Sarah (Doria Tillier) e Victor (Nicolas Bedos) estiveram juntos por 45 anos. Um longo casamento durante o qual ele construiu uma solida carreira de escritor. No funeral dele, Sarah é abordada por um jornalista (ou biógrafo) que deseja contar a história de seu marido a partir do olhar da mulher que sempre o acompanhou, alguém de que viveu à sua sombra. E ela passa a contar minúcias do relacionamento que tiveram, incluindo segredos bastante íntimos. Na verdade, coisas muito constrangedoras. Ou, na verdade verdadeira, coisas absolutamente fundamentais e inconfessáveis. O filme tem bom ritmo, é muito vivo e humano, jamais caindo em clichês. Surpreende. Escrito em parceria por Doria e Bedos e dirigido por ele, o drama cômico é repleto observações a respeito das regras e colaborações complicadas que os casais desenvolvem entre si. Vale a pena.
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Mais um toque político do PUM
Como disse o professor e guru Moysés Pinto Neto, “a prioridade em 2018 tem que ser o Poder Legislativo. Coletivos têm que usar a Internet pra colocar gente no Congresso”.
Não esqueça: para não falar em quem teve sua campanha financiada por empresas que depois cobram decisões favoráveis a seus interesses, lembro que toda a bancada evangélica do Senado votou contra os trabalhadores. E a Câmara dos Deputados não é nem um pouco diferente. Então, temos que pensar se devemos reeleger essa gente de cristo e das empresas.
Como estamos vendo, a Câmara, o Senado e o Executivo estão pouco se importando com a opinião pública. Estão total e intencionalmente alheios de uma população votante que sempre elege o pessoal da TV, os bispos, e quem tem propaganda cara, normalmente paga pelos financiadores a quem servirão. O eleitor, coitado, pode ser esquecido por quatro anos e religado ao final dos mesmos.
A renovação do Congresso é algo que deve ocorrer e, creio, é mais importante do que o próximo presidente.
Mas só se fala na eleição presidencial. Não tenho ilusões, mas gostaria que a Internet pudesse auxiliar o país na perigosa eleição de 2018.
Michel Temer chegou à pior taxa de avaliação de um presidente da República, desde o fim da Ditadura Militar. Ele é avaliado como ótimo ou bom por apenas 5% dos brasileiros e 70% o consideram ruim ou péssimo. O recordista anterior era José Sarney, que chegou a 7% de aprovação em 1989. Em segundo estava Dilma, com 9% em 2015. Mas ele está cagando pra nós. Nada o atinge. Faz o trabalho que as empresas pediram e sorri.
O Reencontro, de Martin Provost (***)
Béatrice (Catherine Deneuve) tem aproximadamente 70 anos. É extravagante, expansiva, inconveniente, não possui moradia fixa nem reservas financeiras e amou demais, ao menos numericamente. Um de seus amores foi o pai de Claire (Catherine Frot) de quem foi madrasta quando ela tinha 13 anos de idade e, de repente, fugiu. Por trás da fachada alegre, Béatrice é uma mulher solitária. Agora, trinta e tantos anos depois, Claire tem 49, não bebe, não fuma, não se excede em nada. Rígida, leva uma vida irretocável com seu filho. Na verdade, é uma mulher igualmente solitária. Porém, quando descobre ser portadora de uma doença terminal, Béatrice procura seu antigo amor. Só que o pai de Claire morreu há décadas e ela só obtém contato com a ex-enteada. Claire é obstetra — aliás, que grandes cenas de partos há no filme! –, Béatrice não é nada. Como diz o título, o filme se baseia no reencontro entre ambas. Não é nenhuma maravilha, mas funciona direitinho dentro de uma estrutura nada original. Parece cinema médio americano, mas as duas Catherines são fantásticas.
Polícia japonesa prende ex-esposa que quebrou 54 violinos
Uma mulher foi presa em Tóquio por ter invadido a oficina de seu ex-marido — um luthier — e quebrado 54 violinos, no valor de mais de US$ 1 milhão. O processo de divórcio do casal já dura 3 anos. Ela é Midori Kawamiya, 34. A identidade do luthier foi preservada. Ele é descrito como um norueguês de 64 anos.
Não sei o que ele terá feito para ela reagir assim, mas sinto pelos violinos. Auxiliei a Elena na compra de um instrumento. Soube que tenho bom ouvido, ouvia de perto, de longe, avaliava a sonoridade de acordo com os 50 anos de consumo música erudita que tenho nas costas. Falava sobre o som mais moderno, mais barroco, etc.
Ela diz que fui fundamental. Espero ter sido porque acabei desenvolvendo amor pelos instrumentos comprados e pela profissão de luthier. É preciso enorme paciência para aguentar as manias de gente que ouve zumbidinhos e desconfia de que o seu som não chega até a esquina. Além de emitirem opiniões incríveis sobre graves e agudos.
