Guto, o Inter tem poucos jogos até o final do ano. Sua última partida foi sexta-feira passada (25) e a próxima será só no dia 9 de setembro. Mesmo assim, ontem, contra o Atlético-MG, pela Primeira Liga, tu resolveste poupar teus principais jogadores. A finalidade parecia a de ser eliminado. Conseguiste. Parabéns. A competição dá 3 milhões de reais ao vencedor. Vencê-la seria até natural para o time titular do Inter. Mas não precisamos de dinheiro e a derrota parece estar nas entranhas do clube nesta década. O Atlético-MG jogou com 30% de titulares e o Inter com 0%.
Títulos são bobagens. O negócio é poupar jogadores. Esperamos que eles possam jogar contra o Juventude pela Série B domingo.
Ou será que fizeram um acordo com a CBF para melar de vez a Primeira Liga?
Prenhe de razão, meu colega Marino Boeira resume o jogo:
Vi o jogo a partir dos 20 minutos contra o Atlético e me permito algumas conclusões. O lateral esquerdo Iago me pareceu pronto para o lugar do Uendel. Dos zagueiros, por incrível que pareça, o único que merece ser lembrado é o Ernando, ao menos como primeiro reserva. O Charles mostrou que é tão bom quanto o Dourado. O Camilo não é o que andaram dizendo dele, mas serve. O Joanderson não teve chances e o Carlos precisa, urgentemente ser mandado embora. Finalmente, o Nico, se continuar jogando o que jogou ontem, é titularíssimo no lugar do Pottker.
“Critico uma versão específica da política identitária que é performática em suas demonstrações de consciência social. Não gosto particularmente porque é um grupo muito inclinado a censurar, a atacar em bloco indivíduos. Odeio isso. Ao calar seus inimigos políticos, eles calam também o dissenso dentro da própria esquerda e é este dissenso que sempre fez a esquerda ser vibrante intelectualmente. São os questionadores que evitam que a ideologia se fossilize porque nos obrigam a repensar. Mas suas vozes foram caladas.”
Angela Nagle
E o vento levou… (Gone with the wind) foi banido de um cinema em Memphis (Tennessee) por veementes protestos relacionados a questões raciais. O filme seria racista. Bem, na verdade é mesmo racista. Por outro lado, o site de pesquisas de opinião pública YouGov, fez uma pesquisa em 2014 e chegou à conclusão de que o filme é considerado “muito bom” ou “um dos melhores” por 73% por cento dos negros dos EUA. Outros 14% acharam o filme “legal, bacana” (“fair”). Só 13% desgostaram do filme e 0% disseram que E o vento levou é “um dos piores”. Ou seja, o racismo não chega a chocar ou prejudicar a avaliação do filme. São números.
O fato que me chama muitíssimo a atenção é que — como acontece provavelmente no caso de Memphis — há pouco em comum entre alguns movimentos identitários e as populações que eles buscam representar. Há minorias que gritam estridentemente e são lidas como maioria, só que não são. O som que fazem parece ser audível apenas para seu gueto.
Há muito fanatismo nas redes sociais e o fanático não presta atenção a nenhuma complexidade ou nuance. Ele sai reclamando, se vitimizando e linchando. Como escreveu Amós Oz, “Nunca vi um fanático com senso de humor ou então alguém com senso de humor se tornar um fanático. Humor é a habilidade de rirmos de nós mesmos, e, quando podemos fazer isso, desenvolvemos uma noção de relativismo”. Eu jamais conseguiria imaginar um desses linchadores pró-ativos das redes rindo de seus enganos.
E cada vez mais tenho certeza de que certos movimentos falam só para si mesmos. É como se as pessoas ficassem asseverando e parabenizando uma a outra pelo fato de estarem do lado certo. Como Thomas Bernhard, formam um acúmulo de argumentos imoderados que às vezes fazem rir quem está de fora, mas que são capazes de destruir psicologicamente a vítima. São gritalhões desagradáveis a apontar fatos que podem até ser justos, mas cuja forma de abordagem parece inaceitável ao receptor da mensagem.
Dia desses, ouvi um sujeito dizer que não poderia publicar um elogio a uma carne que comera porque seus amigos veganos poderiam postar vômitos em resposta no Facebook. Ele tinha medo da minoria gritona.
O recente e lamentável fato do estupro de Clara Averbuck nos dá um caminho que não é geral, mas que serve de exemplo de uso de inteligência. Lá no fundo do cenário do caso, ficou bem distinta a dignidade de Clara ao não provocar um linchamento. Conheço Clara desde os tempos de glória dos blogs, ela tinha um muito louco e bom. Ela poderia fazê-lo, mas não divulgou o nome do escroto abusador e nem a placa do carro. Ao contrário, promoveu uma hashtag chamada #MeuMotoristaAbusador fazendo com que muitas mulheres narrassem os abusos sexuais que sofreram em transportes. Infelizmente, é muito comum e violento.
Ou seja, ao não dar o nome, foto e placa de seu agressor, Clara evitou a catarse de um linchamento militante cheio de ofensas e sem nenhuma direção que não seja a aniquilação do inimigo da hora — e onde até ela ficaria mal-vista em razão da batalha — para dar lugar a narrativas onde… Olha, aprendi muita coisa lendo os relatos.
Sobre E o vento levou… Um monte de gente que desconhece o filme deve estar assistindo-o só para procurar racismo nele. Certamente vão encontrá-lo, mas passarão boas horas vendo um filme de narrativa envolvente. No futuro, lembrarão mais dela. Sim, a realidade é cruel, mas cumpre respeitá-la.
Hoje fazem dois anos que Oliver Sacks morreu. Antes de falecer, muito doente, ele tinha apenas dois prazeres: salmão defumado e Bach. Casualmente, hoje vim para o trabalho ouvindo a Missa em Si Menor, que tantos acham ser a maior das músicas já compostas. A versão de Rudolf Lutz tem tanto ritmo que cheguei aqui com um pouco de dor na mão. Estava discretamente regendo toda a coisa pelo caminho. Só falta o salmão defumado, Oliver.
Durante meu aniversário, dentre os mil assuntos comentados, houve uma estranha fixação sobre o künefe, a mais incrível das sobremesas que já comi. Ele me foi apresentada por meu filho Bernardo, que está estudando em Berlim. Eu tinha escrito em meus relatos de viagem:
A Criação. Deus olhou para nosso planeta e quis nos dar uma chance. E enfiou o dedo casualmente na Anatólia, Turquia, ali pertinho de onde nasceu a Asli Berktay. E criou o künefe.
