não pudesse fazer melhor noutro lugar. Talvez a entrada e saída de pessoas desse maior criatividade aos pensamentos. O fato é sempre houve um traço poético em ser levado dentro de um coletivo. Não sei bem por quê: pode ser o balançar do ônibus, pode ser as caras das pessoas que me fazem adivinhar-lhes as histórias. É um momento de pura indireção, em que não há nada de objetivo que possa ser resolvido e me irrito muito se o celular toca. É muito bom. Então, sempre achei prazerosa a coisa dos ônibus. Ademais, há a discutível certeza de estar colaborando com a humanidade ao não estar andando sozinho dentro de um carro. Foi um boa decisão a de ter ficado com um só carro em casa, acho.

Quando criança, preferia os bondes. Afinal, eles andavam sobre trilhos e nunca poderiam alterar seus caminhos. Eu morria de medo que os ônibus saíssem por aí livremente pela fantasia de um motorista alucinado. Achava que todos os adultos conheciam a cidade. Eu não. E era muito tímido para perguntar como voltar pra casa. Então, os trilhos eram minha segurança. Hoje, nem olho muito as caras das pessoas. Entro, dou bom dia para o motorista e sento para ler. Já me falaram na possibilidade de descolamento da retina. Francamente, que descole.

(O umbiguismo voltou com tudo hoje. Acontece).

Imagem retirada do Blog de Rafael Corrêa.

O "reajuste" das passagens de ônibus em Porto Alegre

Há mais aqui. Muito boa matéria.

Nós temos apenas um carro em casa, então é comum que eu use ônibus várias vezes por semana. O serviço em Porto Alegre não é grande coisa. Por exemplo, apesar de trabalhar no centro da cidade (no início da Rua Fernando Machado), tenho que caminhar sete ou oito quadras para chegar a uma parada que me leve para a Zona Sul, local bastante populoso. Ou seja, é um serviço insatisfatório. Como sou um fantasista-divagador-viajante profissional, apenas me incomodo nos dias de chuva, mas SEI que o serviço é aquela coisa mais ou menos.

Também sei que apenas 40% dos ônibus — consultei dados da prefeitura — têm ar condicionado. Então, quando a cidade está em modo Forno Alegre, como é comum em janeiro e fevereiro, a coisa ferve em 60% dos veículos.

Agora, o aumento sistemático do valor das passagens é algo que torna o negócio muito bom para a prefeitura. Ela aumenta um valor que é recebido por todas as empresas de ônibus e principalmente pela Carris, a maior empresa do ramo na cidade, de propriedade de própria prefeitura. Ou seja, ela aumenta o faturamento de uma de suas principais empresas. Penso que este seja um dado importantíssimo para a facilidade com que estes aumentos são concedidos. Aumentando o preço das passagens, aumenta o faturamento de prefeitura. Simples.

Mas até aí tudo bem, há casos assim por todo lado e é normal que os preços sejam reajustados uma vez por ano. O problema é o percentual destes aumentos, pois não são reajustes. Sempre há alguma tragédia associada a eles. Anos atrás, eram os aumentos dos combustíveis, depois foram os dissídios, agora é a renovação da frota e o preços das recapagens e pneus. Resultado: numa cidade média como a nossa e quase sem engarafamentos, R$ 2,70 para os ônibus e R$ 4,00 para as lotações. É muito.

Porque às vezes sinto orgulho de minha cidade

Publicado no Sul21, com outro título

A partir deste domingo (13), ônibus com mensagens ateias circularão em Porto Alegre e Salvador. A iniciativa é da Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA) e apresenta quatro mensagens que expõem um pouco o que pensam os ateus. Segundo a entidade, este é mais um passo dado na direção do reconhecimento dos não crentes como cidadãos plenos e dignos. Serão 10 ônibus em Porto Alegre, financiados por um único doador paulista que prefere permanecer anônimo, e 5 ônibus em Salvador, financiados com recursos da entidade e outros doadores.

O mote da campanha é “Diga não ao preconceito contra ateus”, que aparece em quatro formatos diferentes. Um deles afirma “A fé não dá respostas. Ela só impede perguntas” e outra diz “Religião não define caráter” mostrando uma foto de Hitler, citado como crente, e Charles Chaplin, um ateu. As propagandas permanecerão nos ônibus por um mês. Porém Daniel Sottomaior, presidente da ATEA, revela que “O prazo pode se estender, se tivermos doações. Somos cerca de 2% dos brasileiros ou 4 milhões de ateus. Muitos têm medo de se expor devido ao preconceito de amigos, chefes e familiares. Isso tem que acabar”.

A campanha traz ainda a foto de um avião atingindo o World Trade Center com os dizeres “Se Deus existe, tudo é permitido”, uma citação alterada da famosa frase de Dostoiévski em Os Irmãos Karamázovi, “Se Deus não existe e a alma é mortal, tudo é permitido”, dita paradoxalmente pelo ateu Ivan Karamázov no romance. Outra peça afirma “Somos todos ateus com os deuses dos outros”, mostrando imagens de um deusa hindu, um deus egípcio e um deus palestino — Jesus.

Segundo a entidade, o objetivo da campanha não é fazer desconversões em massa, mas conseguir um espaço na sociedade e diminuir o preconceito que existe contra ateus.

DOAÇÕES –> AQUI <–

Chama um táxi?

Os principais órgãos da imprensa gaúcha, sempre indo ao cerne das questões, divulgam com grande destaque a mais nova aquisição do Sport Club Internacional. Sim, um ônibus. O site do clube teve o bom gosto de ainda não estampar fotos da geringonça abaixo. Mas deve ser algo muito importante. Afinal, avizinha-se o Campeonato Brasileiro e ele, o ônibus, deverá ser muito utilizado no translado até o aeroporto.