Então, considerando que o cara é um luthier, sei que ele deve ter colado com cuidado milhares de peças, arrumado a posição de 50 mil almas, trocado 100 mil cordas e crinas, e suportado as manias de muitos violinistas.
E aí vem a mulher e quebra tudo.
A notícia é incompleta. O que teria feito o luthier para ela reagir assim? Dependendo, até viro de lado.
Bom dia, Guto (com os melhores lances de Inter 2 x 0 Oeste)
Jamais iria a um concerto que é um soco no estômago, odeio filmes que são um tapa na cara do expectador, detesto prosa cortante e de estilo contundente. Evitaria uma exposição que é um cisco no olho. Fugiria das peças teatrais desconcertantes, assim como das análises psicológicas penetrantes. Idem para os romances com histórias pé no saco. Deixa eu ser hedonista… Mas vi o jogo do Inter ontem à noite.
Jogar com Sasha é para os fortes e tu, bem, não és um deles, Guto. Só que errei feio em minha impressão inicial, pois Sasha foi talvez o melhor em campo.
Iniciamos o jogo mal com sempre, mas fazendo uma pequena pressão. Chutamos três bolas em gol. Todas no goleiro. Atrás de mim, um sujeito falava calmamente para seu amigo: “O Zago era um mau caráter, racista. O Gordo é boa gente, pena que não entenda nada de futebol”. O Gordo é tu, Guto. Achei o cara bem bem razoável. Ele estava tranquilo externando a opinião de que és um idiota. Gostaria de ter tal serenidade.
Nossos ataques tendiam a acabar em cruzamentos, como sempre. Só que Nico e Sasha eram baixos — ainda são — em relação à zaga do Oeste, para não falar no goleiro.
Então, o milagre. Em grande jogada e cruzamento de Nico López — aquele que tu sempre tiras do time –, Sasha marcou de cabeça. Pensei logo que tu ias tirar o Nico. Cruzamento fora do normal.
No segundo tempo, o Oeste tentava atacar. Então Danilo Silva se machucou para dar entrada a Ortiz. Nada mudou para quem já estava com o cu na mão. Começamos a recuar e a cometer erros defensivos. Fabinho também se machucou num lance bem feio, dando entrada a Júnio.
Ficamos dando espaço para o time ruim do Oeste. Não que nosso padrão fosse muito superior. Então a defesa do Oeste errou, Nico López criou o maior rolo, dando até chapéu no goleiro, Uendel chutou no travessão, na volta Nico tentou e FINALMENTE Uendel marcou. 2 x 0.
Fizemos um bom jogo, Guto. Lutamos muito, coisa que os jogadores não pareciam muito dispostos a fazer por ti. Fizeram. A Série B é barbada. Viste?, é só jogar um pouquinho que vai.
Destaques para as boas atuações de D’Ale e Nico, Sasha e Charles. E Klaus é um zagueiro. Não pode sair do time. Edenílson também foi bem.
Nosso próximo jogo é só na próxima terça contra o Goiás, novamente no Beira-Rio, novamente às 21h30. Dale levou o terceiro cartão amarelo e vai passear com a família, provavelmente. Aliás, já levou 6 cartões na Série B, é sua segunda suspensão…
Estamos na quarta posição, mas isso pode mudar até o fim da rodada. O que não pode mudar é nossa disposição, né Guto? E deixa Nico e Klaus no time, tá? E arquive Danilo Silva, Felipe Gutiérrez e Diego. Não servem.
https://youtu.be/_uTV6W0mjLI
Gente, propina é para beber
“A palavra propina foi inventada pelos empresários para tentar culpar os políticos — ou pelo Ministério Público”, disse Lula ontem.
Pois é, não está correto. Segundo Idelber Avelar, no Facebook, “propina vem do latim ‘propinare’, que quer dizer simplesmente ‘dar de beber’. Propinare vem do grego προπίνω (propíno), formado de προ- (pro, antes) + πίνω (píno, beber): beber antes de alguém, ou seja, fazer um brinde. Propino tibi salutem! Eu te saúdo, antes de beber. Não custa lembrar que em espanhol ‘propina’ significa ‘gorjeta’. A palavra francesa é ‘pourboire’, literalmente: para beber”.
Idelber tem razão e ainda me chamou para que eu invocasse o auxílio de minha mulher Elena. Perguntou a tradução de “davat na tchai”. Fiz a pergunta assim, em não-cirílico, para a Elena, que explicou: “É dar para o chá. É o que você paga para o garçom, o acréscimo pelo serviço. Usa-se também para pagar alguma coisinha acima do combinado para alguém que faz o serviço a fim de que ele possa tomar um chá. Mas é claro que deverá tomar uma vodka”. Completou dizendo que o mais utilizado é чаевые (tchaievíe), mais fino e clássico. Tchékhov, Dostô e Tolstói usavam. O cara deixa a grana na mesa e diz “tchaievíe”.
O Temer poderia dizer que levou gorjeta pois o Joesley o confundiu com um garçom, escreveu um dos comentaristas. Outro lembrou que, em Portugal, propina é uma taxa anual que se paga para frequentar a universidade pública!
