Não vi os últimos 4 jogos do Inter. Por isso, não comentei as goleadas sobre Novo Hamburgo, Brasil (Pel), Glória e São Paulo (RG). Ao todo foram 15 x 3. Mas conversei com amigos confiáveis e eles me disseram que as goleadas ocorreram mais pela ruindade e falta de preparo físico dos adversários do que por atuações avassaladoras. Hoje, voltei a ver um jogo. Alguns dirão que é pé frio, pois o que vi foi uma considerável exposição de passes errados e incapacidade ofensiva. Mais: o Inter poderia muito bem ter perdido a partida nos contra-ataques do São José, um time de nível de terceira divisão brasileira. Acabou em 0 x 0.
Não sei como venceremos em casa no Brasileiro.
Pois o que o Zequinha fez foi fechar-se. E bastou. Assisti a partida com um grupo de amigos colombianos e fiquei sabendo que o jogador o qual o Inter desistiu. Juan Quintero, é excepcional, e que Seijas, contratado, é um bom organizador. Completaram dizendo que Quintero entraria como uma luva no nosso time. Olha, e como precisamos de reforços. De técnico e de reforços. A gurizada é boa, mas falta ao grupo uma liderança técnica. Não faço coro às críticas contumazes feitas à Anderson, mas não chego ao ponto de dizer que ele possa ocupar o posto.
A boa notícia da semana foi para os sócios. Não gosto de pagar um clube do qual desconfio e tenho feito isto por anos. Na segunda-feira (11), as contas da Gestão 2015 do Inter foram apresentadas e aprovadas sem ressalvas. Trata-se de um caso raro, se considerarmos os últimos anos. Lá estavam 233 conselheiros, que puderam comprovar os números detalhados da gestão. E o superávit final foi de R$ 27,5 milhões, com um faturamento bruto de R$ 366.849 milhões, o maior da história do Clube, tal como foi apresentado por Sandro Farias, responsável pela Controladoria e Transparência.
Pelo visto, ninguém sairá da direção do clube MUITO MAIS RICO do que entrou.
É a única boa notícia da semana. De resto, contratem bem e #foraargel.
Quando Pep Guardiola chamou Xavi Hernández para uma conversa em particular, com o intuito de lhe contar o novo esquema que o FC Barcelona utilizaria a partir daquela temporada, o meia pensou que o treinador estava ficando louco.
A ideia era muito simples: “recuperar a bola em seis segundos”.
Xavi saiu atônito da conversa pensando que isso era impossível.
Era um ano de mudanças no Barça, Temporada 2008-2009.
Xavi havia liderado há pouco tempo a seleção espanhola de Luis Aragonês no título da Eurocopa, depois de 44 anos de jejum.
Guardiola não estava brincando e começou uma revolução que fora iniciada em 1974, quando Johan Cruyff comandou o Carrossel holandês na Copa de 1974.
O técnico Rinus Michels criou o sistema conhecido como ‘Laranja mecânica’.
Segundo a lenda, Pedro Rocha, ídolo uruguaio e ícone do São Paulo FC nos 1970, disse querer chamar sua mãe duas vezes quando esteve em campo: a primeira com 17 anos, na sua estreia no clássico Peñarol e Nacional, com o estádio Centenário repleto.
A segunda, aos 32 anos, quando enfrentou a Holanda na Copa de 1974.
“Quando peguei a bola pela primeira vez, quatro jogadores vieram para cima de mim e me tiraram a bola. Não entendi nada, mas na segunda vez, a cena se repetiu, e foi assim o jogo todo. Ali, eu quis a minha mãe”, disse o craque da Celeste Olímpica.
A “laranja mecânica” ficou conhecida assim pela maneira que fulminava seus adversários/vítimas, tal qual no filme de mesmo nome de Stanley Kubrick.
Eram duas faces de um mesmo time.
Com a bola era um Carrossel em um sistema de jogo equilibrado, conciso, paciente, em que todos jogam, giram, defendem, atacam, em posicionamentos giratórios.
Atacante na defesa, defensor na área.
Foi assim no primeiro gol da Holanda contra a Alemanha, na final de 1974. Vinte dois jogadores no campo de atacante. A Holanda sai jogando e depois de vários toques Cruyff recebe no meio-campo, sozinho.
Às suas costas apenas o goleiro Jongbloed.
Cruyff avança, dribla seu marcador, leva mais dois, até ser derrubado na área alemã.
Silêncio em Berlim.
Neeskens cobra e faz Holanda 1 a 0.
Finalmente a Alemanha pega na bola.
No sistema do Carrossel há altos e baixos. O jogador que sobe também desce. Como num parque de diversões – alguns dos cavalos ficam estáticos em sua posição como jogadores de pebolim.
O carrossel laranja é mais moderno. Ele se mexe. O sistema podia vencer o talento individual, um grande time. Sem a bola era fulminante, todos atrás do esférico, parecendo moleques no tempo da escola.
O Brasil encantou o mundo com a melhor seleção de todos os tempos em 1970.
A Holanda quebrou a roda giratória do talento individual misturado em uma mesma equipe.
Um ditado holandês diz: “Deus fez o mundo. E o holandês fez a Holanda”.
Seguindo o mesmo exemplo: o brasileiro criou o futebol arte.
O holandês o revolucionou com seu futebol total.
Quando camisas laranjas reluziam em campo com três listras horizontais nos ombros dos atletas, a de Cruyff estampava duas.
Johan se negou a usar a camisa da patrocinadora da seleção, a Adidas, com suas tradicionais três listras. A Federação holandesa acabou cedendo por pressão popular e midiática, e por não poder perder sua maior estrela.
Naquela Copa a Holanda triturou o Uruguai, fulminou a Argentina e amassou o Brasil, em Dortmund, apesar das chances que o time de Zagalo teve para abrir o placar.
Perdeu a final de virada, mas é mais lembrada e festejada que a campeã Alemanha.
Na semifinal, Jairzinho pega na bola na altura do meio-campo. Gira para direita, esquerda, recua, tenta se safar do marcador holandês. Chega mais um, dois, três. O furacão da Copa de 1970 tenta um passe no meio, procura respirar, mas chegam dois holandeses e antes do Brasil tocar novamente na bola a Holanda a recupera.
Algo em torno de seis segundos, como pediu Guardiola a Xavi 34 anos depois.
Cruyff foi o grande nome daquele sistema.
Tricampeão continental com o Ajax, depois da Copa do Mundo chegou à Barcelona. Tempos difíceis aqueles. Quatorze anos sem vencer a Liga, final do regime franquista. O FC Barcelona já era “Més que un club’, por sua resistência ao regime e todas as suas arbitrariedades dentro e fora do mundo do futebol.
