Depois das desejadíssimas saídas de Bolívar, Nei e Luciano Ratinho, eis que saem Guiñazú e agora talvez saia Dagoberto. Ou seja, a diretoria que queria um outro atacante de velocidade para acompanhar Damião ou Rafael Moura, perderá o único que tinha. É o perigo de ter um presidente tolo. Um tolo não tratará de cercar-se de sumidades, mas procurará outros tolos que concordem com ele. Exatamente o mesmo que fez Obino no Grêmio.
Eu preciso acreditar que não é só imbecilidade. Largar o Dagoberto e ir a Recife negociar a volta do Gilberto é um ato tão tolo que parece até proposital, como provocação. Porém, pode haver algo que não sabemos. O Inter estava louco para se livrar do Dagoberto. Na verdade, parece que iria dispensá-lo de qualquer maneira e só não o fez antes, na esperança que algum clube o quisesse e o Colorado pudesse receber algum ressarcimento. Houve alguma coisa extra-campo com ele neste ano. E não foi o episódio dos cremes. É a única explicação. Seria burrice demais até para o Luigi.
Os setoristas da dupla disseram que houve uma mal-disfarçada euforia na direção quando chegou a proposta do Cruzeiro. Eu mesmo ouvi a entrevista do Souto Moura e ele mal podia conter o entusiasmo. Muito estranho… Somo isso ao fato de que, poucos dias antes, vazou a notícia de que Dagoberto não estava nos planos de Dunga. E mais, lembro que Fernandão disse que foi amigo de quem não devia ser e disse que não estava se referindo ao Bolívar: foi ele quem trouxe Dagoberto… Sei lá, preciso acreditar nisso porque não adianta eu ir até lá e quebrar todo o Beira-Rio, só de raiva, porque isso a Andrade Gutierrez já está fazendo.
Agora, Vitor Júnior é para f… o c. do palhaço.
P.S. — O título do post foi surrupiado do romance de Marcos Nunes.
O mês de dezembro nos mostra o Inter em velocidade subluígica, ou seja, ainda mais lento do que o costume. A última notícia diz que o lateral direito e o atacante de velocidade prometidos talvez venham no final do Campeonato Gaúcho. Desta forma, a montagem do time ficaria para o segundo semestre. Talvez seja bom. No ano passado, o Inter contratou 14 jogadores. Destes, só aprovaram três, todos com caras assim de reservas: Ygor, Jackson e Cassiano. Dátolo fez um belo primeiro semestre, mas afundou no segundo.
As contratações mais espetaculares fracassaram até agora: Forlán não joga desde a Copa de 2010, Juan segue acumulando lesões desde 2011 e Dagoberto adotou o mesmo estilo em 2012. Ainda bem que Ratinho e Nei saíram. Dizem que Bolívar também estaria arrumando as malas, mas só acreditarei quando ver Bolívar com outra camiseta ou de pijamas por 24h. Luigi Calvário quer dar uma saída honrosa para o ex-zagueiro. Se procura palavras, sugiro que ele veja os jogos da Libertadores de 2006, quando Bolívar jogava muito. Então, encontrará argumentos para um belo elogio. Depois, ele deve pensar nas cagadas que General têm feito para justificar o pé na bunda.
Meu consolo é que as coisas andarão mais rapidamente no vestiário com Dunga e Paixão. Mas acho melhor evitar que o Calvário arraste sua cruz até lá. Pois se for, sabemos que fica.
Quem vê o Inter jogar, constata: é um time com cara de fim de festa. Espero que os sócios expandam esta noção nas eleições ao final do ano. O grupo dirigente que está lá desde 2002 deve ser retirado, também ele está bêbado e cansado, é a hora de chamar um táxi para levá-los. Foram cinco exitosos anos de Fernando Carvalho, quatro nem tanto com Vittorio Píffero e dois lastimáveis com Giovanni Luigi. Antes da eleição de Luigi, houve uma cisão no grupo, mas o determinante do fracasso de Luigi não foram as questões políticas e sim sua inaptidão para o cargo.
