Novamente me pedem para fazer uma lista de meus dez melhores livros. Já fiz várias dessas e acho até que outra(s) por aí no blog. Mas vamos lá, vou escrever a listinha de um jato, em um minuto, e vocês prometem não lê-la, certo?
- Dom Quixote, Cervantes.
- Moby Dick, Melville.
- Doutor Fausto, Thomas Mann.
- Uma Confraria de Tolos, John Kennedy Toole.
- Grande Sertão: Veredas, Guimarães Rosa.
- Entre Heróis e Tumbas, Ernesto Sabato.
- Berlim Alexanderplatz, Alfred Döblin.
- Ulysses, James Joyce.
- Middlemarch, George Eliot.
- Os Irmãos Karamázov, Dostoiévski.
- Ana Karênina, Tolstói.
- A Vida e as Opiniões de Tristram Shandy, Laurence Sterne.
- A História Maravilhosa de Peter Schlemihl, Adelbert Von Chamisso.
Cheguei aos 10? Tem 13? Kafka e Machado de Assis fora? E Virginia Woolf? E meu amado Jonathan Swift? Putz. Não, é sem revisão. Deixa assim. Quem quiser que retire três deles.
Eu não conseguiria lista nem meus 10 pratos preferidos, quanto mais livros. E só li 2 dos teus.
Cadê o Bolaño?
Salve Milton. Conversamos algumas vezes no StudioClio e tenho acompanhado teu blog desde então, sem contar o PQP Bach. Gostei muito da tua lista, inclui obras extraordinárias que aqui e ali são desprezadas entre os ‘fazedores de listas’: “A vida e as opiniões do cavalheiro Tristan Shandy” e “Moby Dick”, que com um pé nas costas entraria no meu top five. Destes, o único que ainda não li foi “A confraria de tolos”, vou procurar lê-lo.
Um abraço!
Uma Confraria de Tolos foi o livro com o qual — de longe — mais ri durante uma leitura. Vale muito a pena.
Comprei o Chamisso por causa de uma dessas listas suas – acho que de grandes livros relativamente desconhecidos – mas inda não li.
Sim, sempre que perguntarem sobre John Kennedy Toole, cá está meu texto e seu comentário.
http://confrariadetolos.blogspot.com/2010/01/uma-confraria-de-tolos-o-livro.html
Listas são um prazer e um estresse. Aiii, mais alguns para a interminável lista do quero ler.
Listas são uma merda, Milton, mas na minha não ficam de fora “O Homem sem Qualidades”, do Musil, “Matadouro 5”, do Vonnegut, e “Paradiso”, do Lezama Lima.
Eu não tenho idade ainda para fazer esse tipo de lista.
Tenho apenas 30 anos.
1- Gracias por el Fuego, Benedetti;
2 – O Som e a Fúria, Faulkner
3- Ana em Veneza, João S. Trevisan;
4 – A Vida Breve, Onetti;
5 – Rayuela, Cortazar;
6 – Dom Quixote, Cervantes;
7 – Ulisses, Joyce;
8-Cem Anos de Solidão,Garcia Marques;
9 – Alivio de Luto, Mario Aparain;
10 – O Velho e o Mar, Hemingway
Marcelo D´Ávila
http://mddavila.blogspot.com/
A lista do Marcelo me foi enviada pelo twitter (3 tuítes).
Baita lista!… Alguns li… Guerra e Paz é um dos meus preferidos e, Cem Anos de Solidão é demais…
Vou listar meus dez piores livros:
1. O apanhador no campo de centeio, Salinger
2. O som e a fúria, Faulkner
3. Henderson, o rei da chuva, Bellow
4. O avesso da vida, Roth
5. O general em seu labirinto, Garcia Márquez
6. Os prêmios, Cortazar
7. As asas da pomba, de Henry James
8. G., de John Berger
9. Ter ou não ter, Hemingway
10. Solar, de Ian Mcewan
O som e a Fúria, sério, Charlles? Quanto ao Salinger, acho que TODO adolescente deve lê-lo. Daí depende das marcas que ele deixa. Em mim, foram boas.
