Bom dia, Abel Braga (veja os gols)

Bom dia, Abel Braga (veja os gols)
Abel Braga: o bom jogo merecia três pontos
Abel Braga: o bom jogo realizado merecia os três pontos

Jogamos melhor e não ganhamos. Espero que este não se torne nosso mantra, Abel. Ainda mais porque os empates, o resultado mais comum de quem deixa de ganhar, dá apenas 1 ponto, 33% dos buscados 3. Ou seja, qualquer empate é uma quase-derrota. Por exemplo, o Inter perdeu apenas uma vez, enquanto que o Fluminense perdeu três. Quem, está na frente? O Flu, pelo critério de desempate, que tem como item nº 1 o número de vitórias.

Alan Patrick devolveu criatividade a nosso meio-de-campo e acompanhou com grande produção a D`Alessandro. Por que saiu, estava machucado, Abel? Pergunto porque o Valdívia, que entrou em seu lugar, está se especializando em perder gols. Chato isso, o guri joga bem, é veloz, mas perde as jogadas que cria. Acho que ele tem que treinar mais esse negócio de chutar em gol. Isto cabe a ti fazer. Juan jogou um bolão, assim como Dale, Willians e até Fabrício. Mas perdemos gols demais. Desde o primeiro tempo tivemos que conviver com o inferno dos gols perdidos.

Agora há um período de folga seguido de outro treinamentos. Espero que o Luque se integre bem assim como nosso terceiro Wellington de 2014. O próximo jogo — contra o Corinthians no invicto Itaquerão — será só em 16 de julho.

Boas férias, querido. Abaixo os melhores lances de ontem.

http://youtu.be/IyXvvZZEepM

Bom dia, Abel Braga

Bom dia, Abel Braga
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Abel: o insustentável peso de estar na frente

Pois é, meu caro Abel Braga, estávamos ganhando bem até os 30 minutos do segundo tempo, quando tomamos um gol besta e quase entregamos o jogo. Seria a segunda vez em dois jogos. Lembras que no Rio ganhávamos por 2 x 0 do Botafogo e cedemos inexplicavelmente o empate? Claro que lembras! Pois ontem quase ocorreu o mesmo. Navegávamos em tranquilos 2 x 0 até que o Sport fez um gol por erro de nossa defesa e virou um leão. Quase empatou o jogo.

O que irrita mais é que uma vitória por dois gols nos daria a liderança do campeonato. É claro que, matematicamente, em uma disputa em 38 rodadas, pouco importa quem é o líder na terceira rodada, mas quem conhece a psicologia do futebol sabe da importância de estar na frente. E cá pra nós, Abel, quem criou o problema foi tu, colocando o Ygor no lugar do Alex e o Valdívia no lugar do Alan Patrick, que finalmente fazia um bom segundo tempo. Modificações bobinhas, dessas para poupar jogadores. Poupar para quê, me diga? O próximo jogo é só sábado!

Desta forma, há quatro times na liderança do Brasileiro, todos com 7 pontos ganhos. Segundo Juca Kfouri, há dois jogando muito mal e nem sabem o porquê de suas posições — Corinthians e Goiás –, há o instável Internacional e o provável bicampeão brasileiro de 2014, o Cruzeiro, um líder que joga com o time reserva, dedicado que está à Libertadores. Enquanto isso, a gente comeu mosca contra o Botafogo e ontem quase, né, Abel?

Acho que está na hora de tu tirares o time do ponto morto, Abel. Esses reservas imediatos não deveriam ser substituídos pelos guris que iniciaram o Gauchão? Eles me parecem bem melhores do que o pessoal que senta em nosso banco de reservas, hein?

