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  1. Não adianta Milton, nada consegue escapar dos arquétipos um tanto primitivos do jogo politiqueiro nacional. Esse texto do Azenha, p. ex., muito afiado, com todas as arestas podadas…astutamente tenta esconder os erros de interpretação que ele enxerga nos outros textos, que são míopes por natureza pelos fatos inaceitáveis de serem de jornais (essas entidades má-intencionadas), e por serem produzidos por maniqueísta classe de intelectuais que são “contra os pobres”. Azenha, falando em tom sério, catedrático, resvala o pé diante uma interpretação mais acurada e menos predisposta a ouvir o acalanto sinfônico de sua posição aráutica, e aparece como mais um instrumento da psicose paranóica da politi-cagem brasileira. Os bons contra os maus, os que se preocupam com os pobres contra os que não se preocupam, os Morlocks contra os Elois. Ás vezes, a única ponta dessa tendência surrealista que me chega, é a sensação solitária de viver em um outro país ainda não catalogado. Política é engajamento, diz o Azenha, cheio de falsas boas intenções de calar o debate. Engajamento soa como partidarismo, partidarismo como lulismo inquestionável e sacralizado. Aumentar-se a capacidade da população em financiar um carro em parcelas de três encarnações, e financiar um apartamento em loteamentos proletários, a mim não parece a redenção. Será que só eu moro no Brasil, ou fui parar do outro lado do espelho?

  2. Eu acho que o Estadão ou qualquer sujeito pode não votar em Dilma ou no PT e fazer campanha contra por uma série de razões, mas as pessoas estão preferindo justificar o voto em Serra baseado em falácias evidentes, como:

    1) “O PT é contra a liberdade de expressão”. Tese idemonstrável. Não há qualquer censura a qualquer mídia ou tentativa de cerceamento da liberdade de expressão por via judicial ou militar. O que existe são fantasmas plantados pelos órgão de comunicação, segundo os quais qualquer legislação que lhes coíba os abusos são uma afronta à liberdade. O que se vê, ao contrário, é a tentativa da candidatura Serra de calar qualquer manifestação contrária à sua candidatura, nomeando qualquer fonte de informação avessa às suas intenções de sujas, imorais, ilegítimas ou ilegais. Já a mídia maciçamente a favor de sua candidatura, e por isso disposta a qualquer distorção, tegiversação ou superestimação, nada a dizer, ou apenas o velho dístico “Aos amigos, tudo, aos inimigos a lei”.

    2) “O PT é o partido mais corrupto que existe”. Também idemonstrável. Aliás, pelo número de cassações de seus políticos, o mais corrupto é o DEM, seguido por PMDB e PSDB. Infelizmente, a política partidária brasileira, toda ela, é corrupta, e todos os partidos políticos brasileiros possuem setores, alguns majoritários, outros menos, organizados em torno do assalto aos cofres públicos. Seria surpreendenmte se o PT fosse diferente.

    3) “O PT aparelha o Estado”. Até prova em contrário, que não aparecerá, todo partido político aparelha o estado, isto é, coloca em posições chaves das instituições pessoas de sua confiança, filiados ao partido ou não (minoria). Simplesmente por ter ganho eleições. A tese se que os sindicatos de trabalhadores aparelha o Estado vem tão a propósito quanto a tese de que são os sindicatos patronais que o fazem, mas, ao que parece, se os últimos assim agem, é legítimo, mas se são os primeiros, aí é o horror.

    4) “O PT nada fez no governo além de seguir as políticas públicas do período FH”. Má vontade evidente. Enquanto sob a hegemonia mundial do sistema capitalista, tudo o que o PT poderia fazer seria operar sob as leis do capitalismo, de forma a não sofrer consequências brutais de boicote econômico, político e até guerras sob motivações ridículas engendradas pelos EUA. Contudo, a primeira coisa que o PT fez no governo foi alterar sistematicamente a política de créditos via BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica, irrigando o mercado com dinheiro novo, aumentando a produtividade e gerando empregos. Além disso, abriu crédito para frações de baixa renda, que puderam construir ou reformar suas casas, ou tocar pequenos negócios. Investiu na construção de Universidades Federais e Escolas Técnicas, contratando professores. Aumentou o número de funcionários públicos para fazer face às demandas sociais, resultando em, por exemplo, melhor atendimento no INSS e facilitação do processo de aposentadoria. Apostou em obras estruturantes que foram sistematicamente barradas por iniciativas reacionárias, interessadas em não permitir que o governo fizesse alguma obra que projetasse sua política. No entanto, a transposição do São Francisco está no final, e várias grandes obras feitas em comunidades do Rio de Janeiro melhoraram substancialmente a vida das populações mais pobres e relegadas ao último plano. Por fim, o Bolsa Família, além de prover um mínimo sustento para as famílias, alicerçou a economia de pequenos municípios, em paralelo ao financiamento agrícola recorde para pequenas propriedades, gerando mais emprego e produção, sem descuidar do malfadado, para alguns, agronegócio. Bem, não podemos esquecer também o impulso dado à Petrobrás e, em decorrência, às indústrias química e naval. É pouco?

