Últimas horas em Bombinhas

Últimas horas em Bombinhas

Nossas explorações gastronômicas nos levaram a lugares bem interessantes aqui em Bombinhas. Como campeão, podemos deixar empatados os restaurantes Olímpio — simples e boníssimo — e o Berro d`Água — mais chique e também excelente — lá da praia de Zimbros. Num muito honroso segundo lugar, deixamos o César, onde fomos anteontem comer ostras e o café de nossa pousada, onde o raio gourmetizador atingiu apenas a qualidade do que é servido. Os outros a gente não cita. Bem, deixemos a Casa da Lagosta com o terceiro lugar. Lá é muito bom também. Ah, a moleza das férias!

(Por falar em Raio Gourmetizador… Não será ele um filho do Raio da Vida utilizado por Bulgákov em Os Ovos Fatais, que por sua vez é filho do Raio da Morte com que a parte da população de Kiev tentou afastar os bolcheviques há quase 100 anos?)

E manhã, quinta-feira, o “simpático casal do cinza (*)”, que é como soubemos que os funcionários da Pousada Narinari nos chamam, começa seu retorno para Porto Alegre, não sem antes dar uma passada pelo Café François e Paradigma Cine Arte de Florianópolis, onde talvez também conheçamos pessoalmente um amigo.

Abaixo umas fotos tiradas no Restaurante César.

As ostras do César
As ostras do César, devoradas em 2 de fevereiro em homenagem aos aniversários de Jascha Heifetz e James Joyce.
Agora protas com o limão e o molho
Agora prontas para comer, com o limão e o molho
O talharim com frutos do mar que perdeu para o do Berro d`Água
O talharim com frutos do mar que perdeu para o do Berro d`Água
Elena e sua cerveja sem álcool
As mãos de Elena e sua cerveja sem álcool
Em outro ângulo
Em outro ângulo
Dentro do quarto cinza (a Elena gosta de fotos fora de foco...)
Dentro do quarto cinza (a Elena gosta de fotos fora de foco…)

(*) Na Narinari, os quartos são chamados por cores, não por números.

Ainda em Bombinhas, Jack Vettriano, duas cervejas, quatro poemas e um ogro

Ainda em Bombinhas, Jack Vettriano, duas cervejas, quatro poemas e um ogro

Ontem foi um dia perfeito. Sono esticado pela manhã; mar calmo, limpo e lindo, permitindo o namoro dos casais entre ondas que se sucediam como carícias; depois, um belo jantar em nossa varanda, seguido de longo passeio. Um dia amoroso. Tudo isso para comemorar nosso um ano e cinco meses de namoro. Pois, sim, comemoramos mensalmente, ora.

Em meio a isso, numa navegada pela internet, uma tia da Elena postou numa espécie de facebook russo uma série de gravuras do escocês Jack Vettriano, que tem como pano de fundo o mar. Isso justo quando estamos no litoral tirando fotos profundamente amadoras como as de anteontem, com a Elena e eu à beira d`água.

Abaixo, duas imagens de Vettriano e nossas fotos fora de foco, já um pouco tristes porque vamos embora na quinta-feira e aqui estava — puxa, e ainda está — muito bom.

Jack Vettriano - The_Singing_Butler__finished

Jack Vettriano - In Conversation

Abaixo, ontem à noite, eu bebia uma Baden Baden Golden, enquanto a Elena por companheirismo, bebia cerveja sem álcool só para me acompanhar. E sem vodka, amigos.

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Depois as fotos fora de foco, mas das quais gosto muito. É claro que a última foto é uma brincadeira, creiam, mas que revela uma tendência de 2015.

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Milton Ribeiro DSC02185

E ela não gosta de cerveja

E ela não gosta de cerveja

Mas eu gosto, bebo e fotografo…

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Acima e abaixo, duas tchecas e a Maguary e o Del Valle da Elena.

Elena Romanov (2)

E ontem, uma belga e uma tentativa de cerveja alemã sem álcool para a Elena. Não deu muito certo. A Elena achou amarga demais. Mas ela queria sentir-se adulta bebendo comigo… O bom é que depois fomos passear à beira-mar no melhor dos humores. Ah, a vida tranquila, carinhosa e besta das férias!

Elena Romanov

Bombinhas: o 6º Encontro Internacional PQP Bach

Bombinhas: o 6º Encontro Internacional PQP Bach

Em meu vocabulário de ateu, uma única palavra é sagrada: a amizade.
Milan Kundera — A Festa da Insignificância

Já estamos indo para a primeira década do PQP Bach e ainda não conheço todas as pessoas que fazem este grande blog. Um morava no Casaquistão e agora está em Moscou. Não o conheço, apesar de já ter-lhe enviado partituras de autores brasileiros que foram interpretados em recitais moscovitas. (Sim, a coisa é chique). Já jantei com outro de São Paulo e com nosso homem em Vitória (ES). Mas não conhecia nosso agente secreto de Blumenau, assim como não conheço o restante da turma. O Luiz Blasi é a pessoa com a qual mais converso sobre música e as postagens bagunçadas do blog.

Ontem, domingo (25/01), ele e sua esposa Rose desceram até Bombinhas para fazer o reconhecimento mútuo. Para os iniciados na terminologia pequepiana, foi o encontro de PQP Bach com FDP Bach, dois filhos bastardos de Johann Sebastian. Simples assim. O casal visitante chegou secretamente à pequena cidade em carro próprio, por volta das 7h da manhã de domingo, trazendo um pen drive com a integral das Sonatas de Beethoven, tocadas por Maurizio Pollini, e o filme dos 125 anos do Concertgebow de Amsterdam, concerto completo. Sem se anunciarem, é claro, ficaram ocultos na recepção até que eu e Elena descemos às 8h, cuidando para não sermos vistos.

A Andréia, dona de nossa Pousada, recebeu a todos com um belo café. Eu e a Elena comemos pouco devido aos acontecimentos traumatizantes da noite anterior, mas espero que o Luiz e a Rose tenham aproveitado, porque os cafés da Andréia são esplêndidos.

Após o café fomos a Zimbros, uma bela e calma praia ideal para crianças.

A praia de Zimbros | Foto: Luiz Antonio Blasi
A praia de Zimbros | Foto: Luiz Antonio Blasi

Mas lá havia aquilo que nos persegue onde quer que compareçamos: a boa gastronomia. O maestro Tobias Volkmann, através de bate-papo no Facebook, dirigiu-nos de forma firme e afinada ao restaurante Berro D´Água. Meu deus, o que foi aquilo?

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Olha, até agora, 36 horas depois, ainda estamos comentando aquela massa. A boa comida conhece caminhos inescrutáveis para nos alcançar. Eu nem queria comer muito depois da vandalização do dia anterior, mas o que podemos fazer além de aceitar a felicidade que nos chega a um custo adequado?