Fernando, o som e a fúria é o maior responsável pela classe dos antipatizadores de Faulkner. Quem conheceu Faulkner através dele, criou trauma. Aquela primeira parte é uma das mais chatas da literatura.
(alguém aí, Caminhante, Nikelen, sabe o que tá havendo com o blogspot? Tento postar e nada)
Deu pau desde quarta, apagou tudo o que foi feito naquela data (depois ninguém conseguiu entrar mesmo), blogueiros quase se atiraram dos seus PCs (eu sou um deles).
Ah…os meus livros que tentei de todas as formas ler mas não consegui por serem porres: todos do Updike e todos do Henry Miller.
Os meus 10 melhores (tentei resistir e ficar apenas na “polêmica”, mas isso é tão compulsório quanto aquele desenho em que o personagem não consegue ficar sem concluir as notas finais do Tan-ta-ran-ran-tan…tan-tan):
1. A montanha mágica, mann
2. os demônios, dostoiévski
3. ana karênina, tolstoi
4. absalom, absalom, faulkner
5. herzog, bellow
6. o teatro de sabbath, roth
7. cem anos de solidão, GGM
8. dia de finados, nooteboom
9. ulisses, joyce
10. extinção, bernhard
Aaai, eu acho tão “chics” colocar Joyce nestas listas óbvias de clássicos e depois nomeadas “meus preferidos”, de preferência com livros grandões e tediosos e um que outro Carta ao jovem poeta só para mencionar um fininho. Na minha lista de melhores dicas de leitura nunca que entram as listas de melhores livros de gente metida.
Também acho The Catcher in the Rye muito fraco.
E a tradução para o português torna o livro ainda mais abjeto. Todo aquele esforço em tornar o vernáculo torpe de Holden Caufield na linguagem adolescente do brasileiro.
Nenhum personagem da literatura me irrita mais que Caufield.
hahaha, não acho o Holden tão irritante assim. Talvez porque eu só tenha 25 anos. Mas concordo que a tradução do livro para o português não funciona.
Luiz, nunca me convenceu o Salinger. Um legítimo produto da cultura norte-americana, que deveria ter se restringido àquele país, mas que os sempre deslumbrados continentais de plantão elegeram como ícone (pelas razões mais descomedidas, que tudo, menos amparo literário). Algo como se o nosso Marcos Rey ou Adelaide Carraro fosse produto disseminado por uma hipotética indústria cultural brasileira.
Top 08 livros que eu tenho em casa, mas ainda não li.
1. o doce veneno de um escorpião, bruna surfistinha (ganhei num evento para empresários)
2. mein Kampf, adolf hitler (herdei de algum familiar. Suspeito!)
3. a duquesa vale uma missa, josé sarney (ganhei de uma “amiga”)
4. alcorão, osama bin laden (está junto com uma bíblia católica lá da quarto da bagunça)
5. corinthians é preto no branco, Washington Olivetto (ganhei de um “amigo” só por eu ser palmeirense)
6. eu e outros poemas, augusto dos anjos (li alguns e vomitei. Ganhei de uma amiga de infância no dia da formatura do ensino médio)
7. o diário de um mago, paulo coelho (não sei como esse livro veio parar aqui)
8. não lembro o titulo, mas sei que é do Reinaldo Azevedo)
Henrique,
“Mein Kamph”, de Adolf Hitler é um livro interessante. O mesmo digo do Alcorão. A Bíblia é um de meus livros preferidos. “O doce veneno de um escorpião” eu li com a avidez de um adolescente, é pequeno, mal escrito, mas contém boa putaria, de que gosto muito – ou melhor, gostamos. Nunca li nada de Paulo Coelho. Futebol não me interessa. Tampouco poesia. No entanto, estou surpreso: você vomitou por causa de leitura? Pensando bem, você fez história, viu?