Pois no dia seguinte, 20/08, meus amigos Maria de Abreu e Luiz Hall fizeram a maravilha… Seguem fotos da obra. A última foto é a do künefe que comi em Berlim.
No domingo passado (27), os mesmos abusadores produziram uma nova fornada de künefe, da qual só vimos fotos. Creio que estão evitando minha presença avaliadora…
Esta postagem está catalogada em “Amigos, Tudo”, mas penso em criar uma chamada “Amigos, pero no mucho”…
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Em tempo! Com a palavra, Luiz Hall:
Vejam bem…
Sempre quis fazer um suspense em algo que alguém estivesse querendo muito saber, então…
Vejam bem, Ricardo Branco, Fernanda Melo, Emílio Carlos Baino et alli…
O Milton foi discreto em seu post e não entrou nos pormenores da discussão kunefiana.
Ocorre que durante o aniversário, duas mesas distantes sem nenhum motivo aparente discutiam sobre a existência de uma sobremesa chamada kunefe.
Quando se deu conta, o aniversariante tratou de juntar os dois grupos e iniciou-se uma discussão de como seria possível experimentar a coisa toda sem precisar pegar um avião rumo a Berlim, Esmirna ou norte da Síria (que foi onde a Cláudia Beylouni Santos manteve contato com o extraordinário doce).
Foi neste instante que eu disse ao Milton que eu mesmo já teria executado a receita (que me foi passada em segredo durante um sonho em que acessei o google) por três vezes. A primeira teria queimado mas as outras duas tinham ficado saborosíssimas. Pelo menos era o que eu lembrava depois de acordar-me.
Eu ainda reluto em passar detalhes da mesma porque pretendo submeter a mesma ao crivo crítico do Milton e da Cláudia. Só então poderemos considerar que existe de fato uma receita.
Mas há uma forma de abreviar este sofrimento. Basta o Augusto Maurer fazer aquela maionese de bacalhau e nos convidar a saborea-la. Aí a língua solta de vez.
Enquanto isto o que posso dizer é que estamos envoltos com experimentos para definir o melhor tipo de massa e queijo que ofereça um melhor resultado. No primeiro teste usamos cabelinho de anjo e cottage. Já no segundo teste optamos por massa filo e uma mistura de mussarela e feta.
Há ainda uma preocupação em salvaguardar e garantir que nossa querida amiga Elena Romanov possa aproveitar sem culpas o evento. Para isto pensamos em algumas alternativas que diminuam a oferta de lacteos. Não eliminará de todo mas ficara bem legal.
Foi por isso que não foste convidado, viste Milton Ribeiro!
Mas para abreviar, já que imagino que vocês não queiram ficar lendo bobagens, segue:
Receita de Kunefe da tia Maria psicografada pelo atentado
Ingredientes
1 Chávena de açúcar
1 Chávena de água
Massa (filo ou cabelinho de anjo*)
Queijo (mussarela ou algum que derreta confortavelmente)
Manteiga sem sal
Pistache triturado
Sorvete (De creme fica legal mas pode ser de coco que também fica joia)
Modo de preparo
0 Faça uma calda com o açucar e a água e deixe esfriar
1 Corte a massa filo em tiras finas e depois em pedaços pequenos.
2 Em uma frigideira antiaderente derreta duas colheres de manteiga em fogo baixo.
3 Acomode a massa na frigideira como se fosse um colchãozinho
4 Espalhe pedaços de queijo sobre a massa
5 Cubra tudo com outra camada de massa
6 Durante o cozimento vá esmagando o kunefe e aparando o queijo malandro que tentar fugir pelos lados.
7 Com uma espátula verifique quando a parte inferior já estiver assada (desgrudando da frigideira)
8 Com um prato, retire o kunefe tombando a frigideira.
9 Coloque mais manteiga na frigideira
10 Devolva o kunefe para a frigideira com o lado não assado para baixo.
11 Repita o ítem 6
12 Quando estiver cozido desligue o fogo e despeje a calda já fria sobre o bichinho
13 Coloque em um prato e salpique o pistache sobre ele.
14 Conclua com algumas bolas de sorvete por cima
Obs.1 Para a Elena pensamos em fazer um sorvete de leite de coco e manga e substituir a manteiga por banha
Obs.2 Se for usada a massa cabelinho de anjo a mesma tem que levar um susto antes. Em uma panela separada coloque água a ferver. Quando estiver fervendo coloque o cabelinho de anjo por 1 minuto, escorra e jogue a massa direto em uma bacia com água gelada para interromper o cozimento. Escorra a massa e corte em pedaços pequenos seguindo os passos do ítem 3 em diante”
Às vezes, eu e Elena traduzimos alguma coisa do russo para o português. Dá trabalho, porque ela me explica palavra por palavra, dá o sentido e discorda de minhas soluções… Menos mal que logo entramos em acordo. Ontem à noite (28), ela me pediu ajuda para traduzir um poema que ela ama, de autoria do padre-poeta ortodoxo Sergei Kruglov. Eu sou ateu, ela é ortodoxa. Sem problemas, ainda mais que nenhum dos lados jamais fez proselitismo e o poema é estrondosamente bom. Desta vez foi tudo muito rápido. Espero que Kruglov não saiba português.
Cinzas
— Não vi o seu Cristo!
— Eu vi meu Cristo.
Ele não foi longe,
Ele esteve, como todos nós,
Na linha de produção da morte.
Ele era apenas um trabalhador.
Ele está entre nós.
Apenas Ele consegue
Cometer sabotagem:
Colocar em cada pistola uma falha,
Em cada bomba, a possibilidade de não explodir,
Em cada cela (lembre-se do
Ano 23, o dentista Turner?
Sua angústia em termos de
Limpeza do estilo? – lembre-se:
“Ação Tiergartenstrasse 4”?) – monta uma porta,
Pequena, estridente, que vai
Para o céu.
É isso que Hannah Schwanke,
Membro do Esquadrão da Morte,
Testemunhou perante todo Nuremberg:
“Eu vim, apenas a manhã amanheceu,
Trazer a mirra. Mas os portões do forno
Estavam abertos. Não havia nem cinzas. Alguém
Removeu a pedra,
E os restos de quinhentos e cinquenta e cinco condenados
Não foram encontrados.”
Sergei Kruglov
28/08/2015
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Para quem curte um russo, aqui está o original:
ПЕПЕЛ
-Я не видел твоего Христа!
-А я видел моего Христа.
