Estarei lá na APPOA dizendo umas bobagens. Ver o filme é de “de grátis” e, se minha fala for pura enrolação, sempre haverá o conhecimento e a consistência do Enéas e do Robson.
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Modesta reflexão sobre a “arte” de ver filmes
Dia desses, em questão de minutos, entraram em meu esquecido Feedly duas críticas acerca do filme argentino O Cidadão Ilustre, de Gastón Duprat e Mariano Cohn. Uma tinha sido publicada domingo e outra segunda-feira. A do domingo era constrangedora. A de segunda-feira era excelente. O fato da primeira ser contrária ao filme não significa nada, há críticas devastadoras que demonstram extrema compreensão de quem viu a obra, assim como é normalíssimo vermos elogios que mal tocam sua superfície. Meus 59 anos me mandam dizer que, quem não sabe ver filmes, habitualmente não sabe ver peças de teatro, e pior, não sabe interpretar livros. Sim, o pacote parece vir instalado completo, sem personalizações, à exceção do caso da música, que merece outro post.
Ontem, apesar da chuva, caminhei bastante pela rua, e pude pensar sobre as armadilhas que os alguns autores modernos exigem de seus leitores-expectadores. Mesmo um filme aparentemente simples como Cópia Fiel, está cheio de armadilhas para serem destrinchadas por um expectador que não seria mais um mero receptor e sim um intérprete que tem de trabalhar um pouquinho para entender o filme. No caso do citado filme de Kiarostami, o quebra-cabeça começa pelo título do filme. O nome original está em italiano, Copie Conforme. Em italiano Copie significa Cópia, mas Coppie é Casal, enquanto Conforme pode ser Fiel ou Conformado. É muito mais do que um trocadilho idiota, tem tudo a ver com o filme.
Refleti principalmente sobre o cinema porque ele é a arte mais pública e comum que temos. É difícil de se encontrar com alguém que leu há pouco exatamente o livro que a gente quer comentar. Já com os filmes é simples. Como estão em cartaz, todos os meus amigos viram O Cidadão Ilustre ou Perdidos em Paris. Dá para trocar ideias. O cinema é a grande cultura pública de nosso tempo.
O problema de certa crítica é não causado pela falta de inteligência, mas antes de falta de vivência ou pura desatenção para com a coisa artística. Lembrei dos ensaios de Bakhtin sobre Dostoiévski e de como O Idiota passou a figurar automaticamente ao lado de Os Irmãos Karamázovi como meu livro preferido de Dostô — sempre acompanhado do primeiro que conheci (a primeira vez a gente nunca esquece), Crime e Castigo. Quando li o que escrevera Bakhtin, tive que voltar a O Idiota e pensar que o título referia-se a alguém como eu… Hum… Ontem, enquanto caminhava, ri sozinho ao lembrar que Marcelo Backes cometera EM LIVRO o erro de deixar por escrito que eu seria o melhor leitor não-profissional que ele conhecera. Acho que dou a impressão de ser alguém mais inteligente do que sou. Que siga assim…
Mas avancemos: considerando aquele comentarista constrangedor e pensando que praticamente todos os grandes cineastas realizam/realizaram trabalhos sobre a linguagem, gente como ele está a ponto de dizer que — para citar apenas os vivos — Sokúrov, Kusturica, von Trier, Lynch, os irmãos Cohen, Moodysson, Sorrentino, Hartley, Polanski, Vinterberg, Haneke, P. T. Anderson são ruins, pois abusam de situações que representam outras.
Não é um assunto que me faça morrer, o que escrevo é uma reflexão vagabunda que é, para mim, nada mais do que uma curiosidade. É que quando li a primeira crítica me pareceu que o cara estava decididamente em outro mundo, numa faixa própria de esquizofrenia e estupidez. Será que ver certos filmes requer alguma especialização?
O que o Facebook vê quando nos apaixonamos
via Fernando Guimarães
tradução e adaptação libérrimas de Milton Ribeiro
Durante os 100 dias antes do início da relação, observamos um aumento lento, mas constante, no número de postagens compartilhadas entre o futuro casal. A outra notícia é que os cientistas do Facebook sabem mesmo demais a nosso respeito.
Viram? O Facebook pode entender muito bem suas intenções e perspectivas românticas.
Em um post publicado pelo Facebook Data Science, um grupo de cientistas da empresa anunciou que há evidências estatísticas que sugerem claramente o surgimento de relacionamentos antes que eles ocorram.