Em Praga (II)
Na manhã de 14 de janeiro deste ano, após o super café do Hotel Charles, planejamos subir até o Castelo de Praga. Foi uma subida das mais lentas. Parávamos a cada momento para olhar vitrines. A Elena ganhou um belo colar da Maya e lá íamos nós, parando e olhando tudo. Durante boa parte do tempo, eu escalava as escadas de braços dados com minha sogra, que estava desistindo de falar russo comigo, mas que volta e meia ainda fazia digressões na bela língua de Tolstói. Quando eu abria os braços sem entender, ela ria e fazia caretas incríveis. Descobri que a sogra ideal é aquela que fala outra língua e não nos compreende, nem nós a ela. Apesar de fumante e de seus 70 anos, ela parecia em forma para subir. Puxávamos a fila.
É claro que me encantei com esta loja de lápis. Acho que meu amigo Augusto enlouqueceria aqui dentro.
Tinham canetas também, mas o forte mesmo eram os lápis. A arte gráfica Tcheca está por todo lado, mas principalmente nas paredes dos prédios da capital. O pessoa sabe desenhar.
Permanecemos um bom tempo na loja. Baba Klara queria comprar tudo para seus netos — ao menos para aqueles que ainda são crianças, apesar do tom absolutamente profissional do estabelecimento.
Então, como elas demoravam, fui até uma loja que vendia CDs usados ali perto, dentro de uma galeria. Não a fotografei, mas pude sentir a qualidade musical do que circula pela cidade. Eles amam o jazz — gênero musical preferido nas ruas — e os eruditos. Mesmo o rock era de primeira. Comprei apenas dois discos de compositores tchecos. Não sou pão duro, apenas financeiramente contido.
Outro destaque são os produtos feitos à base de Cannabis. Uma maravilha! têm por todo lado. É óbvio que não pude manter a contenção financeira. Compramos e consumimos tudo. Eu e Elena temos aquela atração perfeitamente normal pelo proibido.
Há chips, doces, refrescos, chicletes,
chás, balas, temperos, tudo de maconha!
Trouxemos vários desses produtos escondidos para nossos filhos. Eles permanecem vivos, sem demonstrar nenhum desvio aparente.
E chegamos às portas do Castelo. No mirante, foi quando deu frio na sogrinha.
Ventava um pouco lá em cima e ela, mal vestida, tremia.
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Em Praga (I)
O dia 13 de janeiro de 2017 foi de viajar de trem de Berlim para Praga. Linda viagem. A ferrovia margeia o Rio Elba por boa parte do caminho, passando inclusive por Dresden. Poderíamos ter feito uma parada na cidade, não? Bem, mas não paramos. A paisagem é lindíssima, tanto que preferi observar a tirar fotos. De resto, elas não estavam saindo muito boas. Foi uma viagem muito confortável. Almoçamos no trem e seu bom restaurante, apesar do ter-nos como reféns, apresentou preços razoáveis, sem tentar obter abusivas vantagens financeiras.
Em Praga, eu finalmente conheceria minha sogra, só que, como ela só fala russo, previa algo próximo do cômico. Eu sei poucas palavras da língua-mãe de minha Elena. Ambas tinham marcado um encontro no meio de nossa viagem, em Praga. O encontro teria o acompanhamento de dois diplomatas. Eu acompanharia Elena e sua prima Maya, a sogrinha. Ficamos todos hospedados no hotel Charles, bem próximo da Ponte Carlos, de onde certamente tirou o nome. O hotel é antigo e confortável, como Praga. Nosso quarto era um latifúndio decorado de uma forma um tanto original e éramos vizinhos da mãe e da prima da Elena.
Largamos as malas do jeito que vocês viram e descemos para o bar do hotel, que fica no subsolo, a fim de eu ter meu primeiro contato com Klara. Abraçamo-nos e tal, tudo estava muito tranquilo e gentil até eu tirar a máquina fotográfica.
D. Klara é uma pessoa expansiva e alegre, algo excêntrica. É uma personalidade muito peculiar e original. A tradução do que ela me dizia sempre me desconcertava um pouco. Estava vestida como uma hippie sob a neve, falava com os braços como uma italiana e soltava uma voz forte, com um tom de décadas de cigarros. Logo nos entendemos, auxiliados pelo espetacular chope preto de Praga. Uma barbada.
Depois de algum álcool, risadas e pouca participação minha na conversa, fiz questão de ir ao restaurante U Mecenáše, que já conhecia de quatro anos atrás, por ter ido com minha filha Bárbara. A comida era maravilhosa.
Era. A coisa for reformada e gourmetizada. O cardápio mudou completamente. Disseram-me no hotel que o restaurante era fantástico na época do comunismo e que permaneceu excelente até poucos anos, mas que agora tudo tinha mudado para pior. Pudemos comprovar: ficou um horror. A porta por onde entrávamos, uma curiosa porta lateral após passar por um corredor escuro, estava fechada. A entrada agora estava aberta para a rua. Abaixo a antiga porta, agora encerada para os turistas.