Luigi tem qualidades. É um homem educado, faz as coisas com cuidado e não é um voraz vendedor de jogadores. Aliás, neste último item chega a ter uma postura amadora, o que é saudável numa instituição onde o objetivo final é o de jogar futebol. Porém, suas qualidades cessam aí. Ele não foi capaz de montar uma comissão técnica competente e estável e subjugou-se aos muxoxos das divas campeãs, mas envelhecidas. A saída de Fábio Mahseredjian da comissão técnica do Inter foi uma tragédia. Tínhamos um dos melhores preparadores físicos do país e o perdemos em razão de que o técnico Dorival Júnior vinha acompanhado de sua equipe e desta Mahseredjian não podia fazer parte. Isso é um disparate absoluto. Fábio foi para o Corinthians e o que fez lá a gente sabe.
A entrada de Luciano Davi como diretor de futebol foi outro fato incompreensível. Trata-se de um menino dubitativo e oscilante. Por exemplo, ele anunciou a naturalização de Guiñazú para que Dátolo pudesse jogar e depois, para pasmo geral, disse que aquilo não era mais prioridade (?). Além disso, costuma emitir um rosário de opiniões tolas e avaliza decisões que se comprovaram erradas minutos atrás — o que foi esta justificativa para Dátolo não ter ido à BH para jogar contra o Cruzeiro?, o que foi esta decisão de preservar D`Alessandro? Ele, Luciano, veio em substituição à Luís Anápio Gomes, conhecido pelo jogadores como Bananápio, o que pode ser uma avaliação deselegante, mas que não foram desmentidas pela inação de Anápio.
A história de Luigi com os técnicos também foi inacreditável. Dois grandes ex-jogadores, que deveriam ser preservados como ídolos, foram contratados: Falcão e Fernandão. Ambos craques, ambos ídolos, ambos amadores como técnicos. Entre os as duas contratações, Dorival Júnior, um treinador que confirmou o que dele se sabia: era um disciplinador sem grande interesse pelos treinos táticos, os quais deixava para auxiliares que não eram respeitados pelos jogadores.
E os jogadores? Ora, estes dominavam e seguem com as rédeas do vestiário. O grupo dos velhos é quem manda. Há problemas grandes nesta área, há que fazer um limpa colocando alguns generais e outros de menor patente na reserva. De pijamas, bem entendido.
A propósito, quando meu filho Bernardo perguntou quem seria o novo técnico do Barcelona, respondi-lhe mesmo sem estar informado: “O técnico vai ser alguém lá de dentro, eles têm política de futebol, todos os times desde as divisões inferiores jogam no mesmo esquema, não precisam buscar ninguém de fora”. Acertei. Eu sei que falo do Barcelona, melhor time do mundo, sei que ele está anos-luz à frente do Internacional, mas a experiência deles é que deve ser copiada, não a dos velhos modelos.
Conheço poucos e bons caras da Convergência Colorada, mas fico feliz quando noto a palavra profissionalismo por todos os lados. O voluntarismo bisonho das pessoas convidadas pelo Luigi — o competente administrador da Rodoviária de Porto Alegre, a qual frequentei dia desses — é inadmissível. Não há justificativa para manter uma folha de pagamento de 9 milhões de reais mensais e ter aprendizes como chefes. Todos devem ser profissionais treinados longamente no próprio clube ou fora dele, para que não ocorra este absurdo de ver o Grêmio na nossa frente com um time mais barato e inferior.
Acho que a Convergência, que se formou na Internet e é composta por pessoas em sua maioria sub-40, deveria usar a Internet desde agora para explicar suas propostas e convencer os sócios. Há que crescer e logo. É um bom momento para mudanças. Afinal, nunca vi os colorados tão desanimados, sem vontade de ver o próprio time jogar. Um amigo me disse: “Quando vi que o Fernandão tinha voltado ao esquema com 3 volantes, resolvi fazer a vontade de minha mulher e ir ao cinema. Não queria ver tudo de novo: o time sem ataque, a mesma alteração no começo do segundo tempo, etc.”.