Depois de várias fotos documentais …

Milton Ribeiro e Luiz Antonio Blasi

Milton Ribeiro e Luiz Antonio Blasi 2

… e de uma uma amizade virtual passada ao mundo real, despedimo-nos de nossos amigos, não sem antes termos um curioso encontro no estacionamento. Ali estava uma família de corujas buraqueiras, hoje raras. A Elena sempre diz que é uma coruja. Refere-se, é claro, ao modo como fica alerta à noite. O encontro dela com os pássaros foi tímido.

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Abaixo, uma foto de Luiz Antonio Blasi mostrando o making off das fotos acima.

Foto: Luiz Antonio Blasi
Foto: Luiz Antonio Blasi

Rose e Luiz, foi um belo encontro. Nada surpreendente que vocês fossem exatamente como nós imaginávamos: de fala mansa, boa e inteligente conversa e muito agradáveis. Não querem se mudar para Porto Alegre a fim de que a gente se veja mais vezes?

Gostei tanto de vocês dois que deixei minha mochila no porta-malas deles… A coisa já está voltando por Sedex…

Bombinhas anteontem, 24/01

Bombinhas anteontem, 24/01

Nós tínhamos passado um grande dia. A tarde foi finalizada com longas confissões dentro do mar. Apesar de nosso tenebroso passado, nenhum de nós tentou o afogamento final. Pelo contrário, foi um daqueles longos e carinhosos banhos que adoramos tomar ao final da tarde. Mas acabamos vitimados por um jantar absolutamente saboroso e… copioso. Todo o nosso atletismo marítimo foi jogado fora e saímos do restaurante alimentados para uma semana e ainda com uma “quentinha” na sacola.

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Simplesmente não conseguíamos parar de comer a maravilhosa muqueca que nos foi servida na Casa da Lagosta, novamente à beira-mar. Depois de comportarmo-nos como falsos hunos famintos, acabamos nos consolando em nossa varanda da Pousada Narinari. Eu com uma cerveja, a Elena com suquinho.

O fotógrafo e a fotografada pensam: para que comer tanto?
O fotógrafo e a fotografada pensam: para que comer tanto?

Bombinhas em dia de sol e água perfeitos

Bombinhas em dia de sol e água perfeitos

Dia de sol e água espetaculares, dia de brincar de pas de deux na arrebentação, dia de um bolo de abacaxi e coco arrebentar o regime, dia da confirmação da visita de um amigo, dia de um banho inesquecível de duas horas sem sair da água, dia de auxiliar a Elena após uma onda e quase retirar-lhe a parte de cima do biquini, dia de terminar um excelente e estimulante livro, noite de comer um linguado sensacional no restaurante Olímpio, noite de comprar cerveja tcheca, noite de passeio.

A chegada na praia, lá pelas 8h, te mete!
A chegada na praia, lá pelas 8h, te mete!
Este que vos escreve, de nome Milton Ribeiro, finalmente em frente às câmeras
Este que vos escreve, finalmente em frente às câmeras
Brincando com um cachorro que apareceu por ali. O cara se animou e começou a me morder carinhosamente. Adoro cães, fazer o quê?
Brincando com um cachorro que apareceu por ali. O cara se animou e começou a me morder carinhosamente. Adoro cães, fazer o quê?
Paisagem com banhistas
Paisagem com banhistas
Elena perdida no mar
Elena foi pro mar e eu fiquei a ver navios
O linguado do Restaurante Olímpio, na beira do mar
O linguado do Restaurante Olímpio, na beira do mar. Pedi para a Elena colocar as mãos ao lado do prato a fim de ficar bem caracterizado o tamanho do filé, que era maravilhoso
Um torcedor do San Lorenzo passou por aqui...
Um torcedor do San Lorenzo passou por aqui

Bombinhas – 3º dia

Bombinhas – 3º dia

No terceiro dia de vida besta, uma extensa rotina de banhos de mar e passeios. Eu e a Elena temos uma antes insuspeitada característica em comum: nós dois gostamos de tomar longuíssimos banhos depois ou bem depois da arrebentação. E ficamos lá por quase duas horas, nadando e boiando. É muito prazeroso e sei que você estava esperando ansiosamente por esta importante informação, caro leitor. Abaixo, deixo as poucas fotos do dia antes de nosso jantar na varanda. Afinal, tenho que liberar esta mesa para os pratos.

Importantes distinções na porta do supermercado
Importantes distinções na porta do supermercado, além do perfeito uso da crase
Nossa vista da janela
Nossa vista da janela
Cansativo de olhar
A varanda e a vista do nosso quarto na Pousada Narinari

Bombinhas, leitura, música, banhos e gastronomia

Bombinhas, leitura, música, banhos e gastronomia

Sei que a maioria de meus sete leitores está trabalhando, então é uma baita sacanagem eu ficar contando como foi nosso 21 de janeiro… Manhã de caminhada na praia antes do lauto café. Leitura de uma aterrorizante novela — falo sério — de Bulgákov. Uma longa estadia no quarto na companhia de Hiromi Uehara, Pomplamoose e Brahms. Depois, um enorme banho de mar antes do jantar abaixo. Sim, apenas tomamos café e jantamos. Foi tudo muito sofrido.

O jantar foi num restaurante em frente ao oceano chamado Delícias do Mar. Olha, nem tanto. A paisagem é deslumbrante, mas não dá para comê-la. Então, a paella que foi para nosso estômago, poderia ter sido melhor. Não sei bem o que faltou, só sei que ela apenas obteve ser corrigida após insistentes testes com azeite de oliva, sal e pimenta. Ah, pois é, complicado.

Eu desconfiava que os restaurantes mais populares da praia eram superiores. Olha, acho que são mesmo. Amanhã, vamos e um que se chama Trem Bão. Aposto que dá de dez no Delícias.

Quando tudo (ou quase tudo) dá certo, a gente fala pouco. É o caso.

A cara é ótima, né?
A cara é ótima, né?
Não canso de postar fotos da Elena.
Não canso de postar fotos da Elena.

Férias em Bombinhas

Férias em Bombinhas

Pois é, férias. Aviso a meus sete leitores que este humilde blogueiro estará em Bombinhas por alguns dias, curtindo as delícias de litoral catarinense.

Durante a noite de terça-feira (20/02), viemos de ônibus leito até Florianópolis, depois pegamos outro ônibus até Itapema e então descobrimos que, por ordem da prefeitura de Bombinhas, os ônibus estão proibidos de adentrar o excelso município. Então, fomos obrigados a pegar um táxi em Itapema para chegarmos até nossa pousada. A coisa, que andou míseros 30 Km, custou-nos o preço de uma das passagens de leito de Porto Alegre a Floripa. Mas, como somos um casal de multimilionários, cadê o problema?

A primeira impressão da Pousada Narinari foi excelente. A recepção dá sensação de conforto. O quarto é grande, o colchão é duro como deve ser, o banheiro é enorme, estamos com Wi-fi e ar condicionado funcionante, há bom espaço para roupas e acho que ganhamos um café só pelo fato de termos chegado antes do horário de entrada. Chegamos às 10h e a diária é a partir das 14h.

Tudo foi tão agradável que nós arrumamos o quarto da pousada exatamente do modo como nunca fazemos em casa: com ordem e lógica. Não estou nos reconhecendo. O que havia no lanche do Japonês?