Ficou feio, sem o ar de restaurante onde os habitantes da cidade comem, sem cor local. Aliás, as pessoas da cidade tinham sumido.
As mesas ganharam ar moderno e também a cozinha ficou sem graça, adaptando-se aos lugares de reles turismo. Enfim, uma traição completa.
Só ficamos ali porque a fome era grande e em razão do rapaz abaixo ter nos conquistado com sua simpatia. Mas era só simpatia. Read More
A vida de uma mulher, de Stéphane Brizé (***)
O título deste filme baseado num romance de Guy de Maupassant poderia ser “Uma vida jogada fora”. Jeanne retorna à casa dos pais após completar os estudos. Passa a ajudá-los nas tarefas do campo. É uma moça talentosa e cheia de vida. Então, um certo Visconde aparece nas redondezas para, de forma apática, quase esquemática, conquistar o coração disponível da jovem. Eles casam. Conforme o tempo avança, Julien mostra-se infiel e avarento. Fato a fato, ano a ano, tudo vai destruindo a alegria de viver de Jeanne. A Vida de Uma Mulher possui narrativa lenta e cheia de lacunas, que vamos preenchendo com nossa experiência de forma mais ou menos terrível, o que torna tudo muito interessante. Os sofrimentos da protagonista não são escarrados, mas observados pela câmera com melancolia. A derrota de Jeanne é completa e vale mais do que a esmagadora maioria e berros das publicações feministas que leio por aí. Um filme inteligente, feminista, desconfortável e triste, triste, triste.
Perdidos em Paris, de Fiona Gordon e Dominique Abel (****)
O casal de artistas circenses Dominique Abel e Fiona Gordon — acima, com a grande Emmanuelle Riva ao centro — revelam-se maravilhosos neste Perdidos em Paris, filme que escreveram, dirigiram e protagonizaram. Trazem um humor leve, cinematográfico e descompromissado, derivado diretamente dos filmes de Jacques Tati. É a história surreal de uma sobrinha que vai do Canadá a Paris em busca da velha tia depois de receber uma carta preocupante. Mas também uma história de amor delicada. O nonsense e as pantomimas comandam a ação de desencontros entre a bibliotecária Fiona (Fiona Gordon), sua tia Martha (papel de Emmanuelle Riva) e o desconhecido pobretão Dom (Dominique Abel). Tudo transcorre em Paris, palco de personagens que são verdadeiras caricaturas. O filme é uma declarada homenagem à arte de Chaplin, Keaton, Tati e Jean-Louis Barrault. Enquanto Fiona parte em busca da tia, com paradeiro incerto, ela esbarra num amontoado de coincidências e de momentos hilários. Dom é um morador de rua que está para o amor e para criar ainda mais confusão nesta comédia irônica.
Frantz, de François Ozon (****)
Frantz seria um filme convencional e acadêmico… Sim, François Ozon dirige algo muito diferente do que costuma fazer. Este filme não tem nada a ver com Jovem e Bela ou Dentro de Casa. Frantz é um drama histórico que mostra os pontos de vista da Alemanha e da França ao final da Primeira Guerra Mundial. Um antigo soldado francês decide visitar a família de um soldado alemão que ele viu morrer na guerra. Eram conhecidos. Só que a presença do jovem francês não agrada aos habitantes da pequena cidade alemã marcada pelo luto e pelo rancor contra o inimigo de guerra. O luto, a culpa, o perdão e uma possível redenção são os grandes temas de uma obra que não é tão clássica como parece à primeira vista, devido à originalidade do argumento escrito por François Ozon. Este é altamente folhetinesco, com duas ou três viradas na história que deixam o espectador estupefato. A interpretação da atriz alemã Paula Beer é um dos pontos fortes deste filme delicado e austero.
Boa tarde, Guto (com os melhores trechos do fiasco de Vila Nova 2 x 1 Inter)
De uma entrevista de Jorge Fossati, excelente técnico contratado pelo Inter em 2010, um tempo depois de sua demissão. Ele fala claramente:
“Me entrevistaram antes de me contratar (Piffero e Carvalho), sabiam exatamente o sistema que gosto de jogar. Depois queriam que eu jogasse de maneira diferente. Não aceitei, me demitiram. Até hoje não entendo porque me contrataram.”
Citado por meu amigo Julio Linden
Interessante, não?
Tu, Guto Ferreira, está pedindo, suplicando para ser demitido e receber no mole teu salário até o fim do ano sem trabalhar. Eu acho. Fui ao jogo na última terça-feira e vi que dois de nossos piores jogadores em campo foram Danilo Silva e Diego. Não haveria nenhuma lógica na permanência deles na equipe, mas tu os escalaste neste sábado contra o Vila Nova a fim de que eles afundassem a si mesmos e ao time. Só pode ter sido intencional. Ou um pedido especial de alguém interessado em colocá-los na vitrine.
