Pequena Missa Solene, de Gioacchino Rossini

Abaixo, temos a versão original do movimento de abertura, Kyrie, da Pequena Missa Solene (Petite Messe Solennelle) de Rossini. Depois, após o pequenérrimo conto que este coitado escreveu, há uma versão que não é a original, mas que é cantada por um coral muito melhor. Então, entre as duas versões, há um antigo conto meu que usa a Pequena Missa de Rossini como personagem. Bom divertimento!

Todos os pecados perdoados

A Fernando Monteiro

Eu estava estudando na Itália, mas o tema de maior interesse, aquele sobre o qual me debruçava com verdadeira afeição, era Antonella, minha pequena e saltitante romana. Um dia, tivemos uma discussão acerca de algumas grosserias que, segundo ela, eu cometera, e ela rompeu nossa ligação.

Dias depois, telefonei-lhe e convidei-a para assistirmos à Pequena Missa Solene de Rossini, que estaria sendo apresentada na Parrocchia dell’Assunzione, no Tuscolano. Depois de alguma hesitação e surpresa – ela não esperava uma ligação minha, ainda mais sem referências a nosso impasse -, ela aceitou. Antonella amava a música de tal forma que eu não tinha como saber se a aceitação do convite significava um perdão ou a mera impossibilidade de recusar a missa de Rossini.

Caminhamos lado a lado, sem nos tocarmos. Tive todo o cuidado em ser verbalmente o mais gentil com ela, já que as circunstâncias não permitiam nada além. Quando a Missa começou, ela se riu. Disse em meu ouvido que achara engraçada a pobre instrumentação que Rossini utilizara. Passaram-se alguns minutos e notei que Antonella estava muito emocionada. Abracei-a e ela apoiou sua cabeça em meu peito. Enquanto lhe acariciava o rosto, sentia suas lágrimas molhando meus dedos. Soube que estava perdoado.

Rossini começou a escrever música muito jovem. Era prolífico e compunha, em média, duas óperas por ano. Então, aos 37 anos – enfadado do freqüente contato com cantores temperamentais e diretores de teatro ainda piores -, parou de trabalhar seriamente com música, tornando-a um divertimento pessoal. Riquíssimo e célebre, dedicou-se ao lazer e a um irônico e gentil convívio com todos, itens nos quais era mestre. Costumava promover freqüentes festas em sua casa. Ali, bebia-se champanhe, vinho, comia-se esplendidamente e ouvia-se música. Às vezes, Rossini apresentava ao piano peças de um certo compositor anônimo… O compositor ressurgiu surpreendentemente aos setenta e poucos anos publicando duas extraordinárias peças sacras – o Stabat Mater e a Petite Messe Solennelle (Pequena Missa Solene) -, além de peças para piano. Tais obras foram agrupadas sob o título genérico de Péchés de vieillesse.

Fomos a meu apartamento, onde nos amamos e dormimos como fazem os casais. Quando acordei, não vi Antonella. Havia somente um bilhete em italiano sobre meu criado-mudo. Meu amigo, fomos engolfados por um dos “pecados da velhice” de Rossini. O que aconteceu não tem nada a ver com nossa situação. Não me procure mais. Antonella.

Nunca mais vi minha pequena Antonella. Porém, ontem, recebi de um amigo uma gravação da missa de Rossini. Comecei a ouvi-la, mas logo interrompi a audição por pudor. Deixei todos dormirem para religar o aparelho de som. Então, enquanto minha mulher dormia, ouvi toda a gloriosa Missa, imóvel, sentado no escuro, sentindo a presença de minha adorável Antonella e de uma outra vida perdida.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

O Allegretto da Sinfonia Nº 7 de Beethoven

Ah, pois é… Este movimento foi adotado por um amigo para conquistar uma mulher. A história do continho abaixo é real do início ao fim.

E  o tal Allegretto está abaixo, do 14min45 até 24min06. O conto vem depois.

Da Pretensão Humana

É sempre da mais falsa das suposições que ficamos mais orgulhosos.
SAUL BELLOW

Alexandre chegou apressadamente a seu consultório antes do horário habitual. Sentou-se na confortável cadeira em que ouvia seus pacientes e pegou o telefone. Aguardando que a respiração se apaziguasse, revisava mentalmente tudo o que desejava dizer a ela — àquela bela mulher que conhecera através de amigos na noite anterior. Limpou a garganta e discou. Tinha planejado uma postura que poderia ser descrita como seria gentil, agradável, carinhosa, inteligente, divertida, interessada e, dependendo do andamento da conversa, também picante. Era cedo, ela devia ainda estar em casa. Porém, a voz que tanto ansiava reencontrar chegou-lhe burocrática, pedindo-lhe para deixar um recado logo após o sinal. Tomado de agitação, procurou em seus pensamentos algo espirituoso. Depois de alguma confusão, finalizou a mensagem:

— Dora, se queres me conhecer melhor, ouve o segundo movimento da Sétima Sinfonia de Beethoven. Sou eu…. Alexandre. Um beijo.