Por falar em japonês, aqui só se fala argentino. Acho que até o ingeniero Bombita está na cidade que o homenageia. Eles tomaram conta não apenas como turistas, mas como empresários. O café onde tomamos um espresso era de propriedade de um argentino. A invasão vale a pena. Penso que a presença deles em todos os lugares garanta uma melhor e mais variada gastronomia. Há que considerar que viemos também comer aqui… Durante as férias, os regimes ficam suspensos. Esta é uma regra que acabamos — eu e a Elena — de criar.

Por falar nisso, almoçamos muito bem. Comemos um Variado de Peixes para duas pessoas. O tamanho do prato era tão grande que pedimos para levar o que restou. Então voltamos para a pousada a fim de dormir uma horinha antes de tomarmos nosso primeiro banho de mar. Só que o cansaço acumulado nos últimos dias saiu-se facilmente vitorioso e acordamos às 20h após 5h de sono. Não houve despertador que nos erguesse.

Então, partimos para uma caminhada noturna na praia, aquela linda jaula limitada por duas enormes pedras como são todas as praias daqui. Ficamos nisso por quase duas horas a fim de que a fome voltasse, né? E, acompanhado de sucos comprados num super aqui na frente, mandamos bala na segunda parte de nosso almoço.

A previsão do tempo na porta do quarto
A previsão do tempo na porta do quarto
Olhando para a esquerda na praia...
Olhando para a esquerda na praia…
E para a direita...
E para a direita…
Uma árvore atravessa os três andares da pousada. A porta à esquerda é a de nosso quarto.
Uma árvore atravessa os três andares da pousada. A porta à esquerda é a de nosso quarto.

Paris, 25 de fevereiro: Museu Rodin (I – parte externa)

Paris, 25 de fevereiro: Museu Rodin (I – parte externa)

Pois no dia seguinte nós fomos finalmente ao Museu Rodin. Compramos aquele Paris Museum Pass, que permite que você entre quantas vezes quiser em quase todos os museus da cidade. Evita filas também.

Falar sobre o Museu Rodin, comentar suas obras — as de Auguste e as de seus agregados, incluindo Camille Claudel — , é complicado, seria um enfileirar de interjeições. Logo na entrada, somos apresentados a O Pensador.

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Aqui, mais de perto, deixando claro que as esculturas de Rodin fazem musculação mesmo quando paradas…

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Mais uns passos e outro clássico: Balzac.

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Outro ângulo para vocês.

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Não anotei o nome de cada escultura — não sei o nome das três seguintes –, mas o passeio pelos jardins é uma sucessão de maravilhas.

xDSC00925Pelo visto, ele apreciava torturar seus modelos. Vejam acima e abaixo.

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E então nós chegamos ao pequeno lago atrás do Museu. E vimos não somente a escultura que há dentro dele, mas também…

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… um menino que andava pelo parque desenhando as esculturas. Eu e Elena o achamos tão belo que merecia uma foto. E lá fomos nós na tentativa de registrá-lo. Ele desenhava a escultura do lago num caderno. Então, pedi para Elena colocar-se próxima a ele e mirei a máquina nela. Porém, quando ele se voltou, resolvi a questão rapidamente. O resultado está abaixo.

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Depois, dando a volta na casa, vimos A Porta do Inferno, o trabalho mais impressionante de Rodin, na minha opinião.

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Segundo a Elena, estes aí são a mesma pessoa. É Adão triplicado. Com o Pensador abaixo. Rodin autoplagiava-se bastante, coisa normal em escultores e compositores eruditos.

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E agora, algumas das centenas de detalhes da porta. Os anjos caídos…

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… vão caindo …

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… de todos os modos.

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A gravidade os chama.

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Abaixo, uma nova foto da porta para vocês relembrarem do todo.

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Depois, uma surpreendente escultura chamada Retrato de Gustav Mahler.

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Ele esculpiu vários artistas, mas ignorava que Mahler estava dentre eles.

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E abaixo, Victor Hugo.

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Incrivelmente, não fotografei Os Burgueses de Calais

No próximo post, vamos para a área interna do Museu.

Paris, 24 de fevereiro: a visita aos amigos (II)

Paris, 24 de fevereiro: a visita aos amigos (II)

Se há uma coisa ruim em Paris é o metrô. Afirmo-lhes que, além de sujo, trata-se de um insulto aos daltônicos. Não sou nenhum macho-alfa, apenas acho que me oriento um pouco melhor que a Elena, mas lá tinha que deixar tudo para ela, tudo o que conseguia fazer era tatear cegamente no esquema padrão das linhas. Um dia, quando fomos para o Museu d`Orsay, por culpa minha acabamos numa cidadezinha da periferia chamada Juvisy-sur-Orge, a 19 Km de Paris. O esquema do metrô tem cor-de-rosa, violeta, vários tons de verde, lilás, púrpura e outras cores sabidamente inexistentes. Ou seja, era tudo com a Elena. Problema nenhum, mas e se eu estivesse sozinho? Em Londres, Roma, Rio e São Paulo há respeito conosco. Em Paris, não. São 14 linhas em estilo impressionista. Vão se fuder!

Clique na imagem para ver melhor o absurdo
Clique na imagem para ver melhor o absurdo

Então foi a Elena quem me levou até o hotel onde estavam hospedados a Liana e o Alexandre. Levou com competência, porém, quando chegamos na portaria do hotel não havia nenhum Alexandre Constantino nem nenhuma Liana Bozzetto na lista. O porteiro do Hotel Saint-Germain nos olhou com cara de quem estava vendo um casal de comediantes. (Numa cidade daquelas, eles não pensam num casal de assaltantes de hotéis, pensam em babaquice mesmo). Devíamos ser ainda mais engraçados por estarmos sem celular, desconectados do mundo. Perguntamos pelos brasileiros hospedados e o cara deu uma risada deliciosamente inconclusiva, respondendo que o hotel estava cheio de nossos conterrâneos, que a cidade e o mundo estava cheio deles. Olhei a lista de cima a baixo e nada. Vi quem tinha feito check-out naquele dia. Nada de Constantino, nada de Bozzetto. Mas eles tinham que estar ali. No dia anterior eles tinham sumido ali dentro. Foi quando vimos o Alexandre descendo calmamente as escadas. Porra, era ele mesmo. Com a tranquilidade habitual, ele me disse que devia estar registrado com algum de seus inúmeros nomes, pois, como um verdadeiro membro de nossa família imperial, nascera Alexandre Nogueira de Castro Constantino! Ah, voilá, c`est Monsieur Nogueirrá! E subimos com o Nogueirrá.

Nosso objetivo era o bebermos um dos vinhos franceses que compráramos, acompanhado da comida que eles tinham acumulado. (Em verdade vos digo, somos exagerados e gordos, levamos comida também…). E, como eles voltariam para o Brasil no dia seguinte, a ordem era vandalizar. Abaixo, nossa mesa antes de virem as coisas da geladeira.