Vejo os gols de ontem:

Só eu sei como sofri com Zico

Eram tempos um pouco diferentes dos de hoje, digo sem nenhuma nostalgia. Por exemplo, uma vez, passei dez dias em Itaqui. Estava fazendo um trabalho por lá e dependia de uma linha sem ruído da CRT. Que nunca veio. Era verão e anoitecia bem tarde. Quando o sol caía, eu caminhava pelas ruas da pequena cidade ouvindo continuamente as notícias do Jornal Nacional. Con-ti-nua-men-te, pois todas as casas de Itaqui ficavam com as janelas abertas e as tevês sintonizadas na mesma emissora. Parecia 1984, o livro de Orwell, apesar de que, pensando bem, talvez até fosse o ano de 1984 de verdade. Esqueçam a frase anterior. Parecia Fahrenheit 451, que também tem um Grande Irmão e este era representado pelas vozes de Cid Moreira e Sérgio Chapelin, que ecoavam a quase dois mil quilômetros do Rio de Janeiro.

As pessoas podiam até duvidar de alguma notícia, mas TODOS ouviam e viam a Rede Globo e quem duvida da influência dela nos anos 70 e 80, deve perguntar aos candidatos Fernando Collor de Melo e Luís Inácio da Silva. Ao menos um deles, contará boas histórias. Aquilo me irritava – pois adoro Itaqui e jamais falaria mal de seus habitantes que conhecem como poucos a arte de receber – e eu acabava na beira do rio para olhar Alvear e pensar na dona do hotel. Uma tarde, reclamei manhosamente que o ar condicionado de meu quarto não dava conta do calor. Ela foi conferir o fato in loco. A recepção ficou vazia por bastante tempo, prova de que nem todo mundo têm a opinião do Dante (o comentarista do Impedimento que não curte nada que eu faço).

Nas noites de domingo, a presença da Rede Globo parecia ainda maior. Tinha o Fantástico e, lá pelas 22h, entrava o Léo Batista com os gols pelo Brasil. O personagem principal, o mais festejado, o Rei da Globo e do Flamengo era um baixinho que atuava com a camisa 10. Rede Globo → Rio → Flamengo → Zico → Festa, simples assim. Era insuportável. Ainda mais que o cara era absolutamente genial.

Logo que ele apareceu, todos os Ceconelli do sul do Brasil, com sua neurótica fixação pelo número 3, diagnosticavam que ele era apenas um “jogador de Maracanã”, que era só botar “o Ademir Kaefer em cima dele pra ele abrir as pernas”, e torciam o nariz com ceticismo. Só que ele não parava de fazer gols – e era gol de tudo quanto era jeito, de pé direito, esquerdo, forte, colocado, de primeira, driblando meio mundo, de pênalti, de bate-pronto, de falta e até vários de cabeça, normalmente feitos no Botafogo.

O moço era realmente democrático. Tinha pra todo mundo. Todo o clássico no Maracanã tinha. A princípio, dando razão aos Ceconelli, o futebol e os gols de Zico apareciam mais quando acompanhados pela torcida do Flamengo, mas depois eles passaram a prescindir da companhia dela e vararam o Brasil. Eram gols bonitos, calculados, cheios de estilo. Não é favor compará-los com os de Messi. Zico também era pequeno e perdia poucos gols. Assim como o argentino, Zico calculava seus chutes. Raramente a bola estufava as redes com ódio, ela quase sempre dirigia-se para lá como uma criança dirige-se com sono para sua cama. A cena seguinte era a do protagonista correndo para a torcida, quase sempre passando pelo lado direito da goleira adversária para ir até o fosso do velho estádio. Era uma cena chata, repetitiva para os torcedores não flamenguistas.

O chamado Galinho de Quintino – apelido de considerável mau gosto – chutava bem demais. Sua cobrança de falta era mortal. Seus lançamentos também eram esplêndidos e quase todos os pênaltis que batia acabavam nas redes adversárias – quase todos eles chutados no canto direito do goleiro. Um dos mistérios que nem deus explica é porque os goleiros atiravam-se quase sempre para o canto esquerdo. A convicção com que se equivocavam – ou eram enganados – era algo patético, ridículo. A seguir vou colocar alguns poucos números de Zico como artilheiro, mas é importante esclarecer que ele não era exatamente um atacante, era um enganche que chegava para chutar. OK, era um enganche que não marcava ninguém, mas era um meio-campista, saía de lá. Só que quando estava na área demonstrava como ninguém a arte de se colocar bem. E livre. E a bola insistia em passar por ele.