Quando o revolucionário Cruyff pisou em Barcelona já era um ídolo da Catalunha, pois se negara a jogar no Real Madrid e forçou a direção do Ajax a aceitar a proposta do Barça: 60 milhões de pesetas, na maior transação do futebol mundial até meados dos anos 1990.
O Barcelona voltou a ser campeão espanhol depois de 14 anos, com direito a histórica vitória por 5 a 0 contra o Real Madrid dentro do Santiago Bernabéu.
Se um Barça-Madrid fosse somente um jogo de futebol, aquele resultado já seria épico. Como não é, aquela goleada dentro do coração de Madri foi o grito preso na garganta contra a opressão e proibição que catalães e barcelonistas (culés) sofreram durante o regime franquista – como não poder celebrar títulos em público.
A semente da revolução foi plantada na Catalunha na sua passagem como jogador do FC Barcelona.
Em 1988, 20 anos antes de Pep Guardiola assumir o comando do Barça e quebrar recordes de títulos conquistados em quatro anos de Santos e Ajax, Cruyff transformou o Barcelona naquilo que seria hoje em dia o ‘dream team’ campeão europeu de 1992, com Koeman, Guardiola, Laudrup, Stoichkov e outros.
A história do FC Barcelona tem um antes e depois de Cruyff, como a do futebol passa por antes e depois de Pelé.
Futebol é religião. E se todas as religiões têm messias, profetas e apóstolos, Cruyff se posiciona em uma Santíssima Trindade subjetiva, na qual cada um de nós têm ao menos um na mesa de 12 apóstolos, junto com o Criador.
O futebol total que o ‘Pep team’ jogou e encantou o mundo com posse de bola inimagináveis de 70% contra equipes tops do mundo é a evolução do ‘Carrossel Laranja-Laranja Mecânica’, do ‘Dream team’ do Barcelona de Cruyff.
Johan Cruyff nos deu adeus hoje pela manhã, o mais revolucionário dos jogadores de futebol que existiu.
Conhecedor das regras do jogo, em dezembro de 1982 rolou a bola para frente em um pênalti na vitória do Ajax por 5 a 0 contra o Helmond Sport, na qual adversários ficaram sem entender o que acontecia.
Foi o primeiro e, talvez um dos poucos, que se rebelou contra um patrocinador por não achar justo reluzir a marcar de uma empresa capitalista e não receber nada por isso.
Foi expulso contra o La Coruña em 1974, em Riazor, e por considerar injusta a expulsão se negou a sair de campo. Só saiu quando a polícia entrou em campo para retirá-lo – momento registrado em fotografia no Museu do Barcelona.
Em 1992, quando perdeu a final do mundial de clubes para o São Paulo de Telê Santana, de virada, proferiu uma das mais lindas frases sobre futebol, que envaidece muito a todos os são-paulinos como eu, ao demonstrar um exemplar espírito esportivo ao dizer:
“Se é para ser atropelado, que seja por uma Ferrari”.
Hoje o mundo do futebol amanheceu de luto e de luto ficará por oficiais três dias.
Perdemos não somente um grande e brilhante jogador, mas um filósofo, idealista e revolucionário jogador e técnico que preparou 20 anos antes como um time de futebol iria jogar e conquistar o mundo com o melhor futebol de todos os tempos.
A France Footbal resumiu a história do FC Barcelona com uma foto. Nela se vê a camisa 14 de Cruyff, a 4 de Guardiola e a 10 de Messi. Na legenda se lê, respectivamente: o Pai, o Filho, e o Espírito Santo.
O futebol ficou de luto, mas em especial todos nós, culés, ficamos órfãos.
Antes de Pelé? Ah, antes de Pelé houvera Friedenreich, Leônidas, Zizinho, Ademir de Menezes. Antes de Maradona? Ah, antes de Maradona houvera Loustau, Pedernera, Di Stéfano. Antes de Beckenbauer? Ah, antes de Beckenbauer houvera Fritz Walter, Helmut Rahn. Antes de Zidane? Ah, antes de Zidane houvera Michel Platini, Raymond Kopa, Just Fontaine. Antes de Roberto Baggio? Ah, antes de Baggio houvera Silvio Piola, Giuseppe Meazza, Giampiero Boniperti, Gigi Riva…
Claro, houve gente da Holanda que tratou bem a bola antes dele. Mas nenhum (ressalte-se: NENHUM) com a capacidade de pensar sobre o jogo, colocar em prática um estilo de jogar futebol que marcasse tanto um país, que criasse raízes tão fundas, até hoje seguidas de um modo ou de outro pelos times e pelas seleções holandesas depois dele. Por isso, é justo dizer: não havia futebol holandês, não havia seleção holandesa antes de Hendrik Johannes Cruyff, falecido nesta quinta aos 68 anos, vestir a camiseta laranja.
Nascido em Amsterdã (cresceu na Akkerstraat, no bairro de Betondorp), Cruyff foi maturando sua habilidade nas peladas pelas ruas de Amsterdã – isso, quando não tinha de trabalhar na quitanda mantida pela mãe, Petronella “Nel” Bernarda Draaijen, e pelo pai, Hermanus “Manus” Cornelis Cruyff. Porém, em 1959, seu pai “Manus” morreu, vitimado por um ataque cardíaco, no que foi um dos maiores traumas de sua vida. A perda também levou-o para um caminho decisivo em sua carreira: já trabalhando voluntariamente no Ajax, não só “Nel” passou a ser remunerada pelo clube, mas também foi trabalhar como empregada doméstica na casa do inglês Vic Buckingham, técnico do Ajax. Enquanto isso, “Jopie” (apelido de infância de Cruyff) já estava na escolinha do Ajax desde 1957. E não demorou a ascender para marcar época. Veloz e técnico ao mesmo tempo. Parecia correr o que não pudera na infância, por um problema de saúde. Ao mesmo tempo, parecia ter o campo todo em sua cabeça.
Tanto é que marcou gol logo em sua estreia pelos profissionais do Ajax, ainda com Vic Buckingham como o treinador – o único do time na derrota por 3 a 1 para o GVAV, em 15 de novembro de 1964, pela 11ª rodada do Campeonato Holandês 1964/65. E justamente em 1965, chegou aquele que seria seu mestre, o sujeito que exigiria demais dele – mas também o trataria como seu pupilo, numa relação de amor e ódio: Rinus Michels. Que faria de Cruyff o ponto principal, o “primus inter pares”, o craque entre craques, o personagem a ajudá-lo em campo no caminho que levou o Ajax a se transformar num clube lendário no futebol europeu e mundial. O pupilo reconheceu isso quando Michels faleceu, em março de 2005: “Ele me deu muitas broncas, mas me fez ser o que sou”.