Tem uma ficção sobre o atentado ao WTC, mas não recordo o nome. Lembro que na ficção, o Bin laden é “o cara”. Os americanos são excelentes ficcionistas. Diria que são aficcionados quando o tema é ficção.
A minha única maneira de participar desse post é fazer uma homenagem aos semeadores letrados dessas listas…
GAIA
by Ramiro Conceição
No imaginário Norte: brancos cabelos à sorte.
No imaginário Sul: silêncios brancos do azul.
Entre os pés e a cabeça: sonhos e florestas
de flores amarelas, vermelhas – e tão azuis…
Entre Norte — Sul o admirável sucedeu:
conquistas, assassínios e o Amor de Deus.
Entre o céu e a terra uma história nasceu:
aquela em que os deuses são filhos, seus!
A Pérola Azul, uma lágrima Divina,
gira o Ocidente ao Oriente ao Ocidente
com dois Corações Castanhos em si…
Aquele à direita – é a África bendita!
Violentada pela ganância branca e vil.
O Indígena à esquerda ferido – é o Brasil!
SEMEADOR
by Ramiro Conceição
A Arte são os degraus alados
desse Mar de fadas e de fados.
O artista…?
Ora, é o semeador de escadas
entre estrelas e a Terra amada.
Milton, o maior prazer com essa tua lista — além da qualidade intrínseca etc — foi NÃO encontrar o magro Bolão lá. [Digo, Bolaño.]
Depois, foi encontrar a obra-prima de Ernesto Sabato dignamente presente nela, para a fúria do filho-da-puta do Borges, lá no inferno especial para cegos escrotos que existe abaixo do Hades — oficial — no qual todos são obrigados a ler Paulo Coelho, Lya Luft e Fabrício Carpinejar (olha aí, gauchada, vocês até que ‘tão numericamente bem representados lá!)…
1. Irmãos Karamazovi, Dostoievski
2. A Montanha Mágica, Mann
3. Amor nos Tempos do Cólera, GG Marquez
4. Pastoral Americana, Roth
5. Don Quixote, Cervantes (a versão presenteada pelo Milton)
6. Grande Sertão, Veredas , G Rosa
7. História do Cerco de Lisboa, Saramago (parece que só eu gostei)
8. Don Casmurro, Machado
9. Dr. Faustus, Mann
10. A Divina Comédia, Dante
11. Gracias por el Fuego, Benedetti
12. O Coração das Trevas, Conrad
13. Grêmio, nada pode ser maior, Eduardo Bueno
Milton, na tual não faltou o Love Story, e aquele livro de entrelinhas?
Branco
Em Busca do Tempo Perdido – Proust
Moby Dick – Melville
D. Quixote – Cervantes
Grande Sertão – Rosa
Vidas Imaginárias – Schwob
Coração das Trevas – Conrad
Vinte Anos Depois – Dumas
Eclesiastes
Brás Cubas – Machado
Lolita- Nabokov
Uma Breve História de Quase Tudo – Bryson
(E Jimmy Corrigan, de Chris Ware, como hors concours).
BRANCO: só tu mesmo gostou (como se conjuga cá na Taperoá de Ariano Suassuna) desse Cerco do chato do Saramago…
Endosso.