E o que dizer das arrancadas? Quantas vezes Zico partiu da intermediária como quem não queria nada e acabou nas redes adversárias? Mas eu nem precisaria descrever suas qualidades. Vamos aos poucos números que prometi.

Ele marcou 699 gols em sua carreira. No Flamengo, foram 539 em 826 jogos. Em 72 jogos pela Seleção, fez 52 gols. Também jogou na Udinese e no Kashima, onde até hoje é chamado de サッカーの神様. Em Udine, um jornal escreveu: “Para nós, friulanos, Zico tem o mesmo significado de um motor da Ferrari colocado dentro de um fusca. Sentimo-nos os únicos no mundo a possuir um carro tão maravilhoso e absurdo”. Mas há mais: é o maior artilheiro do Maracanã, com 333 gols; no ano de 1979, marcou 81 gols em 70 jogos; e em sua carreira ganhou Brasileiro, Libertadores (da qual foi o artilheiro), Mundial de Clubes, Campeonato Carioca. Só não levou mesmo a Copa do Mundo, em parte por sua culpa ao errar um pênalti contra a França, no México, na Copa de Maradona.

Alguns times que o Flamengo construiu em torno de Zico foram arrasadores. O clube sempre tentava dar-lhe coadjuvantes sensacionais, mas aquele que tinha Raul no gol, Mozer na zaga, Leandro e Junior nas laterais, Andrade na volância com, à sua frente, sem posição fixa, Tita, Adílio, Lico e Zico, com Nunes lá na frente – nunca sozinho – era praticamente imbatível. Só eu sei como sofri com esses caras. Vou passar por cima da lesão que lhe infligiu Márcio Nunes, do Bangu, em 1985. Afinal, neste 3 de março, Zico está completando 60 anos e a gente não deve falar de coisas ruins.

Então, para finalizar e a fim de que ninguém diga que minto…

Publicado sábado (1) no Impedimento.

O caricatural placar da decisão do Campeonato Gaúcho…

… revela o quanto os campeonatos regionais são heterogêneos, anacrônicos e antiquados. Na decisão de 2008, Inter 8 x 1 Juventude; em 2009, Inter 8 x 1 Caxias. Parece piada. Quando o Inter resolve VENCER um time do interior do Rio Grande do Sul no Beira-Rio, o primeiro tempo pode acabar em 7 x 0, fato que não acontecia há 68 anos.

Se estou feliz? Claro que estou, ganhar o Campeonato Gaúcho é melhor do que perdê-lo, mas falando sério, preferia não jogá-lo. Queria um Brasileiro de ponta a ponta do ano, uma Copa do Brasil com todos os clubes — os que vão à Libertadores não têm datas para jogá-la, sem os regionais teriam… –, folgas para os clubes nas datas Fifa, etc. Um Gauchão, ganho ou perdido, é a mesma coisa — nada.

Mesmo assim é engraçado ganhar de um time da Série C. Aqui, a avassaladora goleada:

Já na decisão paulista, o destaque foi o chilique de Diego Souza. Diego dá razão àquele meu amigo português que afirma tratar-se de um imbecil. Explico: Diego foi jogador do Benfica. Acabou corrido de lá. Vejam abaixo as estrepolias de um grande profissional:

Uma tentativa de limpeza nos quase 1000 Gols de Romário, nos 1283 de Pelé, nos 1497 de Gerd Müller…

É bom esclarecer desde logo: se tivesse que escolher entre Romário e Pelé para meu time, escolheria tranqüilamente Pelé, mas se fosse para conversar, escolheria Romário, autor de frases imortais como, por exemplo: “Pelé calado é um poeta”. Nada mais verdadeiro. Não tenho nada contra a comemoração do gol 1000 de Romário, ele foi / é um dos maiores jogadores brasileiros de todos os tempos. Talvez seja o maior se ficarmos limitados ao pequeno espaço da grande área. Tem 1,68m, mas faz gols de cabeça como poucos. Não costuma chutar forte, faz quase todos os seus gols com um calculado toque na bola. Não bate faltas de fora da área, mas tem 999 gols.