“Como os casais tornam-se casais”, escreve o cientista de dados Facebook Carlos Diuk, “as duas pessoas entram em um período de aproximação, durante o qual o tempo de Facebook aumenta. Depois que o casal torna-se oficial (em relacionamento sério), seus posts diminuem drasticamente, presumivelmente porque os dois estão felizes e passam mais tempo juntos”.
No post, Diuk dá números claros:
Durante os 100 dias que antecedem o início da relação, observa-se um aumento lento, mas constante, no número de postagens compartilhadas entre o futuro casal. Eles se curtem, chamam a atenção um do outro. Quando a relação começa (“dia 0”), os posts começam a diminuir. Observamos um pico médio de 1,67 postos por dia 12 dias antes do início da relação e depois os números começam a cair. Entendemos que os casais decidem passar mais tempo juntos e as interações on-line dão lugar a interações no mundo físico.
Você pode ver esses dados no gráfico acima. O número de posts no perfil sobe e sobe, até cair quando as coisas se tornam oficiais.
A equipe do Facebook Data Science costuma divulgar informações amorosas dentro do enorme volume de dados da empresa possui sobre relações sociais. Eles também sabem o quanto os relacionamentos duram normalmente e como o amor se correlaciona com religião e idade. Já os dados comerciais eles não gostam tanto de divulgar…
Voltando a nosso tema, Diuk também revela que, ao mesmo que o número de postos diminui, estes se tornam mais felizes. “Observamos uma espetacular melhora no humor após o ‘dia 0’. Aqui está um gráfico descrevendo essa mudança:
Para a análise de sentimentos como os descritos acima, a ciência está longe de ser perfeita. Os robôs não são muito bons em interpretação e sarcasmo. Mas muitas vezes é interessante saber.
A equipe tomou vários cuidados para não errar muito. A fim de eliminar os falsos relacionamentos do Facebook, ele só analisou os casais que entraram em “relacionamento sério” entre os meses de abril e outubro, evitando os períodos de festas.
Texto matemático: onde está o erro?
Ave australiana canta aos ovos para avisar que está calor
Desenvolvimento do mandarim é influenciado pelo canto dos progenitores. Descoberta mostra que há espécies que podem adaptar-se melhor às alterações climáticas.
Do Publico.pt
É uma surpresa no mundo animal. Uma ave australiana consegue ativamente influenciar o desenvolvimento da sua descendência quando os embriões ainda estão nos ovos. Nos dias mais quentes, os progenitores da espécie mandarim (Taeniopygia guttata) têm um canto especial para os seus ovos. Isso faz com que os pintos, depois de saírem dos ovos, cresçam menos do que outros indivíduos da espécie que não ouviram o canto especial, mostra um estudo publicado na revista científica Science.
Estudos feitos no passado mostravam que os embriões dentro dos ovos conseguiam ouvir e até emitir sons. Este tipo de comunicação tem importância na vida das aves. Segundo o artigo: “Já se tinha descoberto que a comunicação acústica pré-natal pode influenciar a sincronização da altura em que os pintos saem do ovo e permitir aos embriões pedirem aos progenitores para incubarem os ovos.”
Mas esta capacidade dos mandarins tinha passado despercebida até agora. Estas aves vivem em habitats secos na Austrália. Uma das suas características comportamentais é produzirem ninhadas quando há bom tempo, independentemente das estações do ano.
Mylene Mariette, co-autora do artigo com Katherine Buchanan, ambas do Centro de Ecologia Integrativa da Universidade de Deakin em Waurn Ponds, na Austrália, foi quem identificou a existência destes cantos especiais, que tanto as fêmeas como os machos fazem quando o parceiro ou a parceira está longe do ninho.
A curiosidade levou Mylene Mariette a tentar descobrir a razão destes cantos. A investigadora verificou que os cantos só se davam nos últimos cinco dias do desenvolvimento dos embriões dentro dos ovos e apenas quando a temperatura máxima desse dia ultrapassava os 26 graus Celsius.
Para tentar compreender o efeito destes cantos, a equipa fez uma série de experiências em ambiente controlado. Na primeira, as investigadoras submeteram um grupo de ovos de mandarim, nos últimos cinco dias de desenvolvimento, aos cantos descobertos por Mylene Mariette que entretanto foram gravados. Um segundo grupo de ovos foi submetido às mesmas condições de humidade e temperatura, mas com os cantos normais.
Ao nascerem, os pintainhos de ambos os grupos tinham o mesmo tamanho normal. Mas passados alguns dias, as investigadoras mediram os pintainhos e verificaram que os que tinham sido submetidos ao canto especial eram mais pequenos. “Isto significa que o ambiente acústico antes do nascimento tem um impacto maior do que pensávamos”, sublinha Mylene Mariette, citada numa notícia da BBC News.