Ao deixar fora Nico López — que ao menos chuta, tentando o gol a cada momento — e Klaus, tu assinaste o desejo de ser mandado logo para casa. Mas teus chefes, para tua decepção, vão te bancar por mais alguns dias. Para eles, para a confraria de amigos que preside o Inter, tu és útil.
O caso Klaus: com a zaga de Klaus e Cuesta passamos 3 jogos sem tomar gols. Klaus te salvou de uma derrota para o Criciúma nos descontos, lembras? Então ele saiu pra cumprir suspensão e perdeu lugar para o ridículo Danilo Silva.
Acho que os empresários siguem escalando o time. Quem viu os dois últimos jogos sabe do absurdo que cometeste.
Outra coisa: deixar D`Alessandro, aos 36 anos, correndo atrás de zagueiros adversários que tocam a bola, é uma monumental burrice. Dale está lá é para tentar dar alguma criatividade àquele deserto de imaginação. Por que o péssimo Diego, de vinte e poucos anos e um brilhante futuro na reserva do ASA da Arapiraca, não estava cumprindo este papel?
Acho estaríamos melhor servidos se o habitual interino Odair Hellmann fosse efetivado. Talvez ele ainda não seja rico, talvez tenha ambição. Mas o que os donos clube pensam dele? Será que ele é um chato que quer botar em campo “seus jogadores”?
Nosso problema são os empresários de futebol que se abancaram no clube. Os caras estão lá para colher os ovos do dia, sem pensar que estão matando a galinha. Nosso indulgente Departamento de Futebol não dá minima para o surgimento do bom Juan, para o súbito reaparecimento de Winck, para montar um time. As ações são inteiramente sem sentido. Ou com outro sentido.
Cirino jogou sete ou oito partidas até ser vendido para os árabes. Deixou no clube um monte de gols perdidos, passes errados e uma torcida que o odeia. Mas foda-se, entrou algum dinheiro na conta.
O Inter, hoje, tem um Conselho inútil — trata-se de uma reunião de candidatos à estrela — que não se preocupa com futebol e que jamais avalizaria o necessário impeachment dos empresários que administram o Internacional.
A dupla do Futebol, tu, Guto Ferreira, e Roberto Melo, provavelmente sabem o que estão fazendo. E, seguindo a direção, devem estar fazendo certo. Pagam 7 milhões de salários mensais para serem 6º lugar na Série B. Mas repassaram o Cirino e vão vender o Sasha, espero.
Eu não vou depredar o estádio na próxima terça-feira. Sou absolutamente contra, mas há boa chance de confusão. Mas ficaria lá até as duas da manhã vaiando.
https://youtu.be/Grb1sZjFuFc
Porque hoje é sábado
Porque há gente que confunde erotismo com pornografia, este é o último PHES.
Como avisei semana passada, decidi fechá-lo.
Tenho muitos amigos e amigas que aguardavam o sábado para curtirem
este espaço.
Uns equivocados, certamente!
Afinal, todas as distinções de gênero foram socialmente construídas…
(Aviso aos idiotas –> a frase anterior teve “irony mode on”)
Bem, aqui não há espaço para desenvolver ideias.
Nem interesse.
Então, desta forma, nossas retratadas estão liberadas das sevícias
de fazerem poses paras as nossas fotos. E também de nossa admiração.
Tchau.
É possível que Sartori seja reeleito?
Sim, muito possível. Durante o fim de semana, em Gramado, teria sido alinhavada uma chapa de Sartori com o ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite (PSDB). Tudo teria ocorrido no Congresso da Federasul. 300 líderes do comércio gaúcho estavam na Serra. Desta forma, o que houve foi quase uma reunião entre candidato e financiadores.
A chapa PMDB-PSDB, polenta com leite, é um perigo. Sartori está conseguindo vender uma imagem de administrador austero, enquanto faz patacoadas com fundações úteis. Ontem, o MP de Contas voltou a pedir suspensão da extinção das fundações por insuficiência de motivos apresentados pelo governo do Estado. O TCE reclamou da “forma sucinta e desprovida de documentação comprobatória em relação aos números apresentados e às estimativas de custos dos serviços públicos”.
Feliz Dia do Amigo!
As novas notas de dez libras no Reino Unido: sai Charles Darwin e entra Jane Austen
“Sou médico e homossexual. Devo fazer ‘terapia de reconversão’? Para mudar o que exatamente?”
Do site português esquerda.net
Por Bruno Maia
Alguém me explica a “anomalia” na minha vida?
Sou médico e sou homossexual. Sempre quis ser médico e sempre me senti homossexual. Cresci com um pai e uma mãe. Maravilhosos, esforçados, dedicados a mim e ao meu irmão mais do que a qualquer outra coisa na vida. Também existiram avós, tios, primos e primas e se alguma coisa toda esta gente me ensinou foi o que era o amor e o que significa ter uma família. Tive a sorte de não conhecer nenhuma das realidades do abuso – o físico, o sexual, a negligência… Enquanto criança brinquei com carrinhos de metal, joguei à bola no recreio da escola, meti-me em lutas com os outros rapazes e explorei os primeiros afectos com as meninas no famoso jogo do “bate-pé”!