Há um único lado positivo, então. A vida amorosa dos colorados ganhou outra feição. Mas quando a mulher também é colorada a baixa libido da dupla deve levá-los à efetividade de um Nei.
Ontem, estava almoçando no Sabor Natural, na Siqueira Campos, e me encontrei com meus velhos amigos Leônidas Abbio e Paulo Almeida. O Leônidas me lembrou de uma coisa que eu tinha dito a respeito do Inter e que tinha simplesmente esquecido. Logo após a contratação de Forlán, eu disse que o Inter estava se realmadrilizando. Referia-me ao Real Madrid que, antes de Mourinho, acumulava estrelas e não ganhava título nenhum. Não que seja ruim ter estrelas no time. É que estas, no Inter, sistematicamente são cooptadas a um grupo de semi-aposentados “grandes jogadores” que estão lá há anos e adotam seu estilo. Rapidamente, o jogador caro agrega-se ao grupo de Bolívar e Kléber, o dos jogadores “ricos com biografia”. Este grupo pensa que sua titularidade se dá por decreto e, quando ficam de fora, escolhem se querem ou não sofrer a humilhação do banco. Bolívar, por exemplo, não gosta de assistir o jogo do banco — ou joga ou fica em casa. Nei, Damião e Dagoberto, apesar de mais jovens, também participam do grupo dos velhos, talvez em função de seus altos salários. Índio idem, porém mata-se pelo time em campo e é adequado retirar dele a acusação da tal…
Fernandão chama a isso de “zona de conforto”. Tem razão. Mas não creio ser atribuição sua denunciar o problema. Aliás, ele parece ser o único angustiado. Luigi e seus companheiros de diretoria não estariam também numa zona de conforto? Pois é, o Inter é um clube estranho: tem uma folha de pagamentos que chega aos 9 milhões mensais e uma administração de futebol amadora. Também tem também um incrível respeito pelos jogadores campeões do passado. Eu já sou da opinião de Rubens Minelli, o qual repetia e repetia que futebol era momento e não tinha medo de deixar Batista, Caçapava ou Marinho Perez muitas vezes no banco. Não lembro de Manga, Figueroa, Falcão, Carpeggiani, Valdomiro ou Lula afrouxando o ritmo. Alfred Hitchcock também dizia que seus atores podiam ser substituídos por outros — disse uma vez a um deles que “atores são gado”. Ou seja, eles que obedecessem se quisessem seguir trabalhando com ele.
Mas o Inter tem medo do grupo de Bolívar, que já teve no passado co-líderes como Tinga, Clemer e… o próprio Fernandão. O tratamento com as vedetes é complicado, mas elas têm que ser dobradas. No Inter, há três grupos: o dos jovens, o dos estrangeiros e o dos velhos. A administração do futebol não consegue uni-los para dissolver a liderança dos velhos que moram no tal conforto. Fazendo corpo mole, eles já obtiveram demitir vários técnicos, mas nenhum veio se lamuriar em público, dizendo que nunca sabia se haveria esforço da parte do time e que rezava na beira do gramado para que houvesse interesse. “Eu nunca sei o que vai entrar em campo”. Piada, né? O fato é que nosso excelente grupo de jogadores, ao custo, repito, de 9 milhões por mês, é inútil, e faz uma campanha que, no segundo turno, o coloca na zona de rebaixamento. Nos últimos 9 jogos, ganhamos 6 pontos. (Eu abandonei o Beira-Rio e lhes digo, só volto em 2013). Se seguirmos assim, vamos nos livrar por pouco do rebaixamento. Não, não estou sendo louco, estou apenas olhando os números.