A equipa pensa que o corpo menor é uma resposta a um clima mais quente. “Com um corpo mais pequeno, os mandarins perdem calor mais facilmente”, explica Mylene Mariette, citada numa notícia da Science. Além disso, as cientistas colocam a hipótese de que um corpo mais pequeno evita reacções celulares com efeitos negativos que são mais frequentes quando a temperatura ambiente é maior.
Mas as mudanças desta população não se ficam por aqui. As aves submetidas aos cantos especiais têm tendência a fazer o ninho num ambiente mais quente do que o outro grupo. Além disso, quando submetidas a temperaturas maiores, elas põem mais ovos do que as aves maiores que não ouviram o canto a anunciar mais calor. Por outro lado, em ambientes mais frios, são as aves maiores que põem mais ovos.
Este tipo de controlo no desenvolvimento dos pintos, que tem influência no próprio comportamento quando são adultos, pode ser importante num mundo cada vez mais quente devido às alterações climáticas.
“Não quer dizer que estas aves vão ser capazes de se reproduzirem a temperaturas extremas”, avisa Mylene Mariette, citada pela BBC News. “Mas o que é encorajador é que é uma estratégia que os pássaros usam para ajustar o crescimento da sua descendência à temperatura do ambiente.”
NASA descobre planeta coberto de maconha
Fonte: Newswatch
A NASA anunciou esta manhã que foi descoberto um planeta completamente coberto com marijuana, algo que pegou os cientistas completamente de surpresa.
O planeta X637Z-43, descoberto pelo satélite Kepler da NASA, também seria um dos poucos planetas potencialmente habitáveis de acordo com especialistas da agência, que detectaram níveis suficientes de oxigênio e nitrogênio para manter a vida humana.
A presença de maconha em outros planetas poderia incentivar fortemente as futuras gerações a desenvolverem interesse na exploração do espaço, acreditam alguns especialistas.
“Nós sempre pensamos que os jovens não se interessam por nada, mas é falso. Os jovens amam fumar maconha”, explica David Charbonneau, astrônomo do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica.
“As análises de concentração de clorofila gerado pela Kepler nos levam a crer que o nível de THC nestas plantas de maconha é 3000% maior do que as plantas encontradas na Terra. Se isso não motivar os jovens a explorarem o espaço, eu não sei o que irá”, admite o especialista, claramente entusiasmado.
“Independentemente disso, a maconha, sem dúvida, será um recurso valioso e indispensável para viagens interestelares; afinal, são viagens muito longas”, o cientista admite, com realismo.
Desde a descoberta, a NASA lançou uma campanha em mídias sociais para nomear o novo planeta e até agora, o nome de Bob Marley assumiu a liderança, com mais de 2.094.367 votos no momento do presente relatório.
Agora vai começar a verdadeira corrida espacial.
Tradução livre de Milton Ribeiro.
De como funciona o pacto da mediocridade e outros pactos
A experiência é real e foi conduzida por um cientista norte-americano chamado Harry F. Harlow (1905-1981). Achei fascinante.
Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro colocaram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas.
Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jato de água gelada nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas.
Passado mais algum tempo, nenhum macaco tentava subir mais a escada, apesar de ser tentadora a visão da fruta predileta tão próxima dos olhos. Então, os mesmos cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que o pobre fez foi subir a escada para colher as belíssimas bananas, sendo retirado de lá imediatamente pelos outros, sob uma chuva de pancadas.
Depois de algumas surras, o novo integrante assimilou a ideia do grupo e não tentou mais subir a escada, apesar de continuar lambendo os beiços cá debaixo.
Um segundo macaco foi substituído, e o mesmo aconteceu, tendo o primeiro macaco substituído participado com alegria e entusiasmo do corretivo que o grupo impôs ao segundo novato.
Um terceiro macaco foi trocado, e repetiu-se o fato. E assim fizeram com o quarto, e finalmente com o quinto e último dos veteranos. Deste modo, todo o grupo foi substituído.
Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas.
Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria:
“Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui.”
Um pequeno documentário sobre a expedição de Shackleton e seu Endurance
Parece uma história inventada por Jack London, só que é verídica. Sabendo de minha admiração, o Augusto Maurer me passou o link do filme abaixo a respeito do Endurance. Há também o livro de Caroline Alexander que, para lá de ser uma excelente narrativa, traz as fotos de Frank Hurley em todo o seu esplendor, como pode ser visto em parte no link acima. O irlandês Shackleton perdeu a corrida ao local do Polo Sul para Amundsen, mas sua jornada e competência em salvar todos os seus homens é fascinante. Certo, toda esta admiração pode ser “coisa de menino”, mas como e para que matá-lo em nós?
