Eu sofro com o calor

Eu sofro com o calor

FrioE, por isso, estou aqui de janela aberta, aproveitando a rara oportunidade de sentir um ventinho de 13ºC entrando por ela. É um imenso prazer depois de meses terríveis indo de ar condicionado em ar condicionado. Sei que as plantas crescem no calor, sei também que as pessoas ficam mais bonitas e saudáveis quando estão na praia. Mas sei também que me sinto mal numa cidade quente e úmida, suando cada vez que saio à rua ou quando desligo o ar. E canso. E produzo pouco. Por isso, se tivesse dinheiro para tanto, iria para o Hemisfério Norte em todos os verões, para dar uma trégua de alguns dias no suadouro porto-alegrense.

A propósito, fui amigo do grande Dr. Herbert Caro. Ele sumia de Porto Alegre durante os meses de, nas palavras dele, canícula. Saía da cidade para a Europa no início de dezembro e só voltava ao final de março, passando dois invernos por ano. Se eu tivesse condições econômicas, repito, daria definitivamente adeus aos verões, coisa apenas aceitável na praia e olhem lá.

Então, hoje estou mais feliz que pinto no lixo, que formiga em tampa de xarope, que genro levando sogra na rodoviária, que pobre em dia de excursão ou quando ganha frango no bingo e muito, mas muito mais feliz do que ontem. E me sinto novo como camisola de noiva.

A perspectiva para os próximos dias é ótima. Desta vez, parece que teremos inverno!

(E, falem sério, o frio facilita o amor, certo? Ou vocês não gostam de abraçar um outro corpo — mesmo o mais querido deles — no inverno?).