Desligou o telefone sentindo-se um idiota. Permaneceu primeiramente avaliando aquele “Sou eu, Alexandre”. Dora pensaria que sua intenção seria a de dizer que o segundo movimento da Sétima descrevia a pérola de homem que ele era ou concluiria tratar-se apenas da assinatura final do recado? Ou, de forma mais benigna, será que Dora presumiria que o intento de Alexandre seria o de proporcionar-lhe uma lembrança agradável ou de fazer uma piada? Mas antes, ele dissera “…se queres me conhecer melhor, ouve…”. Como assim? Poderia alguém ser descrito por uma sequência de notas musicais? E Beethoven retrataria alguém como Alexandre logo por aquelas notas? O que Dora pensaria? Tinham conversado bastante na noite anterior a respeito do concerto a que assistiam com amigos comuns. No intervalo, ela disse ser uma ouvinte contumaz de Beethoven, também declarou que, em sua opinião, faltava aos barrocos do concerto daquela noite o drama e as afirmativas curtas e repetidas de seu compositor predileto.

— Vim a este concerto por insistência da Carla e do João. Há meses fico em casa com meu filho. Sou uma descasada recente.

Alexandre ficara instantaneamente apaixonado, transtornado mesmo. Desejava aquela mulher linda e inteligente, queria ser admirado por ela, mas, sentado em sua sala, começava a desesperar-se com a evidente bobagem que deixara gravado. O que significava aquilo de comparar-se ao compositor que ela amava? Ontem, para agradar a Dora, ele tinha derramado todo o conhecimento musical que lembrava sobre o compositor alemão. Ao final do intervalo, trocaram seus telefones a pedido dele. Agora, ainda sentado, pôs a cabeça entre os joelhos e disse em voz baixa que até a megalomania tinha que ter seus pudores.

E Dora? Acreditaria que toda a perfeição daquele segundo movimento pudesse ser uma representação de Alexandre? Iria recusá-lo por pretensioso? Ficaria constrangida e oprimida? Fugiria por não ser-lhe digna? Faria piadas com os amigos? Ou será que pensaria que ele, romanticamente, ambicionava ombrear-se aos semideuses para ser-lhe digno?

— Burro, burro, burro – pensou Alexandre, caminhando pela sala.

Dora ligou dali a três dias. Alexandre procurou marcar um jantar, porém foram-lhe impostas tantas restrições de horário, fosse para um jantar, fosse para um almoço ou café… Enfim, ela parecia ter tantos compromissos — principalmente para cuidar de seu filho — , que ele logo pensou tratar-se de uma negativa e despediram-se sem marcar um reencontro.

— Não surpreende — disse para si mesmo ao desligar.

Dali a dias, durante a festa do Dia dos Pais, Alexandre, um pouco alcoolizado, perguntou a seu pai:

— Pai, se tu quisesses conquistar uma mulher e tivesses a ideia de sugerir uma música para ela ouvir, que música poderia te representar?

— Ora, meu filho, sugeriria que minha futura amada ouvisse aquela música que a Maria Bethânia canta.

— Que música?

— Gostoso demais.

Sem dúvida, há megalomanias e megalomanias.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Goran Bregovic está em Porto Alegre e a terra vai tremer

Pois é. Goran Bregovic fará hoje e amanhã, 8 e 9 de setembro, a abertura do Porto Alegre Em Cena de 2010. Ele já veio a Porto Alegre, todo mundo que eu conheço parece tê-lo visto, menos eu… Eu apenas tenho todos os discos. Mas, desta vez, já tenho garantido meu ingresso e os de toda a família. Vamos vê-lo hoje.


O show é Alkohol, cuja história já foi contada neste post. Bregovic vem com grande banda, a Wedding & Funeral Band — são os habituais metais, a guitarra, os tambores, o sexteto de vozes masculinas e as tais loiras búlgaras de cujas vozes meus amigos tanto falam. Sua chegada a um hotel qualquer de Porto Alegre poderá não ser tão feliz quando esta…

Al llegar al hotel en Buenos Aires me dieron un sobre que me habían dejado de parte de Sábato. Contenía un libro, Sobre héroes y tumbas, y una carta en la que me pedía disculpas por no acudir al concierto. Me explicaba que mi música le había salvado en momentos de depresión. Lo curioso es que cuando hice el servicio militar en Nis, en la época comunista, robé de la biblioteca del cuartel un ejemplar de ese libro. Lo tuve en mi casa de Sarajevo durante años y lo perdí. Con la guerra perdí todo, también mi biblioteca. Puedes empezar dos veces tu vida, pero no puedes empezar dos veces una biblioteca. Todas las cosas grandes que me han pasado están guiadas por cosas pequeñas que se vuelven grandes, como el libro de Sábato.