Também ficou marcada desde cedo a irascibilidade do gênio. Basta mencionar sua primeira partida pela seleção holandesa, em 7 de setembro de 1966, contra a Hungria, num amistoso. Ele já marcou o primeiro de seus 33 gols pela Oranje. Mas também foi o primeiro jogador da história da equipe nacional holandesa a ser expulso de campo. Afetou tanto sua imagem que recebeu uma suspensão de um ano. Seu temperamento pode ser resumido numa frase dita orgulhosamente: “Nunca aceitei uma ordem”.
Tão logo voltou, viu-se que não se poderia prescindir daquele jogador único. E único não só dentro de campo. Sua parceria com o sogro Cor Coster (sogro a partir de 1968, após o casamento com Danny) o transformou no primeiro jogador holandês a capitalizar em cima da própria imagem naquele futebol de riqueza crescente. Cada patrocínio, cada camisa que vestia, cada produto que propagandeava: tudo rendia a Johan milhares de florins, a moeda holandesa antes do euro. Vale dizer: Cruyff não era só um símbolo do futebol holandês, era um símbolo da mudança da sociedade holandesa nos anos 1960-70. Basta lembrar da camisa de duas listras que a Adidas fez para ele na Copa de 1974, já que ele se negava a usar a camisa com as três listras que marcam a multinacional de material esportivo – rival da… Puma, que patrocinava… Cruyff.
E tudo isso – seu brilhantismo dentro de campo, seu temperamento fortíssimo, sua capacidade para promover sua imagem – foi visto no início dos anos 1970. No Ajax, como já dito, ele foi o personagem principal daquela equipe que colocou os Ajacieden no mapa, com o tricampeonato da Copa dos Campeões, mais Mundial Interclubes de 1972 (nos outros anos, o Ajax declinou da participação), três títulos holandeses (1969/70, 1971/72 e 1972/73) e três Copas da Holanda (1969/70, 1970/71 e 1971/72). Pessoalmente, foi o goleador da Eredivisie em 1966/67 e em 1971/72. Sem contar seus três prêmios como melhor jogador da Europa, em 1971, 1973 e 1974.
Nesse tempo de Ajax, duas histórias merecem menção. Em 30 de agosto de 1970, Cruyff voltava de uma lesão na virilha, num clássico contra o PSV, pela rodada do Campeonato Holandês. Na reserva, vestia a camisa 14, enquanto a 9 (seu número habitual até então) ficou com Gerrie Mühren. O Ajax venceu por 1 a 0. Na semana seguinte, por “ter achado legal”, Cruyff usou novamente a 14. E estva definido o número que usou por toda a carreira, e que até lhe rendeu um de seus apelidos. A outra história: em 1973, o técnico Stefan Kovacs decidiu fazer uma votação para ver quem seria o capitão do Ajax. Cruyff era o titular da braçadeira, mas o atacante Piet Keizer a exigia. Por 13 votos a 3, o elenco decidiu que Keizer seria o novo capitão. Bastou: julgando que o elenco cometera uma quebra de confiança, o “Nummer 14″ saiu da sala de votação direto para seu quarto no hotel, ligando para o sogro e empresário Cor Coster. Suas palavras: “Ligue imediatamente para o Barcelona. Estou saindo”. E assim Cruyff tomou o caminho de Les Corts, onde também fez história definitiva.
Na Oranje, participou das eliminatórias para as Copas de 1970 e 1974. Mas, acima de tudo, teve fundamental papel na decisão de trazer Rinus Michels para o comando da seleção, no início de 1974. E, óbvio, foi o principal interlocutor e principal peça da equipe que assombrou o mundo na Copa daquele ano. De fato, Cruyff merecia cada um dos apelidos que ganhou a partir dali: “Nummer 14” (Número 14), “Pitágoras de chuteiras”, “O salvador” (dado pela torcida do Barcelona, após o título espanhol de 1973/74, encerrando 14 anos de jejum). Enfim, o personagem principal do Totaalvoetbal.
Depois da Copa de 1974, é justo dizer que Cruyff estaria para sempre na história do futebol mundial. Tanto é que seu nome só ganhou o “y” então, para facilitar a leitura do resto do mundo, distanciando-o da grafia holandesa “Cruijff”. Porém, a partir dali seu nome perdeu um pouco de força. Na seleção, uma participação turbulenta na Euro 1976, e a recusa em participar da Copa de 1978. Até hoje, vários motivos são ventilados: a ameaça de sequestro da família, recusa em viajar à Argentina então sob ditadura militar, eventual ordem da mulher após suposta noite passada com prostitutas às vésperas da final de 1974… enfim, o fato é que Cruyff parou com a Laranja após 48 jogos e 33 gols.
Pior: também sua produtividade pelos clubes caiu. A ponto dele declarar o fim da carreira já em 1978, um dos seus mais melancólicos anos. Na partida de “despedida”, o Ajax encarou o Bayern Munique… e perdeu por 8 a 0, a mais dura derrota da carreira de Cruyff. Mais: carreira encerrada, ele tentou viver dos negócios em Barcelona com o amigo Michel Basilevitch, na criação de porcos e na exportação de vinho, cimento e imóveis. Fracasso, prejuízo e fuga de Basilevitch, deixando Cruyff com seis milhões de florins em débitos variados.
Restou tirar as chuteiras do armário e aceitar ofertas variadas para pagar as dívidas. Na lucrativa NASL, a liga norte-americana da época, passagens pelo Los Angeles Aztecs e pelo Washington Diplomats; um jogo único pelo Milan; um semestre rapidíssimo no Levante-ESP… mas sua carreira só voltou aos eixos após o retorno ao Ajax, em 1981. Inicialmente, nem era para jogar, mas para auxiliar o treinador Leo Beenhakker. Qual nada: Cruyff voltou aos gramados e foi personagem fundamental nos títulos holandeses de 1981/82 e 1982/83. Daí, o Ajax acreditou que ele estava “velho”, e não renovou seu contrato. Bastou para a vingança maligna: Cruyff aceitou a proposta do arquirrival Feyenoord, onde conquistou a Eredivisie e a Copa da Holanda na temporada 1983/84.
Carreira encerrada no campo, Cruyff começou no banco de reservas. Treinando o Ajax entre 1985 e 1988, não só levou os Amsterdammers ao título da Recopa europeia, em 1987/88, mas também revelou vários jogadores: os De Boer, Dennis Bergkamp, Sonny Silooy… sem contar gente com quem havia jogado e que ganhou espaço com ele no banco, como Marco van Basten e Frank Rijkaard. Como não poderia deixar de ser, um desentendimento com a diretoria do Ajax o tirou do clube, em 1988, levando-o ao Barcelona – sua outra casa, o outro clube em que fez história.
