Fechando o assunto…

Respondendo à Caminhante: o escultor chefe foi Yevgeny Vuchetich (um famoso escultor russo de ascendência sérvia), os cálculos e engenharia estrutural das 7.900 toneladas de concreto ficaram sob a responsabilidade de Nikolai Nikitin. Em 1967, quando o memorial onde está localizada foi inaugurado, era a mais alta escultura do mundo, medindo 85 metros da ponta da espada ao topo do pedestal. A figura da mãe mede 52 metros e a espada mais 33. Dizem que exatos duzentos passos é o que caminharia o visitante comum desde a parte inferior do morro ao pé do monumento. Tal número simboliza os 200 dias da Batalha de Stalingrado.

No YouTube, há vários filmes de turistas chegando à estátua, mas os melhores são mesmo os filmes oficiais soviéticos com o peso de uma propaganda hoje sem muito sentido. Então, selecionei um bem simples, feito por um turista russo. Nele, há um giro de 360° que inclui o monumento.

Dia de provocar (light)

A eleição do Cristo Redentor como uma das sete maravilhas modernas só me afetou ontem, quando meu filho me apresentou a Estátua da Mãe Rússia, erguida em 1967 na cidade de Volgogrado, ex-Stalingrado. (Bernardo costuma viajar pelo mundo com o Google Earth). Logo pensei nas linhas retas e sem graça de nossa falsa maravilha, comparando-as com as de uma estátua muito maior, mais bonita e de significado mais concreto que o das linhas retas e sem graça do sólido “realismo socialista” de nosso Cristo. Do alto do Corcovado, temos uma vista deslumbrante de 360 graus, mas é melhor esquecer aquele cara de braços abertos sobre a Guanabara.

Então, além de ser muito mais bela, heroica e trabalhada, além da vantagem de não ter o significado rarefeito de um monumento religioso, a Mãe Rússia mede 85 metros contra os 30 do Cristo.

Vejam:

Sim, falta o Corcovado, mas sobra estátua. Ela foi construída em homenagem aos mortos da Batalha de Stalingrado.

As formiguinhas na foto acima são pessoas… E mais uma foto, esta tirada do parque que circunda a colina Mamayev, onde está localizada a estátua.

Mother Russia 10 x 0 Cristo Redentor. E não me venham com os 45 metros da Estátua da Liberdade (aquela mulher em posição de árbitro de futebol apresentando um cartão vermelho ao mundo), nem com os 67 metros do obelisco bonairense (um taxista me disse que era uma homenagem aos políticos argentinos — todos os veem, mas ninguém sabe para que servem).

Glenn Gould no Quinteto para Piano Op. 57 de Shostakovich

Como diz o colega P.Q.P. Bach, é a música perfeita, irresistível. O 1º, 3º e 5º movimentos são curtos e rápidos, o 2º e 4º são longos e lentos. O prelúdio inicial estabelece três estilos distintos que voltarão a ser explorados adiante: um dramático, outro neo-clássico e o terceiro lírico. Todos os temas que serão ouvidos nos movimentos seguintes apresentam-se no prelúdio em forma embrionária. Segue-se uma rigorosa fuga puxada pelo primeiro violino e demais cordas até chegar ao piano. Sua melodia belíssima e lírica que é seguida por um scherzo frenético. É um choque a chegada de um intermezzo que traz de volta a seriedade à música. Apesar do título, este intermezzo é o momento mais sombrio do quinteto. O Finale, cujo início parece uma improvisação pura do pianista, fará uma recapitulação condensada do prelúdio inicial. O Quinteto para piano recebeu vários prêmios que não vale a pena referir aqui, mas o mais importante para Shostakovich foi a admiração que Béla Bartók dedicou a ele.

Os vídeos a seguir tiveram que ser montados… Encontrei os dois primeiros movimentos e o último com Glenn Gould. Ficaram faltando o terceiro e o quarto. O terceiro (Scherzo) que encontrei é certamente um bis de um concerto de super-estrelas. O time é formado por nada menos do que Martha Argerich, Misha Maisky, Joshua Bell, Henning Kraggerud e Yuri Bashmet. E o quarto movimento foi encontrado no registro de um concerto realizado na Universidade de Vermont, se não me engano. É uma colcha de retalhos, mas é perfeitamente possível ouvir a grandiosidade do Quinteto para Piano de Shosta.

Ou aqui.

Symphonia Quartet; Glenn Gould, piano.

Ou aqui.

Symphonia Quartet; Glenn Gould, piano.

Ou aqui.

Joshua Bell (violin), Henning Kraggerud (violin), Yuri Bashmet (viola), Mischa Maisky (cello), Martha Argerich (piano).

Ou aqui.

David Lamse and Rebecca Dorcy, Violins; Paul Roby, Viola; Kvork Parsamian, Cello; Barbara Podgurski, Piano.

Ou aqui.

Symphonia Quartet; Glenn Gould, piano.