Como votou ‘certa esquerda’ sobre a anistia da dívida das Igrejas…

Como votou ‘certa esquerda’ sobre a anistia da dívida das Igrejas…

Credo, que vergonha! Vou te contar, hein, PCdoB! Podem esquecer o meu voto. Afinal, ainda lembro do tempo em que a esquerda era de esquerda.

O PSol (e o Novo) foram unânimes na reprovação do perdão à dívida e quase todo o PT também. O resultado foi que o Congresso perdoou R$ 1 bilhão de dívidas… Ah, também quero! Vou parar de pagar impostos. O Estado é laico, não tem que perdoar dívida de quaisquer Igrejas.

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O Milton Ribeiro que não é Ministro sugere

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A morte de Eric Dolphy, um negro

A morte de Eric Dolphy, um negro

Nestes dias em que se fala tanto em racismo e onde pessoas brancas deixam escancarados seus preconceitos, gostaria de lembrar como morreu o genial saxofonista e claronista Eric Dolphy, um negro do qual brotava sons alegres, vanguardistas, criativos e de desconformidade.

Na tarde de 18 de Junho de 1964, Dolphy caiu nas ruas de Berlim e foi levado a um hospital. Os enfermeiros, que não sabiam que ele era diabético, pensaram que ele havia tido uma overdose e deixaram-no num leito até que passasse o efeito das “drogas”. E ele morreu aos 36 anos…. Foi um enorme artista.

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O covid-19 no Japão

O covid-19 no Japão

O Japão não fez lockdown, mas o resultados obtidos contra o covid-19 foram os mesmos de como se tivesse feito. A mortalidade lá é uma menores do mundo, comparável ao Uruguai e à Nova Zelândia. A esmagadora maioria das pessoas vive em grandes cidades e a população é velha. A grande Tóquio tem 37 milhões de habitantes, por exemplo. Então, como conseguiram?

O segredo é a educação do povo, que ouviu o governo quando este aconselhou a população para evitar três coisas:

— lugares fechados com pouca ventilação,
— lugares lotados com muita gente e
— contato próximo em conversas.

E a usar máscaras.

Simples, né? Ou nem tanto, pois educar não é simples.

Ah, mais uma coisa: o governo pede, tem credibilidade, o povo escuta.

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O PUM dá a sua opinião a respeito do covid-19 de Bolsonaro

O PUM dá a sua opinião a respeito do covid-19 de Bolsonaro

O Partido Utópico Moderado vem aos brasileiros explicar o que rola no Planalto. Espreitamos o quarto de Boçalnato e o que ouvimos entre paredes?

— Presidente, a cloroquina é um placebo em seu caso.
— O que é placebo?
— É tipo o seu governo.

.oOo.

Armação Ilimitada II:

Bolsonaro foi convenientemente esfaqueado em 2018. Agora, contrai um oportuno Covid-19. É o governo Neymar. Em qualquer dificuldade, rola no chão.

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Para Lya Luft, agora arrependida…

Para Lya Luft, agora arrependida…

Pra mim, quem votou no Bolsonaro não tem perdão. É um cego político. Ou é muito burro, credo.

Tudo o que ele está e não está fazendo foi anunciado e reanunciado. Todo mundo sabia e votou nele porque quis ou porque não se informa. Ou porque gosta de ditadura ou é um fascista e racista enrustido, etc.

Seu amor à morte, aos milicianos, aos machos — desde que brancos, claro –, aos pequenos roubos e à elite mais podre do país é evidente há anos.

Lembro que o balcão da Bamboletras virou um divã de psicanalista no dia da eleição do Bozo. Houve uma desconsolada uma reunião improvisada de umas quinze pessoas, o clima era de luto. Naquele domingo terrível, as pessoas foram se refugiar numa livraria. (E não foi na Amazon de nosso descontentamento…) Teve gente que chorou.

O bom leitor sabe, o bom leitor sempre sabe.

.oOo.

E o Wellington Mendes segue: Exato. Cego político é pouco. O discurso do canalha sempre foi claro e o mesmo, de destruição, crime, opressão, fascismo… Não venham dizer que se enganaram. Quem apoiou sabia o que estava fazendo. São responsáveis por mortes e agressões, por arruinarem o país em diversos sentidos. Devem pagar com vergonha e ostracismo. Se arrependidos, suicidem-se. Paguem por fazer roleta russa com o destino dos outros. Desgraçados.”

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A autoimolação de Valéri Kosolápov ao publicar Babi Yar, de Ievguêni Ievtuchenko

A autoimolação de Valéri Kosolápov ao publicar Babi Yar, de Ievguêni Ievtuchenko

Por Vadim Málev, em 10 de junho de 2020
Texto de Milton Ribeiro a partir de tradução oral de Elena Romanov

Valéri Kosolápov

Hoje é o dia dos 110 anos do nascimento de Valéri Kosolápov. Mas quem é esse Valéri Kosolápov? Por que deveria escrever sobre ele e você deveria ler? Valéri Kosolápov tornou-se um grande homem em uma noite e, se não fosse assim, talvez não conhecêssemos o poema de Yevgeny Yevtushenko (Ievguêni Ievtuchenko) Babi Yar. Kosolápov era então editor do Jornal de Literatura (Literatúrnii Jurnál), o qual publicou corajosamente o poema em 19 de setembro de 1961. Foi um feito civil real.

Afinal, o próprio Yevtushenko admitiu que esses versos eram mais fáceis de escrever do que de publicar naquela época. Tudo se deve ao fato de o jovem poeta ter conhecido o escritor Anatoly Kuznetsov, autor do romance Babi Yar, que contou verbalmente a Yevtushenko sobre a tragédia acontecida naquela assim chamada ravina (ou barranco). Por consequencia, Yevtushenko pediu a Kuznetsov que o levasse até o local e ele ficou chocado com o que viu.

“Eu sabia que não havia monumento lá, mas esperava ver algum tipo de placa in memorian ou ao menos algo que mostrasse que o local era de alguma forma respeitado. E de repente me vi num aterro sanitário comum, que era como imenso sanduíche podre. E era ali que dezenas de milhares de pessoas inocentes — principalmente crianças, idosos e mulheres — estavam enterradas. Diante de nossos olhos, no momento em que estava lá com Kuznetsov, caminhões chegaram e despejaram seu conteúdo fedorento bem no local onde essas vítimas estavam. Jogaram mais e mais pilhas de lixo sobre os corpos”, disse Yevtushenko.

Ele questionou Kuznetsov sobre porque parecia haver uma vil conspiração de silêncio sobre os fatos ocorridos em Babi Yar? Kuznetsov respondeu que 70% das pessoas que participaram dessas atrocidades foram policiais ucranianos que colaboraram com os nazistas. Os alemães lhes ofereceram o pior e mais sujo dos trabalhos, o de matar judeus inocentes.