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E comemos e bebemos e conversamos por horas. Era salmão pra cá, pão pra lá, pasta acolá, camarões alhures, vinho sob a cadeira e água aquecendo na mesa para o chá, tudo ao mesmo tempo. Primeiro falamos de coisas tristes, mas depois, sob a influência de baco…

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… ficamos mais alegres. Contamos sem maldade cada uma das últimas sacanagens que sofrêramos e sobre algumas iniquidades, também falamos sobre assuntos muito sérios e irreversíveis. Mas o vinho… A Elena contou que a escolha do vinho fora por ter sido produzido no mesmo ano em que seu filho nascera (hã?) e eu lembro que contei algumas de minhas histórias loucas. Mas nada pode comparar-se ao cartaz que vimos na estação de metrô onde pegamos o trem de volta. Pô, 20 cm de prazer? Mesmo sendo uns 20 placide, tô fora.

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Paris, 24 de fevereiro: depois do erro, puro turismo (I)

Paris, 24 de fevereiro: depois do erro, puro turismo (I)

Eu não sou uma pessoa tão pouco informada a ponto de ignorar que os museus não ingleses costumam fechar às segundas-feiras. Só que estávamos em meio a uma viagem, estávamos muy contentos e amorosos e não pensamos que estávamos indo para o Museu Rodin numa segunda-feira. Estava pra lá de fermé e ficamos num café ali ao lado, resolvendo para onde ir.

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E voltamos a nossa vida de flâneurs das avenidas, dos parques, das galerias, dos cafés. Mas há flâneurs estúpidos e inteligentes. Nesta dia, escolhemos a primeira opção. Já que Rodin nos sacaneara, nada de museus, nada de livrarias, iríamos abandonar a vida cultural neste 24 de fevereiro.

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E fomos flanando até a Torre Eiffel.

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Tirando fotos.

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Inúmeras fotos.

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Tentei imitar Hitler, mas ele é muito mais discreto do que eu.

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E fomos nos aproximando da Torre.

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Ficando cada vez mais perto.

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Lembro de algumas de nossas piadas — todas impublicáveis e sem relação com a

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construção a nossa frente.

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Quando saímos de lá, depois de várias voltas, descobri uma coisa que jamais imaginaria: a Elena adora carrosséis.

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Ela ficou doida por esse aí. Enquanto nos aproximávamos, vi surgir uma criança felicíssima ao meu lado. Ela não deu voltas nele, mas me obrigou a tirar várias fotos de todos os ângulos possíveis.

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E dá-lhe carrossel.

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Não nego que era bonito.

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E ela não parava de exigir fotos mais e mais perfeitas… Até que subiu na escadaria quando ele parou.

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Saímos de lá com o espírito infantil e começamos a fazer outra série de fotos, agora brincando com a Torre. Claro que tenho várias com a Elena segurando a Torre por baixo, mas essa é clássica demais. Começamos a brincar com o topo da Torre e qual não foi a nossa surpresa quando vimos

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um monte de turistas nos imitando, tentando pegar a Eiffel por cima. Quando chegáramos, a brincadeira era pegar por baixo. Credo, que gente imitona.

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No início, todos faziam assim, ó.

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A seguir, fomos a pé até o Arco de Triunfo, uma construção enorme e sem graça — só a vista lá de cima é que é legal — e que comprova a visita de Napoleão à cidade natal de Elena. Mohilew (ou Mogilev) é a bonita cidade em que minha namorada nasceu. O baixinho levou até lá seu cavalo branco numa visita pouco apreciada pelos bielorrussos.

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Antes de chegarmos a Arco, tínhamos entrado numa loja na Nespresso com a intenção de usarmos o banheiro, mas só conseguimos provar um café, pois o pessoal da loja é tão fino que aparentemente não faz suas necessidades no local. Pedimos o mais forte e garanto que estava excelente, apesar da bexiga cheia. Como não comíamos desde o café do manhã, escolhemos a dedo um local para fazê-lo da forma mais típica. Entramos numa boulangerie cheia de franceses e não nos arrependemos.

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Paris, 23 de fevereiro: com amigos, caminhando loucamente pela cidade (II)

Paris, 23 de fevereiro: com amigos, caminhando loucamente pela cidade (II)

Neste dia, sobre o qual comecei a falar aqui, Elena e eu nós caminhamos muito. Refazendo nosso trajeto a pé no Google Maps, e considerando que este propõe sempre o caminho mais curto — exatamente o que não tomamos –, chegamos a um total de 11,5 Km, ou 2h28 de caminhada. Mas garanto a meus sete leitores, foi muito mais. Depois dos Jardins de Luxemburgo, atravessamos a cidade até o Palais Garnier na Rue Scribe para encontrar nossos amigos Liana Bozzetto e Alexandre Constantino. Causa certa euforia encontrar queridos amigos fora de nosso habitat. Pensamos em parar num café, mas começamos a caminhar, a conversar, a caminhar, a conversar e a caminhar juntos. Atravessamos Champs-Élysées, vimos cartões postais, …

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… e mais cartões postais, …

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… paramos para fotos no meio do caminho, …

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… pedimos para um japinha tirar uma registro nosso na frente do Louvre, …

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… pedimos uma segunda foto para garantir, …

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… atravessamos o Sena e acabamos comendo um salmão genial num bistrô à beira do rio. Então, saímos novamente a pé até o hotel de nossos amigos em Montparnasse. Durante a caminhada, eu e Alexandre íamos léguas à frente das meninas. Conversávamos de forma copiosa fazendo um mix de algumas de nossas experiências. Quem conhece o Alexandre, sabe: ele não é um sujeito de jogar palavras fora; é um cara que pensa antes de falar, que se aprofunda nas coisas, que diz não ler muito, mas que cita autores de diversas áreas e tamanhos. É sempre um prazer conversar com ele.

Há cem metros, as meninas vinham nos seguindo. Liana e Elena contavam experiências uma para outra. Elena disse que sua conversa com ela valeu por várias sessões de terapia. Quando eu e Alexandre parávamos para que elas nos alcançassem, elas pareciam diminuir ainda mais a velocidade. Aquele avanço até Montparnasse era efetivamente meio louco — havia prazer em conversar com o Alexandre e culpa pela nossa velocidade alucinada, havia prazer na conversa entre Liana e Elena e algum desejo de privacidade, o que as tornavam lentas. Mas bastava que eu e Alexandre apontássemos nossos narizes para Montparnasse que a correria voltava. Era como se nossa prosa nos obrigasse àquilo.

Mas finalmente chegamos ao hotel deles. O objetivo era o de simplesmente tomar um chá. Foi tudo tão bom que marcamos um jantar para o dia seguinte. O retorno a nosso Tim Hotel foi feito a pé, passando novamente pelos Jardins de Luxemburgo e pelo Panthéon, sempre ignorado.