Também por sua personalidade irascível é que a federação holandesa nunca o chamou seriamente para treinar a Oranje, coisa que muito se esperou até hoje. E por ela, também, sua relação com o Ajax sempre foi turbulenta – basta citar o projeto natimorto de trabalho com Van Basten quando este assumiu o clube, em 2008, ou a “Revolução de veludo” rachada nesta temporada.
Ainda assim, se a importância de Cruyff no Barcelona é gigante, no futebol holandês ela é ainda maior, definitiva. Basta saber que até livros foram editados com suas frases. “Toda desvantagem tem sua vantagem”; “Os italianos não podem lhe vencer, mas você pode perder para eles”; “Antes de cometer um erro, eu não cometo um erro”… viraram marcas das “Cruijfiaans”, suas tiradas misteriosas e até curiosas.
Mas hoje, neste dia em que a Holanda para, pela perda de um de seus símbolos mundiais (Cruyff foi eleito o sexto holandês mais importante da história do país, numa pesquisa de 2004 – à frente de Anne Frank, Rembrandt e Vincent van Gogh), basta lembrar duas frases para dimensionar sua importância. A primeira: “Jogar futebol é muito simples, mas jogar o futebol de modo simples é a coisa mais difícil que há”. E a segunda: “Em qualquer sentido, eu provavelmente sou imortal”. De fato: em cada Cruyff Court (quadras destinadas a crianças carentes para a prática do futebol), em cada aluno da Cruyff University (faculdade destinada à formação de dirigentes esportivos), em cada mudança tática vista atualmente, em cada elogio de gente como Josep Guardiola, não há como não reconhecer: Verdade, Johan, verdade. De fato, você é imortal.
*Felipe dos Santos Souza é historiador formado na PUC e especialista em futebol holandês.
Em 24 de março de 2016, Johan Cruyff (68) morreu pacificamente em Barcelona, cercado de sua família após uma dura batalha contra um câncer. É com grande tristeza que pedimos que você respeite a privacidade da família durante este tempo de pesar.
Considerando-se apenas dos anos 60 para cá, Johan Cruyff (1947-2016) foi um dos três maiores craques que vi jogar. Os outros foram Pelé e Maradona. Ele tinha um câncer de pulmão. A doença tinha sido diagnosticada em outubro de 2015.
Seu futebol unia habilidade, velocidade, passes miraculosos que só ele via e algo que até hoje parece ser exclusivo: um invulgar conhecimento tático. Junto com Rinus Michels, comandou a seleção holandesa na Copa de 1974, sendo um dos protagonistas do time que ficou conhecido como a “Laranja Mecânica”, que tinha uma estrutura tática inovadora que só funcionaria à perfeição com ele no time.
Era uma seleção com fortíssimo senso coletivo onde os jogadores não guardavam posições fixas. O que importava era que todas as funções fossem cumpridas. Aquilo desnorteava os adversários. Antes da seleção da Holanda, Cruyff já fazia o mesmo no Ajax, clube pelo qual conquistou tudo dentro da Europa. Jogou pelo Ajax, Barcelona e pala seleção holandesa. Foi ele quem tornou o Barcelona do tamanho e maior que o Real Madrid, criando o estilo catalão de jogar. A instituição soube manter seu espírito de revolucionário do futebol. Depois, como técnico, foi tetracampeão espanhol entre os anos de 1990 e 1994, além de ter vencido a Champions.
Pela seleção holandesa, a qual defendeu entre 1966 e 1977, Cruyff somou 48 partidas e 33 gols marcados.Ganhou a Bola de Ouro em 1971, 1973 e 1974. Talvez seja ele o centro de uma das maiores injustiças que o futebol insiste em cometer. Afinal, o jogador que eternizou a camisa 14 nunca venceu uma Copa do Mundo. Mas ficou perto, muito perto em sua única tentativa em 1974.
Azar da Copa do Mundo, como disse a ESPN.
Genial dentro de campo, Johan Cruyff tinha uma visão única sobre o futebol e uma maneira igualmente distinta de falar sobre ele.
Foi a visão de Cruyff no campo que fez dele um dos maiores jogadores de todos os tempos, enxergando passes que ninguém mais podia enxergar. Tinha também uma enorme consciência para acelerar ou deixar mais lenta uma partida com a finalidade de controlá-la. Por isso, quando Cruyff falava, as pessoas ouviam.
As 25 frases abaixo, citadas por Cruyff como jogador, treinador e comentarista, mostram a maneira que Cruyff via o futebol.
1.Técnica não é poder fazer 100 embaixadas. Qualquer um pode fazer isso se praticar. Dá até para trabalhar no circo. Técnica é passar a bola com um toque, na velocidade correta, no pé certo do seu companheiro.
2.Alguém que faz graça com a bola no ar durante um jogo, dando tempo para os quatro defensores adversários voltarem, é o jogador que as pessoas pensam ser ótimo. Não é.
3.Escolha o melhor jogador para cada posição e você não terá a melhor equipe, apenas 11 bons de cada uma.
4.No meu time, o goleiro é o primeiro atacante e o atacante, o primeiro defensor.
5.Por que não se pode vencer um clube rico? Nunca vi um saco de dinheiro marcar gol.
6.Eu sempre jogava a bola para frente porque se eu a recebesse de volta, era o único jogador desmarcado.
7.Sou um ex-jogador, ex-dirigente, ex-treinador, ex-presidente honorário. Uma lista bacana que, mais uma vez, mostra que tudo chega a um fim.
8.Jogadores que não são verdadeiros líderes mas tentam ser, sempre brigam com os outros depois de um erro. Líderes de verdade dentro de campo já sabem que erros inevitáveis.
9.O que é velocidade? A mídia esportiva sempre confunde velocidade com visão. Veja, se eu começar a correr antes que os outros vou sempre parecer mais rápido.
10.Tem apenas um momento para chegar numa jogada. Não adianta chegar atrasado nem adiantado.
11.Antes de cometer um erro, já pense em como reagir se ele realmente acontecer.
12.Em uma partida de futebol, se não descontarmos os momentos em que o jogo para, cada jogador terá a posse de bola por 3 minutos, em média. Então, o mais importante é o que fazer nos 87 minutos em que você não tem a bola. Isso é fundamental para um bom jogador.
13.Depois de ganhar alguma coisa, você não estará mais 100%, mas 90%. É como uma garrafa de água com gás quando fica sem tampa. Pouco tempo depois fica com menos gás dentro.