O dia em que o mundo não acabou
Publicado em 22 de dezembro de 2012 no Sul21
Esta matéria foi escrita na tarde de 21 de dezembro e programada para ser publicada na madrugada do dia 22. Evidentemente, quando foi escrita, o mundo ainda existia e, se você a está lendo neste momento, temos outra evidência de que o mundo, mais uma vez, não acabou e que você pode preparar-se com tranquilidade para as festividades natalinas. Este é o motivo de nosso título altamente confiante.
A sigla Nasa significa National Aeronautics and Space Administration. Ignoramos como os EUA obtêm administrar o espaço sideral, mas estivemos de olho em seus informes. Estes garantiam que nada estava sendo ocultado e que nenhum fenômeno celeste rondava nosso planeta. O tal Niburi, planeta quatro vezes maior que a Terra e que estaria em rota de colisão conosco — em exata analogia com o filme Melancolia, de Lars von Trier — , nem passou perto. Se o Niburi viesse de encontro à Terra, seria uma catástrofe muito maior do que aquela que teve como resultado a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos. Na época, um asteroide de 10 a 15 km de diâmetro caiu sobre a atual península de Yucatán, no México. Don Yeomans, cientista do Laboratório de Propulsão de Jatos da Nasa, acrescenta que, se o Nibiru estivesse chegando, ele seria visível, muito visível, mesmo a olho nu, como o foi no filme de von Trier.
Nada visível foi outra ameaça prevista e que também foi afastada pela Nasa: a de uma grande tempestade solar. Segundo a Nasa, a previsão do tempo no Sol é a seguinte para os próximos meses: as tempestades solares se acentuarão e seu máximo deverá ser no mês de maio. Mas, garante Yeomans, trata-se de ciclos normais. A cada 11 anos, o sol passa por uma fase chamada de “máxima solar”. Durante esta fase ou qualquer outra, a Terra é muito pouco afetada. Diz a Nasa que um “apagão solar” está previsto apenas para daqui a 5 bilhões de anos, quando Sol se tornará um gigante vermelho. Antes disso, o calor galopante provocará a evaporação dos oceanos e o desaparecimento de nossa atmosfera. Depois, o astro-rei se resfriará até a extinção. Então, em nota tranquilizadora emitida dias antes do suposto fim do mundo, a Nasa negou também o fim do Sol, ao menos nos próximos dias.
Para os homofóbicos pensarem sobre a amplitude das "anormalidades"
Pinguins homossexuais se tornam pais
Eles receberam um ovo rejeitado por uma fêmea – o filhote nasceu saudável e está sendo cuidado pelos novos papais
Os famosos pinguins homossexuais do zoológico Odense, na Dinamarca, agora são papais. Após expressarem a vontade de terem um filhote (seus veterinários contam que o casal tentava roubar ovos de outros pinguins), eles receberam um ovo para chamar de seu.
Os pais biológicos do ovo doado haviam rejeitado, já que a fêmea havia botado dois ovos – e os pinguins cuidam de apenas um por vez. Como os pinguins homossexuais já haviam praticado a incubação com um ovo artificial, doado pelos veterinários, eles receberam o ovo de verdade e o incubaram com sucesso.
Agora, os papais já cuidam de seu filhote recém-nascido. O sexo do pinguinzinho ainda não pode ser determinado (é possível saber apenas após os primeiros 9 meses de vida).
Essa espécie é conhecida como Pinguim-Imperador. Eles são os maiores pinguins conhecidos, podendo medir até 1,20 metro. Vivem na região da Antártida.
Confira as imagens da mais nova família do Zoo Odense (fotos de Ard Joungsma / Odense ZOO):
A verdadeira carta de Einstein sobre Deus é leiloada no eBay, mas é bom saber seu conteúdo
Tirado daqui, ó. Só não coloquei as fotos das cartas a serem leiloadas.
Um ano antes de morrer, o célebre físico Albert Einstein escreveu, em 24 de março de 1954, uma carta ao filósofo judeu Eric B. Gutkind, expressando sua visão sobre o povo judeu, as religiões e a existência de Deus. O documento estará em leilão no eBay de 8 a 18 de outubro, com lance inicial de US$ 3 milhões (mais de R$ 6 milhões).