PS: Gostei muito da lista dos 1O piores que postaram aqui. Não concordo com pelo menos um “premiado” nela, mas só encontrar Márquez e Cortázar honrosamente colaborando com dois PIORES nela, JÁ compensa, sô…
EM TEMPO:
Entretanto, uma falha gravíssima nessa lista-sheet: falta “A Pedra do Reino”, uma das coisas mais execráveis de toda a literatura, desde a epopéia de Gilgamesh até o último dos 3014 livros já publicados pelo twittor* Carpina…
* Mistura de twitteiro com [candidato a] escritor
Lista, sem ordem, dez, de memória, com todas as omissões de praxe e todas as inclusões exageradas:
– Os demônios, Fiodor Dostoiévski
– Metamorfose, Franz Kafka
– O cavaleiro inexistente, Italo Calvino
– Histórias apócrifas, Karel Tchápek
– Angústia, Graciliano Ramos
– Quincas Borba, Machado de Assis
– A borra de café, Mario Benedetti
– A criação do mundo, Miguel Torga
– Um, nenhum e cem mil, Luigi Pirandello
– Niels Lyhne, Jens Peter Jacobsen
Faço também uma lista dos piores, seguindo omissões e inclusões cfe. padrão acima:
– O Idiota, Fiodor Dostoiévski
– Gente pobre, Fiodor Dostoiévski
– O som e a fúria, William Faulkner
– A bela do senhor, Albert Cohen
– A colina dos suspiros, Moacyr Scliar
– A taça de ouro, de Henry James
– Grande sertão: veredas, Guimarães Rosa
– A caverna, José Saramago
– A narrativa de A. Gordon Pym, Edgar Allan Poe
– Malthus, Diogo Mainardi
Concordo com muita coisa, Marcos (principalmente com Pirandello e Calvino). Mas para ser ruim, tem que ter uma excelência canonizável, o que descarta esse último de sua segunda lista.
Eu li aquela bosta quando de seu lançamento, estimulado por uma, digamos, namorada. Troço duns vinte anos atrás, nem me lembro, mas odiei e ficou marcado. depois que a figura se tornou aquilo que ele é hoje, ou melhor, depois que se deu a conhecer como se deu, ficou a má, péssima, horrenda lembrança. Era para por o tipo de cara, mas resolvi violar primeiro o grande russo com suas costumeiras cagadas, o que o mantém sempre um ou dois degraus abaixo daqueles realmente consideráveis. A bosta é que eu simplesmente esqueci de Orlando, da Virginia Woolf. E tambés deste e daquele, entre os bons, e outros tantos entre os ruins. Da próxima vez o Milton faz uma lista dos 100 melhores e 100 piores. Aí sim, será um esforço.
Com absoluta certeza essa, digamos, namorada, não era a Rachel, o que confirma mais uma vez, por vias espontâneas, o quanto a salvação do homem é condicionada ao amparo da mulher certa.
Não sei o que é uma mulher certa, mas conheço um monte demulheres erradas, da mesma forma que eu fui o home errado para algumas e seria de mais ainda se elas tivessem me dado bola, o que não aconteceu, infelizmente, mas o fato é que a dita cuja não dita cometia alguns deslizes motivados por sua apreciação estética classista, querendo impressionar minha cultura proletária com nomes vazios de significado mas cheios de sentido.
Analisando friamente, tudo o que o Saramago escreveu depois de ter sido castrado por aquela comenda sueca mereceria constar na lista dos piores livros, mesmo as Intermitências da Morte.
A citação de “Karel Tchápek” (eu prefiro KAREL KAPEK — porque
“Tchápek” seria mais a pronúncia, vai ver que foi assim que a “34”, insegura, mandou grafar assim na capa da tradução de “Histórias Apócrifas”), feita pelo Marcos Nunes, é uma citação muito interessante. Vale a pena considerá-la seriamente, mas não para “Histórias Apócrifas”, na minha opinião, e sim para outros livros de Kapek, ainda não traduzidos aqui.
PS: A Companhia das Letras, que é toda metida à “antenada” (sem real CULTURA EDITORIAL), poderia providenciar traduções de duas ou três obras capitais do tcheco, até porque Luiz S. é louco por parecer civilizado etc…
O diabo da vida moderna, Fernando. Consultei o Google sobre o Tchápek e no primeiro endereço clicado já me veio o download de Histórias Apócrifas, da editora 34. Assim não há futuro para a literatura e a música. A grande era da filantropia artística e os reais artistas da fome. Eu, pelo meu lado, não suporto ler nada com mais de 5.000 caracteres que não esteja devidamente impresso em papel.