14. Há apenas uma bola em jogo, então você precisa ficar com ela.
15.Não sou religioso. Na Espanha todos os 22 jogadores faziam o sinal da cruz antes de entrar em campo. Se isso funcionasse, todas as partidas terminariam empatadas.
16.Precisamos fazer com que o pior jogador deles tenha a posse da bola. Então, receberemos logo ela de volta.
17.Se você tem a posse da bola, precisa fazer com que o campo seja o maior possível, mas se você não tem, precisa fazer com que fiquei o menor possível.
18.Todo jogador profissional de golfe tem um treinador para suas tacadas, outro para suas colocadas, para seus tiros. No futebol temos um treinador. Isso é absurdo.
19.Sobreviver à primeira fase nunca é o meu objetivo. O ideal seria estar com Brasil, Argentina e Alemanha no mesmo grupo. Assim eu teria eliminado dois rivais na primeira fase. É como eu penso.
20.Os jogadores hoje só sabem chutar com o peito do pé. Modéstia à parte, eu podia chutar com o peito, de chapa e a parte de fora de ambos os pés.
21.Qualidade sem resultado é inútil. Resultado sem qualidade é entediante.
22.Existem poucos jogadores que sabem o que fazer quando não estão marcados. Então as vezes você fala para o seu jogador: aquele atacante é muito bom, mas não marque ele.
23.Acho ridículo quando um talento é rejeitando baseado em estatísticas de computador. Baseado nos critérios do Ajax de hoje eu teria sido rejeitado. Quando tinha 15 anos não conseguia chutar uma bola mais de 15 metros com minha perna esquerda e talvez 20 com a direita. Minhas visão de não podem ser detectadas por um computador.
24.Jogar futebol é muito simples, mas jogar um futebol simples é a parte mais difícil do jogo.
25.Se eu quisesse que você entendesse tudo isso, eu teria explicado melhor.
E aqui, dois filmes com lances de Cruyff. O problema é que eles focam apenas na habilidade do jogador, não dando a noção de suas outras contribuições para seus times.
Querido Argel, o Inter está há quatro jogos sem vencer e joga o Campeonato Gaúcho. O diagnóstico pode ser feito por qualquer um que acompanhe o time: o grupo de jogadores é fraco, tu és um treinador digno deles e a diretoria observa tudo com uma passividade que beira a indiferença. Não sei o que passa pela cabeça do presidente Piffero, mas deve ser um marasmo ou uma confusão pré-Alzheimer. 2016 é um ano para assustar. O torcedor colorado sabe o que esperar do Brasileiro: mais um ano na fila. Os menos fantasiosos, como eu, aspiram apenas a discrição. Não queremos ser notados. Se me oferecessem agora um 12º ou 13º lugar, eu fechava AGORA com a certeza de ter feito um bom negócio. Mas tenho muito medo da queda. Estamos fazendo tudo para isso.
Vi boa parte do 0 x 0 entre Lajeadense e Inter. Foi um jogo de baixíssimo nível técnico e o único elogio que posso te fazer, Argel, é tu és o melhor treinador de Paulão que já passou pelo Beira-Rio. É muito pouco, mas eu te parabenizo. Hoje estou a fim de ver o lado positivo das coisas. Artur também jogou bem. O resto sucumbiu bem sucumbido e nem vou comentar.
Se tivéssemos contratado quatro ou cinco destaques na Segunda Divisão brasileira para o lugar da legião dispensada — merecidamente dispensada, diga-se — e mais um técnico de futebol que nem precisaria ser um figurão, estaríamos flanando na liderança deste fraquíssimo Charmosão 2016.
E não vou perder meu tempo escrevendo novamente o que todos sabem.
Os três patetas, versão 2016. Se abstrairmos a influência dos atos de cada um, tenho dúvidas sobre quem é mais inadequado para o cargo: se Sartori como governador, se Lasier como senador ou se Argel como técnico de futebol. Mas talvez os mais estúpidos mesmo sejam o povo gaúcho e os sócios colorados, que elegeram os dois primeiros e o presidente Piffero, o qual escolheu Argel como “técnico”.
O jogo de ontem foi constrangedor. Tivemos extremas dificuldades contra o mau time do Passo Fundo, que veio apenas bem organizado pelo técnico Paulo Porto. Os três articuladores, Alex, Marquinhos e Sasha, estiveram lentos e perdidos, Vitinho abandonado, William foi o doido varrido de sempre. E não há como aparecer individualidades no barco furado de Argel. Não há mecânica de jogo, a coisa é lenta e atrapalhada desde a saída de bola. Até Pelé, Cruyff e Maradona — separadamente, é claro — se deprimiriam.
A vertiginosa decadência do time do seu Argélico não se deve apenas à ausência de D`Alessandro, tem a inestimável contribuição do vendedor Vitorio Piffero. O homem que vendeu 3 vezes Nilmar, e mais Fernandão, Iarley e D`Alessandro uma vez cada, livrou-se de vários problemas em 2016. Saíram Dida, D`Alessandro, Juan, Nico Freitas, Lisandro López, Rafael Moura, Leo e Wellington Martins. Só que que tal alívio na folha de pagamento do clube não recebeu nenhum contrapeso. A única contratação do clube foi a de Paulo Cezar Magalhães, que Argel nem teve coragem de fazer estrear. Se é reserva do William louquinho, imaginem como joga.
Esperava que, se a folha foi aliviada em quase três milhões mensais, o Inter contrataria ao menos 1,5 milhão em novos jogadores, mas a inércia pifferiana é algo de fazer inveja ao governador Sartori. Ele quer uma bela contabilidade e nada em campo. O planejamento do futebol colorado é mais ou menos como o Plano de Contigência de Fortunati para os vendavais. Não existe. Dizem que vão lançar os jovens. Sim, mas com o arcabouço atual, será o mesmo que lançá-los ao fogo. Depois, eles se tornarão outros Lucas Lima e Ricardo Goulart fora daqui. Já conheço esta história.
Argel, quem não sabe que o futebol é assim, que nem sempre o melhor ganha? O Corinthians é mais time do que o Inter e ainda tem, sistematicamente, o auxílio da arbitragem. Estava invicto há 17 jogos, só que ontem perdeu para um Inter dedicadíssimo e atento. Para fechar imediatamente o triste capítulo do árbitro, é só dizer que o homem não deu um pênalti claro em nossa primeira chance de gol no jogo (veja abaixo nos melhores lances).
INTERMEZZO
O Corinthians é melhor que o Inter apesar de ter uma folha de pagamento menor.