“Estamos excitados por oferecer a uma pessoa ou organização a oportunidade de possuir um dos documentos mais intrigantes do século 20″, disse Eric Gazin, presidente da Auction House (agência que está cuidando da venda), em entrevista ao LiveScience. “Esta carta pessoal de Einstein representa um nexo entre ciência, teologia, razão e cultura”.
Einstein x Deus e as religiões
A carta era uma resposta do físico ao livro de Gutkind “Choose Life: The Biblical Call to Revolt” (“Escolha a Vida: A Chamada Bíblica à Revolta”), no qual o filósofo sustentava a ideia de que os judeus eram um povo de “alma incorruptível”. “A alma do povo judeu nunca foi uma alma de massas. A alma de Israel não poderia ser hipnotizada; nunca sucumbiu a ataques hipnóticos (…). A alma de Israel é incorruptível”, escreveu.
Einstein não concordava:
Para mim, a religião judaica é, da mesma forma que todas as outras, uma incarnação das superstições mais infantis. E o povo judeu, ao qual eu pertenço com boa vontade, e que tem uma mentalidade com a qual tenho uma afinidade profunda, não tem, para mim, uma qualidade que o difere de qualquer outro povo. Até onde minha experiência vai, ele também não é melhor que outros grupos humanos, embora esteja protegido dos piores cânceres por falta de poder. Fora isso, não consigo ver nada de ‘escolhido’ sobre ele.
No final de sua vida, Einstein se mostrou contrário às religiões. Mas ele acreditava em Deus? Não exatamente, como se lê em uma carta escrita em 24 de março daquele mesmo ano:
Foi, é claro, uma mentira o que você leu sobre minhas convicções religiosas, uma mentira que foi repetida de forma sistemática. Eu não acredito em um Deus pessoal, nunca neguei isso, mas expressei de forma clara. Se algo em mim pode ser chamado de religioso, é minha ilimitada admiração pela estrutura do mundo que nossa ciência é capaz de revelar.
Na carta a Gutkind, Einstein disse que a palavra “Deus” nada mais era do que “a expressão e produto da fraqueza humana, e a Bíblia, uma coleção de honoráveis, porém primitivas lendas que eram no entanto bastante infantis”.
Comentário de Milton Ribeiro:
Trá-lá-lá!
Recomendamos, com veemência, não ficar em casa no fim de semana
É.
Een gelukkige verjaardag, Vincent Van Gogh
Hoje é o aniversário do maior dos nossos. Hoje faz 158 anos que nasceu o DALTÔNICO Van Gogh. Como disse alguém aí: “Van Gogh era daltónico. Entonces los enfermos somos los que no lo somos, eso está claro”.
Agradeço ao Igor Natusch pela lembrança e pelo holandês.
As dez mentiras mais usadas pelas mulheres
A página panamenha do Terra nos mostra uma “pesquisa” mas não diz onde, nem quando, nem quem foi pesquisado. Provavelmente criada dentro da redação do site, a “pesquisa” tem jeito de Revista Contigo, mas me diverte. Os comentários do ponto de vista feminino são da redação e os itálicos, meus.
1. Você é tão bom de cama.
Não só é uma questão de fazer o outro se sentir bem e massagear seu ego, mas uma forma de esconder que muitas vezes não nos sentimos satisfeitas e acreditamos que seja por nossa culpa. Essa mentira se confirma com o alto índice de mulheres que fingem seus orgasmos, o que demonstra a pouca comunicação que existe sobre esse assunto.
Já ouvi esta. Não acreditei, mas ao mesmo tempo surpreendi-me pensando em como é baixa minha auto-estima. Prova de que gostaria de ter acreditado… ou de que acreditei, claro.
2. Que simpática a sua ex.
Mesmo que nos consuma de ódio cada vez que encontramos com ela, ou quando ela está perto do nosso namorado, não podemos demonstrar insegurança e cair matando em críticas. Pretendemos ser uma boa parceira e isso inclui tolerância. E além disso, é melhor estar próxima dos inimigos para poder ter o controle.
Essa eu nunca ouvi. Até porque, considerando-se minha ex, seria uma mentira por demais descarada. Sobre a penúltima ouvi: “como é bonita”. E era verdade.
3. O problema sou eu, não você.
Parece mais uma mentira masculina do que feminina? Ainda que seja, a verdade é que as mulheres costumam dizer essa frase mais vezes do que os homens, já que possuem muito mais conflitos internos com relação à certeza dos sentimentos, sendo assim, diante de qualquer dúvida, acabam se escondendo por meio dessa mentira. É uma forma simples e reservada de sair de um problema.