Yevtushenko ficou estupefato. Ou, como disse, ficou tão “envergonhado” com o que viu que naquela noite compôs seu poema. De manhã, foi visitado por alguns poetas liderados por Korotich e leu alguns novos poemas para eles, incluindo Babi Yar… Claro que um dedo-duro ligou para as autoridades de Kiev e estas tentaram cancelar a leitura pública que Yevtushenko faria à noite. Mas ele não desistiu, ameaçou com escândalo e, no dia seguinte ao que fora escrito, Babi Yar foi ouvido publicamente pela primeira vez.

Yevtushenko lê seus poemas. Nos anos sessenta, os poetas podiam reunir milhares de pessoas…

Passemos a palavra a Yevtushenko: “Depois da leitura, houve um momento de silêncio que me pareceu interminável. Uma velhinha saiu da plateia mancando, apoiando-se em uma bengala, e encaminhou-se lentamente até o palco onde eu me encontrava. Ela disse que estivera em Babi Yar, que fora uma das poucas sobreviventes que conseguiu rastejar entre os cadáveres para se salvar. Ela fez uma reverência para mim e beijou minha mão. Nunca antes alguém beijara minha mão”.

Então Yevtushenko foi ao Jornal de Literatura. Seu editor era Valéri Kosolápov, que substituiu o célebre Aleksandr Tvardovsky no posto. Kosolápov era conhecido como uma pessoa muito decente e liberal, naturalmente dentro de certos limites. Tinha ficha no Partido, claro, caso contrário, nunca acabaria na cadeira de editor-chefe. Kosolápov leu Babi Yar e imediatamente disse que os versos eram muito fortes e necessários.

— O que vamos fazer com eles? — pensou Kosolápov em voz alta.

— Como assim? — Yevtushenko respondeu, fingindo que não tinha entendido — Vamos publicar!

Yevtushenko sabia muito bem que, quando alguém dizia “versos fortes”, logo depois vinha “mas, eu não posso publicar isso”. Mas Kosolápov olhou para Yevtushenko com tristeza e até com alguma ternura. Como se esta não fosse sua decisão.

— Sim.

Depois pensou mais um pouco e disse:

— Bem, você vai ter que  esperar, sente-se no corredor. Eu tenho que chamar minha esposa.

Yevtushenko ficou surpreso e o editor continuou:

— Por que devo chamar minha esposa? Porque esta deve ser uma decisão de família.

— Por que de família?

— Bem, eles vão me demitir do meu cargo quando o poema for publicado e eu tenho que consultá-la. Aguarde, por favor. Enquanto isso, já vamos mandando o poema para a tipografia.

Kosolápov sabia com certeza que seria demitido. E isso não significava simplesmente a perda de um emprego. Isso significava perda de status, perda de privilégios, de tapinhas nas costas de poderosos, de jantares, de viagens a resorts de prestígio …

Yevtushenko ficou preocupado. Sentou no corredor e esperou. A espera foi longa e insuportável. O poema se espalhou instantaneamente pela redação e pela gráfica. Operários da gráfica se aproximaram dele, deram-lhe parabéns, apertaram suas mãos. Um velho tipógrafo veio. “Ele me trouxe um pouco de vodka, um pepino salgado e um pedaço de pão”, contou o poeta. E este velho disse: — “Espere, espere, eles imprimirão, você verá.”

E então chegou a esposa de Kosolápov e se trancou com o marido em seu escritório por quase uma hora. Ela era uma mulher grande. Na Guerra, ela fora uma enfermeira que carregara muitos corpos nos ombros. Essa rocha saiu da reunião, aproximando-se de Yevtushenko: “Eu não diria que ela estava chorando, mas seus olhos estavam úmidos. Ela olhou para mim com atenção e sorriu. E disse: ‘Não se preocupe, Jenia, decidimos ser demitidos’.”

Olha, é simplesmente lindo: “Decidimos ser demitidos”. Foi quase um ato heroico. Somente uma mulher que foi para a front sob balas podia não ter medo.

Na manhã seguinte, chegou um grupo do Comitê Central, aos berros: “Quem deixou passar, quem aprovou isto?”. Mas já era tarde demais — o jornal estava à venda em todos os quiosques. E vendia muito.

“Durante a semana, recebi dez mil cartas, telegramas e radiogramas. O poema se espalhou como um raio. Foi transmitido por telefone a fim de ser publicado em locais mais distantes. Eles ligavam, liam, gravavam. Me ligaram de Kamchatka. Perguntei como tinham lido lá, porque o jornal ainda não tinha chegado. “Não chegou, mas pessoas nos leram pelo telefone, nós anotamos”, contou Yevtushenko.

Claro que as autoridades não gostaram e trataram de se vingar. Artigos aos montes foram escritos contra Yevtushenko. Kosolápov foi demitido.

Aqui está o jovem Yevtushenko, na época em que escreveu “Babi Yar”

O que salvou Yevtushenko foi a reação mundial. Em uma semana, o poema foi traduzido para 72 idiomas e publicado nas primeiras páginas de todos os principais jornais, incluindo os norte-americanos. Em pouco tempo, Yevtushenko recebeu outras 10 mil cartas agora de diferentes partes do mundo. E, é claro, não apenas judeus escreveram cartas de agradecimento, o poema fisgou muita gente. Mas houve muitas ações hostis contra o poeta. A palavra “judeu” foi riscada em seu carro e, pior, ele foi ameaçado e criticado em várias oportunidades.

“Vieram até meu edifício uns universitários enormes, do tamanho de jogadores da basquete. Eles se comprometeram a me proteger voluntariamente, embora não houvesse casos de agressão física. Mas poderia acontecer. Eles passavam a noite nas escadarias do meu prédio. Minha mãe os viu. As pessoas realmente me apoiaram ”, lembrou Yevtushenko.

— E, o milagre mais importante, Dmitri Shostakovich me telefonou. Minha esposa e eu não acreditamos, pensamos que era mais um gênero de intimidação ou que estavam aplicando um trote em nós. Mas Shostakovich apenas me perguntou se eu daria permissão para escrever música sobre meu poema.

Shostakovich e Yevtushenko na primeira apresentação da 13ª Sinfonia de Shostakovich, em cuja primeira parte foi colocada o poema “Babi Yar”

Esta história tem um belo final. Kosolápov aceitou tão dignamente sua demissão que o pessoal do Partido ficou assustado. Eles decidiram que se ele estava tão calmo era porque tinha proteção de alguém muito importante e superior… Depois de algum tempo, ele foi chamado para ser editor-chefe da revista Novy Mir. “E apenas a consciência o protegia”, resumiu Yevtushenko. “Era um Verdadeiro Homem.”

Valéri Kosolápov
A lápide de Valéri Kosolápov

RIP

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Sara Winter e Allan dos Santos

Sara Winter e Allan dos Santos

Eu dei uma olhada no perfil de Sara Winter e de Allan dos Santos e, olha…

Olha nada. Elegeram um boçal e adubaram alguns seres repugnantes que aparecem nas redes sociais. Acho que eles sempre existiram, mas, como disse Umberto Eco:

“… hoje todas as pessoas querem se fazer ouvir e, fatalmente, em certos casos fazem ouvir apenas sua simples burrice. Então digamos que era uma burrice que antigamente não se expunha, não se dava a conhecer, ao passo que, em nossos dias, vitupera”.