Paris, 23 de fevereiro: Notre Dame, a sopa Pho da nossa desesperança, Os Jardins de Luxemburgo (I)

Paris, 23 de fevereiro: Notre Dame, a sopa Pho da nossa desesperança, Os Jardins de Luxemburgo (I)

Quando descrevi rapidamente o dia 22, esqueci de dizer que Liana Bozzetto e Alexandre Constantino entraram em contato conosco através do Facebook para nos dizer que estavam na cidade. Combinamos de nos encontrar ao final desta tarde (23), quando eles estivessem saindo da Ópera Nacional de Paris (o Palais Garnier da Rua Scribe). Iniciamos nosso dia fazendo uma caminhada até Notre Dame em pleno domingo pela manhã, dia de missa.

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O fotógrafo Milton Ribeiro insiste em não fotografar a torre por inteiro. Abaixo, os cadeados com juras de amor eterno. Acho uma baixaria este símbolo. Não quero ninguém preso a meu lado, quero alguém que queira estar comigo por sua e por minha vontade.

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A fachada principal, …

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detalhes da mesma, …

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e, pronto, entramos!

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Algo de mágico ocorreu lá dentro da Catedral de Notre Dame. Estávamos caminhando dentro dela (ia começar a missa e o silêncio era completo, a não ser pelos passos e as máquinas fotográficas dos turistas que caminhavam pelas laterais da nave enquanto uma fila de padres com seus turíbulos preparava-se para ir até o altar), quando subitamente o órgão atacou acordes dissonantes e apocalípticos, nada harmônicos.

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Era uma peça de Messiaen que dava início à missa e que mais parecia uma acusação aos homens. Foi lindo e assustador. Estávamos ouvindo música moderna num edifício que fora construído entre os anos de 1163 e 1345. A cultura francesa nos proporcionava aquele momento arrepiante, aquela poderosa e inesperada união entre passado e presente.

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Eu e Elena Romanov ficamos dando voltas até o final da peça. Aliás, ficamos ainda depois por ali. Afinal, a coisa podia voltar. Não voltou, mas que maravilha ouvir uma obra daquelas — com aquele poder — em seu habitat. Ah, querem saber o que ouvimos? Soava mais ou menos assim.

Bem, já que o dia lá fora era belíssimo, resolvemos sair de Notre Dame…

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em direção aos Jardins de Luxemburgo. No meio da caminhada pela cidade, além de vermos alguns cartões postais naturais, …

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nos deu uma fome do cão. E foi então que cometemos o maior erro de nossa viagem. Na cidade de melhor culinária do mundo e após passarmos batido ao longo da Rue Mouffetard, veio-nos uma fome urgente, desesperadora. Passamos a procurar alguma porta de restaurante que nos abrigasse, mas os mesmos, na segunda magia do dia, simplesmente insistiam em não aparecer. Passamos ao lado do Pantheon se nem olhar para ele e acabamos entrando num restaurante vietnamita. Sim, vagando no pleno mar da culinária francesa, atracamos numa porra duma ilha vietnamita. E, ali dentro, completamos a tragédia. Pedimos a terrível, implacável, horrorosa e intragável Sopa Pho.

Sopa phoO gosto que a porcaria acima tem é complicado. Sentimo-nos deglutindo comida de astronauta em pleno paraíso. Todas as pessoas são felizes em Paris, à exceção de quem comeu sopa Pho no almoço. Uma água quente é jogada sobre finas fatias de carne. A fantasia é a de que, deste modo, a carne cozinhará. Na verdade, a água fervendo lava a carne, deixando-a clarinha. Em seguida, acrescenta-se manjericão, coentro, broto de feijão e pedaços de limão. Uma iguaria que só pode ser fruída adequadamente se estivermos entre napalms e bombardeios aéreos norte-americanos. Eu olhava para a Elena e ela olhava para mim. Difícil saber a quem culpar. Gosto dela, ela gosta de mim, se não somos jovens, somos um casal jovem, que não vai discutir idiotices. A Elena jogava temperos para todos os lados, tentando melhorar a coisa. Vendo que eu estava derrotado, ela falou que era nutritivo. Rimos sem graça.

Afinal, era uma atitude dantesca aquele negócio de atravessar o mar para comer uma merda daquelas. Saímos de lá loucos por comida de verdade, mas impossibilitados de qualquer coisa, pois estávamos enjoados, com receio de rever a sopa Pho a qualquer momento. Vou parar de escrever porque acho que ainda sobrou um pouco de Pho no meu estômago. Volto a sentir o gosto daquela nojeira.

Mas os Jardins de Luxemburgo estavam ali ao lado.

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De Londres para Paris, 22 de fevereiro: Eurostar, Tim Hotel e primeira ida aos vinhos

De Londres para Paris, 22 de fevereiro: Eurostar, Tim Hotel e primeira ida aos vinhos

De manhã, ainda em Londres, pegamos o Eurostar até Paris. Saímos de táxi de nosso querido EasyHotel até a enorme St Pancras Station. No caminho, só para nos atrapalhar, passamos bem na frente da Wallace Collection… Na St Pancras, era nossa última chance de comprar a History Today que a Nikelen nos pedira. Perguntamos por todo lado e nada. A revista simplesmente não existia. Já fizéramos o mesmo no dia anterior, com o mesmo resultado.

A viagem de trem é tranquila e confortável. Pontualíssima, dura aproximadamente 3 horas e tem o preço de pouco menos que 90 libras. Passamos pelo chamado eurotúnel. Ele foi construído no subsolo, 50 metros abaixo do leito do mar do Norte. Inaugurado em maio de 1994, o túnel do Canal da Mancha liga a França e a Inglaterra e tem 51 quilômetros de extensão. Custou seis bilhões de dólares, e é a obra mais cara do mundo paga inteiramente com dinheiro privado. Em Paris, a estação onde o trem chega é a Gare du Nord. De lá, pegamos o terceiro táxi da viagem até o hotel, que ficava bem perto. Tudo calculadinho.

Ficamos no TimHotel da Rue Linné, 5, bem na frente do Jardin des Plantes, onde está localizado o Museu Nacional de História Natural. Num raio de uns 4 Km, andando a pé, tínhamos a Notre Dame, a Shakespeare & Company, o Pantheon, a Rue Mouffetard, os Jardins de Luxemburgo, o Louvre, o Musée d`Orsay, etc. Enfim, se fôssemos alérgicos a metrô, poderíamos ficar sem ele, tal era a perfeita a localização (ver no centro do mapa) do hotel reservado pela Casamundi. Quando chegamos, abri a janela de nosso quarto, peguei o tablet e tirei uma foto digna do filme Amélie Poulain. A luz sobrenatural que saía da fruteira da esquina era de cinema.

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Não consegui repetir o fenômeno quando peguei a máquina fotográfica.

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Virando o corpo para o lado direito, dava para ver o portão do Jardin des Plantes. Sim, estava anoitecendo.

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Fomos explorar a Rue Linné. A primeira coisa que vimos foi que o grande Georges Perec tinha morado por 8 anos na vizinhança.

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Depois de um longo passeio, entramos num Carrefour a fim de comprarmos nosso jantar. Este, o jantar, foi maravilhoso, mesmo com a cruel alergia à proteína de leite da Elena em pleno país dos queijos.