Sim, sim, claro que ouvi. Mas – contrariamente ao que redação escreve – é uma frase que pede uma conversa e, toda a vez que esta evoluiu, grande parte da culpa acabou caindo no meu colo.
4. Que delícia a comida que você fez.
Ainda que seja o prato mais desagradável que você já tenha provado na sua vida, não existe a possibilidade de dizer que não gostou, já que essa é a única forma para que a nossa batalha para que ele nos ajude na cozinha não seja perdida. Diante de alguma crítica, ele jamais voltaria a se meter no nosso terreno. Melhor engolir, tomar água e fingir.
Acho que não ouvi como mentira. Só faço churrasco e acho que os elogios e críticas sempre foram sinceros.
5. Não está acontecendo nada.
Quantas vezes não usamos esta frase para evitar que ele perceba como estamos furiosas? Milhares. E só fazermos isso para não entrarmos em conflito ou quem sabe para que ele não se dê conta de que o que nos incomoda é algo que eles consideram grandes bobagens. O problema é que em algum momento explodimos e mais do que deveríamos.
Ouvi várias vezes. Porém, costumeiramente esta frase é dita de forma histérica ou mesmo gritada. Não é uma mentira, portanto; é uma ironia ou deboche.
6. Saia com seus amigos, não tem problema.
Ciumenta eu? Não, confio 100% em você. Mesmo que a gente morra de ciúmes e que seja impossível não pensar que entre homens seu namorado pode fazer mais de uma besteira, não podemos permitir que ele ou os amigos dele nos vejam como a “bruxa”. É fundamental que, acima de tudo, os amigos dele nos vejam como uma aliada. Dessa forma, teremos a aprovação deles e isso evitará que o incentivem a trair-nos com outra mulher.
Ouvi, mas acho que não foi pelos motivos acima. Costumava sair com os amigos para jogar futebol…
7. Tem um cara no meu trabalho que me paquera.
É óbvio que “esse homem” não existe, mas claro que ele não precisa saber disso. Esta é uma mentira clássica e que contamos nos mínimos detalhes para deixar claro que na vida não há nada 100% seguro e que ele deve estar constantemente nos conquistando, caso contrário podemos mudar para o outro lado.
E quando existe? No meu caso, há uns vinte anos, pude constatar inclusive por escrito. Depois de ficar indignado, reagi como o descrito acima e mais: numa festa com a presença do desgraçado, troquei muitos abraços com minha mulher, dei-lhe muitos beijos, nos acariciamos, fizemos brindes particulares… O outro lado sumiu. Ou será fui enganado e tudo era tudo mentira – até o bilhete?
8. Tenho que fazer tantas coisas, a gente se vê outro dia.
É inevitável, existem momentos em que queremos ficar sozinhas, caminhar, olhar as vitrines ou simplesmente não fazer nada. E não é que não queremos estar com ele nunca mais, só que há momentos em que preferimos a nossa própria companhia. É uma mentira ingênua para evitar que ele fique imaginando coisas.
Ouvi e acreditei.
9. Não, não fiz nada. Você acha que estou diferente?
Quer coisa melhor do que ele pensar que somos lindas e maravilhosas por natureza? Mesmo que tenhamos passado a tarde toda no salão de beleza, ido a um spa ou feito uma maquiagem diferente, mas natural, queremos que ele nos veja e se dê conta de como somos charmosas sem fazer o menor esforço. Além disso, sejamos honestas: por acaso eles se dão conta quando fazemos algo? Não, só nos vêem de modo diferente.
A frase que já ouvi era recriminatória, direta e verdadeira: “Você não notou nada de diferente em mim?!?!”
10. Não estou a fim de fazer sexo. Estou cansada.
Uma resposta que para eles é catastrófica, sobretudo quando vão direto para casa com a intenção de passar um bom momento junto da sua parceira. Há duas razões cruciais para esta mentira: uma, é que queremos fazê-lo esperar e aumentar ainda mais a sua excitação ou estamos com raiva dele por alguma coisa que aconteceu há pouco tempo e queremos castigá-lo.
Um clássico. Já ouvi, mas faz tempo. Nos últimos tempos, sou eu quem às vezes diz… E não é mentira, penso.
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Gostei dos comentários:
Ombundas: Este blog já foi melhor.
Eu: É verdade, já vimos melhores dias.
Flavio Prada: Eu acho que voce inventou a pesquisa sobre mentiras e inventou que a mesma foi inventada, pra que a gente pensasse que era algo inventado, mas nem tanto quanto é na verdade. Verdade?
Eu: Eu nunca minto, Flavio.