Он недалеко ушёл,
Он трудится, как и все мы,
На конвейере смерти.
Он был просто рабочий.
Он среди нас.
Только Он умудряется
На этом конвейере
Совершить диверсию:
В каждый пистолет заложить осечку,
В каждую бомбу вложить возможность невзрыванья,
В каждую камеру (помнишь
23 год, стоматолога Тёрнера?
Его мучения в плане
Чистоты стиля? – помнишь:
«Акция Тиргартенштрассе 4» ?) – вмонтировать дверцу,
Маленькую, скрипучую, ведущую
В небо.
Вот потому Ханна Шванке,
Член айнзатцкоманды,
Свидетельствовала пред всем Нюрнбергом:
«Я пришла , только забрезжило утро,
Принести туда миро. Но врата печи
Были открыты. Не нашлось даже пепла. Кто-то
Откатил камень,
И останков пятисот пятидесяти пяти приговоренных
Найдено не было».
Despretensão, sinceridade, texto curto e fluido. Era isso o que queria quando comecei a escrever resenhas de livros neste blog. A merda é que esta é a 243ª resenha que escrevo e hoje o Google me encontra fácil quando alguém quer saber de um livro que eu tenha lido nos últimos anos. Hoje, o desafio é fazer de conta que ninguém lê estas resenhas. Não é fácil fingir esquizofrenia. Pois se considerar que alguém pode balizar sua compra por mim, vou revisar e revisar o texto, inclusive retirando o que mais gosto, o estilo gonzo das resenhas.
Então começo dizendo que tive a impressão de que o livro de Cristiano Baldi, Correr com Rinocerontes, cresce muito à medida que avança, mas que isso talvez tenha mais a ver com a lentidão com que iniciei a leitura — estava bem atrapalhado pessoalmente — e com o tempo que finalmente pude dispor para ler a segunda metade.
O livro pode ser dividido em duas partes, antes e depois de um trágico acidente familiar que não vou contar. Na primeira parte, o narrador subitamente viaja de volta para Porto Alegre a fim de encontrar sua família. Algo tinha acontecido. De forma divertida, ele nos mostra que não é aquele bom-moço coisa querida tão presente nos discursos feicebuqueanos e tão ausente na atividade prática dos donos dos perfis. Ou seja, ele é franco ao expressar algumas vagas opiniões políticas e franco no prazer, desprazer e dor, assim como em narrar alguns descompromissos afetivos. Suas observações sobre Porto Alegre são lastimáveis e absolutamente cheias de razão.
Quando os motivos da viagem passam ao papel, o livro cresce muito ao mostrar a reação de cada familiar à tragédia. Cada um corre para um lado. Com personagens bem construídos, o tom é o do humor ácido, apesar dos acontecimentos narrados serem efetivamente estarrecedores. Na escolha da linguagem, creio que uma das maiores influências seja a do Salinger do Apanhador. Tal escolha impõe um narrador inteligente, suficientemente interessante, divertido e iconoclasta. É o caso. (Mas jamais pensem que a vinda para sul tenha algo da literatura de Noll, tá?).
É um dia de real grandeza, tudo azul
Um mar turquesa à la Istambul enchendo os olhos
Um sol de torrar os miolos
Quando pinta em Copacabana
A caravana do Arará — do Caxangá, da Chatuba
A caravana do Irajá, o comboio da Penha
Não há barreira que retenha esses estranhos
Suburbanos tipo muçulmanos do Jacarezinho
A caminho do Jardim de Alá — é o bicho, é o buchicho é a charanga
Diz que malocam seus facões e adagas
Em sungas estufadas e calções disformes
Diz que eles têm picas enormes
E seus sacos são granadas
Lá das quebradas da Maré
Com negros torsos nus deixam em polvorosa
A gente ordeira e virtuosa que apela
Pra polícia despachar de volta
O populacho pra favela
Ou pra Benguela, ou pra Guiné
(volta aqui)
Sol, a culpa deve ser do sol
Que bate na moleira, o sol
Que estoura as veias, o suor
Que embaça os olhos e a razão
E essa zoeira dentro da prisão
Crioulos empilhados no porão
De caravelas no alto mar
Tem que bater, tem que matar, engrossa a gritaria
Filha do medo, a raiva é mãe da covardia
Ou doido sou eu que escuto vozes
Não há gente tão insana
Nem caravana do Arará
A qualidade da educação dos russos é totalmente diferente da nossa e isso se reflete de formas nem sempre fáceis de explicar, porque as pessoas daqui se ofendem. É que em média é muito outro nível, garanto-lhes. Ontem, durante a cerimônia de formatura da Lizaveta, filha da Elena, sentei-me longe de minha mulher porque havia um local especial para pais no Salão de Atos da Ufrgs. Então, fui me sentar com a Iúlia, uma menina de São Petersburgo colega da Liza, lá no local destinado aos amigos, conhecidos, agregados, etc. Ela iria fotografar a festa após a formatura. A coisa ia longuíssima e eu comecei a ler um livro enquanto ela pegou o celular, super concentrada. Ah, pensei, uma russa que passa o tempo bobamente no celular. Na festa, horas depois, perguntei o que ela tanto lia:
Guto, com os 3 x 2 sobre o Paysandu, chegamos aos 42 pontos e finalmente, na 22ª rodada, lideramos o Campeonato Brasileiro da Série B. Leandro Damião fez 2 (com direito a golaço na abertura do placar), e Klaus fez o outro gol de nossa sexta vitória consecutiva. A repetição de uma escalação sem invenções, em 4-4-2 clássico, não apenas atende ao clamor popular como funciona. Winck foi o único jogador de decepcionou, sendo o responsável direto pelo segundo gol do Paysandu ao não acreditar na cabeçada de Wellington Jr. Ele lembrou aquela última versão de Bolívar, aquela que torcia para o adversário errar ao invés de participar do lance.
Parabéns, Guto, mesmo considerando a fraqueza dos adversários, teu desempenho é realmente muito bom, como podemos ver abaixo. Pegaste um time destruído, usaste de bom senso e a coisa funcionou. E viste?, chamar-te de Gordiola virou carinho.
Parece que dificilmente teremos aflições ou DVDs ao final de nossa participação na Série B. Tudo que eu NÃO quero é a venda são DVDs relatando uma conquista heroica. É coisa bagaceira. Nos 16 jogos restantes, basta vencer oito que chegaremos aos 66 pontos, o que é mais que suficiente para que cheguemos à Série A. Em outras palavras, se ganharmos todos os jogos em casa, perdendo todos fora, estaremos classificados. O que viesse dos jogos fora seria crédito. Mas é claro que quero antecipar o suspiro de alívio e classificar o quanto antes.