Charlles, leia anteontem A Guerra das Salamandras, de Karel Čapek. Obra-prima.
Eu também. Quando texto é grande, tenho que mandálo para a impressora. Acho muito chato ler no monitor.
Vou procurá-lo, Milton. Valeu pela dica!
Uma coisa curiosa a registrar sobre Karel Kapek (aos 16 anos, conheci-o assim, em tradução portuguesa, e vou ficar para sempre ligado nesses três “K” quase aliterativos) ou Karel Čapek — conforme prefere o nosso culto Milton — ou ainda [como é?…] “Karel Tchápek” da bem transliterativa “Editora 34” — a qual, por isso, deveria ser rebaixada para “Editora 24” [menos dez pontos, para começar] –,
enfim, ó Fernando Monteiro Saco, uma coisa curiosa a registrar sobre KAREL KAPEK é que ele é considerado, unanimemente, o melhor autor tcheco da modernidade literária.
Aí viria o Luiz Schwartz (nunca sei escrever esse nome!) e perguntaria, com óculos de aros finos e lembranças da erudição de Paulo Francis (com quem privou — e a quem traiu):
“O melhor tcheco? Como assim?! E KAFKA????”…
Eu, então, teria que olhar, com muita paciência para o editor-proprietário da Companhia de Letras (e Letrinhas) e responder:
“Ô Lulinha: Franz Kafka escreveu em alemão. Tecnicamente, é um escritor germânico, ao contrário de Kapek, que escreveu realmente no seu tcheco de berço. Certo?”
Hahahaha. Mas, sendo fiel ao meu iconoclastismo reverso, nenhum romance tcheco pode ser melhor que A Insustentável Leveza do Ser. Aliás, esse poderia entrar na minha lista de melhores na posição 11.
(E, naquelas perguntas corriqueiras que se fazem leitores quando se encontram, o Leveza é o romance do qual mais sinto inveja e gostaria de ter sido eu a escrevê-lo.)
E, Fernando, vou ter que defender o Luiz S. (também me enrolo ao tentar escrever esse sobrenome) e sua editora. Ele tem uma visão editorial muito ampla e eclética, e até dada a desprezar lugares-comuns catedráticos e preconceitos acadêmicos. Na época auge da esculhambação contra o Llosa, comprou os direitos de várias das obras do peruano e o lançou com capa dupla e ótima editoração. Graças a Cia das Letras, temos Pynchon, Foster Wallace e esse que semana que vem está prometido o lançamento de seu recente grande romance, “Liberdade”, o Jonathan Franzen, o qual meu nome está lá na lista de reserva.
Não li o Capek, mas não tenho dúvidas que Bohumil Hrabal está entre os melhores tchecos. Alguém mais leu? (Eu sei que Milton já).
Indico Uma Solidão Ruidosa, publicado pela própria editora do Luiz (cujo sobrenome traz mais dificuldades de soletração que os nomes tchecos, vale ressaltar).
Outra coisa digna de registro: aqui, neste civilizado espaço do Milton (apesar de “O Pensador” ser…), O QUADRAGÉSIMO GAUCHÃO, neste momento — 13:10 da tarde de 16 de maio de 2011 — está com 4 comentários, e MEUS DEZ LIVROS PREFERIDOS (dele, Milton) está com 40.