Fernando: Milton : Vê-se bem como para você, como para qualquer outro homem, é importante deglutir e ejacular. Mas adivinho que Milton Ribeiro não se resume nisso. Lembro-me do dia em que imitou, bastante bem, Mauro Castro (do TAXITRAMAS – está aqui nos seus links). Por isso eu, fazendo das tripas coração, continuo a visitar este seu blogue, na esperança de cá o encontrar em dias bons. Na esperança de o ver dar saída ao seu “talent de bien faire”.
Nina -Fenômenos: hahahahaha quer dizer entao que vc le Contigo??? Conta a historia direito, Milton. e “ja vimos dias melhores” foi demais!!! uhuahauhauah e nos achando q vc ia correr do tema “mulherzinha” do desafio fenomenal! bjs
Sandra: Fala baixinho, só para mim: aprendeu agora a notar quando ela corta meio centímetro do cabelo??? hahahahahahaha Beijos
Eduardo Lunardelli: O post esta ótimo, mas essa sua resposta ao comentário: já vimos dias melhores, superou todas!!! Hahaha. Muito bom! É isso aí, e vale para homens e mulheres…
Viva: Milton, melhor que a “pesquisa” (com cara de Revista Nova) foram as suas respostas. Adorei!
Moacy: De fato, como disse Viva, as respostas estão ótimas. Um abraço.
Grigori Perelman, sou teu fã
Com todo o meu amor e consideração às pessoas um pouco deslocadas, com todo meu amor semileigo à matemática e, pior, sabendo que alguns teoremas são verdadeiros poemas (Ave, Ramiro) em sua beleza, concisão, elegância e — por que não? — lirismo, só posso achar admirável a história de Grigori Perelman, um matemático que vive em São Petersburgo.
Há sete problemas matemáticos para serem resolvidos neste milênio, segundo os entendidos. Agora são seis. Um deles era a Conjetura de Poincaré, nome que já é belo por si só. O Instituto Clay de Matemática (da Universidade de Cambridge, Massachusetts) oferecia 1 milhão de dólares a quem comprovasse matematicamente o que era apenas uma “conjetura”, uma suposição. Jules Henri Poincaré (1854-1912) concebeu a coisa há mais de 100 anos e durante este período nenhum matemático conseguiu escrever a comprovação. Perelman resolveu o problema em 2003, mas este é tão complexo que os avaliadores levaram muito tempo para entender que Perelman tinha efetivamente matado a charada. O problema tem a ver com a topologia, ou seja, versa sobre espaços e geometria tridimensional.
Então, foram entregar o milhão de dólares a Perelman, o qual recusou a soma, dizendo que o reconhecimento a seu trabalho lhe bastava. Isto já era a maior das gratificações.
Ah, é claro. Talvez a maioria de meus sete leitores pensem que Perelman seja doido varrido. Não pretendo discutir isso com eles, até porque o gênio é paupérrimo, desempregado, não tem nada de seu, vive com a mãe num prédio infestado de baratas e não se liga muito nessas coisas de banho ou corte de unhas; mas não adianta: ele é alvo de minha admiração. O homem ama a matemática e deve caminhar pela Perspectiva Nevsky em seu mundo, sem olhar para ninguém, do mesmo modo que fez Raskolnikov antes de matar a velha usurária para NÃO obter muitíssimo menos que 1 milhão de dólares.
Do mesmo modo, o russo disse não aos inevitáveis convites de várias universidades.
Eu fui casado com uma cientista jet setter… Sei que quase todos são assim: os jantares destes grupos de cientistas assemelham-se a reuniões de agentes de viagens. Bá, muito avião, UniSmiles, CapesTur, congressos turísticos, diárias, um estresse só… Muita, muita ciência (?) e mais títulos do que o Danrlei no Grêmio. Se alguém daquele departamento universitário ganhasse um prêmio de 1 milhão de dólares, não apenas faria plantão na porta do Instituto Clay, como a cesta de ofídios explodiria em milhares de pedidos de — sempre falsos — de coparticipações, coautorias, cocôs e cobranças de “lembra que eu te ajudei aqui?”. Então, entendem que para mim também há um divertido lado B na história de Perelman? Ele não apenas recusa as sinecuras científicas como não quer dinheiro… É meu ídolo!
Às vezes, prolongados afastamentos da atividade de ensino, que são motivados na realidade pelo gosto do turismo ou simplesmente pelo desejo de mudar de ares, são justificados a pretexto de missões de pesquisa ou de participação em colóquios e congressos cujo proveito científico é no mínimo duvidoso. No caso, a “primazia da pesquisa” representa muitas vezes um álibi perfeito, aceito universalmente. Seria muito mais difícil, dados os costumes vigentes na universidade, justificar ausências tão frequentes e tão longas pelas necessidades reais do ensino.