… mas espero que todo o enorme grupo tenha chegado bem e animado. Além das músicas de Alkohol, Bregovic e sua banda, em show de 2h30, vão tocar músicas de discos anteriores como A Divina Comédia: Inferno, o livro da alma e Karmen com Final Feliz.

Domingo, ele esteve em Brasília. O que houve? Ora…

Alguns juram ter sentido um tremor de terra na região do Museu da República na noite de domingo (5/9). O epicentro do fenômeno era a agitação de cerca de 6 mil pessoas pulando durante a performance do músico sérvio Goran Bregovic. O show de encerramento do Cena Contemporânea 2010 começou com Gas, gas, gas, do álbum Alkohol. Daí para a frente, a performance de Bregovic oscilaria entre momentos festivos até a bela eloquência de uma ópera. “Vamos executar algumas coisas que fiz para o cinema, ópera e músicas dos meus discos. Espero que gostem do meu show”, declarou em inglês.

Acompanhado da Orquestra para Casamentos e Funerais, formada por sete cantores, cinco instrumentistas de sopro, três violinos e um violoncelo, o músico segurou uma apresentação de mais de duas horas de duração. “Nós podemos nos apresentar em funerais de um político ou de gente comum. Mas não morra. Nosso cachê é mais alto em funerais”, brincou Bregovic. Em Kalashinikov, a plateia era convidada a gritar em coro: “Atacar!”. Momentos instrospectivos também tiveram espaço como em In the deathcar, do filme Arizona dream – Um sonho americano, uma das várias trilhas sonoras assinadas pelo músico para o cineasta conterrâneo Emir Kusturica.

Pela primeira vez em Brasília, o sérvio se apresentou justamente no dia mais seco do ano, com a umidade relativa do ar a 12%. “Eu ainda não pude fazer um passeio. Mas é quase um milagre que essa cidade exista. Não existe nada parecido no mundo”, concluiu. Como todo músico estrangeiro, Bregovic fez uma observação. “Venho ao Brasil sempre para saber que os músicos brasileiros são muito bons. Bem melhores do que eu”, declarou ainda no camarim.

“Para vocês, pode parecer que o nosso repertório é tradicional. Mas o que faço é música contemporânea”, comentou o artista sobre o próprio trabalho adotado por DJs do mundo inteiro. Na plateia, o músico Vavá Afioni analisava a apresentação. “Apesar do clima festivo, eles têm canções com cadências bem complexas. Todos são exímios instrumentistas”, observou. Mesmo depois do fim da apresentação, o público não arredou pé do museu.

Do Correio Braziliense.

Hoje, a Terra vai tremer em Porto Alegre.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Telemann: Concerto para flauta doce, flauta transversa e cordas, TWV 52

Pura covardia. Sou apaixonado pelo grupo italiano Il Giardino Armonico e pelo grande George Philipp Telemann, o mais longevo e popular compositor da época de Johann Sebastian Bach, de quem era amigo. Este concerto, que ouço desde minha infância, me pegou primeiro pelo Presto final, que é aquilo que os compositores alemães da época entendiam por cigano. Ele começa no segundo vídeo aos 3min28. Depois, vi que todo ele era música da mais alta categoria. O corte final do concerto é um tanto brusco, mas ele está completo. O líder do Giardino, Giovanni Antonini, é o cara da flauta doce.

Movimentos: Largo, Allegro (no primeiro vídeo), Largo e Presto.

Ou, se a imagem insistir em não aparecer.

Ou, se a imagem insistir em não aparecer.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Capas de discos que não precisamos ouvir…

Roubado do blog português O homem que sabia demasiado. A antepenúltima maravilha nos chegou através do Biajoni, a penúltima pelo Branco Leone e a última pelo amigo Marcelo Herbert.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Please, please me, de e com Paul McCartney

O Luis Nassif sugeriu: “Homens e mulheres acima de cinquenta anos, preparem um lencinho para não terem que enxugar as lágrimas na manga da camisa”. Bem, eu apenas me diverti.

Ou aqui.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

A primeira Missa a gente nunca esquece

A primeira vez que ouvi a Missa em Si Menor, BWV 232, de Johann Sebastian Bach foi na interpretação de Karl Richter (1926-1981) e da Orquestra Bach de Munique. Hoje, após a revolução das interpretações com instrumentos originais, é uma gravação de valor apenas histórico, mas mesmo assim, é ABSOLUTAMENTE IRRESISTÍVEL para mim e, se não vou às lágrimas, é porque o supergo segura a barra.