Pior ainda é a burrice que fica famosa.

Vejam o que Sara gravou após a visita que recebeu hoje da Polícia Federal:

Sara Winter: happiness is a warm gun

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Uma bomba, por favor

Uma bomba, por favor

Eu acabo de ver Bolsonaro comendo um lanche em Brasília. A comida cai de sua boca e ele a joga de volta pra dentro num movimento que me levaria à loucura se fosse realizado por um de meus filhos depois dos 5 anos de idade.

E eu penso que, quase dois anos depois, ainda não acredito que um bando de idiotizados pela religião e pela falta de educação votaram neste cara e ele ganhou a eleição. Eu acabo de pensar: “Ele é mesmo o presidente? Sim, é. “.

Meu deus, parece uma comédia ruim.

E a reunião mostrada ontem demonstra que um idiota cerca-se de outros, concentricamente, em níveis cada vez mais densos de idiotia, formando um muro de estupidez aparentemente inexpugnável.

Mas deve haver uma bomba para explodir isso. Nem que fiquemos cobertos de merda por um tempo.

Este é mais um recado do PUM — Partido Utópico e Moderado.

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Bolsonaro, seus evangélicos e a dança da morte

Bolsonaro, seus evangélicos e a dança da morte

Lembro de discutir dentro do jornal onde trabalhava que a ligação entre religião e política nos levaria para o abismo. Lembro de ter ficado boquiaberto com os políticos presentes na inauguração do templo de Salomão de Edir Macedo em 2014. Se eles precisavam daquela baixaria, queria dizer que o abismo estava logo ali.

Mas jamais imaginei que este fenômeno atenderia pelo nome de alguém cujo livro favorito tinha sido escrito por um torturador. Achei que teríamos um bispo ou um horror semelhante como presidente, não alguém que unisse igrejeiros e milicianos.

Não que acreditasse que um fundamentalista fosse menos autoritário, mas a junção de religião, violência, bravata e ignorância de Bolsonaro é assombrosa e única.

Na semana passada, vimos pessoas dançando com caixões na Paulista… O culto ao presidente também é um culto à morte. Algo que se viu no período nazista, por exemplo. O caixão era carregado com festa por gente que parecia pronta para morrer por seu capitão.

Como nas religiões evangélicas, não há contradições. O bolsonarista sabe da cloroquina, da economia, do formato do planeta, de deus, de quem este defende, de tudo. O bolsonarista tem satisfação pela própria ignorância, algo que não concebo, sinceramente. E eles são uns 30% da população que apoia incondicionalmente as loucuras do chefe.

Sua lógica é simplista, funcionando por impulsos, como os de uma criança ou como os de seu chefe. Ou como a massa lobotomizada dos cultos evangélicos. E o culto à morte é o culto à destruição. Vamos derrubar tudo o que outros construíram e fazer do nosso jeito. Para que cientistas, artistas, cultura? Nosso negócio são milicos, religiosos e os norte-americanos, não casualmente os recordistas de mortes por covid-19.

Só que… Eles decidiram que não querem que o covid-19 exista e vão sapatear de ódio na nossa frente enquanto o país é devastado.

-=-=-=-=-

Escrevo este texto e dou da cara com isso:

Pesquisadores da Fiocruz estão sendo atacados nas redes (inclusive por um parlamentar filho de Bolsonaro) porque os primeiros resultados de suas pesquisas com cloroquina apontaram resultados que não convinham ao trambiqueiro do Planalto e às suas hordas de Whatsapp.

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O “jejum religioso” de Bolsonaro

O “jejum religioso” de Bolsonaro

Bolsonaro decidiu por esse “jejum religioso” depois que Marco Feliciano foi bater na sua porta. Como eu previa — e não sou nenhum gênio — os neopentecostais escolheram o lado dos criminosos. É natural. A atuação deles tem muito a ver com as atividades ilícitas. Seu modus operandi é a pura exploração da ingenuidade com a finalidade de enriquecer.

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A vulgaridade dos fascistas

A vulgaridade dos fascistas

No Fronteiras do Pensamento 2019, o psicanalista italiano Contardo Calligaris contou que seu pai protegeu vítimas do fascismo italiano e combateu na luta armada, correndo risco de vida e fazendo o mesmo com sua família. Também escondeu pessoas em sua casa e auxiliou um monte de gente, na maioria comunistas.

Quando o adolescente Contardo, orgulhoso de seu pai, perguntou-lhe porque ele fizera isso, esperava uma resposta altamente politizada. Mas ficou decepcionado (e irritado) com a resposta:

— Sabe, é porque os fascistas são muito vulgares.

Um juízo estético?

Acho que, hoje, no Brasil, muita, mas muita gente concorda com o Sr. Calligaris pai.

Continuando, Calligaris filho mostrou, então, duas imagens que, para ele, representam a vulgaridade fascista. Numa delas, crianças com arminhas, admiradoraszinhos de Mussolini, num protótipo perfeito da vulgaridade.

E, na outra, um grupo de fascistas queimando livros. No meio do grupo, um deles ri diretamente para a câmera. “Este cara com um chapéu e que está rindo. Eu acho que está rindo porque acha isso engraçado. Não só o que tem de profundamente vulgar é que ele está achando engraçado o que acontece, mas ele está supondo que nós olhando para este quadro estejamos achando isso engraçado também. Ele está imaginando que a gente vai rir com ele. Eu acho muito interessante isso. Eu gostaria de salientar que os fascismos teriam menos chances de existir – fascismo ou totalitarismos que sejam – se nós todos tomássemos uma atitude rigorosa de não rir das piadas idiotas. Nunca. Não tem nada que atrapalhe tanto um cretino quanto o fato de que, quando ele diz uma piada, ninguém acha engraçado.”

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A cerveja de hoje

A cerveja de hoje

Vai ser difícil comemorar o aniversário de Bach enquanto Boçalnato estiver no poder. Vou tomar uma cervejinha discreta daqui a pouco. Afinal, JSB não apenas somente adorava cerveja como a produzia em grande quantidade. Parabéns, mestre, 335 anos não são nada pra ti.

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A Facada no Mito — Documentário questiona facada em Bolsonaro

A Facada no Mito — Documentário questiona facada em Bolsonaro

O documentário A Facada no Mito, postado pelo canal True Or Not, do YouTube, está se espalhando por meio das redes sociais. O trabalho, que não identifica seus autores, praticamente não traz imagens inéditas do episódio que vem sendo tratado como “atentado” contra o então candidato Jair Bolsonaro, em 6 de setembro. Mas traz apontamentos minuciosamente elaborados em torno das cenas que antecederam à facada desferida por Adélio Bispo de Oliveira.

Mostra o comportamento da equipe de segurança, levanta questões relacionadas à “logística” em torno do autor, relembra dúvidas em torno do atendimento e contradições em torno das reações de pessoas próximas a Bolsonaro. Adélio agiu sozinho mesmo para organizar e executar o atentado? Por que tinha tantos celulares e laptop se usava lan house? São coincidências as mortes de pessoas ligadas a sua hospedagem? E o fato de o escritório de advocacia que o defende atender também envolvidos em confronto entre policiais de Minas e de São Paulo? São listadas, enfim, muitas perguntas sem respostas, como qual teria sido o desempenho de Bolsonaro se não tivesse ocorrido o crime.