    5) “Dilma é um boneco de ventríloquo de Lula”. Isso diziam antes. Agora tentam vender, mais uma vez, a pecha da Dilma autoritária que, inclusive, trairá Lula. Depois do último debate televisivo, a esperada surra de Serra em Dilma se inverteu, e até o Carlos Montanegro, do Ibope, reconheceu que ela foi infinitamente melhor. A crítica a suas gestões anteriores também são cabíveis a qualquer administrador público, inclusive a Serra: é impossível alguém que tenha passado por cargos administrativos públicos deles sair com aprovação de 100%, ou mesmo 60%. Com a exceção de Lula, é claro, com 96%…

    6) “O PT levará o Brasil à esquerda bolivariana”. Essa acusação provém do mesmo pavor que desde a extinta UDN (hoje seus herdeiros compõe o DEM, ou Demos, como são mais popularmente reconhecidos) e seu anticomunismo atávico. O PT nunca foi, na verdade, de esquerda. Sempre esteve em posição mais próxima ao centro, e todos os quadros mais à esquerda do partido bandeanram-se para o PSOL e PSRU. A legenda do partido é reformista. Quando Dilma diz que a ambição dela é transformar o país em um grande país de classe média, como os EUA, isso é a pura verdade. Lula, desde a fundação do partido, nunca quis outra coisa, só pareceu querer por ligeira influência do discurso mais à esquerda oriundo de outros tempos históricos. Fim, da Guerra Fria, Queda do Muro de Berlim, o PT é apenas um partido composto de pequenos-burgueses que buscam a ascensão social e, para isso, procura sustentar-se em seus pares, carreando uma multidão para as classes mais abastadas, reduzindo a pobreza, a fome e generalizando o acesso dos cidadãos aos direitos civis mais básicos. Isso, para seus detratores, parece ser muito.

    7) “A política externa do PT é terceiro-mundista”. Ainda bem. A luta do Brasil não deve ser no sentido de melhor servir aos interesses dos EUA e CEE, mas de crescer economicamente levando consigo todo o hemisfério Sul, alterando a geopolítica, ou seja, as condições de poder desse grande bloco de desprivilegiados mundiais que, no entanto, são responsáveis por enormes percentuais de riqueza, inclusive do nível de desenvolvimento dos países que só o obtiveram através de processos de exploração imprrial e colonial brutais. Não se trata de apoiar ditaduras, mas de levá-las para o centro, buscando, através do desenvolvimento econômico comum, produzir desenvolvimento político, rompendo as amarras ideológicas que, por exemplo, não parecem dificultar o relacionamento dos EUA com a China ou dos EUA coma Arábia Saudita, sendo os dois “amigos” dos EUA regimes não democráticos, um monárquico de corte quase absolutista, e outro unopartidário, sem eleições e com enorme aparato estatal e militar sobrepondo-se aoo cidadãos, de regra tolhidos em seus direitos de opinião.

    8) “O PT é péssimo gestor”. Pode não ser ótimo ou mesmo bom, mas a comparação com os demais anteriores o coloca no mínimo em condições equivalentes. Não cabe repetir os argumentos já encontrados em “4”, mas avalizar a enorme diferença entre o atual governo e o imediatamente anterior, aquele que se põe como opção ao atual, mas que demonstrou, durante 8 anos, apenas sua enorme capacidade de reduzir o Estado ao mínimo para que nada ele pudesse fazer, lançando seus cidadãos à sanha do mercado financeiro e à fúria dos proprietários de terra e capitães de uma indústria cada dia menor. A precariedade do Estado brasileiro e sua incapacidade total de prover, ao menos, financiamento aos seus empreendendedores, incapacita qualquer defensor do período FH de compará-lo com o atual governo, e nada comprova melhor isso do que o simples fato de Serra não querer sequer mencionar o nome “Fernando Henrique”, sabedor da intensa aversão popular a tal nome, por motivações para lá de justas. Comparando-se números de PIB, renda, salário, dívidas interna e externa, em tudo o governo atual supera o anterior. Porque, ao contrário do anterior, preferiu apostar no crescimento do país contra todas as pressões internas e externas que colocam o Brasil, eternamente, à reboque dos interesses econômicos de EUA e CEE. Com o crescimento do mercado interno. hoje o cidadão vislumbra o futuro que o país poderá ter, e ainda não tem; antes, olhava-se para a frente e só via o êxito do grande programa secreto do governo Fernando Henrique Cardoso, PSDB e Demos: o Perspectiva Zero.

      1. Ok, mas não se engane comigo, Ramiro, pois meu apoio manifesto é mais em razão da oposição opressiva, uma vez que discordo quase que frontalmente com as diretivas do PT. É só uma questão de realpolitik.

  3. achei bem interessante a ideia final. faz sentido. qto mais eu penso mais sentido faz. mas os “novos jogadores”, me parece, não estão fazendo um política nova. é importada, recortada, cheia de retalhos. Velhos. não?
    certamente não me farei entender, mas, o q quero dizer é q um “melhora qualitativa” da democracia brasileira [ou, democracia mais democrática, dá pra dizer?] não significa MUITA coisa assim… é claro, deixa mta gente em alvoroço. válido, provavelmente.

  4. e, milton, tou indo ver o idiota no teatro são pedro. se fosse no hospício são pedro eu desconfiaria menos das 5 horas de espetáculo. mas vamos lá. hehehe

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