O jogo foi tranquilo com dois pequenos sustos: o gol de empate do Paysandu aos 34 minutos do segundo tempo — fizemos 2 x 1 logo depois, aos 45 — e gol de desconto do Paysandu. O 3 x 2 aos 40 do segundo tempo deixou todo mundo nervoso. Afinal, estamos escaldadíssimos com viradas, 2016 ainda nos assombra, é como andar nas ruas em Porto Alegre à noite, desejando que nada aconteça mas sabendo que tudo pode acontecer. O Inter recuou e soube segurar o resultado, mas… Precisaríamos disso contra o fraco Paysandu? Destaque para a garra de D`Alessandro, para os dois passes que deu para gols de Damião e para o envolvimento de AMBOS, totalmente mobilizados para vencer.
A mecânica do time não foi grande coisa ontem, mas… Bem, Guto, em tua homenagem, ai está todo o teu ótimo desempenho este ano como técnico do Inter.
O próximo jogo é contra o Atlético-MG, pelas quartas de final da Copa da Primeira Liga, na quarta-feira (30/8), às 19h30, no Beira-Rio. Pela Série B, voltamos a atuar somente no dia 9 de setembro, contra o Juventude, em Caxias. O Ju é bom casa. Tem média de 2,27 pontos por jogo em casa. É alto. Para termos uma ideia, nós temos média de 2,0 pontos.
De todas as categorias deste blog, a que mais gosto de adubar é a que chamei de “Amigos, tudo”. E, se vou deixar aqui um texto curto e muitas fotos dos amigos durante meu aniversário, é mais um post para ela. Foi uma festa com muita gente. Só tinha visto o Centro Peruano mais lotado em datas comemorativas do Peru com grupo de música, dança, etc. Já eu tinha só um pen drive. O querido amigo Dr. Carlos Nevado preparou um buffet de ceviches, chaufas e saladas, regado a pisco e cerveja. Por algum motivo, acho que tudo o que ele faz expressa afeto. E sei que tenho razão. Você deveria conhecer o local, se ainda não foi lá.
Pelo som das conversas e das risadas, o pessoal estava bem animado. Fiquei especialmente feliz pela vinda da Nikelen Witter e do Luís Augusto Farinatti. Vir de Santa Maria para ver os amigos e esquecer o presente do aniversariante no hotel não é para quaisquer uns. (OK, no dia seguinte, eles fizeram questão de me entregar em mãos). Rimos disso, claro, e que prazer revê-los assim como a outros bem menos distantes fisicamente e que não via há tempo!
E fiquem sabendo: as ausências de Rovena e Chico Marshall, Mauro Scheuer e esposa, Carmem Crochemore e Antônio Escosteguy Castro, mais Paulo Moreira, jamais serão perdoadas!
O governo da Venezuela cancelou a excursão de setembro de Gustavo Dudamel com a Orquestra Nacional da Juventude da Venezuela, mais conhecida como National Youth Orchestra of Venezuela (NYOV). Parece que Dudamel está sendo tratado como dissidente, o que é uma novidade. A excursão passaria também por quatro cidades norte-americanas. Talvez seja este o problema.
Dudamel, uma figura antes admirada pelo governo e amigo de Hugo Chávez, tuítou: “Estou com o coração partido. Foi cancelada nossa turnê. Meu sonho de voltar a tocar com esses maravilhosos jovens músicos não se tornará realidade desta vez”.
Sob a direção de Dudamel, a Los Angeles Philharmonic vai substituir a NYOV nos compromissos cancelados interpretando os mesmos autores latino-americanos que a NYOV tocaria. Os eventos serão de celebração das comunidades latinas nos EUA.
Sou fascinado pela boa prosa, escrita ou falada. Digo a vocês que o tema da palestra de Padura pouco me importou. OK, era um bom tema o da Insularidade, a maldita circunstância da água por todos os lados. Acompanhei com atenção adequada tudo o que ele disse sobre o malecón, o interminável muro de 60 cm de largura que separa Havana do mar e do resto do mundo, ouvi com prazer as histórias que envolviam meu amado Alejo Carpentier, gostei mesmo quando ele falou da pobreza e da fome dos anos 90, com tudo o que fica e vai, mas achei muito melhores as frases, a colocação cuidadosa e hábil dos pensamentos, como quando, por exemplo, ele explicou a sedução que o romance noir e o mal exercem sobre os escritores, quando falou nos absurdos que ele comete, em termos literários, quando ele e sua mulher criam um roteiro a partir do próprio livro, cortando quase todas as melhores frases e palavras para deixar tudo nas mãos das imagens. Nas mãos das imagens! Eu realmente estava adorando todas aquelas frases que finalmente me acalmaram e, em momento de puro prazer, me fizeram cabecear. Juro, fizeram e foi tão bom dormir aqueles 5 culpados minutos para voltar com tudo para as ondas de frases do espanhol de Padura!
Aí, só porque eu sou bobão mesmo, tirei uma foto inútil no escuro, com o celular. Estava bom, foi uma grande palestra sobre o fazer literário. Parecida com a que Mia Couto proferiu anos atrás na mesma Ufrgs. Gostei do público. Não estava lotado e quase ninguém perguntou sobre a política de Cuba. Já estão chatas as perguntas da direita sobre se há liberdade por lá, etc. Foi só uma pergunta:
— Falando com tanta franqueza, criticando e amando Havana, como é sua relação com os governantes do país?
— Eu não sei o que eles pensam de mim.
E todos riram.
Para terminar: Padura leu sua palestra. Correto. Sei que a esmagadora maioria dos brasileiros gosta da oratória. Eu não. Na minha opinião, vir com um texto na mão é respeitar o público. Prefiro a coisa à europeia.
A Série B é uma barbada, mas no início houve sérias derrapagens, demissões e quebra-quebra. Lembras bem disso, não, Guto? É bom nunca esquecer. Só que tu repetiste o (melhor) time e conseguiste assentar as coisas de tal modo que agora está tudo calmo. São cinco vitórias consecutivas e a perspectiva de um fim de ano tranquilo, apenas secando o Grêmio.
O ABC, coitado, com o qual empatamos no Beira-Rio, serve como comparação entre o Inter do começo do campeonato e este. Como fomos empatar com aquilo? Os caras simplesmente não marcam. Houve um lance em que Winck recebeu uma bola vinda da cobrança de um lateral. Quando se virou para ver quem estava na área notou que ele mesmo estava totalmente sozinho para perder o gol.