Por essas & outras, é que o Rio Grande do Sul é o meu Estado favorito, depois aqui de Pernambuco, é claro. Não foi à toa que fiz nascer aí o Lucio Graumann, primeiro prêmio Nobel de Literatura, santacruzense do sul falecido no ano da atribuição do [escroto] prêmio sueco ao conjunto da sua obra de indiscutível qualidade…
Duas coisas a notar:
1) eu, por exemplo, sou carioca, meus comentários vem desde o Rio de Janeiro; Charlles comenta desde Goiânia, e assim por diante; essa de RGS terra de gente culta é mais furada do que França terra de gente culta, etc.; gente é de todo lugar, gostemos delas ou não;
2) Li o livro Histórias Apócrifas de 34 anos atrás, quando do lançamento; diverti-me pacas e ficou na lembrança, e não duvido que ele tenha escrito coisas melhores, só melhores mas não lidas por mim; no mais, creio que no livro da 34 o nome encontra-se grafado Karel Tchápek.
Você está sendo um tanto indelicado com os gaúchos, Nunes. Eles têm mais livrarias do qualquer cidade brasileira (excetuando São Paulo, que é quase uma Nova Iorque, dimensionalmente falando), e já tiveram a mais importante editora brasileira de todos os tempos: a Editora do Globo.
Aí no “seu” Rio (foi você que fez questão de anunciar a sua carioquice, que eu não tenho obrigação de identificar, sem foto de praia & boteco etc), não teve nada parecido, mesmo com a “Civilização”, a “José Olympio” e outras editoras notáveis também…
[[ Entretanto, antes que vc seja grosseiro comigo, aviso que adoro o Rio dos botecos e das praias — sem falar das mulheres, ótimas. ]]
Que os gaúchos prezam acentuadamente a literatura, este blog é uma prova sim, não pela origem dos diversos comentários que afluem do “Rio, Goiânia, Pernambuco” etc etc, mas sim pela orientação culta — e até marcadamente literária, eu diria, ao lado de cinematográfica idem — que o Milton Ribeiro lhe conferiu, desde sempre. Então, seja gentil ao menos com ele.
Quanto ao Charlles (é assim mesmo? Com dois “eles”?): Jonathan Franzen é o “Bolaño da vez”, apenas isso — só que de país anglo-saxão. Nada mais do que isso, caro Charlles. Ou melhor: Bolaño é bem melhor do que Franzen, francamente…
Pô, eu não acho que fui grosseiro, só quis deixar claro que essas distinções são bobocas; não é porque Itibiboca da Serra não tem nenhuma livraria ou blogueiro que sua população é inculta, né?
Agora, se você perguntar ao Milton, assim, diretamente, se “os gaúchos prezam acentuadamente a literatura” acho que ele responderá na lata que não, só ALGUNS gaúchos, como alguns cariocas, goianos, pernambucanos, etc. Não?
Quanto a ser gentil com o Milton, acho que sou, como sou com qualquer blogueiro, esteja ele onde estiver, o que não me inibe de discordar pontualmente, às vezes um tanto bruscamente, mas geralmente não.
Enfim, não desci ao provincianismo, acho que você não entendeu. Bá, tchê!
PS:
Esqueci de mencionar a música, no rol de assuntos culturais aqui frequentemente destacados.
Não tenho qualquer interesse em puxar o saco do Milton, porém a verdade é que eu não conheço nenhum blog radicado no Rio ou em Pernambuco, Oropa, França e Bahia que se ocupe, com seriedade (e HUMOR, o que é importante) de Literatura, Música e Cinema nos moldes deste espaço gaúcho de MR. Depois, vêm futebol, política, variedades e mulheres (talvez não rigorosamente nessa ordem)…
Então, viva o RGS — e o blog do Miltão!
Quando se trata de internet, eu sempre acho que se eu não conheço é porque sou ignorante e não porque não exista. Impossível que em cada estado não tenha um bom blog de cultura também. Lembre-se de que nem todos os blogueiros deixam clara a região onde moram.
Estilo Milton só tem o Milton, claro. Mas também tem estilo Nunes, Campos, Conceição, Branco…
A ignorância e o desprezo ao esclarecimento não faz preconceito geográfico nesse país, sendo amplamente generoso em todos os estados, Fernando. Mas gostei muito que neste post sobre livros tenha muito mais comentários do que o das torcidas organizadas sicilianas.