Os responsáveis observam que até o momento a Polícia Federal apresentou uma conclusão que “deixa de fora muitas questões”. “Questões que queremos dividir com o público para que possamos exigir as devidas respostas.”

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População de rua cresce e cresce

Sexta-feira, a Folha publicou uma matéria que diz que a população de rua cresceu 60% em quatro anos.

Mas não é só isso. Minha observação diz que aumentaram:

— os ambulantes,
— os pedintes,
— os trabalhadores informais,
— as lojas vazias,
— os imóveis para alugar,
— os imóveis para vender.

Mas quando a gente liga a TV parece que está tudo bem.

(Ah, dia desses passeando no início da noite pelo Bom Fim, disse para a Elena que ia contar o número de pessoas dormindo ou deitadas na rua. A gente desviou de várias)

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Num fim de semana, programadores tchecos criaram um site de graça pelo qual ministro planejava gastar 16 milhões de euros

Num fim de semana, programadores tchecos criaram um site de graça pelo qual ministro planejava gastar 16 milhões de euros

Do tjournal russo
Notícia encontrada por Elena Romanov
Tradução (bem) livre de Milton Ribeiro com ajuda do Google Tradutor

Voluntários consideraram o sistema caro demais e simplesmente realizaram o serviço para o governo, apontando-o como despesa injustificada.

Tomas Vondrachek | tjournal.ru

Um grupo de programadores tchecos fez e entregou ao governo um sistema de informática de graça, que tinha sido encomendado a outra empresa. Os desenvolvedores fizeram isso em protesto contra o “desperdício” do Ministério dos Transportes. Na opinião deles, as autoridades firmaram um contrato excessivamente alto. A história chegou ao primeiro-ministro tcheco e ele demitiu o ministro dos Transportes.

Tudo começou com uma compra sem licitação para a criação de um serviço para a venda de autorizações eletrônicas de viagem para rodovias com pedágio. O pedido de 400 milhões de coroas tchecas (quase 16 milhões de euros) incluía o desenvolvimento de uma loja online e dois aplicativos para iOS e Android. O contrato de quatro anos para o desenvolvimento e suporte do site foi assinado com a Asseco Central Europe — sem edital público, repetimos.

O negócio provocou indignação na comunidade de TI tcheca devido ao “desperdício óbvio” por parte do governo. O proprietário da Actum Digital, Tomas Vondracek, chamou a proposta de “absurda” e acrescentou que o trabalho poderia ser feito “em alguns dias”.

Vondrachek convidou programadores locais a se unirem a fim de criarem um sistema análogo. Eles planejaram fazer tudo durante um fim de semana no escritório da Actum Digital em Praga e simplesmente transferir o código para o governo tcheco como presente e um exemplo de como os impostos dos cidadãos são gastos.

“Fomos motivados pelo desejo de resistir ao sistema de superestimar contratos estatais, onde há repetidos abusos. Neste caso, nosso dinheiro simplesmente entrava pelo cano”, disse.

Mais de 300 programadores da República Tcheca responderam às chamadas nas redes sociais. Na sexta-feira, 24 de janeiro, 60 técnicos se reuniram no escritório de Vondrachek para começar a trabalhar. No domingo (26) à noite, eles criaram a plataforma fairznamka.cz, que atendia aos requisitos do serviço de 16 milhões de euros.

O primeiro-ministro tcheco Andrei Babish veio ver o trabalho dos programadores. “Estou chocado com o que está acontecendo”, disse ele a repórteres. Os voluntários desenvolveram o serviço em 22 horas de trabalho.

Já na segunda-feira, 27 de janeiro, o site ganhou um módulo público de teste. O aplicativo ainda não está conectado ao sistema estatal, mas cumpre todas as funções necessárias. Durante o primeiro dia, o serviço foi visitado por mais de 175 mil pessoas que experimentaram a carga no site e fizeram as primeiras compras. Os pagamento pelo acesso à rodovia foram feitos simbolicamente. Mas quem quisesse, poderia pagar de verdade, o dinheiro arrecadado iria para organizações de sem-teto do país.

O governo tcheco inicialmente se ofereceu para pagar pelo sistema, mas depois aceitou o site fairznamka.cz de presente, como o pretendido pelos programadores. Babish enfatizou que o Ministério dos Transportes realizará uma licitação pública para encontrar uma empresa que implante o sistema ainda este ano. Espera-se que o valor do contrato seja muitas vezes menor que o original. Vondraček estimou que a licitação terá um valor de 25% do valor inicial e sublinhou que sua empresa não participará do novo edital.

O ministro dos Transportes tcheco, Vladimir Kremlik, foi demitido. Representantes da empreiteira Asseco Central Europe disseram que estavam prontos para rescindir o contrato sem reivindicar compensação. Após a renúncia, Kremlik observou que respeita a decisão do primeiro-ministro, mas acrescentou que suas prioridades eram criar um sistema “sem demora”…

Segundo Vondrachek, o desenvolvimento voluntário é um importante precedente, após o qual a República Tcheca, refletirá sobre o valor de cada serviço. “Acho que as licitações de TI excessivamente altas acabaram”, acrescentou.

O alegre grupo de programadores | tjournal.ru

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3 horas com Fernanda Melchionna

3 horas com Fernanda Melchionna

Hoje aconteceu o que foi para mim uma reunião surpreendente. Fernanda Melchionna marcou comigo na Livraria Bamboletras para falar sobre política e, sei lá, sobre a vida. Ela é uma cliente nossa.

Fomos no bar em frente e conversamos por quase três horas sobre muitas coisas objetivas da política nacional e da cidade. As eleições municipais estiveram no nosso foco, óbvio. É claro que é impossível não se decepcionar com a ausência de prévias e a consequente impossibilidade de se montar uma frente de esquerda, daquelas com real mobilização. Pelo visto, vamos nos dispersar novamente.

Coloquei minhas opiniões, chutes de quem acompanha as coisas de longe, mas que acha que tem a noção clara da repetida burrice que está sendo cometida. Falamos também da loucura que acomete (permanentemente) elementos do Congresso.

A Fernanda é uma pessoa muito agradável, que fala e ouve. Sim, ouve. Mas eu sou daqueles que às vezes dá até mais importância ao discurso não falado. Sou o chato que nota as posturas e as mudanças no tom das vozes e desconfia, mesmo sem poder acusar, perguntando-se o motivo do súbito falsete… Então, o que quero comentar são coisas captadas por alguém que há 62 anos, sem querer, por defeito de fabricação, observa detalhes.

Ora, Fernanda é uma pessoa muito inteira. Para mim, “pessoa inteira” significa alguém centrado, mas não auto-centrado ou em faixa própria. Alguém que possui um conceito, uma essência que a apoia e que não se altera. Poderia seguir explicando, mas vou simplificar, o “inteiro” é o mesmo em qualquer circunstância, não diz uma coisa e faz outra. Eu vejo isso nela.

