Mia Couto, sobre os hábitos no interior de Moçambique, no livro “O Mapeador de Ausências”

As regras de cortesia mandam: quem se reencontra, depois de uma longa ausência, precisa saber de tudo e de todos. É vital perguntar se o milho nasceu com fartura, se a chuva veio no tempo certo, se os parentes estão de boa saúde. Só depois de cumprir todo esse cerimonial, o visitante anuncia: “Pronto, agora já cheguei”. Nesse longo desfilar de novidades, não há lugar para más notícias. Está sempre tudo bem. Os infortúnios só são revelados depois que a conversa tenha firmado confiança. Em nenhum lugar do mundo um “bom dia” é mais verdadeiro.

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