Abaixo, o Cum Sancto Spiritu, trecho central da maior obra musical já escrita em todos os tempos — não, exagero nenhum, estou ultrabem acompanhado nesta opinião.

Se não aparecer a imagem, clique aqui.

E agora, o belíssimo e estranhamente melódico — em obra tão contrapontística — Agnus Dei lá quase do final.

Se não aparecer a imagem, clique aqui.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Algo com Nuno Mindelis, por favor

Porque esse angolano foi uma das melhores coisas que vi em São Paulo.

Nuno Mindelis – You don’t have to go (gravado ao vivo no Mr. Blues)

Nuno Mindelis – Tenho Medo

Nuno Mindelis – While we cry

Nuno Mindelis – Hey Joe

A nota biográfica que há no YouTube da primeira canção que apresentei:

Nuno Mindelis nasceu em 07 de agosto de 1957, em Cabinda, Angola. Seu interesse pela guitarra começou muito cedo, quando tinha apenas 5 anos de idade e com 9 anos já construia e tocava suas próprias guitarras.

Ouvindo Blues desde a infância, sua primeira influência foi de Otis Redding, Booker T & The MG (Steve Cropper-guitarrista da gravadora Stax, Donald ”Duck” Dunn e Al Jackson).

Mais tarde, unido a um primo mais velho no Canadá, Nuno passou a tocar em uma banda em jams e em clubes locais, permanecendo por lá aproximadamente um ano. Em 1976, após um ano de separação da família, se reuniu a eles em sua casa no Brasil.

Até meados de 1990 nada acontecia, até que uma gravação independente, feita fora do país, começou a ser tocada nas rádios locais. Em 1991 ele foi convidado a gravar seu álbum de estréia em carreira solo: ”Blues & Derivados”, que recebeu muitos elogios da mídia Brasileira.

Em 1992 ele gravou seu segundo álbum solo: ”Long Distance Blues” da Movieplay Records. Este álbum teve participação de Larry McCray, guitarrista da banda de Gary Moore, e do músico J.J. Milteau, tocando Harpa. Mais uma vez a crítica foi favorável e Nuno foi muito bem recebido pela mídia Brasileira. Nesse ano, paralelamente à excursão promotional do álbum, Nuno participou de um festival de Blues em São Paulo também participaram: Robert Cray, Otis Clay, Ronnie Count, Lonnie Brooks, e Bo Diddley.

A revista americana ”Guitar Player” citou em 1994, Nuno Mindelis como destaque e finalmente em 1998, Nuno foi reconhecido como o melhor ”Blues Guitarrist’ do ano’.

Em 1995 Nuno foi convidado tocar no 20o aniversário do Antone’s em Austin, no Texas, abrindo para Junior Wells e Guy Forsite, Clarence Gatemouth Brown e Storyville. As manchetes do jornal do Austin Blues anunciavam a chegada de Nuno como ”Fera Sulamericana está chegando!”. Nesse mesmo ano Nuno gravou ”Texas Bound”, com participação de Tommy Shannon & Chris Layton da ritmica do ”Double Trouble” de Stevie Ray Vaughan.

Em 1999 Nuno lançou ”Blues On The Outside” e mais uma vez a mídia aplaudiu. Atualmente, Nuno Mindelis é considerado pela mídia e pelos fãs como o melhor guitarrista de blues brasileiro’.

Frases:

”O Blues é simples, mas não é fácil. São dois adjetivos muito diferentes”.
”O Brasil tem uma boa platéia Blues, mas a mídia ainda a trata como um mercado muito restrito”
…”já temos musica local forte, não precisamos consumir coisas e fora.”

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

OSPA, ontem

Assim como falo mal dela, devo falar bem. Pois ontem a OSPA saiu-se esplendidamente na 9ª Sinfonia de Mahler. Plateia atenta  e numerosa, comprovando que o público não quer  mesmice e sabe o que é bom. Orquestra e audiência há, só falta repertório.

E tchau porque vou para o jogo.

Links relacionados:

Falta de humor
Porque vou, mas não gosto de ver a OSPA

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Falta de humor

Uma das coisas mais interessantes de ter um blog ou ser um autor é notar que as pessoas leem o que querem, principalmente se deixarmos piadinhas e coisinhas inexplicadas aqui e ali. Meu post sobre a OSPA foi um lido por muita gente, foram tantos e tamanha a vontade de não entender que vou tratar de fazer uma limpeza nele. Nada metáforas, analogias ou imagens. Vamos ver se consigo.

O que retiro:

1. Tudo o que diz respeito à numeração da sinfonia interpretada. OK, foi um engano providencial a quem não gostou do restante. Não peço que esqueçam, peço apenas que prestem atenção na reclamação que há por trás ou, na minha opinião, ao lado do erro.