Então, apesar de achar que Fernandão não é técnico de futebol, seu mimimi pode fazer com que alguma coisa se mova internamente. Não, não se pode ser amiguinho de Bolívar e Cia. Ou eles jogam ou vão para onde o treinador os mandar. O próprio Fernandão, em seu patético pronunciamento, elogiou os jovens jogadores e disse que AGORA vai escalar quem se esforça em campo. Agora? Isto é uma confissão da vassalagem de um técnico que até dias atrás justificava tudo, desde as estranhas atitudes de Bolívar ao número incrível de cartões de D`Alessandro e Guiñazú. Não sei, creio que Fernandão devia comprar o confronto. Se hoje, na reapresentação dos jogadores, ele puser panos quentes, recuando de suas críticas, estamos fodidos. Está na hora de dobrar a geração vencedora ou virar a página.
Para os colorados, é o que resta torcer em 2012. Que a briga dê frutos e que venha um 2013 com novas diretoria, comissão técnica e, finalmente, nova dinâmica de grupo.
Cavenaghi não entra porque é 9. Ontem foi segundo homem de ataque. Ricardo Goulart mudaria o jogo da vida. Ontem, nem entrou. Quarta, sobrou o D’Alessandro. Ontem, foi o primeiro a sair.
Sobre a coerência de Falcão, lido ontem no tuíter
Quando Falcão “ameaçou ter vontade” de retornar ao Inter, fiquei quieto. Dentre as escolhas mais divulgadas, ele era a minha última, pois fracassara, anos atrás, no Inter, na Seleção Brasileira, no América do México e na Seleção do Japão. Não é pouco. Mas é um sujeito simpático, bem falante, ídolo da torcida e não treinava um time de futebol há vinte anos. Ele, de certa forma, me seduziu, apesar da desconfiança que congelava meus comentários. Infelizmente, vejo agora que devia ter combatido a ideia com minha pistola d`água. Nem no grupo de discussões dos novos conselheiros do Inter eu disse alguma coisa contrária. Deixei-me engambelar pelo pensamento mágico do grande jogador que retorna ao clube.
Em poucos, pouquíssimos dias, Falcão fez o Inter perder o pouco que tinha de solidez defensiva e seu ataque é o mesmo de Roth, só que com Andrezinho no lugar de Zé Roberto e Oscar no de Sóbis, que jogava recuado com Roth. O posicionamento dos jogadores, apesar da inversão de funções, é a de Roth. Sua primeira mancada foi a de centralizar D`Alessandro — típico jogador para atuar nos lados do campo — e a segunda foi a de seguir respeitando as estrelas do grupo, dentre elas o recém operado e capitão do time Bolívar, que voltou à titularidade totalmente fora de forma física e técnica. O que sempre quisemos — a saída de Nei, a colocação de uma dupla de zaga cuja idade somasse menos de 60 anos, um time mais rápido — parece ter ficado ainda mais longe com Falcão.
Sigo dizendo que o Inter tem um dos melhores grupos de jogadores do Brasil, talvez o melhor. Falta-lhe um técnico. Se eu fosse um deles, se tivesse competência para dar dinâmica a um grupo de jogadores tão qualificados, estaria ligando diariamente para o Beira-Rio, pedindo o cargo e a glória. Este cara só deveria pedir uma coisa: apoio para livrar-se de Nei, Índio, Bolívar, Rodrigo, Wilson Matias, Zé Roberto e outros menos votados.
Ah, e por favor, não me digam que Renan foi culpado pelos dois gols de Viçosa. Alguém tinha que ir na jogada. Se o goleiro não saísse, Viçosa poderia ter matado a bola e ido até dentro do gol do Inter. Neste caso, Renan seria culpado por não sair. Responsabilizem a dupla de zaga, peço-lhes. No primeiro gol Viçosa estava entre os zagueiros, que guardavam temerosos 5 metros de distância do atacante; no segundo, Rodrigo tentou deixá-lo impedido depois do lançamento ter partido… Céus!