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Em nosso quarto — desta vez de bom tamanho — abrimos um daqueles vinhos premiados que o Farinatti nos indicou.

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Londres, 21 de fevereiro: Cadogan Hall, o passeio final e a saudade antecipada

Londres, 21 de fevereiro: Cadogan Hall, o passeio final e a saudade antecipada

Depois da Tate Modern, fomos caminhar pela cidade em direção à loja da Twinings, que está desde 1706 na Strand. Eu namoro uma bielorrussa e as pessoas deste país não vivem sem chá. Nós tínhamos que comprar muitos chás, sacolas e sacolas, entendem? Abaixo, vemos a Strand, onde a Elena ainda permanecia faminta, lembram? E chega de perguntas. É um recurso de baixo nível.

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Então nós entramos num pequeno restaurante tailandês. A qualidade da comida era fantástica e o preço melhor ainda. Nossa fome ajudava, é claro. Das janelas do pequeno restaurante, víamos uma Igreja Ortodoxa Romena ao lado do prédio mais simpático do mundo. Ele abriga várias publicações. Não perguntei se eles queriam um correspondente no Brasil porque seria muito melhor ser correspondente do Brasil em Londres.

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E então, chegamos à Twinings. Ah, se soubéssemos que aquele chá de gengibre era o que era! Teríamos comprado centenas deles! Compramos tanto chás que ganhamos um monte de brindes. Um destes foi bebido por mim hoje. Eu dizia para a Elena: estamos pegando muita coisa, menos, Elena. Ah, arrependo-me. A loja é pequena. Apenas um longo corredor, mas a enorme variedade de cheiros não deixa ninguém dotado de nariz indiferente.

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Já estava dando aquela tristeza. Afinal, íamos abandonar no dia seguinte um local que tínhamos adorado e onde passamos dias felizes. Avisei a Elena que a Temple Station era ali perto. Nós iríamos pegar o metrô para deixar os chás no hotel antes do concerto da noite. Mas o caráter romântico de minha amiga impediu a bobagem. Ela me perguntou se eu me incomodaria de seguir carregando as duas sacolas de chá e, à minha resposta negativa, propôs um passeio. Três viagens à Londres me deixaram com bom conhecimento da geografia da cidade. Então, dobramos á esquerda e fomos para as margens do Tâmisa a fim de fazer nossa despedida.

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Era um final de tarde. As pessoas caminhavam bem mais apressadas do nós. Muitos saíam do trabalho com calções e camisetas e faziam uma corrida até em casa. (Lá, eles vendem umas mochilas que não apenas envolvem o ombro como são amarradas na barriga. Os caras vestem aquilo, mais calções, tênis e botam pra correr. O número de corredores é alto: a cada minuto, passavam uns 5 por nós).

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Estávamos nostálgicos, refazendo o circuito mais turístico da cidade. A Elena dizia que não queria mais ir para Paris, ríamos.

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Londres deve ser mesmo a melhor cidade do mundo. Tem tudo lá em grande quantidade e a preços acessíveis, basta usar a cabeça. Desde concertos até roupas, desde a comida até o transporte, tudo pode ser barato. Os concertos mantêm cadeiras para quem é apaixonado mas não pode pagar muito; as roupas são muito baratas em lojas como a Primark e assemelhadas; a comida pega-se no super e come-se no quarto com o vinho vendido e garrafas individuais; o transporte pode ser todo feito pelo Underground, ônibus e barcos, basta comprar o passe semanal da Oyster; os bens culturais estão todos à mão. Para melhorar ainda mais, os grandes museus são gratuitos, até a Wallace Collection é gratuita. Não tínhamos visitado todos os lugares que desejávamos e isso nos dava uma leve angústia, apesar do fato de que o que fizéramos fora bem feito.

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Londres, 21 de fevereiro: Tate Modern

Londres, 21 de fevereiro: Tate Modern

Pois era o dia 21 de fevereiro, no dia seguinte pegaríamos o trem para Paris e tínhamos uma série de “atrações turísticas” que simplesmente não víramos. Em parte pelo excesso, em parte por sermos turistas tranquilos, não estávamos muito preocupados. Quando nos dirigimos para a Torre de Londres, item 5 estrelas de qualquer guia de viagens, a Elena quis saber o que havia lá. Fiz-lhe a descrição da maravilhas, depois falei de outras coisas da margem do Tâmisa que não tínhamos visto — Greenwich, Tate Modern e Globe Theater. E ela, que estava indo à Londres pela primeira vez, decidiu sabiamente: Tate Modern!

Mas, antes, contornamos a Torre de Londres e fomos tirar uma foto clássica.

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Depois, entramos pela cidade e caminhamos entre os estudantes dos colégios próximos até a ponte que nos levaria ao Tate Modern (há outro Tate, não esqueçam). Vejam como a ponte da foto de cima ficou pequenina na de baixo.

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E aqui, aproximando um pouco…

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Como sempre, não vamos apenas às coisas mais belas, mas principalmente às mais curiosas. Há uma parte do Tate que mostra os cartazes políticos do século XX. E é claro que não poderia faltar a presença soviética.

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Abaixo, com tradução: “Os carrascos estão torturando a Ucrânia. Morte aos carrascos!”.

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Abaixo, o quarteto de ataque do Dínamo de Moscou. Curiosamente, Marx aparece na ponta-direita dando uma de Garrincha.

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As três dançarinas de Picasso.

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Um quadro que adoro: Marguerite Kelsey, de Meredith Frampton.

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Este recebeu grandes elogios da Elena: Family Jules: NNN (No naked niggahs), de Barkley Hendricks. Ela deve ter razão ao relacionar NNN com KKK. O rapaz negro tem uma cara incrivelmente intelectual, inteligente e desafiadora. O quadro é realmente esplêndido.

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Sabem por que o gato da Elena se chama Vassili? Ora, em homenagem à Vassili Kandinsky. E, com efeito, toda vez que ela corre para um quadro, desviando-se da rota definida para que se veja todos, um a um, é por culpa de Kandinsky. Ele a atrai certamente mais do que eu.

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Visto assim numa foto, não tem muita graça em Something Old Something New, de Monir Shahroudy Farmanfarmaian. Porém, parando em frente ao quadro, você fica dividido em dezenas de pequenos pedaços.

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Na próxima foto, estamos abraçados na frente dos espelhos. Acho que dá para ver.

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Londres, 20 de fevereiro: British Museum e Wigmore Hall

Londres, 20 de fevereiro: British Museum e Wigmore Hall

Nós estávamos indo para o British Museum. Pegamos o metrô até Russel Square Station. A Elena sentou-se ao lado de um rapaz provavelmente de Punjab. Ele estava super sério, parecia estar rezando. De longe, não dava para notar se o que ele tinha em ambas as mãos era um livro de orações ou outra coisa sagrada, tal era a devoção com que segurava o objeto de leitura ou observação.