2. Faço questão de limpar dele todo o humor e, mesmo que ele insista em retornar nas próximas linhas, desconsiderem-no. Pode ser? Pois quando chamo Quadros de uma Exposição de Mussorgsky de obrinha para piano, todos os não envolvidos no problema entendem. É claro que, se compararmos o original com a versão de Ravel ou a de Ashkenazy, ela parecerá pequena, simples e desnuda. Não me parece complicado entender que não me referi maldosamente a Mussorgsky nem a uma música que amo e da qual possuo dezenas de gravações, até uma de Emerson, Lake & Palmer…

O que mantenho:

3. Não creio que se deva encarar a arte com absoluta reverência. Sou contra isso. A arte é uma manifestação da criatividade, parente muito próxima da alegria e dos jogos. Eu tenho que falar sobre Bach olhando para o Firmamento, rezando ou analisando tecnicamente cada fuga? Se preciso, não o conheço. Tenho que refletir sobre um filme de Bergman pensando do destino inexorável ou no quê? Porque vejo O Sétimo Selo e ouço a Chacona e fico feliz pela realização, mesmo sabendo o que há num de filosofia e pessimismo e noutro de estruturas complexas. A grandiosidade é feita de cada partícula de criatividade que esses gênios puderam juntar. No fundo, é algo a se comemorar, mesmo que expressem desespero ou solidão ou a falta de sentido ou propósito. Acho ridículas as pessoas que não chegam à compreensão de que talvez não devam levar tão à sério suas (sempre) pobres realizações. Nem Bach tinha tão alta opinião de si.

4. Para finalizar, digo agora com todas as letras o que quis dizer:

4.1. A OSPA tem um repertório curto e em grande parte irrelevante. A OSPA não apenas se repete como evita as obras mais complexas. Foge delas. Ah, eu sei que alguém vai me dizer que haverá uma 9ª de Mahler na semana que vem, mas já respondo de antemão que isto é ABSOLUTAMENTE CASUAL, ABSOLUTAMENTE ANORMAL.

4.2. O OSPA não sabe educar nem se divertir. Seus concertos populares com Túlio Belardi são o paroxismo do kitsch, com dancinhas, palminhas e cantorias a la André Rieu. Pensam que para atingir o público há que baixar o nível? Pois estão enganados. Que tal tocar isto na próxima (ouvir até o final). Viram como pode ser divertido? Jogo cem paus como qualquer plateia enlouqueceria. É só procurar — repertório novo, brilhante e original há.

4.3. Àqueles que escreveram que estas críticas partiam de alguém pouco qualificado, tenho algo muito importante a dizer: têm toda a razão. Sou um mero ouvinte, sou como um leitor, sou um sujeito que passa horas e horas ouvindo música diariamente e tenho parcos conhecimentos técnicos. Mas sei como ela pode soar e a extensão do repertório que é ignorado.

4.4. Tenho vontade de escrever mais algumas coisas, mas talvez perdesse a objetividade que espero ter tido. Então era isso.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Porque vou, mas não gosto de ver a OSPA

Ontem, a OSPA esteve em grande dia. Tocaram muito, o solista e o regente eram ótimos e tudo estava bem ensaiado, mas …

Bem, o programa era o seguinte:

Obras:
W.A.Mozart: Sinfonia nº 25, KV 183, em sol menor
R.Schumann – Concerto para Violoncelo, op.129, em Lá menor
M.Mussorgsky: Quadros de uma exposiçao

Solista: Rodrigo Andrade – Violoncelo
Regente: Karl Martin
Local: Salão de Atos da UFRGS

Há nas escolhas da orquestra um problema de repertório, não? A OSPA repete seus programas de forma muito frequente. OK, sei que Quadros de uma Exposição e que o Concerto de Schumann fazem parte do repertório tradicional das orquestras, mas parece que o da OSPA é mais curto. Por exemplo, apenas uma Sinfonia de Shostakovich é repetida, a 5ª. Já ouvi a 8ª (foi maravilhoso), mas apenas uma vez, há uns dez anos. Haja 5ª! Nunca ouvi a OSPA tocar um Bruckner que não fosse a 4ª Sinfonia e, no ano em que Mahler completa 150 anos de nascimento, dá-se importância aos 200 anos de Schumann, um compositor bem mais fácil e, digamos, menor. Era o ano de se programar uns 3 ou 4 Mahler, certo?

Mais: se quiserem realmente nos fazer chafurdar num repertório repetitivo, há a surpreendente versão de Vladimir Ashkenazy para Quadros de Exposição, a qual apresenta outro colorido, tão fascinante quanto a versão orquestral de Ravel para a obrinha pianística de Mussorgsky. Acho que está mais do que na hora da OSPA decidir seus programas anuais com representantes de seu público, pois o que há hoje é um certo desconhecimento dele por parte da orquestra. (Não, não sou candidato. MESMO! Minha mulher me mataria se eu arranjasse mais um compromisso não remunerado!)