Como sugere o menino Tolstói, as felicidades são muito parecidas umas com a outras, já as crises são muito diferentes entre si. Então, escrevendo nesta segunda-feira sobre o jogo de sábado, resta-me pouco a dizer. Digo que não achei nada demais nossa atuação. O fato é que tivemos enormes espaços para jogar e a vitória veio ao natural.
Também acho que houve muito relaxamento em razão da fraqueza do adversário. Esse é um caminho perigoso, Guto, tente deixar a corda esticada.
Nesta rodada, permanecemos a cinco pontos do 5º colocado, o Juventude, mas o JU enfrenta agora o Paraná em Curitiba e espero que, com uma vitória contra o Paysandu, abramos mais pontos da linha dos que não vão para a Série A.
Como disse, nosso próximo jogo é contra o Paysandu no Beira-Rio, sexta (25) às 21h30. O horário é péssimo. Lembram que perdemos em Belém por 1 x 0? Não foi o jogo que causou a demissão de Zago? Pois é. Apesar de estarem na 14ª posição, os paraenses têm notável retrospecto fora de casa. Em média, fazem 1,4 pontos jogando fora. E perdem em casa, apesar de nos terem vencido. Enquanto isso, o Infobola já nos dá 83% de chances de classificação.
Ontem aconteceu uma coisa muito legal. Eu estava atravessando a Redenção, vindo do Bom Fim em direção à Feira do Largo da Epatur, quando um menino que desconhecia me chamou pelo nome e perguntou se podia me acompanhar na caminhada. Apresentou-se como S., arquivista, gremista, 27 anos, faceless e leitor do meu blog e do PQP. Disse que era raro poder ter uma conversa interessante sobre música erudita. Dei uma risada e ele propôs falarmos sobre Mahler. Nossa, S. é muito culto, educado e agradável. Fomos até a Epatur, comprei o que precisava e ele ainda voltou comigo. Acho que conversamos uns 45 minutos. Mahler, Mendelssohn, Mozart, Bach e uma boa análise psicológica das lamentáveis ocorrências (solo dele) da semana foram nossos temas. No dia em que fazia 60 anos, vejo como pode ser bom ter 27 e ser um flâneur de sábado.
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Durante a tarde, recebi este e-mail:
Milton,
Foi um prazer conversar e te agradeço muito a receptividade.
Confirmei aqui. Na verdade, a versão do Herreweghe que estou buscando é a da Missa em Dó menor do Mozart. A missa do Bach tu já disponibilizou. Muito obrigado!
Desejo que tu tenha um belo aniversário! Saúde e alegrias.
Finalizamos a primeira parte de nossa abordagem à Sinfonia dizendo que Beethoven foi o abre-alas para uma nova forma sinfônica, diferente do modelo clássico de Haydn – 4 movimentos: um mov. rápido em forma sonata, um mov. lento, o minueto, outro mov. rápido. Também adiantamos que ele fez a substituição do Minueto do terceiro movimento por um Scherzo.
O Scherzo é um movimento curioso. A palavra significa apenas “brincadeira”. Então, a dança aristocrática francesa do Minueto deu lugar a algo muito próximo do chiste, da piada. O Scherzo tornou-se quase obrigatório na música sinfônica do período romântico, e foi se adaptando às novas formas da composição erudita. Nas sinfonias de Brahms, ele se transformou em Allegretto Grazioso, ou Allegro Giocoso; nas de Anton Bruckner, o nome Scherzo foi mantido, mas ele adquiriu um caráter violento, demoníaco e apocalíptico; nas de Gustav Mahler e Dmitri Shostakovich, tomou uma forma grotesca e tragicômica. Já os compositores nacionalistas, como Tchaikovsky e Dvorák, introduziram nele temas populares de suas etnias.
Quando terminamos nosso texto anterior, Haydn, presente na estreia da Eroica de Beethoven, profetizava: A partir de hoje, tudo mudou. E mudou mesmo. O Scherzo da Eroica já tem pouco a ver com o gentil e aristocrático Minueto. Mas o campeão dentre os Scherzi beethovianos é o da Nona Sinfonia. Tenho uma história pessoal que envolve este Scherzo. Em 2010, quando completou 60 anos, a Ospa tocou a Nona de Beethoven sob a regência de Isaac Karabtchevsky. Eu critiquei a forma como a orquestra tocara o Scherzo. Achei a execução muita lenta. Escrevi uma crítica e uma violinista da Ospa discordou de mim no Facebook. Vieram outros concordar ou discordar com mais ou menos veemência. Mas logo a discussão cessou. Teve gente reclamando que eu e a principal discordante éramos muito educados… Bem, hoje, aquela violinista é a minha mulher Elena. Então, aqui temos duas conclusões: (1) O amor é lindo, né, gente? e (2) discordâncias sobre Scherzi podem ser frutíferas.
O romantismo foi impulsionado pelos processos que se desencadearam na vida musical da Europa no início do século XIX, resultando numa nova situação, inteiramente diversa de tudo aquilo que, no passado, fora a história da música. A partir de então, um público que antes era restrito às cortes e palácios cedeu terreno a outro tipo de plateia, numericamente mais importante e formada em sua maioria por burgueses.
A aristocracia foi abandonando aos poucos seu tradicional papel de promotora das artes, afastada por empresários e músicos, profissionais e amadores, que cada vez mais organizavam eles mesmos concertos públicos. Já desde o início do século, alguns teatros e casas de ópera, como os de Munique e de Dresden, antes exclusivos das cortes, se haviam transformado em instituições públicas.
O romantismo também fez com que a atenção dos artistas se voltasse para o passado de suas respectivas nações, privilegiando assuntos que dissessem respeito a elas e ao público que passara a sustentá-los, o que se observa tanto nos grandes países com tradição musical mais rica, como também nos pequenos (os eslavos e escandinavos, por exemplo) ou nos menos desenvolvidos (como a Rússia).
Beethoven já era um desses artistas, ligado tanto a um público que o admirava, como também a aspectos políticos de sua época. Imaginem que a Sinfonia Nº 3 de Beethoven, a já citada Eroica, era para ser dedicada a Napoleão Bonaparte, pois Beethoven admirava Napoleão e os ideais da Revolução Francesa. Porém, quando o corso autoproclamou-se Imperador da França em 1804, Beethoven retirou a dedicatória de forma bastante característica… Foi até a mesa onde estava a sinfonia já pronta, pegou a primeira página e riscou o nome de Napoleão com tanta força que ficou um buraco no papel. Vejam abaixo a partitura original.
