Subestimar o outro não é o mesmo que se superestimar

Única alegria: Grêmio erra um passe e Inter empata o jogo em contra-ataque | Foto: Ramiro Furquim

O que alguns gremistas desejam hoje, após a indiscutível vitória no Gre-Nal de ontem, é que fique comprovado que o Inter não subestimou o Grêmio. Havia tal preocupação nas entrevistas de ontem depois do jogo e esta ainda permanece. A conversa ouvida no ônibus foi “e eles estavam lá com os titulares, para ganhar!”; a leitura de uma resenha escrita por um gremista sobre o jogo começa assim: “O Inter não subestimou o Grêmio. (…) O Grêmio foi, simplesmente, superior”. Sim, foi superior, e muito. Sobre a questão de subestimar ou não, creio que o erro começa pela palavra utilizada. Pois creio que o Inter encarou a partida de forma errada, jogou como se estivesse no Campeonato Gaúcho e não estava, estava num clássico. Aos 5 primeiros minutos de jogo, eu já dizia para minha companhia, “Dorival acha que vai ganhar o jogo só na banguela, como aconteceu contra o Caxias ou o Pelotas deve estar tranquilo, ignorando o Grêmio…”.

Pode parecer a mesma coisa, mas não é. O Inter não subestimou o Grêmio, o Inter seguiu superestimando sua própria capacidade de resolver os problemas de seus jogos. Queria jogar para o gasto, como tem feito sempre, independente de adversário. Acostumado a desequilibrar as partidas através da qualidade e alta efetividade de seus atacantes, enfrentava um adversário que sabia marcar. O Grêmio deu um narcótico para D`Alessandro, vigiou Oscar e Kléber e só teve problemas com Dagoberto. Apesar do placar apertado, foi um Gre-Nal extremamente fácil para os bananas. Parecia que os times tinham trocado de camisa. A qualidade do Inter só se fez presente no final, quando perdeu gols realmente incríveis.

Quando se entra com determinada postura, é muito complicado mudá-la. Não sei explicar, mas é. O Inter tentava engatar uma marcha, mas como fazê-lo se o Grêmio tinha a bola? Dizer que faltou esforço de nossa parte é bobagem. Como diz Andrade, justificando o Barcelona e o toque de bola do Flamengo dos anos 80 que tentava implantar em seus times, quem não tem a bola corre e cansa o dobro. O Inter correu muito, esforçou-se ao máximo, mas não engatou. A mobilização não dava resultados. Aos 10 minutos do primeiro tempo, minha companhia dizia “esse time precisa ouvir a palavra do vestiário” e dávamos risadas. Claro, sabíamos que haveria ainda 35 minutos de baile. Estávamos na mão do Grêmio e a coisa só melhoraria se eles afrouxassem. O pior é que empatamos o primeiro tempo e Dorival deve ter acreditado que, logo logo, alguém ia dar um jeito de fazer o segundo. Nada mudou depois do vestiário.

Bem, o fato é que tomamos um “arrodião” no Beira-Rio.

Três coisinhas para terminar:

1. O que gostaria de saber é o que Muriel e o treinador de goleiros pensam a respeito de espalmar as bolas para a frente. É um método de suicídio? Ele tem feito isso em TODOS os jogos.

2. Grande Roger. Acertou o time, escalou os melhores — livrando-se principalmente de Grolli — e entregou em paz o bastão para Luxemburgo. Um dia, não será mais um mero interino.