O público da OSPA é formado por eventuais, velhos viciados que gostam da música ao vivo (eu) e jovens. Os eventuais são eventuais. Os velhos viciados ou não conhecem música ou a conhecem. Os que não conhecem engolem qualquer coisa, os que conhecem acabam rindo das mancadas e reclamam e ironizam tudo. Os jovens são jovens e estão numa idade em que as lembranças nos impregnam e permanecem> talvez este seja o momento de formar o público do futuro, sabe-se lá. Mas o grave que ocorre com eles é que a pobreza do repertório acaba forçando com que terminem suas “formações” como ouvintes com gravações, deixando a Orquestra na mão. Quando eles envelhecem, referem-se à OSPA com indulgência e certa pena. Faço esta pequena digressão porque acompanho a Orquestra há 40 anos e sei que seu público diminui, enquanto o interesse pelos eruditos aumenta no Brasil — tenho dados que comprovam o fato.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Música para mal formados

Hoje, acompanhei pelo twitter uma discussão sobre música que me deixou curioso, tanto que procurei ouvir aquilo do qual falavam com tanta reverência. Peço desculpas a quem reconhecer a discussão, mas a música discutida era primária. Não vou entrar nessa de avaliar se era boa ou ruim, provocativa ou new age, monótona ou intrigante; vou apenas dizer que era constrangedoramente simples.

Haydn e Bruckner eram também assim só que na vida civil. Os registros históricos tratam de Haydn — um gênio que chegou a inventar novas formas musicais, como o quarteto de cordas — como um bobo alegre. Já sobre Bruckner, que faleceu ao final do século XIX, temos informações certeiras. Era um carola que não sabia nada do mundo, era meio tolo mesmo, mas ouvir suas sinfonias e achar seguir achando o cara simples é impossível! O cara era, do ponto de vista musical, de complexidade e profundidades abissais. Então, penso que haja uma inteligência específica voltada à musica. Esta transcende gêneros, pois, por exemplo, Frank Zappa foi roqueiro brilhante, Charlie Mingus um jazzísta e Steve Reich… O que faz mesmo Steve Reich?

Desculpe se pareço nojento ou elitista, normalmente sou mais gentil, mas é que quedei-me boquiaberto que aqueles escritores ficassem abobalhados por músicas que, antes de revelarem determinadas etnias, vivências ou culturas, demonstravam estruturas que tornariam qualquer frase SVO (Sujeito-Verbo-Objeto) digna de estudos. OK, tudo é diversão. Também acho. Só que a gente pode se divertir com Bergman ou Zé do Caixão, com Coetzee ou Paulo Coelho. São escolhas, vivências e cultura. Mas, engraçado, não consigo imaginar um papo semelhante entre escritores argentinos, ingleses, portugueses ou, pior, alemães. E tenho certeza de que isto é muito, mas muito significativo.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Armando`s Rhumba e algumas das Children Songs, de e com Chick Corea

Quando surgiu em 1976 no álbum duplo My Spanish Heart, Armando`s Rhumba tinha solo de piano (Corea) e violino (Grappelli), acompanhamento de baixo e bateria e ainda palmas. É impossível pedir a um músico de jazz que mantenha uma composição tal como o original. Com os anos, a parte “rumba” foi ficando cada vez mais breve e Corea foi colocando uma introdução maior e diminuindo o tamanho do resto. Hoje, a rumba quase inexiste, Armando`s Rhumba é totalmente outra coisa mas permanece boa de ouvir. Acho legal a cara dos músicos quando, após a execução, levantam satisfeitos com jeito de “mandei bem”. Corea faz essa cara no filme abaixo.

No seguinte, algumas das Children Songs com Chick Corea e Gary Burton (vibrafone). Vale a pena assistir até o fim. Afinal, em minha opinião, só essas miniaturas bastam para enfrentar as obras de Philip Glass e Michel Nyman — os Paulo Coelhos da música erudita atual — , os quais costumam ser tratados com incompreensível indulgência. Para comprovar, confira a Children Song que começa a 7min55.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Sentimental, de Chico Buarque, com Maria de Medeiros

Às vezes, leio por aí uns Top 5 ou Top 10 das canções de Chico Buarque. Não lembro de ter lido Sentimental dentre as muitas escolhas. Porém, eu faria questão de colocá-la numa lista minha. Profundamente original, de melodia alongada e sem estribilho, Sentimental tem uma daquelas inspiradas letras femininas de Chico, desta vez metamorfoseado numa morena clara, atraente e sentimental menina de 16 anos. Uma joia!

