Em Berlim (XI)

Ainda no dia 11 de janeiro, voltamos ao Piano Salon Christophori para a maior decepção musical da viagem. O repertório era fantástico: uma série de peças curtas para duos de violino, viola e violoncelo, cada um acompanhado por piano, finalizados com uma reunião geral no Quarteto para Piano Op. 25, de Brahms.

O problema não era o repertório, mas os executantes. A pianista era razoável. As cordas eram formadas por um violinista sem noção de estilo e algo lenhador, um violoncelista ainda pior, porém mais delicado, e uma boa violista, que faria furor em Porto Alegre tanto por sua competência como pela beleza. Deu quase tudo errado. A coisa foi fraquíssima. OK, são jovens, mas poderiam ser melhores.

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Não consegui encontrar o nome dos caras ou do grupo. Sorte deles, porque vocês sabem como é o Google.

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Bem, já contei como funciona o Piano Salon Christophori. Falei das peculiaridades do local e disse que a copa é livre para a plateia pegar cerveja, vinho ou água. Então, por pior que seja o recital, a gente sai de lá feliz, ainda mais quando encontra um cara como o Guilherme Conte, que estava no Christophori e que depois saiu para jantar conosco. Eu apenas o conhecia do Facebook.

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O Bernardo, que já o conhecia, tinha-me dito que o Guilherme era o cara de voz mais bonita que ele conhecia. Olha, não me impressionou muito, gostei foi da companhia e da conversa do tranquilo palmeirense que estuda História em Berlim e cuja mulher é violista na Orquestra do Gewandhaus de Leipzig.

A Elena trouxera um vinho que conseguimos abrir após longa negociação com os donos do restaurante. Mentimos que era aniversário do Bernardo e que precisávamos comemorar com um vinho de sua escolha. Houve resistência, mas os caras acabaram trazendo abridor e copos. Jantamos muito bem.

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O tal vinho era uma compra da Elena, que já o conhecia de outra viagem. Porém, como ela estava sem beber há meses, ele se instalou nela na forma de uma bela dor de cabeça. Não ocorreu nada de mais grave com o trio restante, nós apenas ficamos ainda mais felizes. Eu estava discretamente constrangido em razão dos bonitos e úteis presentes que ganhamos do Guilherme — legítimos grosseirões que somos, não trouxéramos nada para ele –, mas nada que empanasse o belo final de dia. O Facebook permite que conheçamos pessoas, mas não há nada como o prazer da presença.

Grande Guilherme!

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