Durante o romantismo, iniciou-se um novo ciclo de obras verdadeiramente originais, que cantavam a força da humanidade, a paixão pela liberdade e a grandeza do espírito humano.
O público aumentou em número, principalmente nos grandes centros europeus, como Londres, Paris e Viena. Na época do romantismo, o compositor passou a conhecer um público novo que o via quase sempre como um ser extraordinário, especialmente dotado. Começou a se desenvolver o culto do gênio.
Quando falamos sobre os Concertos de Brandenburgo, dissemos que, na época de Bach, não havia “noção de obra”, que os autores não estavam preocupados em se colecionarem. O culto do gênio mudou tudo isso. As pessoas não queriam mais música para determinada ocasião. Elas iam aos teatros para ver e ouvir o que gostavam, queriam Beethoven ou Schubert, por exemplo. Passaram a nomear e pedir os autores de sua preferência.
Às vezes, a democratização da música fazia que as autoridades políticas alimentassem suspeitas em relação às sociedades musicais de amadores, cujas reuniões eram regidas, aos olhos das autoridades, por um princípio demasiado democrático, com seus diretores e comitês livremente eleitos e seus membros, provenientes de diferentes classes sociais, trabalhando lado a lado. Mas a democratização era irresistível, acabando por tornar necessária a abertura de grandes salas de concerto, capazes de receber centenas de ouvintes, bem como a criação de organizações especializadas na programação.
Registros da época dão conta que o número de concertos, pelo menos em certas capitais como Londres e Paris, triplicou.
Um grande futuro estava reservado aos concertos oferecidos pelas organizações de empresários e músicos profissionais: foram deles que saíram as orquestras sinfônicas ou filarmônicas associadas a teatros que, mais tarde, iriam ocupar um lugar de honra na vida musical dos diferentes países. Sabem qual é a diferença entre uma orquestra sinfônica e uma filarmônica? Quase nenhuma!
Geralmente uma orquestra sinfônica é mantida pelo poder público federal, estadual ou municipal. Já uma orquestra filarmônica é mantida por uma associação de amigos, uma entidade organizada que capta recursos para a manutenção do grupo. Mas isso atualmente não é mais uma regra.
Juntamente com o culto do gênio veio o culto do virtuosismo. O século XIX assinala o começo desse grande acontecimento, particularmente no que diz respeito ao piano. Mas…
Foi no início do século XIX que o mais brilhante dos virtuoses — o violinista Niccolo Paganini — fez sua fulgurante carreira. O fascínio que Paganini exercia era de tal ordem que se chegou a suspeitar que tivesse um pacto com o demônio. E todos os grandes virtuoses do piano romântico foram estimulados à tentação de rivalizar com ele. Então…
Franz Liszt era algo como um rock star do século XIX, famoso pela histeria que induzia. Tudo começou num concerto em Berlim, em 1841. O fenômeno da Lisztomania – termo criado por Heinrich Heine – se caracterizava por uma histérica reação às performances de Liszt em seus concertos e recitais. Sabem a reação que os Beatles provocavam na plateia? Pois é. Relatos descrevem uma espécie de êxtase místico que arrebatava a audiência do concerto, com pessoas brigando fisicamente por seus lenços e luvas e, sempre que uma das cordas de seu piano arrebentava, fans subiam ao palco para conseguir um pedaço, a fim de fazer braceletes. Nas ruas, era possível ver pessoas usando broches e camafeus com imagens do músico. Certa vez, Liszt jogou no chão o resto de um charuto, sob o olhar de diversas mulheres, que lutaram para conseguir o souvenir.
Claro, o movimento romântico constituiu uma reação contra o racionalismo e o classicismo, opondo, à universalidade dos clássicos, o individualismo e o subjetivismo, a expressão do espírito do artista. Enquanto no classicismo havia uma grande preocupação pelo equilíbrio entre a estrutura formal e a expressividade, no romantismo os compositores buscavam uma maior liberdade da forma e uma expressão mais intensa e vigorosa das emoções.
Além da forte expressividade outra característica marcante no período musical romântico é a chamada música programática ou música descritiva. Não que em outros momentos da história da música não houvesse esse tipo de produção, mas no período romântico, essa é uma tendência bastante acentuada. Neste aspecto, muitas vezes, o romantismo literário se confunde com o musical. Muitos compositores românticos eram ávidos leitores e tinham grande interesse pelas outras artes, relacionando-se estreitamente com escritores e pintores.
Beethoven foi saudado pela geração romântica como o maior dos heróis. O compositor foi o primeiro a concretizar a frustrada ambição de seu contemporâneo Mozart. Descontente com as imposições a que suas composições eram submetidas – especialmente pelo controle produtivo por parte da igreja ou da corte –, Beethoven conseguiu uma bem sucedida carreira de compositor free-lancer, autônomo.
Beethoven é a triunfal figura anunciadora de um novo modo de composição. De suas nove sinfonias, a mais conhecida é a Nona, só que esta deve receber um capítulo especial nesta série. Então, mostremos um movimento de sua Sétima Sinfonia que… Bem, certa vez, uma amiga minha me telefonou por volta da meia-noite. Eu achei estranho; afinal, não era muito íntimo dela. É que ela saíra pela primeira vez com um cara, um psiquiatra. Ela queria que eu dissesse para ela ou mostrasse como era um movimento de uma sinfonia de Beethoven, pois, na despedida deste primeiro encontro ele disse a ela: “Se queres me conhecer melhor, ouça o segundo movimento da Sétima Sinfonia de Beethoven. Sou eu”. Francamente… Quanta pretensão!
A intensidade da vida musical na Viena do século XVIII, faz com que a memória musical forme a seguinte sucessão: Haydn, Mozart, Beethoven, Schubert.
A trágica e breve vida de Franz Schubert (1797-1828), talvez o maior de todos os melodistas, é constantemente encoberta por sua música. Viveu 31 anos, sofrendo de sífilis desde os 25. Morreu provavelmente de febre tifoide. “O músico mais poeta que já existiu”, segundo Liszt. Aos 17 anos, já atingira a maturidade na composição, e sua vasta produção mostra espantosa fluência. Sua Sinfonia Nº 8, a Inacabada, assim como a Nº 9, chamada A Grande, vários ciclos de canções, Quartetos de Cordas, Quinteto para piano A Truta são algumas de suas obras-primas.