A interpretação da portuguesa Maria de Medeiros perde fácil para o original de Zizi Possi, mas é tão curiosa — principalmente na repetição discursiva de letra em francês — que vale a pena conferir.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Custo a acreditar que seja verdade, mas parece que é…

(Atualização feita 30 minutos após a postagem: trata-se mesmo de uma piada. Fica como registro.)

José Serra não gosta de mulher?

Engraçado, os tucanos já gostaram. O FHC tem até dois filhos fora do casamento… O que será que houve ?

Muito engraçado o post do Blog da Dilma:

Tucano não gosta de mulher

Representantes do PSDB nacional entraram semana passada junto ao TSE com um pedido de proibição da música “Eu gosto de mulher”, da banda paulistana Ultraje a Rigor, durante o período de campanha eleitoral.

A música, que fez sucesso a partir do final dos anos 80, faz em determinado momento a seguinte citação: “Mulher dona-de-casa, mulher pra presidente”.

O partido acredita que a música caracteriza propaganda para a candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff, principal concorrente do partido tucano, e deve ser proibida de tocar nas rádios brasileiras durante o período de eleição.

“É um absurdo, temos que ficar de olho neste tipo de propaganda discreta” – disse Sérgio Guerra, presidente do PSDB – “é preciso ter atenção, pois detalhes como este ficam na mente do eleitor e influenciam no momento do voto”, completou em tom repreendedor.

Caso não consiga vetar a reprodução da música nas rádios, o partido pretende sugerir a substituição da frase por outra que não faça apologia a nenhum candidato – ou candidata – que dispute as eleições deste ano.

O PT se manifestou dizendo que não tem nenhuma ligação com a banda. Em nota à imprensa, o partido do presidente Lula e da candidata Dilma diz se tratar “de uma feliz coincidência”.

A música, que tem mais de 20 anos e fez sucesso a partir do final dos anos 80, faz em determinado momento a seguinte citação:

Não fosse por mulher eu nem era roqueiro
Mulher que se atrasa, mulher que vai na frente
Mulher dona-de-casa, mulher pra presidente…..

Fala Sérgio Guerra, isso que é ter medo de (ou da) mulher…

Com solo roubado de Khatchaturian (Dança dos Sabres)…

Em resposta, o PT deveria pedir a proibição desta marchinha de Carnaval…

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Biko, de Peter Gabriel

Eu, soterrado em minha profunda ingenuidade, pensei que o show de abertura da Copa pudesse conter o hino mais importante anti-apartheid das manifestações. Mas a época é de Shakira e não de canções politizadas. Abaixo, a letra de Biko, inspirada no assassinato do ativista Steve Bantu Biko (18 de dezembro de 1946 – 12 de setembro de 1977). O show de Peter Gabriel (abaixo) é de 1986.

Biko

September ’77
Port Elizabeth weather fine
It was business as usual
In police room 619
Oh Biko, Biko, because Biko
Oh Biko, Biko, because Biko
Yihla Moja, Yihla Moja
-The man is dead

When I try to sleep at night
I can only dream in red
The outside world is black and white
With only one colour dead
Oh Biko, Biko, because Biko
Oh Biko, Biko, because Biko
Yihla Moja, Yihla Moja
-The man is dead

You can blow out a candle
But you can’t blow out a fire
Once the flames begin to catch
The wind will blow it higher
Oh Biko, Biko, because Biko
Yihla Moja, Yihla Moja
-The man is dead

And the eyes of the world are
watching now
watching now

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Música na rua

Mahler é demais. Melhor ainda quando se está meio deprimido e preocupado. Devo ter ouvido mais de quinze CDs inteiros desde o fim de semana, quase sempre lendo artigos sobre o grande morto da semana: José Saramago. Na segunda à tarde, durante um intervalo, fui pegar algumas coisas na casa de um amigo. Entrei num ônibus, sentei-me e abri um Simenon — adoro ler em transportes coletivos, adoro mesmo! — enquanto Anne Sofie von Otter seguia cantando Rheinlegendchen e Wer hat dies Liedlein erdacht? em minha cabeça, quando um homem que nem vi me depositou um bilhete de tamanho mínimo na minha mão:

QUERIDOS IRMÃOS PRECISO DE VOCÊS PERDI MINHA MÃEZINHA SOFRO DO VÍRUS DO HIV ESTOU ME TRATANDO COM COQITEL E ESTOU DESEMPREGADO ESTA DIFÍCIL O EMPREGO TENHO UMA FILHA DE 2 ANOS QUE ESTA PASSANDO FOME PESSO SUA AJUDA OBRIGADO
LEANDRO E VITÓRIA