Desde o primeiro dia de escola que fui um exemplo de sucesso escolar – pelo menos naquilo que o nosso paradigma de escola considera sucesso – nunca tive uma negativa. Fiz todo o meu precurso desde o 1º ano de escolaridade até à obtenção do grau de especialista em Neurologia sem perder um único ano. Na adolescência decidi contar sobre a minha homossexualidade a alguns amigos – fui apoiado e protegido. Já a estudar medicina decidi contar a todos os amigos. Continuei apoiado e protegido. Quando revelei à família, nada de novo – apoiado e protegido!
Já tive amores e desamores. Paixões intensas, outras fugazes. Já namorei e fui feliz, já fui abandonado e também já abandonei. Já partilhei casa e o resto da vida com um grande amor e já conheci o gosto amargo da separação. Nunca sofri de doença mental. Nunca fui diagnosticado com nenhum desvio da personalidade. Nunca tive nenhuma dificuldade de adaptação a ambientes diferentes. Nunca precisei de terapia ou acompanhamento psicológico. A minha homossexualidade nunca foi um factor de sofrimento para mim.
Pratico desporto federado. Na minha equipa existem outros homossexuais mas a maioria são rapazes heterossexuais. Partilhamos balneários e quartos quando vamos para fora em competição. Nunca senti nenhum tipo de exclusão. Nunca a partilha da nudez foi um problema. Nunca a partilha das nossas histórias de vida, amores, sexo ou afectos vários foi um tabu.
Trabalho no SNS, com uma equipa que me conhece bem. Nos intervalos do trabalho falamos das nossas vidas familiares, das dificuldades, dos filhos, das férias, da casa em obras… nada é tabu, eu não sou tabu, a minha vida amorosa não é tabu. A dos outros também não.
Queira alguém explicar-me a “anomalia” na minha vida? Alguém me aponta critérios de diagnóstico para desvio da personalidade? Devo fazer “terapia de reconversão”? Para mudar o quê exactamente? Se para a medicina, a anomalia implica sofrimento (caso contrário é apenas uma variante), onde está o meu sofrimento?
Mas existe uma anomalia sim. E essa anomalia reside no facto de toda esta minha história ser pouco frequente. Para a maior parte dos homossexuais ou pessoas transgénero, não existe uma história de “felicidade” e “integração”. Existe discriminação, preconceito e invisibilização. Existe sofrimento – mas esse sofrimento não vem de dentro, vem de fora. Vem dos outros. De famílias destruídas pela homofobia e pela transfobia. De exclusão e “bullying” na escola. De dificuldades acrescidas no emprego. De isolamento social. E também dos médicos. Que fingem não serem influenciados pela orientação sexual ou identidade de género mas denunciam-se constantemente nos comentários, nos olhares, nas atitudes. Sempre que recusam falar com o seu utente sobre a sua vida familiar, mesmo sabendo que ela faz parte da história que têm de colher. Quando escolhem inconscientemente não conhecer, não se informar sobre questões especificas da saúde de cidadãos LGBT (porque elas existem, ponto final). Quando fingem aceitar os seus colegas homossexuais mas na verdade o que esperam é que eles estejam “caladinhos” e não falem sobre a sua vida privada (afinal aquilo é trabalho…) mas passam os dias a falar sobre os seus casamentos, os seus filhos ou a fazerem comentários obscenos sobre as médicas ou enfermeiras mais jovens. Quando assumem dentro de um bloco operatório ou de uma sala de aulas da faculdade que todos os presentes são, obviamente, “normais” e deixam escapar o comentário sexista e homofóbico. Quando assumem à partida perante um doente homem que ele tem uma namorada ou esposa e que uma mulher terá, com certeza, marido.
A história já nos demonstrou que, por vezes, a anomalia não está no indivíduo mas sim na sociedade – lembram-se do holocausto? Do genocídio no Ruanda? Da PIDE Portuguesa? Da escravatura?
Mais grave do que esquecer a história é fechar os olhos ao presente. E fazer de conta que esta onda de revanchismo contra os direitos dos seres humanos e o suposto “politicamente correcto” que se apoia na tão auto-elogiada liberdade de expressão, foram o rastilho de pólvora que se acendeu nos Estados Unidos e que culminou na eleição de um presidente chamado Donald Trump.
