A Gramophone elegeu as piores capas de discos eruditos de todos os tempos.
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A vencedora foi esta, com a legenda que será compreendida por quem conhece Os Planetas, de Holst: “Westminster Gold, the bringer of insanity”.
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O segundo lugar foi esta capa onde Birgit Nilsson parece estar fugindo do massacre da serra elétrica. A revista colocou a seguinte legenda: “As if Salome wasn’t dramatic enough”.
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Não dá para saber se esta é propaganda de esmalte, de alongamento ou se é música. O que tem a ver a Dvořák com… pés? Bem, ele os tinha. Eu também tenho e provavelmente você que me lê também. Quem sabe aquele Dvořák no topo tenha sido um erro de impressão?
~ 4 ~
Esta é genuinamente assustadora. O halo ao redor do cabelo de Sylvia Sass e a expressão em seu rosto evocam “Carrie, a Estranha”. As canções de Strauss são ótimas, mas, como também tem Wagner, não sei se me atreveria a chegar próximo o suficiente para ouvir o disco.
(Elena diz que esta é a expressão de quem olha para a partitura de Strauss pela primeira vez).
~ 5 ~
O disco é excelente. Tenho aqui em casa. Apesar da falta de nosso sotaque, tem alto nível artístico, só que a capa…
Michael Tilson Thomas aparece como algo entre Ace Ventura e Monty Python. O colorido, a folharada, a arara no braço, a cara de Rambo de quem parece não estar gostando muito do dia de folga — talvez pensando numa queimada. Uma verdadeira Arma Brasileira em tempos pré-bolsonaristas.
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O megabrahmsiano Al Reiffer talvez dissesse que Brahms é alimento essencial para a alma, mas esta metáfora ficou um tanto deselegante na mão do capista. Ovos, bacon e Brahms. Bach seria a cerveja da alma? (Ele era cervejeiro, para quem não sabe). Eu, como chocólatra, fico pensando que compositor representaria a delícia maior.
Mas derivo. Curtam esta linda capa.
~ 7 ~
A escolha desta capa só pode ser compreendida por ingleses. A capa não é horrível, mas a caracterização bíblica de Bryn Terfel remete, para nove dentre dez ingleses, ao filme “A Vida de Brian”, do Monty Python.
A revista diz que Terfel parece um figurante que fugiu do filme… Para piorar, o nome de Terfel é…
~ 8 ~
Bach significa ribeiro, rio pequeno. No encarte, está escrito que “O mar simboliza todas as composições de Bach.” E tudo bem, assim encerra-se a justificativa para a imagem. Vai ver que sou chato e fico pensando, para além da feiura, no mal que a água salgada fará ao instrumento. Pensando que a cadeira será levada daquela pedra escorregadia, nas roupas molhadas, na violoncelista nadando com o arco fora d`água, no cello submerso. Penso também que o som do mar me impediria de ouvir a música. Por outro lado, reflito se a manipulação fotográfica também simboliza Bach. Grande Bach, que sobrevive a tudo.
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A capa que desaparece e reaparece foi umas das eleitas como piores capas de discos eruditos de todos os tempos pela revista Gramophone.
Lembra da emoção daqueles quase hologramas da década de 1980? Você virava uma imagem nas mãos e de repente via uma nova imagem aparecer? É o mesmo tipo de coisa, só que não é. É o arremedo do kitsch.
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A estimada violinista Lara St. John estava na casa dos vinte anos quando fez essa gravação. Só que ela parece muito mais jovem do que isso na capa. Parece uma criança. Parabéns. Porém se ela, após tirar a foto, começasse imediatamente a tocar a Chaconne da Partita Nº 2, a peça seria proibida por Bolsonaro ou por algum membro de nosso governo fundamentalista. Os politicamente corretos também ficariam hostis, pois pensariam em pedofilia. Ai, estou confuso. Parabéns. Acabo de lembrar que a Chaconne é uma peça que Bach escreveu pela morte de sua primeira esposa, Maria Barbara, mas isto não deve ter nada a ver. Já disse que estou confuso, não me incomodem.
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Veja. Mats Rondin é um violoncelista e ele inicia o disco com o Vocalize de Rachmaninov. Porém, quando vi a capa, achei que ele fosse um cantor e que cantasse tão bem, mas tão bem, que até os cães aceitavam o fato e lambiam suas cordas vocais. Não tenho nenhum problema com os cachorros. Eu amo os cães. Quem não gosta deles? Eles são uma das poucas alegrias da vida. (Uma das outras não são os gatos). Se este ainda fosse um álbum de música clássica para cães (eles existem), teríamos… bem, um álbum de música clássica para cães. Mas não é. Anos depois, a capa foi alterada. Na nova, Rondin carrega seu cello atrás e em cima da cabeça. Atravessado.
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Discordo da 12ª escolha de pior capa da Gramophone. É uma capa feita para crianças e o nome do disco em finlandês é ‘Nallekarhu Konsertissa’, ou seja, ‘Ursinho de Pelúcia em Concerto’ e o complemento é ‘Favoritos da Música para Crianças’. Claro que a foto poderia ser mais fofa, mas o cômico aqui funciona, Ou não?.
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Gosto muito da naturalidade desta capa. Você chegaria tão perto de um leão? Acha normal colocar uma tuba sobre a cabeça do bicho vestindo terno branco? Tudo dentro da rotina.
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Que lindo! Uma foto de família para os netinhos! Fico feliz de ver a Sra. Dermota com saúde. Mas não há algo assustador nas pinturas, na iconografia religiosa e na ausência de luz natural?
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Para um homem que sempre exerceu rigoroso controle sobre sua imagem quanto Herbert von Karajan, estes são registros um tanto comuns… E basta ouvir certas gravações dele para que você desconfie que ele, de vez em quando, se ligava num auto-boicote. Na foto escolhida pela revista, ele parece que vai sair à noite em busca de um(a) parceiro(a).
Na seguinte, ele vira um camafeu.
Depois, um anjo saído dos tubos de um órgão.
E tenta fugir num carro veloz.
Corra, Herbert, corra!