Mais Médicos (por Thiago Silva, médico recifense radicado em São Paulo)

Mais Médicos (por Thiago Silva, médico recifense radicado em São Paulo)
Médico cubano batendo perna por aí | Foto: Araquém Alcântara, do fundamental livro “Mais Médicos”

1- Salário dos Médicos

A- Cuba faz cooperação com 66 países em todo o Globo, inclusive europeus. Sabe como isso começou? Com a brigada Henry Reeve criada em 2005 como forma de ajuda humanitária pra atender as vítimas do Furacão Katrina nos EUA. Fidel chamou centenas de médicos e pediu que se organizasse a brigada. EUA negaram a ajuda. A brigada permaneceu mobilizada pois em pouco tempo haveria a crise em Angola e terremoto no Paquistão.

Na maioria dos países que faz parceria, Cuba envia médicos e medicamentos DE GRAÇA, sem cobrar dos países. Isso aconteceu em Angola, no Nepal, Haiti, Congo, e tantos outros países pobres do Mundo. Quem arcava com os custos? O próprio governo cubano

B – E como o governo Cubano fazia, já que é vítima de um Bloqueio Econômico há décadas, uma ilha pequena do Caribe que não consegue nem produzir a própria energia, pelas características de seu território? Alguns países começaram a oferecer trocas pela Força de Médicos.

A Venezuela ofereceu petróleo. Alguns países europeus começaram a pagar diretamente pro governo Cubano. E essa parceria virou uma fonte de renda pra Ilha, com impacto em suas contas públicas, dado o volume de médicos atuando no mundo todo.

C- E como funciona o pagamento?
Cuba abre edital via uma empresa Estatal para contratar os médicos. Eles podem se oferecer ou não. As condições salariais e os países são conhecidos PREVIAMENTE por todos ANTES de assinarem contrato. Contrato. Conhecem? Pois é.

Foto do livro “Mais Médicos”, de Araquém Alcântara

A maior parte do “salário” pago fica com o governo Cubano? Sim e não.

Sim porque se você pegar o total de recurso destinado ao programa e dividir pelo número de médicos vai ser menor. Mas NÃO porque não são os governos CONTRATANTES os responsáveis pelo salário dos Cubanos

Quem é responsável pelo salário dos Cubanos é…. a Estatal com a qual eles assinaram contrato! Simples! Ela é responsável por lesão corporal, por invalidez , por seguro, por assistência a família em caso de morte, etc . Cubanos morreram aqui. Sabe o que fez o governo brasileiro?

Nada. Pois é. Quem cuida das famílias e repassa dinheiro para famílias é a estatal. Além disso, o “diferença salarial” não vai pra financiar outra coisa que não a Saúde e Educação de todo povo cubano. Detalhe, eles tem isso DE QUALIDADE e de GRAÇA pra todos lá viu?

Foto: Araquém Alcântara, do fundamental livro “Mais Médicos”

Ou seja

O “salário” dos médicos fora de Cuba (quando estão em países que pagam, que não são a maioria) sustenta os direitos sociais de todos os moradores da ilha. É uma fonte de renda pro povo. Impacta o PIB. Como vender nióbio a preço de banana pra canadense, saca?

Sabe quantos médicos Cubanos saíram do programa revoltados com o que é feito com o salário? Um total de… 1! Isso mesmo.

Houve algumas deserções, como sempre há, já que tem médicos cubanos que acham que vão enriquecer de medicina nos EUA. Claro que tem. Mas foram uma minoria irrisória.

2- Revalidação de diplomas

Essa é uma piada. Cuba manda médicos pra 66 países, sabe o único que teve gente cobrando isso? Pois é, o Brasil. Ainda tem o disparate de dizer que eles não dão médicos, quando tem norte-americano pegando lancha e indo pra Cuba se tratar.

Mesmo assim, por conta dessa pressão, os cubanos foram avaliados quando chegaram aqui, com a aprovação da lei. Avaliados pela fluência no Português e questões de Medicina. Foram avaliados por Professores e Preceptores de medicina brasileiros, a maioria de Universidades federais.

É claro que teve gente reprovada. É claro que vieram no meio dos 14 mil médicos ruins, medianos, bons e excelentes. Mas você acha que entre 14 mil brasileiros viriam apenas médicos bons? Anham. Sou Chefe de um pronto socorro do SUS onde só tem brasileiro, e vejo isso todo dia …

Foto: Araquém Alcântara, do fundamental livro “Mais Médicos”

3- Impacto.

