Ônibus Serraria, de Marino Boeira

O título completo do livro é Tudo pode acontecer no Ônibus Serraria e na Zona Sul (Libretos, 118 páginas, R$ 30), mas como o editor deu mais destaque na capa à linha de ônibus, fiquemos com o título resumido.

Marino Boeira costuma publicar deliciosos textos no Facebook. Sou seu leitor. Ultimamente, ele está escrevendo textos mais curtos. Uma pena. Conheço-o também de outras paragens, mas o que interessa é que este informado, culto e divertido senhor de 80 anos produziu um livro que se lê rapidamente, sem cansar. Li numa tarde de sábado e já usei a palavra “delicioso” acima. Ela é perfeita.

Por favor, não pensem no tiozão do churrasco inventando historinhas sem graça. Marino é um cara aposentando — foi professor universitário, publicitário e jornalista — que fica atrás do computador fazendo a gente rir de suas histórias e fazendo-nos pensar em como seria admirável preservarmos a inteligência e ser politizado, ateu, cético, informado e radical sendo octogenário. Além do mais, ele vê todos os filmes interessantes e lê as novidades literárias. E tem um programa de rádio onde o chamam de Mestre e de alguns outros títulos complicados que esqueci. Bem… Aqui já entramos no terreno da auto-ironia.

Sim, ele é um intelectual à antiga, uma daquelas enciclopédia ambulantes que eram mais fáceis de encontrar no passado.

Mas o que é o livro Ônibus Serraria? É uma despretensiosa e inteligente coletânea de crônicas divididas em duas partes: “As histórias que acontecem no Ônibus Serraria” e “As histórias que acontecem na Zona Sul” (de Porto Alegre). Gostei mais da segunda parte, cujas crônicas tratam de traições, sexo (ou da saudade do mesmo), fantasias loucas e filosóficas, causos e da pequena política da cidade. Também a morte está presente, mas o céu de Marino… Bem, leiam.

Achei especialmente boas as crônicas Dona Lucrécia e o Sexo, Direto do CéuCabíria ou Gesolmina e Ficantes & Significantes.

Recomendo.

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P.S. — Sou citado e até ilustrado no livro de Marino… Sou eu ali, com uma camiseta onde está escrito Bamboletras em russo, obra do Santiago.

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