Mais? Ora, eu gosto de quem gosta de literatura. Ela é formada em biblioteconomia e lê muito. Mas não é a política que diz que lê apenas para agradar a um desimportante livreiro. Ela comenta o que anda lendo e até comprou 5 exemplares de um livro que gostara para dar a seus amigos. Conheço outra pessoa que também faz isso, compra de balde para dar de presente os livros que achou bons. Boa pessoa.

Por que escrevo isso? Um pouco por vaidade, para que vocês saibam que passei quase 3 horas com uma pessoa que é admirada por muita gente, um pouco pela mania de ficar anotando a vida e outro pouco para dizer que vou seguir votando na Fernanda, que não precisaria gastar 3 horas para que eu seguisse fazendo isso…

Obs.: É claro que eu deveria ter tirado uma foto, mas nunca lembro dessas modernagens. Então vão três fotos que encontrei no perfil do Face da Fernanda.

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Isabel do vôlei critica desmonte da cultura

Isabel do vôlei critica desmonte da cultura

Uma das mais importantes jogadoras de vôlei do Brasil, Maria Isabel Barroso Salgado, a Isabel, publicou uma carta pública em protesto contra o desmonte na cultura sob o governo de Jair Bolsonaro. Ela lembrou como a cultura influenciou sua formação e o fato de ter se tornado atleta. Leia a seguir a íntegra:

Meu nome é Isabel, joguei vôlei na seleção brasileira, representei o Brasil por muitos anos. Resolvi escrever essa carta aberta, não para falar de esporte, mas para falar da cultura, porque acredito que só pude ser a jogadora que fui e a pessoa que sou graças aos filmes que vi, aos livros que li, às músicas que ouvi, às histórias que minha avó me contava. Minha mãe era professora e escritora, amava os livros, adorava música, e foi ela quem me apresentou a Chico Buarque, Caetano, Cartola, Luiz Melodia, entre tantos grandes compositores brasileiros. Lembro, quando chegava do treino muito cansada, que me deitava no sofá e ela me falava dos poetas que amava: Bandeira, João Cabral, Cecília Meirelles, Drummond…. Hoje tenho certeza que aquela atmosfera foi muito importante na minha formação.

Quantas vezes, ouvindo e dançando as músicas de Gilberto Gil com Jacqueline , a grande campeã Olímpica, comemoramos vitórias e tentamos esquecer a dor de algumas derrotas. Lembro também do impacto que senti, aos 18 anos, quando assisti ao filme “Tudo Bem”, de Arnaldo Jabor, com a incrível Fernanda Montenegro e um elenco de craques. Aos 17, assisti “Trate-me Leão”, peça que inspirou toda uma geração. Quantas vezes, os livros me transportaram para outros universos e me permitiram aliviar as tensões das quadras.

Pois é, depois de um ano de governo Bolsonaro, preciso expressar meu horror com o que tem acontecido com a cultura. É muito duro ouvir os insultos que foram proferidos contra Fernanda Montenegro; ver Chico Buarque ganhar o prêmio Camões, maior prêmio da língua portuguesa, sem que o presidente cumprimente ou comemore o feito; testemunhar a morte de João Gilberto, um dos maiores compositores brasileiros sem que nenhuma homenagem tenha sido feita pelo governo. É estarrecedor saber que nosso cinema é premiado lá fora e atacado aqui dentro; ver o ataque brutal à casa de Rui Barbosa, com as exonerações dos pesquisadores que eram a alma e o coração daquela instituição. E como se não bastassem esses exemplos de barbaridade, assistimos ainda o constante flerte do governo com a censura.

Essa carta é só pra dizer que eu me sinto muito ofendida, senhor Bolsonaro. Não sou uma intelectual, sou uma cidadã brasileira que acredita que a cultura é essencial para qualquer pessoa. Ela só existe ser for plural, em todas as formas de expressão. Por meio dela, formamos a nossa identidade. Se esse governo não gosta do nosso cinema, da nossa música, dos nossos escritores, eu quero dizer que eu e uma enorme parte dos brasileiros gostamos. Não aguento mais assistir a tantos absurdos calada. Vocês estão ofendendo uma grande parcela do povo brasileiro.

Aprendi no esporte que é fundamental respeitar as diferenças e saber que elas são enriquecedoras em todos os aspectos. Aprendi que é fundamental respeitar os adversários , e não tratá-los como inimigos.

Compreendi, vivendo no esporte, o quanto é importante ser democrático. Inspire-se no esporte, senhor presidente! O senhor foi eleito democraticamente. Governe democraticamente, e não apenas para quem pensa como o senhor. Hoje eu pensei muito nos rumos da cultura, porque lembrei da minha querida avó, que me levava, quando menina, para passear nos jardins da casa de Rui Barbosa…

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Na Austrália, nosso futuro

Na Austrália, nosso futuro

Os incêndios na Austrália atingiram um ponto de não retorno. Até ao momento são dezessete mortos confirmados, dezenas de milhares de pessoas encurraladas nos Estados de Nova Gales do Sul e de Victoria (a maioria sem água e comida), vinte cidades cercadas pelas chamas, milhares de casas reduzidas a cinzas, centenas de animais queimados, etc. A cidade de Bargo, a sudoeste de Sydney, praticamente desapareceu do mapa. Ao menos três milhões de hectares foram devastados em todo o país durante os últimos meses de incêndios, que destruíram mais de 800 casas.

A intensa onda de calor — semelhante a que tivemos na semana passada em Porto Alegre — favorece a propagação dos incêndios que afetam a Austrália e os focos fora de controle nas proximidades de Sydney foram agravados por estas condições “catastróficas”, afirmaram as autoridades. Hoje, Sidney está coberta pela fumaça dos incêndios.

Aquele “ney” apagado pelos avisos no mapa é Sydney (5 milhões de habitantes)

As evacuações em massa, muitas delas por mar, não devem evitar o número de vítimas mortais, pois o navio de desembarque militar HMAS Choules transporta apenas oitocentas pessoas de cada vez e os aviões não chegam aos pontos críticos.

Isto me leva a pensar sobre o futuro que nos espera. Estamos na mesma latitude da Austrália. Quando a tragédia for global, os governos democráticos serão substituídos por ficções Philip K. Dick ou Margaret Atwood e outros. O futuro será do fogo.

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Uruguai no século XXI: Nada nos é estranho

O sociólogo uruguaio Julio Calzada descreve neste artigo para o esquerda.net a ascensão e queda do ciclo político progressista no seu país. E tira algumas lições da derrota do candidato da esquerda nas eleições do mês passado.

Do esquerda.net

A frase de Públio Terêncio Afro, “nada do que é humano me é estranho” que percorre vários séculos da história do ocidente, faz-nos refletir sobre o Uruguai de hoje, em que sentimos que “já nada do que acontece na região e no mundo nos é estranho”.