FIM DO INTERMEZZO
Apesar de termos jogado muito bem, foi um jogo com fortes indicações de derrota para o Inter. Era o esperado. Os paulistas saíram na frente com um gol de Malcom e, logo depois, começaram a tomar conta da partida com seu toque de bola muito mais qualificado que o nosso. Então — corajosamente, pois o time estava desfalcadíssimo –, tu, Argel, tiraste Wellington Martins para colocar Lisandro Lopez. E conseguimos ficar mais ofensivos num jogo de muita marcação e poucas oportunidades.
Seria um exagero culpar Paulão pelo gol. A bola bateu nele e enganou Allison, mas o zagueiro estava no lugar correto, tentando impedir a passagem da bola.
Tua palavra no vestiário, Argel, faz efeito. Entramos no primeiro e no segundo tempo em cima do Corinthians. E jogamos bem, nunca saímos do bom nível, com atuações monstruosas de Nilton e Dourado, Alex e Valdívia, Réver e Ernando, este fora de sua posição. Até Paulão jogou bem. No segundo gol, baixou um ponta direita das antigas nele. Ele simplesmente deu uma meia-lua no atarantado Edílson, foi à linha de fundo e cruzou para a bomba libertadora de Valdívia.
Destaque absoluto para a nossa bola aérea. Com tantos caras grandes, temos mesmo que explorá-la e tu não tens preguiça de treinar, o que é uma novidade no Beira-Rio. Siga assim, por favor. Há muitas faltas pelos lado do campo e a gente tem que fazer valer nosso centímetros a mais. Parabéns, Argel. Foi uma convincente vitória sobre o líder.
Não sou a favor de tua demissão, mas acho que tens que alterar urgentemente duas coisas fundamentais que justifico a seguir. São elas:
1. Preservação de jogadores só na partidas anteriores às da Libertadores e 2. Mudança do preparador físico.
Um time de futebol, Diego Aguirre, não é um botão de Power on-Power off. Não é uma televisão que se liga no momento que vai passar o programa preferido. Depende de ritmo, insistência e entrosamento. Liga, como dizem os boleiros. Ou seja, foi um tremendo erro manter o rodízio de jogadores numa competição em que ninguém mais fazia o mesmo. O Grêmio, por exemplo, que mal tem um time, ficou redondinho jogando quartas e domingos. E nós no rema-rema de preservar. Ontem, Nilmar ficou fora por desconforto muscular… Faça-me o favor, Diego. Será que os jogadores do Atlético-MG não sofrem com suas dorzinhas? O fato é que hoje é dia 6, faltam 9 dias para o jogo contra o Tigres e o time encolheu. A culpa não é somente tua, é também de quem avalizou esta besteira de revezamento. A preservação durante o Brasileiro tirou o tesão e desmobilizou todos os jogadores, à exceção dos poucos de sempre (falo de D`Alessandro, Lisandro, Anderson e Dourado). E o entrosamento? Este foi pras cucuias.
Basta ver que, nos últimos cinco jogos, perdemos três, empatamos uma e ganhamos outra. E levamos seis gols em dois jogos.
Eu, este que te escreve, Aguirre, tenho um sentido bastante desenvolvido de autopreservação e não fui mais ao Beira-Rio desde o jogo contra o Coritiba. Fujo de maus espetáculos. O Inter e tu não me enganaram. Mas estarei lá no dia 15 para a primeira perna da semifinal. Sabes, sabemos, que hoje o Tigres é o superfavorito para chegar à final.
Outra coisa, Diego. Os músculos de nossos atletas parecem feitos de manteiga. A direção diz que as lesões musculares são devidas ao excesso de jogos. Negativo, meu bem. Houve rodízio pesado durante o Gaúcho e este permanece até hoje. Nossos titulares jogam menos do que os dos outros. Nossos boleiros recebem tratamento de divas e, como, elas, não têm lá muito tônus. Até nosso goleiro está fora por distensão. Nossa preparação física é varzeana. O time acaba os jogos completamente morto e só se machuca.
Há que repensar os itens citados.
Abaixo, os melhores lances do banho de bola que tomamos ontem.
Bem, tenho pouco de novo a dizer para ti, Abelão. Entraste NOVAMENTE com teus três meias lentos, em casa, contra um time fechado. No intervalo, até os tijolos do Beira-Rio sabiam que tu irias colocar Valdívia no lugar de Alan Patrick e que o time melhoraria. Melhorou, mas aí já estava dois a zero pra eles.
Também há pouca novidade acerca da ruindade de Paulão. Parece que ele recebeu o terceiro cartão. Se o substituto não ficar assistindo as cabeçadas — na verdade, apenas torcendo para que errem — dos adversários em nossa área, já vai melhorar. Deu a Sindrome de Bolívar nele. Olha o segundo gol. E o primeiro? No que o Fabrício estava pensando enquanto o Guerrero cabeceava para cima? Quando a bola está caindo, ele se afasta para torcer pelo erro do atacante… E o famigerado Paulão espera pelo Fabrício… Céus!
Abel, teu time perdeu para o Corinthians sem intervenção do árbitro. Que vergonha! Os caras te dão o Nilmar, tu segues errando e teus zagueiros entregam lá atrás. Que beleza!
O Inter é vice-líder do Brasileiro; o Inter venceu seus últimos cinco jogos; nestes, não tomou nenhum gol; o Inter é demais! Só que a verdade é que o desempenho do futebol desenvolvido em campo está abaixo do aceitável… Não, não é corneta. É fato facilmente comprovável — estamos com uma sorte incrível, é só rever os jogos. Deste cinco, ganhamos bem do Grêmio e do Flamengo. Só. As vitórias contra o Bahia, o Santos e o Goiás foram casuais. O resultado mais normal para os jogos contra o estes times seria o empate. Neles, não criamos NENHUMA chance de gol. Nosso mérito foi o de ter imposto o mesmo a nosso adversário. Só que dois gols irrepetíveis, resultados de falhas incríveis do adversário, deram-nos as vitórias. Já contra o Santos, poderíamos podíamos ter empatado ou até perdido.
Não pense, Abel, que com isso desvalorizo tua sequência de vitórias. Ao contrário, penso que sejam fundamentais, pois dão tranquilidade e boas condições para que se melhore em campo. Se tivéssemos uma pontuação baixa, teríamos que resolver as questões de jogo sob mau tempo. Não é o caso. Todo o Brasil está acompanhando nossa perseguição ao Cruzeiro como se fôssemos um adversário real. E somos, mas só pelos insistentes resultados.
