O time da Piada Pronta abre os trabalhos logo no décimo dia de 2013

O comovente abraço ao Olímpico | Foto: Diego Vara / ZH | CLIQUE PARA COMOVER-SE MAIS COM A IMAGEM

Os times de futebol têm personalidade própria. O Inter, quando em decadência, é choramingas e patético; como agora, deixa-se levar até bater numa margem. Já o Grêmio cai em meio a uma opereta, com jogadores transando no ônibus enquanto o presidente, caindo a para a segunda divisão, diz: mas vejam nosso site, que coisa maravilhosa! Quando o Grêmio ganha, é sempre sofrido — nem que não seja –; quando o Inter ganha, é natural e absolutamente merecido. Quando o Grêmio perde um jogo, há uma enorme probabilidade de que o juiz seja o culpado; quando o Inter perde, é porque o time é uma merda mesmo.

Mas há uma coisa na qual é difícil ganhar do Grêmio. O tricolor gaúcho costuma se apresentar como Piada Pronta e faz disso uma arte. Não tinha ainda acontecido em 2013, porém, no décimo dia… eles não se aguentaram e revelaram o mais novo chiste: o Grêmio está voltando para o Olímpico pela simples razão de que a Arena ainda não está pronta. O Grêmio é como aquele franguinho al primo canto que sabe de terá a cabeça decepada ao primeiro Quac!, porque o produtor está ali ao lado, atento, com o facão na mão. Mas o instinto o obriga a cantar ou, no caso do Grêmio, a fazer rir.

Sim, hoje o Grêmio solicitou ao comando da Brigada Militar (BM) a liberação do estádio Olímpico para a realização de três jogos em janeiro… O pedido está sendo analisado pela BM. Isso é sensacional! Já houve abraço de despedida ao Olímpico, já houve o último jogo — uma discreta tragédia –, as rádios e as TVs já passaram dias enchendo o saco passando todos os gols, falando com todos os que fizeram alguma coisa no estádio, já foram choradas lágrimas por parte dos nostálgicos, o torcedor símbolo Paulo Sant`Ana já deu a volta olímpica com a bandeira “Adeus, Olímpico” na mão… Tudo já foi feito e agora voltam. Parece o Sílvio Caldas (*).

O Grêmio estaria disposto a levar as partidas contra o Canoas e o Santa Cruz, nos dias 24 e 26 de janeiro para o velho estádio. A medida também poderia valer para o jogo contra a LDU, pela pré-Libertadores. Nesta quinta-feira, de forma assim meio escondida, foram reinstaladas as goleiras no estádio Olímpico. Eu amo nosso Tradicional Adversário, obrigado Grêmio!

(*) Caíram no folclore as despedidas do cantor carioca Sílvio Caldas, que durante pelo menos 20 anos anunciou que enfim faria o seu último show ou a sua última gravação. No entanto, permaneceu em atividade até o ano de 1995, adiando sua aposentadoria até os 87 anos de idade.

Grêmio com a Síndrome de Sílvio Caldas

Esses moços, pobres moços; ah, se soubessem o que eu sei

Os versos de Lupicínio Rodrigues — autor do hino do Grêmio — descrevem bem a incredulidade de que fui presa ontem, ao conversar com amigos de meu filho, todos na faixa dos 18 anos. Ele não sabiam que, nos anos 70, houvera uma torcida organizada gay que apoiava o Grêmio Futebol Portoalegrense. Ninguém tinha ouvido falar na Coligay. Como não? Verdadeiramente pioneiros, aqueles torcedores antecipavam a intimidade da atual avalanche ao demonstrar sua alegria pelas arquibancadas do estádio alusivo às Olimpíadas de Porto Alegre.

Mas os tricolores não souberam assimilar a novidade. Sentiram-se ameaçados e enxotaram aquela torcida vanguardista. Todos sabem que a homofobia é o produto do medo que as pessoas têm de um dia elas próprias descobrirem-se homossexuais ou de serem tomadas como tais. Em outras palavras, a homofobia é um mecanismo instintivo de defesa contra uma previsível possibilidade de desenvolver um sentimento de afeto por pessoas do mesmo sexo. Então, os homofóbicos tornam-se agressivos e podem até mesmo cometer violências para se preservarem do risco. É uma postura tão medieval quanto a das religiões que, ao tentar impedir os casamentos entre pessoas do mesmo sexo, acabam é pregando a mais pura aversão, que desemboca no ódio e depois na violência. Pô, deixem os gremistas seguirem suas inclinações naturais!

E a Coligay, conforme documentamos abaixo, ainda ensaiou um retorno. Sem seus tradicionais roupões, mas com propósitos firmes, tentaram dar novamente vazão à sexualidade latente que habita todo gremista.

Mas não deu certo, venceu o atraso. Clicando nas fotos abaixo, você poderá ler a reportagem de uma edição da revista Placar, se não me engano de 1977 onde mestre Divino Fonseca, com aquele tempero especial de um politicamente incorreto plenamente permitido, tira um sarro em três páginas antológicas. Para lê-las basta clicar sobre a foto, depois clicar novamente sobre o sinal positivo que sugirá sobre a imagem para depois “navegar” pelas colunas de Divino.

Em 1977, esta era a ditabranda tricolor.