Um dos músicos mais dotados e completos da história, Felix Mendelssohn é o mais clássico dentre os românticos. Era um compositor admirado por seu enorme charme e imaginação, sobretudo na Inglaterra. Entre suas obras mais notáveis estão as Canções sem palavras para piano solo, a Sinfonia nº 4, Italiana, e o Concerto para violino em Mi menor. E temos a Marcha Nupcial, retirada de Sonho de uma Noite de Verão, que é ouvida repetidamente a cada sábado nos casamentos.
Robert Schumann (1810-1856) criou uma música ao mesmo tempo introspectiva e bombástica. Viveu na angustia entre ser poeta ou músico. Depois de ter optado pela música, prossegue a divisão, entre duas assinaturas: Eusebius, “o terno”, ou Florestan, o “selvagem”, personagens distintos que se revezam (e que às vezes aparecem simultaneamente) encobrindo a assinatura de Robert Schumann. Também foi crítico musical. Problemas psíquicos surgidos relativamente cedo e a loucura dos últimos anos — que exigiu internação em asilo psiquiátrico — completam o quadro sombrio romântico-romanesco da vida do compositor. Atrevidamente original, Schumann captou, como ninguém, o espírito inocente dos primórdios da literatura romântica alemã. Organizava-se estranhamente. Houve o ano em que apenas compôs Lieder (canções), o ano que em só escreveu da música de câmara, outro só sinfônias, etc. A Sinfonia nº 3, Renana, a suíte Carnaval para piano e o ciclo de canções Dichteliebe são pérolas.
Johannes Brahms. Compositor denso, intenso, do mais alto nível. O pai era contrabaixista de cervejaria, e a mãe completava o orçamento familiar costurando para fora. Desde os dez anos, acompanhava o pai às tabernas, onde também tocava durante uma parte da noite. Esta atividade precoce foi nociva tanto para a saúde quanto para a cultura geral do menino – tendo deixado a escola muito cedo, durante toda a vida iria conservar complexos típicos de autodidata diante da chamada alta cultura. Uma bela amizade desenvolveu-se entre Brahms e os Schumann (Robert e sua esposa Clara). A casa do casal conservou-se sempre aberta para ele, que passava longos períodos na biblioteca de Schumann, que o amava como a um filho. Quanto à relação do jovem e belo “deus louro Brahms” com Clara, muitas hipóteses são possíveis, mas uma só coisa é certa: Brahms e Clara Schumann destruíram a maior parte dos documentos que lhes diziam respeito. Ele era homem de temperamento difícil, compôs obras-primas em todos os gêneros – excetuando-se a ópera –, como as Sinfonias Nº 1 e Nº 4, o Concerto para violino, o Réquiem Alemão e os Concertos para piano. Brahms é, juntamente com Bruckner, o último grande sinfonista da pura tradição germânica. Depois dele, a sinfonia mudou cada vez mais, fosse para tomar o caminho do poema sinfônico (Richard Strauss), fosse para ganhar outras e novas dimensões com Mahler. Sua Sinfonia n° 1 foi chamada de a Décima de Beethoven. Bobagem, é puro Brahms. Somos apaixonados pelo primeiro movimento da Sinfonia N° 4 que, em seu final, presta uma monumental homenagem a Bach.
Antonín Dvorák foi um compositor tcheco que usou nas suas obras muitas melodias populares da Morávia e da Boêmia, onde nasceu. Era filho de um estalajadeiro e estava destinado a suceder o pai no negócio da familia. Tomou-se de paixão pela música tocando violino com seu professor primário. Um de seus tios ajudou-o a inscrever-se no curso de órgão do Conservatório de Praga. Em suas melhores e mais conhecidas obras incluem-se as Sinfonias N° 8 e 9, as Danças Eslavas, o Quarteto de Cordas Americano e Concerto para Violoncelo. Dvorák compôs nove sinfonias, das quais a última, Sinfonia N° 9, foi composta em 1893 durante sua estada em Nova York. Ela é conhecida pelo nome de Sinfonia do Novo Mundo.
Deixemos Tchaikovsky, Bruckner e Mahler para a terceira parte, certo?
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Sensacional vídeo da Classic FM pergunta: Que peça faz os maestros reagirem assim?
Liu Yongbiao, um autor premiado em seu país, foi preso por um crime perpetrado há 22 anos. Ele estava trabalhando em seu próximo livro, um policial, quando as autoridades lhe bateram à porta. A obra já tinha um nome, A bela escritora que matou, talvez venha a ter de ser acabada atrás das grades. O autor chinês foi detido pela polícia na sexta-feira por suspeitas de ter estado diretamente envolvido nos homicídios de quatro pessoas, há mais de duas décadas.
“Estive aqui à vossa espera este tempo todo”, teria dito Liu às autoridades quando estas irromperam pela sua casa, às primeiras horas de sexta-feira.
De acordo com a imprensa chinesa, Liu Youngbiao, um premiado escritor chinês de 53 anos, foi detido na sua casa, na província de Anhui, na região ocidental do país. A polícia acredita que o autor esteve diretamente envolvido nos homicídios de quatro pessoas, em 1995.
Liu seria um dos dois homens que, nesse ano, na noite de 29 de novembro, invadiram uma pensão em Huzhou, na província de Zhejiang, para assaltar os seus hóspedes.
Mas o roubo não ocorreu como os ladrões esperavam. Quando uma das vítimas, um homem, mostrou resistência, foi espancado até à morte. Depois, numa tentativa de esconderem o crime, os dois indivíduos mataram mais pessoas: o casal que era dono do estabelecimento e o neto, um rapaz de 13 anos.
Os crimes cometidos há 22 anos estão agora mais perto de serem resolvidos. Liu e um homem de 64 anos, apenas identificado como Wang, foram considerados os principais suspeitos.
Os investigadores não explicaram exatamente como chegaram ao escritor, garantindo apenas que conseguiram grandes avanços no processo graças à tecnologia de identificação a partir do DNA.
Liu nasceu em Anhui, uma das províncias mais pobres da China, e tornou-se escritor depois de não ter conseguido entrar na universidade.
O sucesso literário veio em 2005, com a publicação do livro Um Filme, pela maior editora da China. Em 2013, foi admitido na Associação de Escritores chineses. O autor ficou ainda mais famoso depois de um dos seus romances ter sido adaptado a uma série de televisão.