Abelito, veja bem, coração: o jogo de sábado demonstrou que Aránguiz fica meio perdido jogando na linha de três, com D`Alessandro e Alex. Eu também achava que ali seria o lugar dele, mas não é. Ele é bem melhor vindo de trás, mais livre, de surpresa. É claro que isso não significa a reentrada da enceradeira Jorge Henrique, nem de Alan Patrick, uma enceradeira sem energia elétrica. É a hora de testar Leandro, Valdívia e… onde está o Luque? O argentino que acabamos de contratar é tão ruim assim?
Outra coisa, por ora, nosso guichê não aceita críticas ao Fabrício. Ele pode ser isso ou aquilo, mas seus cruzamentos resultam em gols, vários gols. Ele é a única esperança para o Rafael Moura, centroavante totalmente inadequado aos meias que temos. Aliás, aí está outro problema. Moura serve para receber cruzamentos ou para fazer parede. Como não há nem um nem outro, é melhor pensar em outro para a função.
Elogios? Sim, vão todos para a marcação. Desde o trio de meias até a extraordinária dupla de zagueiros Ernando e Juan, todos marcam. E bem. Até Winck, célebre por não marcar, está fazendo direitinho seu papel. E poucos recebem cartões, o que comprova o bom posicionamento de todos. O problema é o ataque e os erros de passe. Lembra da Primeira de Lei de Andrade? A que diz assim: “Quem não tem a bola corre o dobro?”. Pois é.
Acredito que, se o Brasil não jogasse em casa, já teria dito adeus ao Mundial. Torci para o Chile, mas acho difícil que faça o mesmo para a Colômbia. Claro, não faz nenhuma diferença. Meu motivo é simples: não vi a Colômbia jogar, não me liguei a ela. Acho que um time como o do Brasil, que tem como destaques seus excelentes zagueiros, é um time perigoso, mas não o suficiente para chegar a uma final. Se passarmos pelo colombianos, morreremos nas quartas-de-final, contra Alemanha ou França, nosso habitual algoz.
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Conferindo minhas previsões…
Brasil x Chile (Belo Horizonte, 28 de junho, às 13h)
—> Passa o Chile. ERRADO.
Colômbia x Uruguai (Rio de Janeiro, 28 de junho, às 17h)
—> Passa a Colômbia. CERTO.
Holanda x México (Fortaleza, 29 de junho, às 13h)
—> Equilibrado, mas passa a Holanda. CERTO.
Costa Rica x Grécia (Recife, 29 de junho, às 17h)
—> Costa Rica, fácil. NADA FÁCIL, MAS CERTO.
França x Nigéria (Brasília, 30 de junho, às 13h)
—> França, infelizmente. CERTO.
Alemanha x Argélia (Porto Alegre, 30 de junho, às 17h)
—> Passa a Alemanha.
Argentina x Suíça (São Paulo, 1º de julho, às 13h)
—> Passa a Argentina
Bélgica x EUA (Salvador, 1º de julho, às 17h)
—> Complicado… Passa a Bélgica.
— “Brasil capota aos pés da Cordilheira”
— ‘Saudades de junho de 2013″
— “Brasil perde e jogadores voltam para suas casas — no exterior”
— “Cone Sul avança na Copa com gols gaúchos” (obrigado, Francisco Marshall)
Tudo tranquilo? Sem dúvida, pois voltamos a nossa posição habitual no Brasileiro, o oitavo lugar. Parabéns. Puxa, Abel, disse na última quinta-feira que tu dirias após o jogo de ontem:
O Cruzeiro é um time perigoso, bem preparado e joga bem tanto em casa como fora. Jogaram no nosso erro. Além do mais, tem o grande Ricardo Goulart.
Hoje leio no jornal:
Acabou que não conseguimos jogar, nos marcaram e jogaram no nosso erro. O Cruzeiro achou o segundo gol. Agora, é o momento da grandeza, blá, blá, blá…
Tudo tão previsível, Abel. Nós sempre erramos! Não temos banco e, se as quatro estrelas do time eram Aránguiz, Alex, D`Alessandro e Alan Patrick, ontem estivemos sem 3 delas — só D`Alessandro jogou — e com Otávio… Céus. Além do mais, se o titular já não é uma Brastemp, o que dizer de Wellington Paulista como centroavante? Melhor não dizer nada. Outra coisa, nunca pensei que sentiria falta do Paulão… E o Dida que agora deu para espalmar para a frente?
Bem, não vou cansar meus sete leitores, são os mesmos erros de todos os anos, a única coisa que muda são os nomes. Acho que perderíamos mesmo sem os desfalques. O Cruzeiro é muito melhor. Apenas gostaria de saber se a folha de pagamento do mineiros é maior que a nossa. Creio que não. Afinal, somos o time das velhas e caras estrelas cadentes, o time que não confirma a compra de Ricardo Goulart ao Santo André mas que tem um goleiro caro e deficiente de 40 anos. Por isso, estamos atrás de times ridículos como Goiás, Grêmio e Palmeiras no Brasileiro.
No jogo de ontem, será que Dida gritou “Deixa!” para Valdívia no primeiro gol? O que fez Wellington no segundo e como explicar a letargia no terceiro gol? E a montanha de erros de passe? Acho que os anos Luigi serão isso aí, mas até isso era previsível. Espero que haja trabalho durante a Copa. Senão, podem contar mais um ano, 36, sem Brasileiros
Abel, meu querido, é em razão de coisas como a de ontem à noite que faz 35 anos que o Inter não vence um Brasileiro. Escreva aí: o campeão brasileiro de 2014 — e qualquer um, de qualquer ano — vai vencer quase todos os timinhos, dentro e fora de casa. Os pontos de ontem são difíceis de recuperar e meu prognóstico é o de que, na próxima rodada, já não estaremos na liderança, pois o pensamento de que um “empate é um bom resultado em Curitiba” já faz parte da forma de pensar no Beira-Rio.
Viste o Diego Simeone sendo jogado pra cima pelos jogadores do Atlético de Madrid após vencer o Campeonato Espanhol? Apesar do teu peso, queria te ver naquela situação. Pense bem, nós não temos punch. Te explico o que é punch: é a força, a potência no golpe para derrubar um adversário numa luta de boxe. Nós damos soquinhos. Quando temos a oportunidade de derrubar, quando o time adversário parece pronto para perder, nós relaxamos, tranquilizados pelo fato de não sermos atacados. Acho que para fazer gol é preciso gostar de fazer gol. Cadê os chutes de fora da área? Procura aí abaixo, nos melhores lances de ontem, Abel. Ter Alex e D`Alessandro no time e não chutar de fora? Não entendo. Aliás, outra coisa que não entendo é o motivo de três meias num jogo como o de ontem.