Wladimir Kourganoff, A face oculta da universidade. Unesp, 1990, p. 132
Calma, Djokovic, calma
Falando sério: Quem quer 1 milhão de dólares?
A Fundação Educacional James Randi mantém, desde 1964, um interessante desafio. Desejando descobrir informações confiáveis sobre a paranormalidade, ela estabeleceu o seguinte desafio.
Nós, da JREF (James Randi Educational Foundation), oferecemos um milhão de dólares a qualquer um que possa demonstrar, sob condições adequadas de observação, evidências de quaisquer dons de paranormalidade, dotes sobrenaturais ou poderes ocultos. A JREF não se envolve no procedimento de ensaios, apenas contribui para a concepção do protocolo e aprova as condições sob as quais o teste será realizado. Todos os testes são concebidos com a participação e aprovação do requerente. Na maioria dos casos, o requerente será convidado a realizar um teste preliminar simples que, se bem sucedido, será seguido pelo teste formal.
Aqui estão os detalhes a respeito do Desafio de 1 milhão de dólares. Tudo começou em 1964 com mil dólares, porém, como as centenas de candidatos nunca ultrapassaram o teste preliminar, a fundação foi recebendo donativos, obtendo rendimentos e hoje o valor está em exatos 1.023.500,00 dólares.
Se você entorta garfos ou é de alguma forma um ser especial, pode começar pela leitura das perguntas mais frequentes. E boa sorte!
Plutão, o Planeta Rebaixado
Foi um momento triste. Em 2006, membros da UAI –a mineira União Astronômica Internacional — resolveram rebaixar Plutão à 2ª Divisão dos planetas. O problema que apresentava não era o de não ter massa, mas o de não ser o corpo celeste dominante de sua órbita. O Departamento Jurídico do Grêmio promete recorrer. Agora, só haverá três divisões: a dos planetas (8, de Mercúrio a Netuno), a dos planetas anões (objetos esféricos que não sejam dominantes em suas órbitas e nem satélites) e a dos corpos pequenos (quaisquer outros objeto que orbitem o Sol: coisas como eu, penso). Acho que a Lua, tal como eu e meu cão, também é um corpo pequeno, mesmo sendo maior que o planeta anão Plutão.
O rebaixamento é lamentado no mundo todo. Os astrólogos estão em suspenso, aguardando o resultado da tentativa do Grêmio; eles não sabem o que fazer com um planeta anão em suas previsões; grupos homossexuais acusam astrônomos de preconceito rasteiro; crianças preocupadas com o Sistema Solar estão deprimidas e têm de ser consoladas por seus pais e professores (cadê o Plutão, papai?); astrólogos mais histéricos estão ras-gan-do suas roupitchas; a Disney reclama que seu velho cão não pode sofrer abalos. O procurador-geral do STJD, Paulo Schmitt, fala em direito adquirido desde 1930.
Apenas os representantes do asteróide Ceres e do planetóide UB313 (“Xena”) ficaram felizes e comemoraram suas promoções à condição de planetas anões. Mike Brown, do Instituto de Tecnologia da Califórnia e descobridor do Xena (ou Sheena), está feliz por ter a companhia de Plutão, mesmo tendo perdido a honra de ter descoberto um planeta. “Teremos centenas de planetas anões”, disse.
Plutão ficou especialmente ofendido por não ser mais considerado um planeta clássico. Declarou que o simples fato de cruzar frequentemente com Netuno não lhe deveria tirar esta condição, adquirida em 1930. Como já dissemos, Paulo Schmitt recorrerá. Seus representantes ficaram putos por terem recebido o nome técnico de plutóide.
— Cruzamos sim, mas só com Netuno, não somos promíscuos a ponto de sermos qualificados de plutóides frente à comunidade científica internacional — disse o chefe dos Plutões, Duda Kroeff, assessorado por Andres Sanchez, do Corinthians.
Completou reclamando que a influência de George Bush (estávamos em 2006) e do governo americano está criando um vendaval conservador em nosso planeta e que isto está sendo exportado para o Sistema Solar. Obama prometeu apoio durante sua campanha, mas até agora não descruzou os braços. Por ora, Plutão está morto.
— Ao menos Obma poderia nos auxiliar em nossa cruzada para deixarmos de ser um plutóides e sim um digno planeta anão.
Aguardamos expectantes os próximos lances.