No prefácio de um dos seus romances, o autor revelou que estava a trabalhar numa nova obra sobre uma escritora que tinha escapado às autoridades apesar de ter cometido uma série de homicídios, A bela escritora que matou. A imprensa chinesa questiona agora se este projeto não teria mais a ver com fatos reais do que com a imaginação do autor.
De acordo com uma fonte policial, Liu deixou uma carta à mulher onde confessa que esperava há mais de duas décadas que a polícia o encontrasse.
“Agora posso finalmente ficar livre do tormento mental que aguentei por tanto tempo”, escreveu, nessa nota.
Guto, eu acho que o Inter tem graves problemas na armação de jogadas com D`Alessandro e Sasha atuando como articuladores, mas há que considerar a tremenda retranca do Londrina. Lembram daqueles times de handebol que formam uma muralha na frente de sua goleira? Foi isso que os paranaenses fizeram. Era muito difícil entrar, ainda mais com Sasha e seus passes errados. Sasha auxilia muito na marcação, só que ontem talvez fosse melhor atuar com Camilo — jogador muito mais criativo e que sabe bater na bola.
Não jogamos bem, principalmente no primeiro tempo, mas ganhamos. Mesmo no início do segundo tempo não criamos grandes chances de gol, mas o Londrina foi querido na bola aérea. Guto, mesmo antes do Londrina empatar a partida, já achava que Nico e Camilo deveriam entrar. O time deles se abria nós não tínhamos velocidade. Era o momento de matar o jogo, mas tu ficaste pensando em como seria teu sanduíche após a partida.
O gol deles nasceu por absoluta negligência do Winck e dos volantes. A bola foi passando e passando no meio deles… Deixaram um para o outro até que o tal de Artur se interessou pela brincadeira e roubou a bola. O início da jogada foi pífio e teve o cheiro daquela conhecida desídia de 2016.
Porém, agora temos mais indignação — não nego teus méritos neste quesito — e o time foi à luta. Perdemos gols e acabamos marcando sempre do mesmo jeito, com nossos zagueiros castigando o Londrina com cabeçadas certeiras. Grande Klaus, Grande Cuesta! Excelente cobrança de falta de D`Alessandro para o gol de Cuesta e, notáveis escanteios batidos por Camilo para os dois gols de Klaus.
Apesar de achar que estamos consolidados no G-4, sou gato escaldado e fico de olho no quinto lugar. Esta foi nossa quarta vitória consecutiva e estamos em 2º lugar, cinco pontos à frente do primeiro que não sobe. Temos 36 pontos em 20 jogos. Não é grande coisa, mas dá tranquilidade.
O próximo jogo será no próximo sábado (dia 19, glorioso dia do aniversário deste que vos escreve) lá em Natal, contra o ABC. O ABC é o 19º colocado com apenas 16 pontos, tem feito uma média de 1,1 pontos por jogo em casa e adora perder por 1 x 0. É jogo para ganhar, Guto.
Só presta bem atenção no que acontece quando entram Nico López, Camilo e Gutiérrez no time. Os caras estão pedindo passagem.
Meu aniversário é apenas dia 19, mas acho que recebi hoje o melhor presente de aniversário de minha vida. Minha mulher, Elena Romanov, que é uma violinista de raro brilho, fez toda uma preparação secreta. Levou-me até uma pequena igreja aqui de Salvador do Sul, dizendo que queria estudar violino num espaço que não fosse acusticamente “seco” como nosso quarto de hotel. Pediu que eu levasse um livro para ler, a fim de não me entediar. OK. Lá chegando, após fazer algumas escalas, me pediu que eu fosse sentar em um lugar determinado e começou a tocar a Chaconne de Bach. No início eu achei “puxa, que bem tocado” para uma brincadeira improvisada, mas a coisa se estendeu de tal forma e com tamanha perfeição e musicalidade que primeiro me emocionei a ponto de ver surgirem algumas lágrimas e depois mais ainda porque me dei conta de que aquilo, talvez, fosse um presente imaterial para mim. Quando fui agradecer, apareceu um sujeito na igreja vazia falando para ela “Eu entrei aqui para fazer umas preces, mas depois disso já considero que tenha feito”.
Obrigado, Elena.
(Imaginem que ela decorou a enorme peça para que eu não pudesse saber de nada antecipadamente, vendo as partituras que ela levava).
Ao visitar um amigo, vizinho ou apenas conhecido, os russos geralmente levam consigo um pequeno mimo – seja chocolate, bolo, flores ou brinquedos para uma criança. Não é o presente em si que conta, mas a lembrança. É comum ouvir russos dizerem: “Não podemos visitar alguém de mãos vazias!”.
2. Não tire a colher da xícara de chá
Na época soviética, as pessoas brincavam que os russos bebiam chá com o olho direito fechado, para não se machucarem com a colher usada para mexer.
Apesar de ser um mistério por que os russos fazem isso, fato é que, quando há uma colher dentro da xícara de chá, a bebida tende a esfriar mais rápido – além de ficar mais saborosa.
3. Comemore o Ano Novo em dose dupla
Antes de 1918, os russos usavam o calendário juliano, que hoje acumula uma diferença de 13 dias em relação ao calendário gregoriano. Embora a Rússia tenha adotado o último há muito tempo, o Ano Novo à moda antiga (ainda chamado de Ano Novo) continua sendo celebrado. No fim das contas, são duas festas e dois banquetes – e, é claro, duas chances de fazer desejos e promessas.
4. Tome sorvete mesmo no inverno
O frio, que persiste por meses, não é desculpa para desistir de tomar sorvete. Em algumas cidades, as banquinhas de sorvete permanecem abertas mesmo quando a temperatura cai abaixo de zero. Para evitar aquela sensação de gelo na garganta, muitos russos misturam o sorvete com geleia (varenie).
5. Faça, mas na última hora
Os russos costumam terminar suas obrigações no último minuto disponível. Embora comecem devagar, sabem dar um gás no final para cumprir o prazo.
Se, por um lado, isso indica a incapacidade de planejar-se com antecedência, por outro, é também sinal de uma tremenda habilidade de conclui algo às pressas.
A mentalidade pode ser resumida na seguinte piada:
Um professor pergunta ao aluno:
“Quanto tempo você precisará para aprender chinês?”
E o aluno responde: “Qual é o prazo?”
6. Mantenha o otimismo
O desligamento anual de água quente por alguns dias, os verões gelados (2017, especialmente), crise financeira – os russos tendem a lidar a encarar os problemas com otimismo. Enchem baldes de água, tiram o casaco do armário e economizam onde for possível. “O que não mata, engorda”.