 

Quem somos

O Uruguai é um país pequeno de 3.3 milhões de habitantes, dos quais 2.7 milhões estão recenseados para votar e votaram 2.43 milhões. O voto no Uruguai é obrigatório para todos os recenseados e não está disponível o voto para os residentes além-fronteiras. Isso explica em parte a diferença entre os recenseados e os que foram efetivamente às urnas.

Até há poucos anos havia uma narrativa nacional que circulava nos meios académicos e de esquerda, segundo a qual as coisas no Uruguai aconteciam 30 anos depois de acontecerem no resto do mundo. Isso resultou num ditado que dizia que a vantagem de viver neste país, aqui no sul do mundo, é que quando o mundo acabar o Uruguai vai existir mais 30 anos.

Isto já não é assim há mais de uma década. O Uruguai foi um ator destacado da “DÉCADA PROGRESSISTA” que viveu a “AMÉRICA LATINA” no início do século e pelo menos até 2015.

Saído da crise econômica e social mais profunda da sua história no ano 2002, com o colapso do sistema financeiro, produziram-se no País a partir de 2005 um conjunto de transformações sociais, culturais, políticas e econômicas importantes que levaram a esquerda a ganhar o governo por três vezes consecutivas: 2005, 2010 e 2015.

Neste período foi reduzida a pobreza de 36% para 8%, a indigência de 3% a 0.5%, o salário aumentou 65% em termos reais e o índice de Gini melhorou substancialmente, tornando o Uruguai na economia mais equitativa na América Latina, o continente mais desigual do mundo.

A estes dados há que acrescentar uma transformação profunda da Matriz Energética que levou o Uruguai a cobrir mais de 50% do seu consumo de energia através de fontes renováveis e até, em certas alturas, que todo o consumo diário venha dessas fontes.

Concomitantemente às melhorias econômicas e sociais, ao desenvolvimento, foi promovido um conjunto de políticas que colocaram o Uruguai na ribalta das sociedades com melhores níveis de desenvolvimento humano da região.

A lei das 8 horas para os trabalhadores rurais — uma lei que tinha já 100 anos de atraso —, a regularização, regulação e sindicalização do trabalho doméstico, a lei da Interrupção Voluntária da Gravidez, o Casamento Igualitário, a Regulação da Canábis, ou a Lei da responsabilidade penal empresarial para a prevenção dos acidentes no trabalho, a par de  outras iniciativas, marcaram esta posição única do Uruguai na região.

Milhares de pessoas passaram da economia da subsistência a ser parte da sociedade de consumo.

A década progressista não só não nos foi estranha, como até tivemos nela um importante protagonismo e destaque.

A insegurança, um fantasma percorre a América Latina

A partir do ano 2008, algumas formas de criminalidade começam a mudar e outras, nunca antes vistas, chegam de forma relevante, como o sicariato, uma prática criminosa praticamente desconhecida no País.

O tráfico de drogas, que já era uma realidade com décadas no País e na região, muda de forma significativa e passa a ser uma organização empresarial, não necessariamente cartelizada mas empresarial que se integra nas “cadeias de valor” do mercado internacional.

Alguns fenômenos geopolíticos, em especial  o Plano Colômbia, levaram, a partir dos primeiros anos deste século, a que certas ligações da cadeia mundial de produção, tráfico e consumo de drogas, em particular da cocaína, se transferissem do norte para o sul do continente.

As cocaínas fumáveis na forma de CrackPaco ou Pasta Base entraram no dia-a-dia das cidades e vilas do sul do continente. São os desperdícios do processo de produção da cocaína destinada aos grandes consumidores mundiais dessa droga — os Estados Unidos, os Países Europeus e os países ricos em geral — que “se valorizam” ao monetizarem-se no consumo dos setores mais vulneráveis das nossas sociedades.

Este fenômeno provocou profundas transformações econômicas, sociais e culturais nas nossas sociedades. Apareceram as ollas, as mulas, os centros de recolha e distribuição, as bocas.[1]

O surgimento desta nova realidade provocou inicialmente, no âmbito da grande crise económica dos anos 1999, 2000, 2001 e 2002, mudanças profundas nas dimensões sociais, sanitárias e culturais em toda a região, em particular no Sul do continente. Nos anos posteriores, este impacto incluirá a quebra das estruturas econômicas clássicas da vida quotidiana de sobrevivência dos setores mais vulnerabilizados da sociedade, e à boleia do microtráfico viriam a surgir novas formas de emprego e de relacionamento social. Nada nos é estranho.

Estas novas configurações sociais, econômicas e culturais chegaram repletas de novas formas de violência simbólica e fática.

Por um lado, ajustes de contas, assassinatos, extorsões, controlo dos territórios por famílias que impõem regras do jogo violentas para entrar, sair ou andar em zonas de onde o estado se retira progressivamente.

Por outro lado emergem as políticas de mão pesada, o populismo punitivo, das quais não ficaram isentos amplos setores da esquerda, que levaram as prisões a situações extremas e o Uruguai a ter hoje uma das maiores taxas de encarceramento da região, com 12 mil presos para uma população de 3.3 milhões de habitantes.

Mas a direita é insaciável em matéria de coerção estatal e punição, sempre quis mais e conseguiu instalar ao longo dos anos a ideia de que o País vivia numa situação extrema de emergência em matéria de segurança.

Desde a chegada do presidente Mujica ao governo em março de 2010, a investida em matéria de segurança chegou ao ponto de se falar em mexicanização da sociedade uruguaia.

Em junho de 2012, Mujica responde com a Estratégia pela Vida e a Convivência e com 15 medidas políticas para reverter a situação, houve a tentativa de mudar o eixo político da segurança para a convivência, das drogas ao relacionamento e aos projetos de vida das pessoas numa sociedade aberta, plural e em transformação permanente pelo impacto das mudanças tecnológicas e de novas formas de vida. Uma destas 15 medidas será a Regulação do Mercado da Canábis.

A direita não parou, chamou cortina de fumo às medidas e os seus setores mais recalcitrantes, ligados política, cultural e mesmo familiarmente à ditadura que ocupou militarmente o País entre 1973 e 1985, iniciou uma campanha pela reforma constitucional para baixar a imputabilidade penal para os 14 anos, colocando como o centro do problema as drogas e a inimputabilidade penal das crianças e adolescentes. Nesses anos, os e as adolescentes com problemas com a lei e privados de liberdade ascendiam a 600 em todo o país.

Os Jovens, imersos num amplo movimento social, cultural e político que tinha promovido o que apelidou de agenda de direitos, que incluiu o casamento igualitário, a Lei de segurança sexual e reprodutiva que legalizou o aborto, a regulação da canábis entre outras leis de claro recorte progressista como as que referi, responderam à direita e ao populismo penal com uma enorme campanha de recusa à descida da imputabilidade penal, que tomou o nome NO A LA BAJA e fez dele o seu slogan identitário, ao ponto de hoje se falar na geração NO A LA BAJA.

A descida da idade de imputabilidade penal foi a referendo e não foi aprovada. Nessa eleição, toda a campanha do NO A LA BAJA trouxe, mesmo sem o propor especificamente, água ao moinho da esquerda, que na segunda volta venceu com grande avanço.