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Quando Elena sentou ao lado do cara, deu uma olhadela e viu o que era. Ele estava entretido com um joguinho do iPhone onde passavam legumes. Ele eliminava tomates e cenouras, a coisa mais linda. Eu compreendo o moço — é complicado ser fundamentalista Sikh no mundo ocidental. Um dia, o cara escorrega e é visto com algo bem vulgar nas mãos, apesar da  cara de quem só pensa na salvação.

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A estação de Russel Square é da mais profundas, mas lembro que eu e a Bárbara subimos os…

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… 175 degraus — correspondentes a 15 andares — em fevereiro de 2013. Não lembro o motivo pelo qual fizemos isso, mas não pense que vivemos em academias e outros que tais.

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O British Museum foi fundado em 7 de junho de 1753. Sua coleção permanente inclui peças como a Pedra de Roseta e os frisos do Partenon de Atenas, conhecidos como a coleção de mármores de Elgin. Ao todo, o Museu abriga milhões de itens expostos. É claro que aquilo lá é tudo pilhagem muito bem apresentada e catalogada. Há alguma irritação de quem foi roubado, claro.

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Por exemplo, desde 1980, o governo grego vem tentando reaver peças do Partenon que foram roubadas por ingleses e que compõem o acervo do Museu. A disputa gira principalmente em torno dos mármores de Elgin. Na esperança de tê-los de volta, os gregos construíram uma grande estrutura no sopé da acrópole para receber as peças. Estão esperando até agora, sentados. A rapinagem também foi enorme no Egito. Eu não sei como eles trouxeram as imensas peças romanas, gregas e egípcias que há no Museu, mas afirmo que são ladrões sensacionais. Tanto que o interior do British pode ser visto no filme O retorno da múmia.

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Acima, o centro do museu, reformado em 2000. É a maior praça coberta da Europa. Ela ocupa o espaço central do prédio, ao redor do The Reading Room. Pois bem, a gente estava numa das salas, admirando as coisas boquiabertos, quando começou a tocar uma sirene acompanhada de vozes tonitruantes dizendo para evacuar o prédio. Era um aviso de incêndio. Escolado por anos de futebol, não acompanhei a massa, até porque Cadê o cheiro de queimado, cadê a fumaça? Meu nariz detectou apenas excesso de zelo. O alarme, altíssimo, repetia-se sem parar. Mandava todo mundo embora. Crianças choravam, aquelas vidas ceifadas precocemente, que triste.

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Aí, o aviso mudou: dizia, ainda repetidamente, para que a gente ficasse parado onde estava, mas o bando de malucos só queria saber da porta. Disse para a Elena que, se alguma coisa explodisse era melhor estar longe dali (da porta). Acabaríamos pisoteados.

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Ficamos juntinhos, numa posição de inteiro conforto, agradabilíssima, na verdade. Dei-lhe beijos e mais beijos. Anunciava sempre que o próximo beijo teria que ser muito bem dado, pois poderia ser o último. Trocamos abraços com o mesmo espírito. A coisa estava esquentando quando tudo parou. Olhamos para os lados e… O British era quase propriedade exclusiva nossa.

Por 15 minutos, claro. Depois, veio uma multidão sem a menor noção do sofrimento pelo qual passamos. Gente insensível, credo!

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O British é impressionante, mas ao lado da admiração por peças de notável significado histórico, meu espírito zombeteiro fez com que eu só fotografasse curiosidades. A peça acima é uma máquina automática de fazer chá. Sim, uma Automatic tea-maker alarm dos anos 70. Olhando agora, não vejo mais graça, talvez fosse efeito da tensão.

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Quando Elena viu esta pequena e belíssima peça, logo observou: o Brasil já exporta havaianas há dois mil anos. Correto.

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(Tradução: Vênus perde suas havaianas enquanto sua capa voa com o vento).

(continua)

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Londres, 19 de fevereiro: Hyde Park e Southbank Center

Londres, 19 de fevereiro: Hyde Park e Southbank Center

Dia 19 foi um dia quase comum. Um dia de quem não tem maiores pressas. Estávamos em férias, certo? E, depois de ouvir Maurizio Pollini, tudo parecia menor. Ficamos na cama mais do que o esperado para quem está fazendo turismo. Conversamos muito, fazendo uma clara opção por nós e pelo turismo sinfônico. Depois, quando descemos, soubemos que poderíamos nos mudar para um quarto melhor. Maravilha. A mudança foi realizada e fomos passear no Hyde Park.

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Como disse, nosso hotel é muito bem localizado e fizemos quase tudo a pé neste dia. Atravessamos calmamente o Hyde Park. Acima, The Albert Memorial, o monumento que fica na frente do Royal Albert Hall, às margens do parque.

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Demos voltas e mais voltas.

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E preparamos a saída do parque pela Oxford Street a fim de chegarmos até a Primark. Afinal, Londres é uma cidade onde as roupas são muito baratas quando comparadas com os preços gaúchos e brasileiros. Aliás, acho que é uma boa viajar com duas mudas de roupas e malas vazias para lá. Ah, as malas também têm preços baixos. Acho que uma parte do custo da viagem pode ser obtido NÃO COMPRANDO nada de vestuário no Brasil, deixando tudo isso para Londres. Falo sério.

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À noite, para variar, voltamos a nosso turismo sinfônico, novamente no Southbank Center. Após meses ouvindo cordas discretamente problemáticas, foi um bálsamo para nossos ouvidos a perfeição da Filarmônica de Londres tocando música russa. Abaixo, o programa.

Mily Balakirev: Islamey, oriental fantasy
Aram Khachaturian: Piano Concerto
Vasily Kalinnikov: Symphony No.1

London Philharmonic Orchestra
Osmo Vänskä conductor
Marc-André Hamelin piano

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Não apenas a orquestra se mostrou espetacular como também o solista Marc-André Hamelin. Mas… vejam bem: no dia anterior tínhamos visto Pollini, então qualquer pianista nos pareceria apenas correto, normal. Mas… vamos lá. E não foi apenas isso: a orquestra, dirigida pelo finlandês Osmo Vänskä, tocou os russos como estes devem ser tocados. (Um dia, um amigo me disse que em sua orquestra havia dois arpistas, um italiano e outro russo. O primeiro tocava tudo como se fosse Verdi e o segundo tudo como se fosse Tchaikovsky). Bem, eles tocaram os russos adotando o sotaque russo e isto diz muito sobre a qualidade e o profissionalismo do conjunto àquilo que interpreta. A gente se sente respeitado e fica muito mais feliz.

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No final, minha bielorrussa — mesmo com Pollini na memória — prestou sua homenagem à Hamelin e ao armênio Khachaturian. E, falemos sério, que grande compositor foi Vasily Kalinnikov! Sua Sinfonia Nº 1 é grandíssima música.

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Londres, 18 de fevereiro: Wallace Collection e Maurizio Pollini

Londres, 18 de fevereiro: Wallace Collection e Maurizio Pollini

Para Gilberto Agostinho.

Será que este foi o melhor dia de nossa viagem? Acho que sim.