Eu gosto muito de tênis, professor. Grande parte do trabalho do tenista é deixar o adversário desconfortável na quadra. O bom tenista tenta obrigar o cara do outro lado a fazer tudo o que ele não gosta de fazer. E nós, no futebol, gastamos largos períodos de nossos jogos trocando passes lentamente, num acordo tácito de confortabilidade mínima para os dois lados. Parece que lideramos o campeonato com larga margem. Olha a tabela, Abel!
E agora, vamos jogar fora de casa contra o Coritiba sem Juan, Willians (por terceiros cartões), Aránguiz e Gilberto. Vamos pra cima deles ou fazemos teremos mais enrolação? Lembre-se que o Coritiba de Celso Roth não venceu nenhuma partida no campeonato. Tem 3 empates e 2 derrotas.
Abel, acho que o Inter fez seu melhor jogo no Campeonato Brasileiro. Não obstante, quase entregou novamente no final. Dominamos inteiramente o Atlético-PR, mas deixamos com que eles fizessem o primeiro numa incrível falha de nossa defesa. Depois, OK, viramos com méritos e poderíamos ter feito mais. Mas aí vem nosso problema, Abel: a gente não mata ninguém, nossas vitórias são todas por um gol de diferença, até o fim é aquele sufoco e, assim como ocorreu contra o Sport, os paranaenses quase empataram no final. Houve intensidade e boas atuações de Alan Patrick, D´Alessandro, Aránguiz e Alex. Aliás, Patrick marcou um lindo gol – chute violentíssimo no ângulo superior direito –, fez a jogada do gol do D´Alessandro e quase marcou o terceiro. Foi o melhor em campo.
http://youtu.be/ZCcRO2w1r9k
Bem, Abel, somos líderes isolados (10 pontos em 12 possíveis), mas nunca esqueça que jogamos três jogos em casa e apenas um fora. Se eu fosse cínico, diria que é só manter a posição por mais 34 rodadas, porém não te direi isso. Agora temos um jogo da Copa do Brasil na quarta-feira — contra o Cuiabá, às 22h, o jogo de ida foi 1 x 1 — e, no domingo, pegamos o Criciúma fora.
Ora, convenhamos Abel, o Criciúma levou 6 do Botafogo, não é um bom time. Vamos lá marcá-los direitinho, dando aquelas especuladas espertas. Deve ser fácil pegar eles em contra-ataques. Claro que só de pensar que o Paulo Baier (39 anos) estará do outro lado, já significa que tomaremos um gol, mas é importante manter for o que foi conquistado a duras penas em casa. Lembre-se que o campeão é o time que ganha dos pequenos. Não faça bobagem contra esses timecos.
De entremeio, espero um jogo tranquilo contra o Cuiabá, daqueles que são resolvidos no primeiro tempo. Ah, mas esqueci que nunca conseguimos ganhar por larga diferença de gols. Ou conseguimos?
Pois é, meu caro Abel Braga, estávamos ganhando bem até os 30 minutos do segundo tempo, quando tomamos um gol besta e quase entregamos o jogo. Seria a segunda vez em dois jogos. Lembras que no Rio ganhávamos por 2 x 0 do Botafogo e cedemos inexplicavelmente o empate? Claro que lembras! Pois ontem quase ocorreu o mesmo. Navegávamos em tranquilos 2 x 0 até que o Sport fez um gol por erro de nossa defesa e virou um leão. Quase empatou o jogo.
O que irrita mais é que uma vitória por dois gols nos daria a liderança do campeonato. É claro que, matematicamente, em uma disputa em 38 rodadas, pouco importa quem é o líder na terceira rodada, mas quem conhece a psicologia do futebol sabe da importância de estar na frente. E cá pra nós, Abel, quem criou o problema foi tu, colocando o Ygor no lugar do Alex e o Valdívia no lugar do Alan Patrick, que finalmente fazia um bom segundo tempo. Modificações bobinhas, dessas para poupar jogadores. Poupar para quê, me diga? O próximo jogo é só sábado!
Desta forma, há quatro times na liderança do Brasileiro, todos com 7 pontos ganhos. Segundo Juca Kfouri, há dois jogando muito mal e nem sabem o porquê de suas posições — Corinthians e Goiás –, há o instável Internacional e o provável bicampeão brasileiro de 2014, o Cruzeiro, um líder que joga com o time reserva, dedicado que está à Libertadores. Enquanto isso, a gente comeu mosca contra o Botafogo e ontem quase, né, Abel?
Acho que está na hora de tu tirares o time do ponto morto, Abel. Esses reservas imediatos não deveriam ser substituídos pelos guris que iniciaram o Gauchão? Eles me parecem bem melhores do que o pessoal que senta em nosso banco de reservas, hein?
Viste ontem o jogo do Grêmio? Pois é lembrei da Teoria do Caos. Conheces? É o seguinte: dizem os matemáticos e físicos que, se colocarmos em uma caixa de fundo plano um grupo de bolinhas em movimento chocando-se elasticamente entre si e as paredes, sem atrito contra a superfície, o resultado será o caos. Ou seja, será impossível calcular as posições futuras que as bolas tomarão. E elas nunca pararão de bater-se umas contra as outras e as paredes. É isso que eu achei do jogo do Grêmio ontem. Uma correria absolutamente sem sentido, objetivo ou beleza. São dois times muito ruins. O gol do San Lorenzo me pareceu meio casual, foi como se uma bolinha do caos tivesse resolvido entrar ali. Fico feliz de nosso time ser diferente. Temos conseguido manter certa compostura e lógica.
Mas o jogo contra o Vitória foi triste. D`Alessandro foi bem marcado, Alex estava a meio pau e o Alan Patrick jogou muito, mas muito mal. Então, não houve criação. Além disso, Cláudio Winck sentiu o Beira-Rio. Gostei das tuas reclamações sobre o desempenho do time nas entrevistas de final de jogo. Acho perfeitamente viável vencer o Botafogo do Bolívar no final-de-semana, mas só que com um jogo melhor. Não chegaremos a lugar nenhum com aquela pobreza. Salvou-se e salvou-nos o Aránguiz. Vamos contratá-lo né, Abel?
Outra coisa: devo ser um chato, pois sou o único colorado do mundo que achou comum o Beira-Rio. Claro, está mais bonito, mas eu esperava muito mais. As pessoas piraram de tal forma que pensei que entraria no Nirvana. Nada disso. Mas é nossa casa, precisamos dela para somar pontos. Não adianta, meu negócio é futebol, não arquitetura. Não ignoro que o Inter tornou-se multi-campeão depois da inauguração dos Eucaliptos, tendo o mesmo acontecido com o Grêmio pós-Olímpico e o Inter pós-Beira-Rio, só que não consigo torcer por estádios.