Pois é, Charlles, foi nesse sentido a nossa “chamada” de atenção para a diferença, que, neste momento, é de 5 comentários para o futebol e 50 — exatamente — para os velhos livros dos velhos (e novos) autores…
Se os posts vieram de Currais Novos ou Pindamonhagaba, isso importaria menos do que comemorar o fato do blog (gaúcho) do Milton ter marcado o tento de superar o interesse pelo futebol, por uma vez que seja, “como nunca antes neste país” do ex-presidente que, por falar nisso, odiava (e continua odiando) os livros.
Alguém aqui gosta de Érico Veríssimo?
Um dos livros que marcou minha adolescência foi Olhai os Lírios dos Campos. Lembro de várias passagens desse livro com uma clareza única, inclusive a aprendizagem do nome “Megatério”.
Li também Incidente em Antares e achei digno do melhor Garcia Márquez. Mas isso é assunto longuíssimo…
Meus dez melhores:
1. “Grande Sertão: Veredas” – Guimarães Rosa;
2. “Sagarana” – Guimarães Rosa;
3. “Quincas Borba” – Machado de Assis;
4. “Viva o Povo Brasileiro” – João Ubaldo Ribeiro;
5. “Sargento Getúlio” – João Ubaldo Ribeiro;
6. “O Ateneu” – Raul Pompéia;
7. “Vidas Secas” – Graciliano Ramos;
8. “Fogo Morto” – José Lins do Rego;
9. “O Tempo e o Vento” – Érico Veríssimo;
10. “A Morte e A Morte de Quincas Berro Dágua” – Jorge Amado.
Listas são arbitrárias. É impossível escolher os melhores dentre os melhores, ao contrário do que ocorre com os livros ruins (para determinados leitores, claro). No primeiro caso, um bom livro puxa outro; no segundo caso, o livro é ruim para determinado leitor porque ele não conseguiu ir além das vinte páginas. Se um leitor foi até o fim, é porque há alguma coisa boa no livro que ele achou ruim. Eu tentei, nunca consegui ler um livro de Paulo Coelho. Sou fã de carteirinha dos filmes de Harry Potter, mas nunca consegui passar das vinte páginas dos livros da série. Li tudo de Adelaide Carraro e, por incrível que pareça, gostei, mas nunca fui além das vinte páginas de um livro de Cassandra Rios, que tinha, digamos, um estilo mais elaborado.
Lista pessoal e fora de ordem.
1 – Crime e Castigo – Dostoiévski
2 – O Processo – Kafka
3 – O Estrangeiro – Camus
4 – Dom Quixote – Cervantes
5 – Ana Karênina – Tolstoi
6 – O Fio da Navalha – Maugham
7 – Guerra e Paz – Tolstoi
8 – História do Cerco de Lisboa – Saramago
9 – O Ser e o Nada – Sartre
10 – Noite – Erico Verissimo
São muito bons.
Abraço.
1. Grande sertão: veredas – Guimarães Rosa
2. Cem anos de solidão – García Márquez
3. O nome da rosa – Umberto Eco
4. Dom Quixote – Cervantes
5. Crime e castigo – Dostoiévski
6. Irmãos Karamázovi – Dostoiévski
7. O tambor – Gunter Grass
8. Ficções – Borges
9. História do cerco de Lisboa – Saramago
10. O amor nos tempos do cólera – García Márquez
11. Se um viajante numa noite de inverno – Ítalo Calvino
12. O tempo e o vento – Érico Veríssimo
13. Absalão, Absalão – Faulkner
14. Tia Julia e o escrivinhador – Vargas Llosa
15. Sagarana – Guimarães Rosa
[P.S.: Recentemente li “A sombra do vento”, do espanhol Zafón, e fiquei simplesmente embasbacado com a veia narrativa ‘del hombre’!]