Quando nos dirigíamos para a Wallace Collection, caiu o maior toró e a bota Usaflex (conforto sem igual…) da Elena pegou-lhe uma peça nada engraçada. Apesar da boa aparência e da coisa ser “de marca”, entrava água por todos os lados. Eu pensava ouvir o som do chapinhar interno da bota. Tentamos nos esconder em vários lugares, mas a proximidade do pequeno museu fazia-nos avançar, mesmo na chuva. Quando chegamos lá, abriu o sol, claro.

Na minha opinião, The Wallace Collection é um dos melhores lugares do mundo. É uma casa linda e aconchegante que guarda uma coleção que pode não ser numerosa, mas de qualidade difícil de superar. Desta forma, não é cansativo como os grandes museus e a gente termina feliz a visita, no bar interno, comentando o que viu e falando apenas sobre arte, pois seria pouco respeitoso falar em coisas menores naquele ambiente. A Wallace está localizada na ex-residência — na verdade uma mansão nada humilde — de um colecionador que morreu no final do século XIX e cuja esposa transformou em museu e o estado encampou.

Vocês deveriam dar uma clicada no link da primeira linha a fim de ver tudo o que faz parte da Wallace. Tirei fotos de muitos quadros, mas vou colocar aqui apenas quatro. Dois estão aqui por sua beleza, o terceiro e quarto por serem curiosidades que mostram parte do espírito da coleção.

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The Music Party, de Jean-Antoine Watteau (1684-1721) é uma de minhas predileções desde sempre, assim como a pintura de que mais gosto de todo o museu:

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The Laughing Cavalier, de Frans Hals (1580-1666), certamente a pintura mais divulgada nos folders da Wallace. 

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Já a pintura acima está aqui pelo cômico. Aliás, várias obras da coleção de Sir Richard Wallace que contam histórias cotidianas. Há uma muito curiosa que resolvi agora mostrar para vocês:

Nicolaes Maes (1634-93)

The Listening Housewife, de Nicolaes Maes (1634-93), mostra o pecadilho de uma dona de casa que costumava ouvir as conversações amorosas de seus empregados. Não coloquei minha foto porque esta saiu escura, a do próprio museu é melhor… Ah, quando a gente vai ao banheiro, passa por uma “gravura” de Joseph Kosuth que contém somente uma citação, mas QUE citação:

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Depois, o bar. Igualmente localizado no centro do edifício, é um maravilhoso jardim coberto. E temos que registrar nossas caras alegres pós-Wallace. A Elena estava feliz, …

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… mais feliz …

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… e ainda mais feliz. (E não era só ela, vejam a gaitada da mulher que está na outra mesa, à esquerda da cabeça de Elena).

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Como a próxima atração seria o maior dos pianistas — Maurizio Pollini — começamos a falar sobre o estilo de diversos desses seres. A partir da foto em que estou “tocando” Bach, Elena corrigiu minha postura, arredondando meus dedos. Bem, então eu comecei a imitar os gestos delicados dos pianistas de tocam Schumann, …

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… o estilo grosseirão de quem vai atacar o percussivo Concerto N° 1 de Bartók, …

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… as singelas tentativas matemáticas de alguns quando tocam Bach, …

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e o jeitinho Glenn Gould de dialogar com Johann Sebastian:

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E então, ao final da tarde, fomos para o Southbank Center, localizado em mais um dos corações culturais de Londres. De um lado, o Parlamento e o Big Ben; de outro, o London Eye e o Southbank; no meio, o Tâmisa ao entardecer.

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O Tâmisa com Elena, ao entardecer.

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E às 19h, ele entrou no palco do Royal Festival Hall. Antes da sua entrada, o locutor do teatro anunciou que o repertório do recital — cuja primeira parte seria formada por obras de Chopin e a segunda por Debussy — fora ampliado por decisão de Pollini: era estava incluindo a Sonata N° 2 do compositor polonês na primeira parte. E completou dizendo que Maurizio dedicava pessoalmente o concerto à memória de Claudio Abbado. Aquilo fez com que um arrepio percorresse a espinha de todo o teatro, desde as primeiras e caras cadeiras até o lugar mais barato onde nos encontrávamos. Ato contínuo, enquanto o teatro com mais de mil pessoas mudava o tom da algaravia comum pré-concerto, traindo a emoção de todos, Pollini caminhou para o piano. Era o início de um dos maiores momentos de minha vida.

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Naquela noite, anotei no Facebook:

Hoje foi um dia especialíssimo e irrepetível — quem sabe? — em Londres. Eu e Elena assistimos ao concerto de Maurizio Pollini no Royal Festival Hall, sala principal do Southbank Center. O programa era vasto, mas centrado em peças de Chopin e Debussy. Ele tocou o primeiro livro dos prelúdios do francês e peças esparsas do primeiro. O concerto foi dedicado por Pollini à memória de Claudio Abbado. Talvez isso explique a recolocação no programa da Sonata nº 2 para piano, Op. 35, cujo terceiro movimento é a célebre Marcha Fúnebre.

Tudo isso contribuiu para que a eletricidade estivesse no ar. Mas talvez o melhor seja passar a palavra para a Elena, que não tivera muito contato com Pollini, enquanto que eu o conhecia de gravações desde os anos 70, chamando-o de deus no PQP Bach e considerando-o um dos maiores artistas vivos de nosso planeta, tão vulgar.

No intervalo, após uma série de Chopins, a Elena já me dizia: “Ele é um sábio. Tem altíssima cultura musical e concisão. Enquanto o ouvia, pensava em diversas formas de reciclagem: ecológica, emocional, psíquica… Sua interpretação é a de um asceta que pode tudo, mas demonstra humildade e grandeza em trabalhar apenas para a música. Pollini não fica jogando rubatos e efeitos fáceis para o próprio brilho, mas me fez rezar e chorar. Que humanidade, quanto conhecimento! Depois desse concerto, minha vida não será a mesma”.

Foi a primeira vez que vi Pollini em ação, após ouvir dúzias de seus discos. Acho que não vou esquecer da emoção puramente musical — pois ela existe, como não? — de ouvir meu pianista predileto. Já estava com pena dele, tantas foram as vezes que retornou ao palco para ser aplaudido. Para Pollini ser absolutamente fabuloso, só falta o que não quero que aconteça e que já ocorreu com Abbado.

Foi isso que nos aconteceu hoje.

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No intervalo, falávamos da facilidade telepática com que Pollini passava suas instruções ao piano, sobre a forma como ele depurara aquelas interpretações até chegar àquele ponto de limpidez e compreensão. E, inteiramente felizes e tranquilos, íamos registrando nossa presença.

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Pedimos que alguém tirasse uma rara foto de nós dois juntos.

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Ainda durante o intervalo, Elena mostra a cara de felicidade de quem está vendo algo especialíssimo. Aliás, o efeito Pollini foi duradouro e passou a atrapalhar os concertos seguintes. Tudo o que víamos era comparado a Pollini e sistematicamente derrotado….

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Depois, cometemos um jantar não previsto em nosso orçamento. Mas, digam-me, como evitar ficar bem locupletado após de tanta euforia e descobertas?

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