Bom dia, Guto (com o Mauro da Ladeira os curiosos lances de Inter 1 x 0 Luverdense)
Bem, Guto, eu fui ao Beira-Rio com um dos gremistas mais chatos de Porto Alegre, um daqueles dotados de natural talento para lembrar minuciosamente tudo o que de ruim e ridículo temos feito. O mais bem acabado dos trolls. No ano passado, quando estávamos para cair, ele, o Mauro da Ladeira Livros, me falava na maravilha que seria o jogo entre Inter x Luverdense. Mandava-me fotos da cidade, detalhes de como chegar lá, explicava-me detalhes de Lucas do Rio Verde e do Brasil Profundo, etc. Para silenciá-lo, disse que ele era meu convidado para ver a inesquecível partida que iria para os anais (sim, em duplo sentido) colorados. É claro que ele aceitou. Fomos ver a partida com sua filha de 15 anos, Ingrid, que é… coloradíssima.
Perguntaram-me se ele se comportou bem. Olha, parecia mais um colorado desesperado com a ruindade do time. Quando errávamos um passe dentre as dezenas que entregamos para o adversário, ele abria os braços, lamentando o fato. Porém, se houvesse uma câmara de frente para ele, ela captaria um misto entre o lamento e o sorriso de quem constata deliciado: “Eu não sabia que o Inter era tão bosta”. Ele parecia torcedor acostumado a coisas como toque de bola, rapidez, cobertura, bons passes e chutes, sincronia de movimentação e, bem…
Porque, Guto, que merda. Com D`Alessandro dodói no banco de reservas, faltava a pouca armação que temos. E eu lembrava do levantamento que o Alexandre Perin fizera ontem à tarde, demonstrando quantos meias foram deixados disponíveis para ti por esta direção. Considerem que Juan é um menino e que Camilo ainda nem assinou contrato:
Isso, acertaram, não tínhamos nenhum meia-armador em campo. E mesmo assim perdíamos gols aos montes, dada a fraqueza do Luverdense. O próprio Mauro estava pasmo: “Mas não entra!”. E ria, feliz. Claro que nós merecíamos a vitória — conceito do qual discordo –, mas aquele gol no final foi algo que nunca vi em 50 anos de futebol. O bandeira deu um impedimento passivo, ergueu a bandeira, deu-se conta do erro e fez ainda mais gestos para indicar que o jogo deveria seguir, enganando a defesa do Luverdense que ficou pensando “mas como ele é veemente para marcar um impedimento”. O Inter seguiu e fez o gol sem goleiro nem nada. Eu dava gaitadas, o Mauro dizia “nunca vi disso”. E não tinha visto mesmo, porque só o Inter ainda redefine o esporte bretão, prodigalizando prazeres inéditos num futebol tomado pelo profissionalismo e pela seriedade.
Agora ele acaba de comentar no Facebook:
Fui no belo estádio do Inter, moderno, com um frio aconchegante. A pouca gente presente garantiu um acesso e saída rápidas do estádio. Pude exercitar o pouco que me resta de compaixão cristã. O sofrimento dos colorados era de deixar qualquer um com coração partido, ainda mais que não se via solução para o show de ruindade em campo. Fui com um amigo o Milton Ribeiro que tentou o jogo inteiro conter o seu desespero, mas ele é calejado, o pior foi ver minha filha uma coloradaça, no começo com grande esperança, cantava junto com os poucos que se atreviam a isso, mas a alegria inicial se transformou em desesperança e tristeza com o seu amado Internacional… O lance final coroou a noite, sim jogo ruim, noite fria, o gol saindo de uma lambança, quase uma piada pronta. Agradeço ao Milton pela oportunidade única de assistir a um jogo no estádio com minha filha e ainda exercitar o que me restou de compaixão com o próximo. PS: Continuem jogando assim…
Compaixão… Tá bom, seu puto. Ele disse que todo mundo tem o print daquela declaração que fiz no Facebook de que o Inter lideraria de ponta a ponta a Série B porque era uma barbada. OK, errei feio a primeira parte, mas que é uma barbada é. Basta jogar um mínimo de futebol, seu P… Guto.
Sobre o jogo, tenho pouco a dizer. Jogamos muito mal — era para tocar 3 x 0 no primeiro tempo, sem forçar –, a bola queima os pés de nossos nervosos e perturbados jogadores. Dourado e Edenílson foram os únicos a manter um pouco de lucidez e garra. Gutiérrez alterna jogadas prosaicas com outras piores. Diego erra tudo. Sério, tudo. Danilo Silva deveria ganhar um emprego na Ladeira Livros. Nico foi novamente mal. Pottker poderia render mais num time que jogasse futebol. Winck vai mais ou menos bem. Cuesta e Uendel também. Na verdade, o time é tão ruim que nem conseguimos espreitar a qualidade do teu trabalho, Guto. Mesmo assim, estamos em quinto lugar, bem na margem para entrar do Nirvana do G-4. Não sei como. Mas olhem a tabela, tá tudo embolado num novelo de incompetência.
Nosso próximo jogo é sem Edenílson contra o terrível Vila Nova, em Goiânia, às 16h30, atrapalhando a tarde. Acho que irei ao cinema.
(No título, evitei usar a expressão “melhores lances”. Seria falso.)