Sem prestar atenção, juntei R$ 10,00 ao bilhete e segui lendo o livro acompanhado de Anne, ao mesmo tempo que levantava a mão direita com a nota e o bilhete entre o indicador e o dedo médio um pouco acima de minha cabeça. Porém, o homem não viu e saiu do ônibus, certamente para tentar a sorte em outro. Então, uma senhora falou em voz altíssima que era um absurdo dar R$ 10,00 a um vagabundo e que eu faria melhor doando meu dinheiro à igreja. Lentamente, caí de meu mundo e notei que aquilo era para mim. Fiquei surpreso. R$ 10,00? Nas raras vezes em que dou dinheiro para pedintes, meu máximo é R$ 2,00, o valor aproximado de um litro de leite — um critério absolutamente pessoal. Fora um engano. Sem tirar os olhos do livro, guardei a nota, o bilhete transcrito aqui e levantei bem alto um solitário dedo médio para que a beata o visse claramente. Nem sempre sou um lord.

O ônibus achou graça e ela me chamou de mal-educado em pavoroso discurso de um minuto, no mínimo. Lembrei de um post escrito pelo Flavio Prada há anos:

Impressionante a quantidade de crentes dentre os desonestos. Ou dentre os filhas-da-puta, completo.

Desci na minha parada e, estranho, não vi o homem, nem a beata, nem ninguém. Mas como cantava Anne Sofie von Otter!

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Que orquestra! Fico taquicárdico.

São fragmentos, mas que fragmentos! Abaixo, a Orquestra Filarmônica de Berlim, regida por Pierre Boulez, dá um show no Finale da Música para Cordas, Percussão e Celesta de Béla Bartók.

E aqui, com Hélène Grimaud ao piano e sob a regência de Tugan Sokhiev, no Concerto para Piano e Orquestra em Sol Maior de Maurice Ravel:

Aqui, com o regente titular Simon Rattle, parte do Finale da Sinfonia Nº 1 de Brahms (notem sua felicidade ao reger uma das melodias mas belas jamais compostas e que foi utilizada no Fausto de Mann):

Novamente com Rattle na Sinfonia Nº 10 de Shostakovich:

E com Gustavo Dudamel na Sinfonia Nº 5 de Prokofiev:

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Três peças de Carl Philipp Emanuel Bach

Hoje, há um belo esforço para a recuperação de C. P. E. Emanuel Bach como um dos principais compositores da história da música. Ele não tinha as qualidades de papai Johann Sebastian, um verdadeiro semideus, mas merece figurar nas mais exclusivas galerias. Carl Philipp foi imenso e imensamente injustiçado. Certamente, o motivo disto é o de ostentar o nome Bach e ser menor… Mas quem não é filho de Bach e menor?

Encravado naquele estranho período — o barroco tinha acabado e Haydn e Mozart ainda não tinham definido o “novo estilo clássico” — Carl Philipp demonstra notável originalidade e até antecipa Beethoven em seus temas curtos e afirmativos.

Abaixo, o registro de dois concertos. No primeiro, Christopher Hogwood dirige o Collegium Bach de Munique e o violoncelista David Adorjan em um Concerto para Violoncelo e Orquestra.

No segundo, a Orquestra Barroca e Coro da Universidade de Innsbruck mostra uma face bem bachiana deste Bach “menor”.

E aqui a linguagem já muda bastante. Estamos fora do barroco. Trata-se do oratório Die Auferstehung und Himmelfahrt Jesu com La Petite Bande, dirigida por Sigiswald Kuijken. O cantor é Stephan Genz.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!

Celebridades

Curioso o post de Augusto Maurer sobre celebridades na música. Achei cômica a frase de Mick Jagger que pode ser encontrada nos links do post: “Éramos jovens, bonitos e estúpidos. Agora somos só estúpidos”.

Jagger, assim como Paul McCartney, já disse que fazer rock é a coisa mais fácil que há no mundo. E eu acredito que seja mesmo. Eles entram na categoria dos que se consideram superestimados, enquanto que os artistas “de raiz” orgulham-se de serem mais ou menos obscuros e outros têm personal networkers (fabricantes de onipresença e de factóides em escala industrial).

Muito me surpreende o interesse do Augusto sobre o assunto. Ele — que é primeiro clarinetista da OSPA e professor universitário na UFRGS — é certamente o amigo mais inteligente que tenho ao vivo e a cores. Quando com ele, tenho sempre a impressão de que ele já entendeu o que recém estou introduzindo na conversa. E que já discordou ou não. E que já concebeu do quase nada uma teoria maior e para mim inatingível a respeito. Nunca pensei que ele se interessaria por isto.

Lily Allen: a que se considera “uma bobagem”. Provavelmente é mesmo.

Gostou deste texto? Então ajude a divulgar!