Mesmo que eu considere Pelé – eu o vi jogar muitas vezes, tenho 51 anos – um jogador superior e mais completo do que Romário, um pequeno estudo das estatísticas disponíveis colocará Romário e Pelé como artilheiros de calibre muito próximo.

Farei uma tentativa de “equalizar” as estatísticas de ambos e a de Gerd Müller, pois os critérios – ou a falta de – e o fator histórico influenciaram todas as contagens. Assim sendo, considerarei apenas os jogos oficiais, numa tentatica de “limpar” as listas.. A fonte para a separação dos gols por categorias foi este blog do jornalista Paulo Vinícius Coelho. Nele, há detalhes sobre os 1283 gols de Pelé, sobre os de Romário e depois sobre os 1497 gols do ex-centroavante da seleção alemã e do Bayern de Munique – outro baixinho – Gerd Müller.

A comparação entre os gols que eles fizeram em jogos oficiais é equilibrada:

– Pelé fez 794 gols em partidas oficiais,
– Romário fez 744.

É isso. A conta acima inclui todos os jogos de campeonatos que eles realizaram em seus clubes e na seleção brasileira.

A diferença, antes de 1283 para 999, diminuiu bastante, mas não fico boquiaberto. Na época de Pelé, os grandes times excursionavam e, com um calendário bastante livre, faziam inúmeros amistosos. O Santos, com seu Rei Pelé, era uma atração mundial e os gols de seu maior jogador eram desejados pelos empresários, pela platéia e até pelos adversários. Muitos desses amistosos foram contra equipes africanas e asiáticas – algumas improvisadas na última hora -, que, na época, nem sabiam a forma correta de bater um lateral. Desta forma, Pelé tem um número incrível de gols em amistosos caça-níqueis, como vocês, meus sete queridos leitores, podem comprovar abaixo:

Santos – 1086 gols – 714 em jogos oficiais, 372 em amistosos
Seleção – 95 gols – 43 em jogos de campeonato, 52 em amistosos
Cosmos – 65 gols – 37 em jogos de campeonato, 28 em amistosos
Seleção do Exército – 15
Combinado Santos/Vasco – 6
Seleção Paulista – 11
Sindicato dos Atletas – 3
Seleção do Sudeste – 1
Seleção Amigos do Garrincha – 1

Total: 1283 gols.

E Gerd Müller?

Segundo o livro Bomber der Nation, publicado por Walter Grueber, citado pelo PVC, Gerd Muller marcou 1497 gols, 690 deles em amistosos do Bayern. Ou seja, era um contemporâneo de Pelé, também era da época em que as equipes tinham muito tempo para ganhar dinheiro em festins. Se fizermos o cálculo de jogos oficiais para Müller, teremos 722 gols, o que o colocaria atrás da dupla brasileira.

Eis o registro dos 1497 gols de Muller, discriminados no livro “Bomber der Nation”.

No TSV Nordlingen:
Championship: 51
Friendlies: 18

No Bayern Munich:
Bundesliga: 365
Regionalliga: 33
Bundesliga Play-off: 6
German Cup: 78
Regional Cup: 2
European Cups: 67
European Supercup: 3
Club-World-Cup: 1
League-Cup: 12
Reserve-Team: 6
Indoor: 26
Friendlies: 690

No Ft. Lauderdale Strikers (EUA):
NASL: 38
Play-offs: 2
Friendlies: 4

Na Seleção da Alemanha:
Competition: 68
Friendlies: 20
U-23: 1

Outras seleções:
World-Team: 2
Farewell-Game: 1
Munich-Team: 1
Combinado Munich/Nuremberg: 2

Total de gols: 1497

Ou seja, as posições de alguns jornalistas mau humorados e passadistas que dizem que a lista de gols de Romário é espúria e a de Pelé justa, são equivocadas. O baixinho não é mole. Mesmo. Seja com 1000 ou com 744.