Abordagem Nº 1 ao fracasso da literatura
Foi um processo muito secreto e silencioso. Primeiro, o escritor foi levado para uma posição secundária dentro da sociedade. Falo do escritor de antes dos anos 80. Aqueles escritores como Heinrich Böll, Thomas Mann, Graham Greene, Erico Verissimo e tantos outros, que funcionavam como consciência e que eram consultados nos grandes debates éticos, foram deslocados pouco a pouco para a periferia e tornaram-se coisa do passado. Lembro da Veja estampar (Veja, Milton?!), quando era uma revista decente, em 1975 (ah, bom), A Morte de um Brasileiro Consciente, lamentando a morte de um escritor que se colocava calma e elegantemente — uma forma eficiente, sem dúvida –, contra a ditadura militar: o citado Erico Verissimo. A revista punha o povo brasileiro na posição de órfão de alguém que até os militares respeitavam e que funcionava como reserva moral do país.
Inúmeros escritores ocuparam esse “cargo” em diversos países. Eram normalmente muito bons em seu ofício. Acharia estranho que romancistas fossem consultados sobre aspectos econômicos, por exemplo, mas também acho que a recente desimportância do ofício de escrever deixou a sociedade e o pensamento mais pobres e fez com que a profissão passasse a atrair, em sua maioria, pessoas incapazes de criar obras de maior relevância. Passou a atrair um bando de gente que não se manifesta politicamente, sempre pensando no convite para a próxima Feira do Livro, cujo prefeito sabe-se lá de que partido será.
Modesta reflexão sobre a “arte” de ver filmes
Dia desses, em questão de minutos, entraram em meu esquecido Feedly duas críticas acerca do filme argentino O Cidadão Ilustre, de Gastón Duprat e Mariano Cohn. Uma tinha sido publicada domingo e outra segunda-feira. A do domingo era constrangedora. A de segunda-feira era excelente. O fato da primeira ser contrária ao filme não significa nada, há críticas devastadoras que demonstram extrema compreensão de quem viu a obra, assim como é normalíssimo vermos elogios que mal tocam sua superfície. Meus 59 anos me mandam dizer que, quem não sabe ver filmes, habitualmente não sabe ver peças de teatro, e pior, não sabe interpretar livros. Sim, o pacote parece vir instalado completo, sem personalizações, à exceção do caso da música, que merece outro post.
Ontem, apesar da chuva, caminhei bastante pela rua, e pude pensar sobre as armadilhas que os alguns autores modernos exigem de seus leitores-expectadores. Mesmo um filme aparentemente simples como Cópia Fiel, está cheio de armadilhas para serem destrinchadas por um expectador que não seria mais um mero receptor e sim um intérprete que tem de trabalhar um pouquinho para entender o filme. No caso do citado filme de Kiarostami, o quebra-cabeça começa pelo título do filme. O nome original está em italiano, Copie Conforme. Em italiano Copie significa Cópia, mas Coppie é Casal, enquanto Conforme pode ser Fiel ou Conformado. É muito mais do que um trocadilho idiota, tem tudo a ver com o filme.
Refleti principalmente sobre o cinema porque ele é a arte mais pública e comum que temos. É difícil de se encontrar com alguém que leu há pouco exatamente o livro que a gente quer comentar. Já com os filmes é simples. Como estão em cartaz, todos os meus amigos viram O Cidadão Ilustre ou Perdidos em Paris. Dá para trocar ideias. O cinema é a grande cultura pública de nosso tempo.
O problema de certa crítica é não causado pela falta de inteligência, mas antes de falta de vivência ou pura desatenção para com a coisa artística. Lembrei dos ensaios de Bakhtin sobre Dostoiévski e de como O Idiota passou a figurar automaticamente ao lado de Os Irmãos Karamázovi como meu livro preferido de Dostô — sempre acompanhado do primeiro que conheci (a primeira vez a gente nunca esquece), Crime e Castigo. Quando li o que escrevera Bakhtin, tive que voltar a O Idiota e pensar que o título referia-se a alguém como eu… Hum… Ontem, enquanto caminhava, ri sozinho ao lembrar que Marcelo Backes cometera EM LIVRO o erro de deixar por escrito que eu seria o melhor leitor não-profissional que ele conhecera. Acho que dou a impressão de ser alguém mais inteligente do que sou. Que siga assim…
Mas avancemos: considerando aquele comentarista constrangedor e pensando que praticamente todos os grandes cineastas realizam/realizaram trabalhos sobre a linguagem, gente como ele está a ponto de dizer que — para citar apenas os vivos — Sokúrov, Kusturica, von Trier, Lynch, os irmãos Cohen, Moodysson, Sorrentino, Hartley, Polanski, Vinterberg, Haneke, P. T. Anderson são ruins, pois abusam de situações que representam outras.
Não é um assunto que me faça morrer, o que escrevo é uma reflexão vagabunda que é, para mim, nada mais do que uma curiosidade. É que quando li a primeira crítica me pareceu que o cara estava decididamente em outro mundo, numa faixa própria de esquizofrenia e estupidez. Será que ver certos filmes requer alguma especialização?