Não obstante o resultado do referendo, positivo para o arco progressista, e da própria eleição, também favorável ao progressismo, a questão da insegurança continuava latente.

Embora a questão da insegurança não nos fosse alheia, e embora o populismo penal avançasse passo a passo no pensar e no sentir da sociedade, ainda se mantinha alheia ao recrudescimento das penas, a guerra às drogas e ao gatilho fácil.

2015-2019: Implosão da POLÍTICA na esquerda

Após cinco anos de uma forma frenética de fazer política a nível local e mundial por parte do presidente Mujica, o ano de 2015 traz uma aterragem abrupta do clima político, o novo presidente da República pela segunda vez, Tabaré Vázquez, desaparece do debate público e a esquerda política e parlamentar retrai-se para a custódia do governo e perde iniciativa, inovação e capacidade de proposta política.

A Frente Ampla, partido/movimento/coligação de governo, apresenta-se como ator de terceira categoria no palco social e político do país, limitando-se a dar o seu aval e apoio a toda a política avançada pelo Poder Executivo.

O grupo parlamentar da Frente Ampla, tanto em deputados como no Senado, fecha-se no acompanhamento do governo, perde iniciativa política e carece de uma agenda de novas iniciativas que aprofundem as mudanças e as conquistas do primeiro governo de Vásquez e do governo de Mujica. A narrativa da esquerda e a sua capacidade de sedução desvanecem-se até quase desaparecer, absorvida pela gestão, o bom governo e a correção política.

Os movimentos sociais, em particular o Feminismo e em alguma medida o Movimento Sindical são os que mantêm uma ação política permanente e sistemática de reivindicação e aprofundamento dos direitos adquiridos, da inclusão de novas perspetivas inclusivas em assuntos ambientais, de género, das deficiências, dos afrodescendentes e os migrantes, com especial ênfase naquilo que tenha a ver com violência de gênero.

A direita mobiliza toda a sua artilharia ideológica, política e mediática, questionando o que chama de “ideologia de gênero” e fazendo finca-pé nos problemas de segurança pública, promovendo denúncias de corrupção e judicializando as responsabilidades políticas e de gestão dos membros do governo de Mujica e do primeiro governo de Vázquez.

Há um episódio muito doloroso na gestão da empresa pública petroquímica que apresentou em 2015 um importante défice na gestão financeira, o que levará em 2017 o vice-presidente da República Raúl Sendic [2], que no período 2009-2015 tinha sido por duas vezes presidente da dita empresa, a renunciar ao cargo.

Alguns traços relevantes da segunda presidência de Tabaré Vázquez

O segundo governo de Tabaré Vázquez teve logo a partir do dia seguinte à eleição um viés conservador, até mesmo com nuances autoritárias em certas áreas.

Vázquez anunciou o seu elenco governativo imediatamente a seguir à eleição sem ter em conta a realidade eleitoral nem as sensibilidades da sociedade nesse momento, nem a do partido que o levou ao governo. O seu executivo foi formado com os incondicionais da sua velha guarda, aquelas pessoas que o acompanharam e com quem tinha governado Montevideo de 1990 a 1995 e que tinha sido a sua equipa de confiança no primeiro governo nacional entre 2005 e 2010.

O mandato teve início com a descontinuação de uma série de iniciativas que tinham avançado durante o governo de Mujica, algumas delas saídas da Estratégia pela Vida e a Convivência promovidas em 2012, que tentavam enfrentar o problema da insegurança de forma integral, com intervenções urbanas de envergadura para recuperar territórios pauperizados.

Os temas da Insegurança e das Políticas Sociais “ficam presos”, respetivamente, nos ministérios do Interior e do Desenvolvimento Social, que não dialogam entre si nem com o resto dos organismos do estado que têm intervenção na matéria, como os da Habitação, Trabalho e Segurança Social, Saúde, e o segundo e terceiro nível de governo, Departamentos e Municípios.

Apenas em 2018 foi ensaiado um plano para retomar formas de dar uma resposta integral em alguns territórios críticos de Montevideo e noutros departamentos do País, com a participação de diversos organismos do estado central, os Departamentos e os Municípios e o envolvimento dos moradores na construção de uma sociedade mais segura.

Aos olhos da direita dura foi uma resposta tardia e tímida e aos olhos de amplos setores de esquerda foi também uma resposta tardia e focada nos aspetos repressivos, sem sublinhar o facto de que se tratava de territórios abandonados pelo Estado, aos seus diversos níveis, desde há décadas.

Tudo parece indicar que já era tarde e insuficiente.

A bandeira emblemática da esquerda na sua chegada ao governo em 2015 eram as políticas sociais, a redução da pobreza, a quase eliminação da indigência. Foram implementados planos de transferências de rendimento, programas de proteção no emprego, uma bateria de ferramentas para corrigir as desigualdades de um sistema que as cria de forma sistemática.

Para além das inevitáveis falhas na implementação dos diversos programas de apoio aos setores mais vulneráveis da sociedade, eles contribuíram de forma significativa para a melhoria da qualidade de vida e a dignidade das pessoas.

A direita fustigou sistematicamente estas políticas, acusando-as de serem clientelares e de contribuírem para que as pessoas que recebiam as ajudas deixassem de procurar trabalho, de cuidarem de si próprios e de se superarem como seres humanos. Instalou a aporofobia[3].

As pessoas são pobres porque não se esforçam, porque são preguiçosas, porque gostam de viver às custas do estado. Uma narrativa cruel e impiedosa, que nega as histórias de vida de amplos setores sociais historicamente submergidos e postos de lado ao longo de gerações, à qual foram aderindo as classes médias, depois médias baixas e finalmente até as próprias classes baixas da sociedade.

15 anos após o nascimento do Programa de Atenção Nacional à Emergência Social — PANES, bandeira da esquerda que ganhou o goberno com 51% dos votos à primeira volta em 2005, sem alterações significativas nos elencos que implementaram essas políticas nem na reformulação das mesmas por parte da esquerda, a direita impôs a sua narrativa aporofóbica.

No que diz respeito às relações no seio do campo popular, em setembro de 2015 aconteceu algo que iria marcar não apenas toda a gestão da segunda presidência Vázquez, mas também o estilhaçar da sensibilidade, do pensar, da razão de ser da esquerda. No meio de um profundo enfrentamento com os sindicatos docentes e os estudantes, Vázquez decreta a requisição civil na educação. Uma medida impopular, que juntou milhares de pessoas nas ruas e que nem se podia aplicar por ser inconstitucional. Vázquez partiu a loiça sem ganhar nada com isso.

Por outro lado, no marco de uma estratégia com várias tenazes com que tentavam isolar a esquerda da sociedade, cujos eixos são A INSEGURANÇA, a ineficiência das POLÍTICAS SOCIAIS, MÁ GESTÃO e as acusações de CORRUPÇÃO, é a direita que marca a agenda de praticamente todo o período do mandato do governo.

