~ ESCLARECIMENTO SOBRE A BAMBOLETRAS E A REFORMA DO NOVA OLARIA ~

Ontem surgiram notícias sobre a “destruição” do Nova Olaria, onde localiza-se a Livraria Bamboletras. Como creio saber mais a respeito do que a maioria das pessoas e para que as narrativas apocalípticas recuem um pouco, aqui vão as informações que possuo.

Marquei uma reunião com os administradores há uns 20 dias. Fui recebido numa sala de reuniões com toda a pompa, vieram 2 pessoas falar comigo.

As notícias:

1. Eles vão construir 3 torres aqui. Duas de “studios” (apartamentos JK, bem entendido) e uma de apartamentos maiores. Um prédio será no atual estacionamento, outro na ex-FADERGS e outro naquela Academia que fica na Lima e Silva e que a gente passa na frente quando vai para o Zaffari, saindo da Bamboletras.

2. O Nova Olaria (a partir de agora NO) será inteiramente reformado. Ficará o muro formado pela frente de todas as lojas e a parte de trás das mesmas. Isto é, só ficarão a parte da frente e a de trás das lojas nos dois lados. O meio será derrubado, assim como o maior problema do prédio: o teto. Neste item, concordo com os caras, o teto daqui está pedindo manutenção. Também o piso do meio será refeito e ficará da altura do piso das lojas, pois, realmente, hoje nada está preparado para a acessibilidade.

3. Isso começará lá pelo meio do ano que vem.

4. É óbvio que teremos que sair. A reforma deve demorar uns dois anos.

5. Eles me informaram que as novas lojas terão tamanhos iguais às atuais e querem que a Bamboletras volte após a reforma. Mostraram um estudo que demonstra que somos a mais importante a loja do NO, mais importante até que o Guion. Seríamos a principal âncora. Somos quem traz mais gente pra dentro do Shopping. Eles disseram que o NO tem afinidade com a cultura e que o cinema será derrubado e reconstruído logo depois, com ou sem o Guion. Que isso aqui só pode dar certo com a Bamboletras e o cinema. Fico feliz com as palavras, mas saibam que ainda estamos em crise — precisamos levantar a âncora e navegar melhor.

6. Mas mudei de assunto. Voltemos…

7. Disseram também que podem facilitar nosso aluguel em um prédio deles na Cidade Baixa até o retorno.

8. Claro que achei tudo isso uma merda. Duas mudanças é pra matar. Talvez fosse melhor apenas sair no primeiro semestre do ano que vem. Ou estamos tão grudados ao NO que seria melhor retornar? — esta é uma questão em aberto.

9. Afinal, eles fizeram uma pesquisa em POA perguntando sobre as palavras que ocorrem às pessoas quando pensam na Cidade Baixa. Entre as palavras mais citadas estava “Bamboletras”. Pode ser puxassaquismo, mas só pensei nisso agora. Ah, se a gente pudesse transformar nosso prestígio em $… Ah, se prestígio e boa curadoria pagasse contas…

10. Bem, as informações são estas. Pretendemos seguir, não obstante as obras e dificuldades. Somos teimosos e acreditamos no que fazemos. Boas livrarias são importantes. Passamos pela pandemia sem demitir nenhum funcionário — não adianta ser ideológico só no discurso, né? — e queremos seguir vivos. Estamos na luta e vocês não imaginam como. Apareçam. Como diria Drummond, precisamos de todos.

P.S. — Se alguém tiver sugestões, palpites. bons locais disponíveis para 2022, por favor, manifeste-se.

4 comments / Add your comment below

  1. Fiquei surpresa e chocada com a notícia, a Bamboletras é uma referência realmente na Cidade Baixa. Fico triste de perdermos os locais de referência na cidade, mas espero surja a melhor solução e a Bamboletras continue sendo referência de livraria de altíssima qualidade onde quer que esteja

  2. Entendo quando dizes que seria bom “transformar prestígio em $”. Sou livreiro a 25 anos em uma cidade de porte médio no interior e infelizmente todos que falam da importância de “existir uma livraria” gostam muito de frequentar o ambiente, ouvir sugestões, trocar ideias com o livreiro… Mas na hora de comprar é melhor procurar a “dica recebida” pela internet que é bem mais barato. É a nova realidade, infelizmente. Os livreiros independentes foram abandonados no processo de modernização das relações comerciais neste segmento que sempre foi tão nobre.

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