700 municípios brasileiros não tinham uma ALMA DE LENÇOL BRANCO nem pra confundir com Médicos. Os números do mais Médicos são ACACHAPANTES. 63 milhões de pessoas cobertas. 4 mil municípios. Hoje em mais de 1500 municípios só tem Cubano.

Parabéns aos envolvidos.

A desconhecida história do vibrador (I)

A desconhecida história do vibrador (I)

Revisado e republicado atendendo a pedidos.
Afinal, o filme Histeria tem passado na Net e as pessoas perguntam.

O espírito que norteia nosso blog sempre foi o de ilustrar seus e suas visitantes. Ademais, aprender história dá-nos outros horizontes e podemos captar repetições e nuances que nos permitem fazer projeções para o que vivemos e vamos viver. É rigorosamente dentro deste propósito que contaremos a nossos leitores e leitoras a história do vibrador. Ora, a ideia me surgiu a partir de uma amiga que possui um vibrador-batom… Isto é, se alguém abre sua bolsa, não encontrará algo de grandes proporções e formato suspeito, mas um aparelho fabricado na China, semelhante a um batom. Digamos que não há nada ali para pintar os lábios. Não lhe perguntei se tamanho era algo importante em tratando-se de vibrador, pois, sabem, até minha cara-de-pau de historiador conhece limites e não sou tão íntimo da moça para lhe perguntar sobre o uso de produto tão íntimo.

Antes de chegar a esta solução pequena e elegante, oculta dentro de uma pequena bolsa que pode ser aberta sem constrangimentos, o vibrador percorreu notável história a qual começa, obviamente, pelos nossos espertos psiquiatras. Ao final do século XIX, vivíamos uma das épocas culturalmente mais florescentes. Havia Brahms e Mahler, Thomas Mann e Kafka eram crianças, Dostoiévski e Tolstói produziam como nunca e, prova da inteligência daquele tempo, a histeria era considerada uma doença exclusivamente feminina. Ou seja, a medicina também era a melhor possível e só decaiu com aqueles médicos vienenses que não apreciavam Richard Wagner.

A massagem vulvar foi descoberta como tratamento eficaz para a histeria e a neurastenia. Claro que aquilo não era nada sexual, era antes algo essencialmente técnico. Era como alongar ou tirar nós musculares nos dias de hoje. Mas as mulheres gostavam e as mais espertas rolavam no chão à menor contrariedade, atrás de um libertador diagnóstico de histeria. O tratamento era aquele mesmo: a massagem vulvar. Era uma máquina de fazer dinheiro e, é claro, a massagem só acabava no momento em que acabava ou, melhor dizendo, no momento em que a paciente chegava ao orgasmo. Mas os médicos achavam que passar dez horas por dia atendendo a vasta clientela das massagens vulvares era cansativo e tedioso, além de que muitos temiam ver crescer pelos na palma de suas mãos. Então, os neurologistas inventaram uma forma de mecanizar o processo: a hidroterapia. Era como molhar as plantas: o médico ajustava o jato, regulava sua força do jato e deixava um (ou uma) auxiliar segurando a mangueira:

Observem atentamente a figura acima. Vejam bem o lado esquerdo. O médico ou auxiliar, certamente inglês, preferia pegar numa mangueira. Eu nunca fui mulher, mas imagino que esta troca não tenha sido muito legal para o publico aficionado. Imagino que houvesse variáveis que poderiam dificultar as coisas: a temperatura da água, por exemplo, poderia ser fatal para as friorentas; também acho que os constantes erros de mira do(a) auxiliar do médico obrigavam a paciente a rebolar sobre a cadeira a fim de que o jato alcançasse de forma produtiva o local exato da histeria. E se, na hora da histeria, algo chamasse a atenção do homem da mangueira e este a apontasse para a parede? Ora, neste caso, tudo teria de começar novamente! Afora isso, havia a absurda conta d`água e aquela molhaçada, já pensaram?

Mas voltemos aos vibradores. Em 1880, novamente os ingleses…

… inventaram uma máquina elétrica que, ao menos, não molhava tudo. E a geringonça — espécie de Orgasmotron, lembram de O Dorminhoco de Woody Allen? — podia atender várias pacientes ao mesmo tempo. Imaginem o ganho de produtividade? Foi um enorme sucesso, apesar do enorme risco dos médicos confundirem os êxtases de suas pacientes com meras eletrocuções. As pacientes passaram a chegar ao êxtase em 10 minutos e as mãos dos médicos, assim como suas mangueiras, puderam finalmente descansar.

(continua amanhã, com muito mais informações e fotos)