Ao longo de dez anos e independentemente de não existirem indicadores no País que confirmassem a gravidade das suas afirmações, a direita convenceu a sociedade que o País estava perante uma crise generalizada de valores, de insegurança, de corrupção e que a mudança de caras na condução do país era imprescindível para que o Uruguai não se Venezuelizasse. O País ouviu e convenceu-se disso.

Duas eleições e muitas lições

Outubro

A 27 de outubro de 2019 a Frente Ampla foi o partido mais votado pelos cidadãos. Os 39.02% deram à Frente Ampla a possibilidade de ser a maior minoria, o partido político mais importante do país. O resto dos partidos de tom liberal ou ambientalistas e da direita conservadora, junto com outros pequenos grupos que não alcançaram representação parlamentar, somam 56.64% dos votos. O resto foi completado pelos  votos brancos e nulos.

A maioria da sociedade votou contra a esquerda e os três principais partidos da direita tiveram no seu conjunto 52% do eleitorado, dos quais 28.02% para o partido nacional, representante histórico do conservadorismo em matéria de direitos e liberdades e neoliberal nas suas conceções económicas; 12.34% dos cidadãos optaram pelo partido colorado, um partido liberal em matéria de direitos e liberdades; e depois a extrema-direita, com um partido liderado por um ex-chefe do exército que em oito meses alcançou 11.04% do eleitorado e que hoje é a chave do futuro governo.

Novembro

O Uruguai tem um regime eleitoral a duas voltas, o que implica que para um partido ganhar a eleição à primeira volta tenha de superar 50% do eleitorado mais 1 voto. Por isso, apesar de a esquerda no seu conjunto ter obtido 39.02% dos votos válidos e o segundo partido ter ficado a 11 pontos de diferença com 28.02%, a lei eleitoral estabelece a necessidade de uma segunda volta.

Logo a seguir à eleição de outubro, os três principais partidos da direita, incluindo a extrema-direita, coligaram-se numa aliança a que se juntaram os pequenos partidos. Tudo somado, esta coligação tinha juntado 54.05% da vontade cidadã.

A esquerda cometeu inúmeros erros ao longo da campanha de outubro e também na campanha da segunda volta em novembro. Tudo fazia crer que esta eleição seria um passeio sem sobressaltos para a direita.

Ao longo de todo o mês, as sondagens davam a coligação de direita vencedora da contenda com 8 a 9 pontos percentuais de avanço. A direita não conseguia captar todo o eleitorado que nela tinha votado em outubro, mas mantinha larga vantagem sobre a esquerda.

Mas às 20h30, ao fecharem as urnas, o País parou ao ver que a diferença entre ambos os candidatos era tal que as principais empresas de sondagens davam “empate técnico” e não apontavam um vencedor. Três horas mais tarde, às 23h30, o candidato da esquerda Daniel Martínez saúda a sua militância e diz que a eleição ainda não está definida e será necessário aguardar pela contagem dos votos observados [4], dada a diferença tão pequena. Por isso haverá que esperar várias horas, ou mesmo vários dias para saber quem será o próximo Presidente da República.

Na quinta-feira, 28 de novembro ao meio dia, a recontagem dos votos confirmou o triunfo da coligação de direita com 48.8% do eleitorado contra 47.3% da esquerda, uma curta margem de 27.042 votos separou a esquerda do que teria sido o seu quarto mandato consecutivo no governo.

Lições aprendidas

A primeira reflexão importante a destacar é que no Uruguai uma eleição não se ganha nem se perde numa campanha.

A segunda é que os candidatos são importantes, mas não são necessariamente determinantes.

A terceira é que a ação política do governo, da força política e dos deputados, bem como dos movimentos sociais e do conjunto da sociedade civil, ao longo de todo o período do ciclo progressista e em particular do período 2015-2019, assumem um papel central na construção da narrativa histórica que dá sentido ao voto no dia da eleição.

A quarta é a constatação de que havia 47.3% do eleitorado disposto a votar Martínez e que em outubro não votou nele. O voto fragmentado em vários partidos de direita não lhe teria dado a maioria parlamentar, mas sim à esquerda e assim pelo menos 8 deputados e 3 senadores agora nas bancadas da direita teriam ficado nas bancadas da esquerda.

A quinta e muito importante é que conservadores e liberais não duvidaram por um instante em abraçar a extrema-direita com o objetivo de tirar o progressismo do governo.

A eleição de outubro foi para a esquerda um triunfo com sabor a derrota, foi o partido mais votado mas perdeu 3 senadores e 8 deputados e a maioria parlamentar passou para as mãos da direita.

A eleição de novembro foi para a esquerda uma derrota com sabor a triunfo, com a direita a ir governar o país sem ter superado a fasquia dos 50% do eleitorado. Desde a reforma eleitoral de 1996, nenhum presidente foi eleito à segunda volta com menos de 50% dos votos. Ainda por cima, mais de 5% do eleitorado que votou na direita em outubro não votou em novembro no candidato único das direitas e escolheu antes apoiar o candidato do progressismo.

Se o resultado de novembro não evitará que a direita promova um programa de conteúdo fortemente neoliberal, como sugere a formação do executivo que está em marcha e as medidas que está a anunciar, pode contribuir para que não o faça de forma selvagem como acontece no Brasil de Bolsonaro e aconteceu na Argentina de Macri.

Terminado o processo eleitoral, é necessário constatar que a esquerda não soube interpretar o incómodo, o descontentamento, a vontade de mudança na sociedade e sofreu um revés histórico.

Finalmente, uma reflexão muito importante para o futuro da esquerda: as políticas dos 15 anos de progressismo que conseguiram retirar da pobreza mais de 25% da população não conseguiram uma mudança cultural por entre esta população e o conjunto da sociedade que tornasse estes cidadãos ativos, críticos e não meros consumidores de um mercado que antes lhes fugia.

Nada nos é estranho.


Julio Calzada é sociólogo, ex-Secretário Geral da Junta Nacional de Drogas do Uruguai e atual Diretor da Divisão de Políticas Sociais da Intendência de Montevideo.

Traduzido por Luís Branco para o esquerda.net.

Notas:

[1] Olla, lugar onde os “cozinheiros” cozem a pasta de cocaína e extraem o cloridrato que em seguida pode ser consumido na forma de cocaína snifada ou injetada.

Boca, lugar de abastecimento de drogas e no caso das cocaínas fumáveis, “lugar de abastecimento e consumo de pasta base”.

[2] Filho de Raúl “Bebe” Sendic, líder histórico do movimento de trabalhadores rurais de Artigas UTAA e fundador com o presidente Mujica do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros no início dos anos 1960, responsável pela guerrilha urbana mais mediática das décadas de 60 e 70 do século XX.

[3] Aporofobia: rejeição, hostilidade e aversão às pessoas pobres.

[4] “Votos observados” são votos registados separadamente nas mesas eleitorais, em casos de eleitores que votam numa zona eleitoral diferente do recenseamento ou cujo nome não é encontrado na lista eleitoral. Os dados desses eleitores são analisados posteriormente à eleição para confirmação de identidade e só após essa confirmação são validados.

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